PROVA TESTEMUNHAL (ARTS. 400/419 C.P.C.)

Transcrição

1 PROVA TESTEMUNHAL (ARTS. 400/419 C.P.C.) CONCEITO: TALVEZ O MEIO DE PROVA MAIS ANTIGO DE QUE SE TEM NOTÍCIA, CONSISTE A PROVA TESTEMUNHAL EM UMA REPRODUÇÃO ORAL DO QUE SE ENCONTRA GUARDADO NA MEMÓRIA DAQUELES QUE, NÃO SENDO PARTE, PRESENCIARAM OU TIVERAM NOTÍCIAS DOS FATOS DA DEMANDA. REQUISITOS: TESTEMUNHA É A PESSOA FÍSICA QUE, DOTADA DE CAPACIDADE, PODE DEPOR DESDE QUE NÃO SEJA SUSPEITA OU IMPEDIDA. NÃO SE CONFUNDE COM PARTE, PORQUE A TESTEMUNHA NÃO PODE TER INTERESSE NO LITÍGIO E PORQUE, SE AUSENTE QUANDO INTIMADA, À PARTE INCIDE A COMINAÇÃO DA PENA DE CONFISSÃO E À TESTEMUNHA A CONDUÇÃO COERCITIVA; A CAPACIDADE PARA SER TESTEMUNHA NÃO SE CONFUNDE COM A CAPACIDADE CIVIL. O CEGO E O SURDO, BEM COMO O ENFERMO, NÃO SÃO INCAPAZES CIVILMENTE, MAS O SERÃO PRA TESTEMUNHAR, SE A DEBILIDADE RESULTAR NA IMPOSSIBILIDADE DE PERCEPÇÃO SENSORIAL DO FATO A SER NARRADO. TODAVIA, O SURDO-MUDO CAPAZ DE COMUNICAR-SE POR SINAIS PODE TESTEMUNHAR SOBRE FATOS QUE TENHA PRESENCIADO. O MAIOR DE DEZESSEIS E MENOR DE DEZOITO ANOS PODE TESTEMUNHAR, MAS FICA AFASTADA A POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE CRIME DE FALSO TESTEMUNHO, DADA A INIMPUTABILIDADE. O MENOR PODE, EM ALGUMAS CIRCUNSTÂNCIAS, SER OUVIDO COMO INFORMANTE, O QUE NÃO É RARO NA ESFERA DO DIREITO DE FAMÍLIA, MAS O VALOR PROBATÓRIO DESTE É SENSIVELMENTE INFERIOR AO TESTEMUNHAL. SUSPEITOS (ART. 405, 3º): CONSIDERAM-SE SUSPEITOS: - PESSOA CONDENANDA, COM SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, POR CRIME DE FALSO TESTEMUNHO, POR SE TRATAR DE ILÍCITO ATENTATÓRIO À ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. - O QUE, POR SEUS COSTUMES, NÃO FOR DIGNO DE FÉ. - O INIMIGO CAPITAL OU O AMIGO ÍNTIMO.

2 - O QUE TIVER INTERESSE NO LITÍGIO. POR DEFINIÇÃO, TESTEMUNHA É PESSOA ESTRANHA À LIDE, QUE VEM A JUÍZO MERAMENTE PARA NARRAR O QUE SABE, DE MODO NEUTRO, SEM QUALQUER ENVOLVIMENTO PRÓPRIO COM A DEMANDA IMPEDIDOS (ART. 405, 2º): O IMPEDIMENTO É GERADO PELAS CAUSAS MAIS GRAVES DE AFASTAMENTO DA TESTEMUNHA, POIS SÃO SITUAÇÕES MAIS OBJETIVAMENTE AFERÍVEIS. SÃO IMPEDIDOS: - O CÔNJUGE E OS PARENTES (O COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU) DAS PARTES. - QUEM FOR PARTE. A DISPOSIÇÃO (ART. 405, 2º, II) NÃO SE REFERE, Á EVIDENTE, À POSSIBILIDADE DE A PRÓPRIA PARTE SERVIR DE TESTEMUNHA. - AQUELE QUE INTERVÉM EM NOME DA PARTE, NO PROCESSO, COMO O TUTOR, O CURADOR, O MANDATÁRIO. DE QUALQUER FORMA, NÃO ESTÁ RIGOROSAMENTE AFASTADA A HIPÓTESE DO DEPOIMENTO DE TESTEMUNHAS SUSPEITAS OU IMPEDIDAS, POIS HÁ SITUAÇÕES EM QUE APENAS TAIS PESSOAS TÊM CONHECIMENTO DOS FATOS. APENAS NÃO PRESTAM O COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE, E SUA PALAVRAS SERÃO ANALISADAS COM RESERVAS. SÃO INFORMANTES. CLASSIFICAÇÃO CONFORME TENHAM NOTÍCIAS DOS FATOS, AS TESTEMUNHAS CLASSIFICAM-SE EM: - PRESENCIAIS; SÃO AS QUE TIVERAM CONTATO DIRETO COM O FATO PROBANDO. SÃO AS DE MELHOR CREDIBILIDADE. - DE OUVIDA (OU DE REFERÊNCIA): SÃO AS QUE NÃO PRESENCIARAM O FATO, MAS DELE TIVERAM NOTÍCIA POR TERCEIRA PESSOA. - REFERIDAS: AQUELAS QUE, EMBORA NÃO ARROLADAS PELAS PARTES, SURGIRAM ATRAVÉS DO DEPOIMENTO DE OUTRAS TESTEMUNHAS. PODEM SER OUVIDAS DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DA PARTE. ADMISSIBILIDADE DIZ O CÓDIGO QUE NÃO SE ADMITE A PROVA A TESTEMUNHAR: - QUANDO O FATO JÁ ESTIVER PROVADO POR DOCUMENTO OU CONFISSÃO.

3 - QUANDO O FATO, POR SUA NATUREZA, SÓ PUDER SER PROVADO POR DOCUMENTO OU PERÍCIA. - EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL, NOS CONTRATOS DE VALOR EXCEDENTE AO DÉCUPLO DO SALÁRIO MÍNIMO. OBRIGAÇÕES E DIREITOS DA TESTEMUNHA OS PRINCIPAIS DEVERES DA TESTEMUNHA SÃO: - COMPARECER A JUÍZO. SEMPRE QUE INTIMADA, TEM A TESTEMUNHA O DEVER CÍVICO DE COMPARECER. SE O DESCUMPRE, PODE SER COAGIDA AO COMPARECIMENTO, MEDIANTE CONDUÇÃO, ALÉM DE SER RESPONSABILIZADA PELAS DESPESAS DAÍ DECORRENTES. SÓ ESTÃOOBRIGADAS A COMPARECER AS TESTEMUNHAS INTIMADAS. SE A PARTE DISPENSAR A INTIMAÇÃO, COMPROMETENDO-SE A LEVAR A TESTEMUNHA À AUDIÊNCIA, O NÃO COMPARECIMENTO NÃO AUTORIZA A CONDUÇÃO COERCITIVA, POIS OCORRE A PRESUNÇÃO DE DESISTÊNCIA DE SEU DEPOIMENTO. - PRESTAR O DEPOIMENTO. DECORRENTE DO DEVER GENÉRICO DE COLABORAÇÃO PARA COM O DESCOBRIMENTO DA VERDADE, É DEVER DA TESTEMUNHA RESPONDER AO QUE LHE FOR INDAGADO. TODAVIA, TAL DEVER DESAPARECE QUANDO OS FATOS INDAGADOS POSSAM REPRESENTAR DANO DE ORDEM MORAL, PARA SI OU PARA SUA FAMÍLIA, OU QUANDO DEVA GUARDAR SIGILO, POR ESTADO OU PROFISSÃO. - DIZER A VERDADE. A PROVA TESTEMUNHAL NÃO EXISTE PARA FAVORECER A PARTE QUE ARROLOU A TESTEMUNHA OU A LEVOU PARA DEPOR, MAS PARA QUE OS FATOS CHEGUEM AO CONHECIMENTO DO JUIZ. OS DIREITOS DA TESTEMUNHA SÃO: - TER O DEPOIMENTO TOMADO POR JUIZ, NÃO ADMITINDO O SISTEMA PÁTRIO QUE OS ADVOGADOS DIRIJAM DIRETAMENTE AS PERGUNTAS QUE TIVEREM À TESTEMUNHA. - SER TRATADA COM RESPEITO E URBANIDADE, SENDO VEDADAS AS PERGUNTAS CAPCIOSAS OU DE CUNHO VEXATÓRIO. - RECUSAR-SE A RESPONDER, NAS HIPÓTESES JÁ REFERIDAS.

4 PROCEDIMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL A PROVA TESTEMUNHAL DEVE SER REQUERIDA NA FASE POSTULATÓRIA. O ROL DAS TESTEMUNHAS, NO MÁXIMO DE DEZ (O JUIZ PODE DISPENSAR AS EXCEDENTES DE TRÊS, QUANDO DESTINADAS A PROVAR O MESMO FATO), CONTENDO O NOME DELAS, BEM COMO A PROFISSÃO E O ENDEREÇO PARA INTIMAÇÃO, DEVE SER DEPOSITADO CINCO DIAS ANTES DA AUDIÊNCIA, NO RITO ORDINÁRIO. NO SUMÁRIO, AS TESTEMUNHAS DO AYTOR DEVEM SER ARROLADAS NA INICIAL E AS DO RÉU NA CONTESTAÇÃO (ARTS. 276 E 278). ESTE É DAQUELES PRAZOS QUE SE CONTAM REGRESSIVAMENTE, OU SEJA, O PRIMEIRO DIA (QUE SE EXCLUI) É O DA AUDIÊNCIA. A FALTA DE ARROLAMENTO DAS TESTEMUNHAS IMPLICA PRECLUSÃO, NÃO SE ADMITINDO QUE, POSTERIORMENTE, PRETENDA A PARTE OUVI-LAS. PODE, TODAVIA, O JUIZ DETERMINAR DE OFÍCIO A OUVIDA DE TESTEMUNHAS, SE HOUVER NOS AUTOS ELEMENTOS INDICATIVOS DE TEREM ELAS CIÊNCIA DE ALGUM FATO RELEVANTE. SE PRETENDER A OUVIDA DA TESTEMUNHA NÃO RESIDENTE NA COMARCA, DEVE A PARTE REQUERER A EXPEDIÇÃO DA CARTA JUNTO COM O ROL. A APRESENTAÇÃO PRÉVIA DO ROL DE TESTEMUNHAS JUSTIFICA-SE EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO, POIS É ASSEGURADO À PARTE TER CIÊNCIA DAS PROVAS QUE O ADVERSÁRIO PRODUZIRÁ PARA, INCLUSIVE, EXERCER O DIREITO DE IMPUGNAR (CONTRADITAR) A TESTEMUNHA ARROLADA. APRESENTADO O ROL, POR ESSA RAZÃO, NÃO SE ADMITE A SUBSTITUIÇÃO DAS TESTEMUNHAS, EXCETO EM CASO DE FALECIMENTO, ENFERMIDADE GRAVE OU MUDANÇA DE RESIDÊNCIA, NÃO SENDO MAIS ENCONTRADA A TESTEMUNHA. AINDA ASSIM, OCORRENDO SUBSTITUIÇÃO, É MISTER ASSEGURAR-SE À PARTE CONTRÁRIA O MESMO PRAZO ANTERIOR À AUDIÊNCIA PARA CONHECER A TESTEMUNHA SUBSTITUTA. O MOMENTO PROCEDIMENTAL ADEQUADO À COLHEITA DA PROVA TESTEMUNHAL É A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, APÓS OS ESCLARECIMENTOS DO PERITO E DOS DEPOIMENTOS PESSOAIS, EXCETO QUANDO HOUVER ANTECIPAÇÃOO DO DEPOIMENTO, QUANDO A TESTEMUNHA FOR OUVIDA POR CARTA, OU HOUVER DE SER INQUIRIDA EM OUTRO MOMENTO E LOCAL.

5 A ORDEM DE PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL É: PRIMEIRO OUVEM-SE AS TESTEMUNHAS DO AUTOR, DEPOIS AS DO RÉU. ANTES DE INICIAR O DEPOIMENTO, A TESTEMUNHA SERÁ INDAGADA SOBRE SUA QUALIFICAÇÃO, BEM COMO SE ENQUADRA NAS HIPÓTESES DE INCAPACIDADE, SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO. NESSE MOMENTO CABE À PARTE CONTRÁRIA À QUE ARROLOU A TESTEMUNHA CONTRADITÁ-LA, SURGINDO UMA QUESTÃO INCIDENTAL QUE DEVERÁ SER SOLVIDA NA PRÓPRIA AUDIÊNCIA, MEDIANTE DECISÃO DO JUIZ. ACEITO O DEPOIMENTO, O JUIZ ADVERTIRÁ A TESTEMUNHA DE QUE DEVE HONRAR O DEVER DE DIZER A VERDADE, MENCIONANDO A PREVISÃO DO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. PRESTADO O COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE, INICIA-SE O DEPOIMENTO. O JUIZ INQUIRIRÁ A TESTEMUNHA, INDAGANDO SOBRE OS FATOS ARTICULADOS PELAS PARTES, E, EM SEGUIDA, TÊM LUGAR AS REPERGUNTAS, OU SEJA, AS INDAGAÇÕES QUE AS PARTES, POR SEUS PROCURADORES, ENTENDAM DE FAZER À TESTEMUNHA. PRIMEIRO PERGUNTA A PARTE QUE A ARROLOU. AS REPERGUNTAS SÃO DIRECIONADAS AO JUIZ, QUE AS REPASSA À TESTEMUNHA. CADA RESPOSTA DADA PELA TESTEMUNHA O JUIZ A DITARÁ AO ESCRIVÃO, QUE SE ENCARREGARÁ DA DOCUMENTAÇÃO DO DEPOIMENTO, FORMANDO UM TERMO. A TESTEMUNHA DEPORÁ SOBRE FATOIS, SENDO VEDADAS AS PERGUNTAS DE CUNHO SUBJETIVO OU QUE IMPORTEM JU ZO DE VALOR. ASSIM COMO À PARTE, NÃO SE PERMITE À TESTEMUNHA TRAZER SEU DEPOIMENTO PREVIAMENTE ESCRITO. É ATO ORAL, ESPONTÂNEO, DA TESTEMUNHA PERANTE O JUIZ, DE MOLDE A PROPICIAR A ESTE NÃO APENAS O CONHECIMENTO DOS FATOS, MAS TAMBÉM A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA TESTEMUNHA, DE NOTÁVEL IMPORTÂNCIA PARA VERIFICAR A SICERIDADE DO DEPOIMENTO. MUITAS VEZES O MODO DE EXPRESSÃO, A ENTONAÇÃO DA VOZ, UMA FORMA DE OLHAR, SÃO DE EXTRAORDINÁRIA SIGNIFICAÇÃO PARA SE VERIFICAR SE A TESTEMUNHA MENTE OU NÃO. ACAREAÇÃO QUANDO OCORRER DIVERGÊNCIA ENTRE OS DEPOIMENTOS PRESTADOS POR DUAS OU MAIS TESTEMUNHAS, OU ENTRE TESTEMUNHAS E A PARTE, É LÍCITO AO JUIZ DETERMINAR, DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO, A ACAREAÇÃO, OU SEJA, O CONFRONTO NA AUDIÊNCIA ENTRE AS

6 PESSOAS QUE PRESTARAM DEPOIMENTOS DIVERGENTES, COM O INTUITO DE VERIFICAR A VERDADE DOS FATOS, BEM COMO SE TERIA HAVIDO A PRÁTICA DO DELITO DE FALSO TESTEMUNHO. CASO SE COMPROVE QUE ALGUMA TESTEMUNHA FALTOU COM A VERDADE, DEVE O JUIZ MANDAR EXTRAIR CÓPIAS DAS PEÇAS PROCESSUAIS PERTINENTES E REMETÊ-LAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO, PARA A APURAÇÃO DO ILÍCITO. TODAVIA, A ACAREAÇÃO SÓ TEM LUGAR SE A DIVERGÊNCIA FOR SOBRE PONTO RELEVENTE, CAPAZ DE INFLUIR DECISIVAMENTE NA SOLUÇÃO DO LITÍGIO, PORQUE O INCIDENTE TEM POR ESCOPO ESCLARECER O JUIZ SOBRE FATO QUE TENHA O CONDÃO DE INFLUIR NO TEOR DO FUTURO JULGAMENTO. PEQUENAS DIFERENÇAS NOS DEPOIMENTOS, SOBRE PONTOS SECUNDÁRIOS, NÃO AUTORIZAM A ACAREAÇÃO. A ACAREAÇÃO DEVE OCORRER NA PRÓPRIA AUDIÊNCIA, NO MOMENTO EM QUE O JUIZ VERIFICAR A DIVERGÊNCIA, MOTIVO PELO QUAL AS TESTEMUNHAS QUE JÁ PRESTARAM O DEPOIMENTO NÃO ESTÃO DISPENSADAS ATÉ QUE O JUIZ DECLARE ENCERRADA A AUDIÊNCIA.