PEIRCE E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: considerações preliminares sobre as relações entre a obra peirceana e a organização da informação *

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1 VIII ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação 28 a 31 de outubro de 2007 Salvador Bahia Brasil GT 2 Organização e Representação do Conhecimento Comunicação oral PEIRCE E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: considerações preliminares sobre as relações entre a obra peirceana e a organização da informação * Carlos Cândido de Almeida (Doutorando PPGCI/UNESP, karl_almeida@yahoo.com.br) José Augusto Chaves Guimarães (Docente PPGCI/UNESP, guimajac@marilia.unesp.br) Resumo: As relações interdisciplinares da Ciência da Informação com a obra de Charles Sanders Peirce ( ) são ainda pouco exploradas. As contribuições da teoria dos signos na Ciência da Informação, especificamente nos processos, instrumentos e produtos da organização da informação, recorrem às explicações da Semiologia e Lingüística estruturalistas. A pesquisa é um estudo teórico que visa explicar as condições de inter-relacionamento entre Ciência da Informação e obra de Peirce, com a hipótese que esta aproximação deva ocorrer com mais intensidade na área de organização da informação. Verifica-se, inicialmente, que no contexto brasileiro não foi empreendido, de modo articulado, um estudo da viabilidade e das contribuições do pensamento peirceano à área de organização da informação. Espera-se ao final da pesquisa galgar a um nível mais elevado da compreensão da obra filosófica sistemática de Peirce na Ciência da Informação, a qual não pode ser assimilada com inteireza fora das múltiplas conexões entre fenomenologia, pragmatismo, teoria dos signos ou gramática especulativa, lógica crítica (destacando o papel da abdução), metodêutica ou metodologia e teoria da cognição. Palavras-chave: Charles Sanders Peirce ( ). Ciência da Informação. Semiótica. Organização da Informação. Interdisciplinaridade. Abstract: The interdisciplinary relationships of the information science with Charles Sanders Peirce s work ( ) are still little explored. The contributions of the theory of signs in the information science, specifically in the processes, instruments and products of the information organization, they fall back upon the explanations of the structuralist semiology and linguistics. The research is a theoretical study that it seeks to explain the inter-relationship conditions between information science and Peirce s thought, with the hypothesis that this approach should happen more intensity in the information organization area. It is verified, initially, that in the Brazilian context it was not undertaken, in articulate way, a investigation of the viability and contributions of the peircean thought to information organization area. It is hoped at the end of the research to walk fast at a higher level of the understanding on systematic philosophical work of Peirce in the information science, which cannot be assimilated with entireness out of the multiple connections among phenomenology, pragmatism, theory of signs or speculative grammar, critical logic (detaching the role of abduction), methodeutic or methodology and theory of cognition. Keywords: Charles Sanders Peirce ( ). Information Science. Semiotics. Information Organization. Interdisciplinarity. * Este trabalho apresenta resultados preliminares da tese de doutorado que está sendo desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Marília. Esta pesquisa conta com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

2 1 INTRODUÇÃO A informação tornou-se um dos principais instrumentos de trabalho e lazer para a maioria dos homens que vivem nas sociedades avançadas. Nos países em desenvolvimento, o uso constante da informação, das tecnologias de processamento e comunicação eletrônicas e dos equipamentos culturais que oferecem o acesso público e democrático à informação, tais como biblioteca e outros serviços de informação, é ainda muito recente se comparado às nações-estado classificadas como desenvolvidas. No entanto, antes de tomar contato direto com as demandas sociais de informação, para que um serviço de informação possa realizar efetivamente seus trabalhos são necessários diversos processos-meio, (como os tratamentos descritivo e temático, por exemplo) e as respectivas ações de mediação desempenhadas pelos denominados profissionais da informação. Sobre os processos-meio concentram-se muitas dificuldades encontradas pela Ciência da Informação; em regra, na forma de problemas de pesquisas decorrentes da prática dos profissionais da informação. A organização da informação é a etapa intermediária entre as atividades de produção e utilização da informação (GUIMARÃES; NASCIMENTO; MORAES, 2005, p. 135) e compreende os processos de análise do conteúdo dos documentos, a sua representação, a condensação e a construção e o uso de linguagens documentárias ou de indexação, tais como: tabelas de classificação, cabeçalhos de assunto e tesauros, com o objetivo último de recuperar a informação. A organização da informação pode ser considerada: área de pesquisa, de ensino e de atuação profissional e um dos núcleos de pesquisa básicos do escopo da Ciência da Informação, juntamente com a Recuperação da Informação (Information Retrieval), na medida em que o sucesso da recuperação depende dos esforços de organização empreendidos anteriormente. A organização da informação, enquanto área de pesquisa e ensino, recorre a disciplinas limítrofes, reconhecendo seus conceitos e métodos como alternativas para, em interação com os elementos teóricos e metodológicos da própria área, buscar soluções ou mesmo explicações para os fenômenos que surgem na condução das tarefas em serviços de informação. Entre essas disciplinas podem-se citar a Lingüística, a Psicologia, a Epistemologia, a Informática e a Lógica (LE COADIC, 1996, p ), também são pertinentes as recentes contribuições da Diplomática (NASCIMENTO; GUIMARÃES, 2005, GUIMARÃES; NASCIMENTO; MORAES, 2005). Desse modo, verifica-se o caráter interdisciplinar da Ciência da Informação no âmbito dos estudos da organização da informação, isto é, da interação que ocorre entre disciplinas, que pode se dar na simples comunicação de idéias, conceitos e resultados de pesquisa, até a integração das terminologias, metodologias e teorias (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 145). Essas diversas ciências compõem um conjunto expressivo de teorias e conceitos que sustenta discursos, conhecimentos científicos e aplicações profissionais da área de organização da informação. Contudo, no tocante aos estudos e às reflexões da organização da informação têm-se dado um espaço marginal à teoria dos signos (do grego semeîon) ou Semiótica, a qual responderia, entre muitos aspectos, aos questionamentos da Ciência da Informação sobre o funcionamento da mente humana, a interpretação, a representação, a significação etc. Os precursores de uma das linhas de estudo mais influentes da teoria dos signos, a Semiologia, são Ferdinand de Saussure ( ) e Louis Hjelmslev ( ). A Semiologia, segundo Saussure (1970), está vinculada à Psicologia Social e tem como disciplina mais desenvolvida a Lingüística, da qual retira a maior parte dos conceitos operacionais: signo, significante, significado, entre outros. Sem entrar em detalhes conceituais da Semiologia, é preciso reconhecer que quando se estudam as contribuições da teoria dos

3 signos na Ciência da Informação, especificamente nos processos, instrumentos e produtos da organização da informação, na maioria dos casos, recorrem-se às explicações da Semiologia de cunho estruturalista. Exemplo disso, é o trabalho de pesquisa de Vogel (2007) que discute a noção de estrutura proposta por Saussure como subjacente à concepção das linguagens documentárias. Tradicionalmente, dentro da organização da informação, a análise documental de conteúdo voltou suas preocupações às questões interdisciplinares com a Lingüística, a Lógica e a Terminologia. Com esse intuito, referências como Saussure, Hjelmslev e Greimas, na Lingüística, foram e são de fundamental importância. Nesse sentido, as relações da Ciência da Informação com a Semiótica, ou mais amplamente, a obra de Charles Sanders Peirce ( ) são ainda muito pouco consideradas. Essa, por sua vez, é denominada incorretamente como a variante norteamericana da Semiologia, mesmo possuindo teoria e conceitos bem diferentes da teoria dos signos de matriz saussuriana para investigar a natureza, a tipologia e a dinâmica dos signos. Uma das grandes controvérsias em relação à Semiologia é que esta não coloca em evidência o indivíduo nos fatos comunicativos. A Semiologia baseia-se na noção de estrutura, e subestima o papel ativo e interpretativo dos sujeitos na produção da significação e das ações sociais. Coelho (1999, p. 65) comenta que essa teoria dos signos preocupava-se com o estudo dos significados puramente lingüísticos, excluindo além do homem, outros fatores extralingüísticos, como o social, o psicológico e o do fenômeno. Na Semiótica peirceana, o foco está na evolução dos significados, sendo a convenção fixa apenas um estado e não o princípio que rege a vida dos signos. A Semiologia saussuriana concebe as diversas significações possíveis e necessárias quase como anomalias. Segundo Nöth (2005, p. 21) Fenômenos bio, zoossemióticos ou até signos naturais no sentido da semiótica universal de Peirce não têm lugar no programa semiológico de Saussure, pois um dos princípios fundamentais de sua semiologia é o princípio da arbitrariedade e convencionalidade dos signos. Por essa razão, a Semiótica de Peirce merece atenção especial, com o objetivo de revelar suas possibilidades explicativas à Ciência da Informação, notadamente, à área de organização da informação, em que se acredita encontrar as principais questões de intersecção entre estas disciplinas. A principal questão que norteia esta proposta de pesquisa é: quais as inter-relações teóricas e aplicadas entre Ciência da Informação e Semiótica peirceana e as contribuições desta última à área de organização da informação? Antes de adaptar conceitos da Semiótica ou analisar as teorias de base da organização da informação sob a perspectiva Semiótica, é necessário investigar a eminência de novos conceitos, relações não estabelecidas e cotejar as explicações dos fenômenos de organização da informação entre as duas áreas. Além disso, devem-se considerar também os sujeitos, as suas intenções, o contexto e a natural evolução dos signos nos processos de significação, aspectos estes supostamente não contemplados inteiramente pelos conceitos utilizados na Ciência da Informação e tomados de empréstimo da Semiologia e da Lingüística. Desse modo, o estudo constitui-se numa tentativa de verticalizar as reflexões sobre os aportes interdisciplinares na organização da informação. Sobre essa temática, constata-se que foi produzido um número reduzido de pesquisas e reflexões, sendo que estes poucos esforços contribuíram, sobremaneira, para registrar a necessidade de aproximação entre as duas áreas e com algumas ilações a partir dos conceitos mais utilizados na Semiótica peirceana em suas possíveis aplicações aos trabalhos da área de organização da informação. Assim, tem-se como proposta que a Semiótica e a Filosofia peirceanas, vastas em conceitos que respondem à filosofia da linguagem e à epistemologia do conhecimento em geral, contribuem com explicações plausíveis e razoáveis a diversos

4 problemas tratados na organização da informação: análise temática da informação, leitura documentária, construção de linguagens de indexação, entre outras. Concebe-se a obra peirceana como uma fonte que oferece uma base teórica que funciona para integrar as principais preocupações da organização da informação e seus processos de análise documental. Acredita-se, também, que as intersecções entre Ciência da Informação e Semiótica estão concentradas na área de organização da informação. Na obra de Peirce encontram-se uma teoria do significado, uma teoria da interpretação e da representação, uma teoria cognitiva, uma teoria da criação científica, uma teoria dos tipos de inferência, etc. Infelizmente, tal obra é desconhecida pelo maior público que insiste em resumir seu pensamento, partindo da análise de alguns de seus poucos artigos publicados em revistas de divulgação científica. Caso que também ocorre entre os cientistas da informação. Os estudos que têm como foco a epistemologia e as premissas dominantes em uma área de pesquisa, fornecem aos integrantes de uma dada comunidade científica possibilidades de verificar sob quais teorias se ancoram os discursos de seus membros. Além disso, visam interpretar as conseqüências práticas da adoção de uma ou outra teoria explicativa para os fenômenos do campo. Dentro desses estudos, encontram-se aqueles que se dedicam à investigação das relações interdisciplinares entre as ciências, tal como estas articulações possibilitam identificar avanços e retrocessos em um campo de pesquisa. A Semiótica também tem muito a contribuir aos estudos cognitivos da informação. De alguns anos para cá (anos 1990), verifica-se que o conceito de semiose, ou seja, ação dos signos rumo à continuidade da interpretação, está sendo introduzido nas explicações de autoorganização do conhecimento em determinados sistemas, seja na mente humana ou nos sistemas de informação (BRIER, 2001, SILVEIRA, 2000). Conceitos da filosofia peirceana são utilizados no estudo do comportamento da mente e como este pode ser estendido ao funcionamento de outros sistemas complexos. Assim, entre os conceitos utilizados estão, o de hábito e de aprendizagem (FARIAS, 1999). Tais contribuições podem acrescentar aos estudos do processo de leitura documentária, levados a cabo por Fujita (2004), no Brasil. A este aspecto, somam-se as evidentes contribuições interacionistas e cognitivistas do estudo da leitura profissional. Acontece, entretanto, que essas abordagens não discutem a natureza do signo nem mesmo as condições de seu aparecimento e funcionamento; procuram focar as variáveis que determinam as conseqüências e/ou resultados do processo cognitivo. E isto é algo bem diferente. A leitura deve ser vista também como um ato de interpretação, como condição sine qua non da existência dos signos. As variáveis elencadas por Fujita (2004), por exemplo, são essenciais para compreender as influências no processo de indexação, embora, ganhariam reforço explicativo com o aspecto da natureza do produto adquirido no ato da leitura. Em outras áreas, como na análise descritiva da imagem de documentos (rótulos, embalagens, etc.) e de seu conteúdo feita pela diplomática (GUIMARÃES; NASCIMENTO; MORAES, 2005) podem encontrar na Semiótica aplicada um campo já muito explorado, contando com centros de excelência, como o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Como visto, parece ter chegado o período de estreitar o diálogo entre as áreas citadas, tendo em vista à produção de resultados fecundos e duradouros, abrindo novas linhas de pesquisa na Ciência da Informação brasileira e elaborando propostas inovadoras para a formação de profissionais da informação. Nesse contexto, o presente trabalho busca relatar as reflexões preliminares da investigação, em estágio de desenvolvimento, que visa conhecer e avaliar as contribuições teóricas e aplicadas da obra de C. S. Peirce à área de organização da informação; destacando-

5 se a literatura da Ciência da Informação que faz aproximações interdisciplinares com a Semiótica peirceana e outras teorias dos signos. 2 CHARLES SANDERS PEIRCE A obra de Charles Sanders Peirce ( ) contribuiu para o avanço da filosofia e da ciência, com trabalhos em diversas áreas do conhecimento, entre elas a Lógica, a Biologia, a Geodésia e a Geologia. Tem-se como fonte capital para o estudo do pensamento peirceano a reunião de seus escritos, sob o título The Collected Papers, em 8 volumes. Além do projeto de publicação cronológica de sua obra que está em andamento. Peirce foi também precursor do pragmatismo, movimento originado nos Estados Unidos que, entre tantas outras coisas, buscou desenvolver uma teoria do significado. A máxima pragmatista sustenta que Para determinar o sentido de uma concepção intelectual devem-se considerar as conseqüências práticas pensáveis como resultantes necessariamente da verdade da concepção; e a soma dessas conseqüências constituirá o sentido total da concepção. (PEIRCE, 1980, p. 7). Entretanto, essa máxima foi rediscutida pelo próprio Peirce, por volta de 1905, numa carta endereçada a Mario Calderoni, em que dizia ser uma postura ultra-pragmatista. (SILVEIRA, 1985, p. 6). Além disso, outros aspectos do seu pragmatismo que permitem fazer jus à teoria do significado e à sua teoria da ação mental são pouco conhecidos na Ciência da Informação. O pensador discutiu as noções de crença e hábito como regras de comportamento da mente humana e as idéias de continuidade do conhecimento, interno ou externo, científico ou não-científico. Abriu espaço para a compreensão do falibilismo nas teorias em geral. Peirce, rediscutiu a existência de apenas dois tipos de raciocínio ou inferência, até então estabelecidos pela lógica aristotélica (indução e dedução), sugerindo a existência de uma outra modalidade de raciocínio, o abdutivo, que procura propor uma sugestão de solução ou hipótese no processo do pensamento. Também, sob influência de Augusto Comte ( ), sistematizou uma taxionomia das ciências cujo esquema demonstra as inter-relações de dependência entre as diversas disciplinas. Os estudos de fenomenologia talvez sejam a maior contribuição de Peirce à compreensão de sua própria filosofia, devido sua função iluminadora para compreender a integração de suas teorias. A fenomenologia peirceana também é chamada de phaneroscopia ou ideoscopia, do grego idéa que significa aparências, princípio, idéias e de scopos, que quer dizer observa ou examina. A ideoscopia seria utilizada num sentido diferente da fenomenologia, pois consiste em fundamentos diversos da fenomenologia convencional e da que ficou conhecida no século XX. A ideoscopia constitui a descrição e classificação das idéias que pertencem à experiência comum que emergem naturalmente junto à vida cotidiana, sem considerar a validade das idéias. (PEIRCE, 1972, p. 135, VALENTE; BROSSO, 1999, p. 65) Na fenomenologia peirceana o fenômeno (do grego fanerons) é definido como tudo aquilo que se apresenta à mente. Um fenômeno pode ser qualquer visão, imagem, situação, enfim, qualquer coisa que seja susceptível de ser conhecida por meio de uma mente. Verificase que mente, para Peirce, tem um significado mais abrangente que a mente humana. Um fenômeno, nesse sentido, pode ser de origem natural ou mental. Um fenômeno exige que essa mente possa diferenciá-lo de outros fenômenos e até prever a ação de fenômenos futuros. E uma das atribuições da fenomenologia é a elaboração de categorias universais dos fenômenos. Nesse sentido, Peirce propõe como categorias universais (ou modos de ser dos fenômenos): a primeiridade (firstness), a secundidade (secondness) e a terceiridade (thirdness).

6 Um fenômeno de primeiridade é de difícil análise, pois análise subentende partir o fenômeno em segmentos para examiná-lo, para daí reconstruí-lo e ter uma visão integral. Por exemplo, uma qualidade que se apropria de uma forma qualquer ou de uma forma que leva consigo uma cor é de difícil percepção sem o objeto a qual a qualidade se encarna. Ao se referir aos objetos da percepção ou ao choque direto da experiência proporcionada pelo objeto já se estará numa secundidade, pois se relatará a cor ou a forma, ambas qualidades de um objeto, em uma experiência comum. Na primeiridade são encontradas idéias relacionadas com acaso, diversidade, qualidade, multiplicidade, possibilidade, incerteza e caos. Os fenômenos quando estão em primeiridade não se relacionam uns com os outros, não se pode afirmar sobre a existência de tais fenômenos quando se está presente no momento de seu aparecimento, pois uma afirmação requer generalização, coisa que não acontece na espontaneidade da primeiridade nem na factualidade de uma secundidade. A possibilidade é um mero pode ser de um evento que ainda não é e não se deve afirmar que será. Diversidade e multiplicidade são próprias das qualidades presentes no universo e incerteza e caos pertencem à primeiridade pela aleatoriedade do surgimento das qualidades enquanto fenômenos. A segunda categoria explica o que Peirce considerava por experiência, válida para todos os tipos de fenômenos em experiências diretas. A experiência é o sentido de alteridade, perceber a existência de outro se impondo a uma consciência (PEIRCE, 1980). É na secundidade que se encontram idéias de ação e reação; neste caso, uma experiência só pode acontecer na medida em que existir uma dualidade. Uma qualidade é mera aparência, não tem significado a não ser quando é impelida por outra qualidade ou sensação, deixando essa mera qualidade da primeiridade para trás e passando a existir numa ocasião, produto da experiência direta, próprio da secundidade. Essa brutalidade da realidade que leva o eu a reagir perante o não-eu é característica da secundidade. A terceira categoria reúne as duas últimas numa síntese, que pode também ser tomada como sendo mediação, no qual são encontradas idéias de generalização dos fenômenos, lei, regularidade; chegando ao nível da razão e constituindo um pensamento. O caráter do pensamento é triádico por depender de uma qualidade que enseja a admiração, de um mundo real para dar materialidade à qualidade, o qual também é dotado da responsabilidade pela experiência direta e, por fim, o poder do pensamento em fabricar meios de conhecer a realidade que o cerca. O pensamento medeia o entendimento dos fenômenos de secundidade e primeiridade. Ressalta-se que as categorias de fenômenos não podem ser reduzidas aos fenômenos mentais, próprios da experiência humana. A terceiridade age na complexidade da evolução da natureza e do universo que possuem as características da regularidade e do contínuo, rumo ao desenvolvimento. Atestando essa afirmação, Silveira (1985, p. 14) lembra que em Múltiplos textos peirceanos desenvolvem o conceito de hábito e atribuem tal propriedade tanto à mente quanto à matéria. Dessa forma, tem-se que a definição do signo na Semiótica peirceana não poderia ser compreendida isoladamente, mas combinada com as categorias fenomenológicas. Se a fenomenologia somente se concretiza se considerada como o poder de apontar as nuanças dos fenômenos universais, a Semiótica peirceana só atinge seu grau de generalidade como teoria geral dos signos na expansão dos conceitos de signo, pensamento e semiose para todas as áreas, estes por natureza são gerais. Entretanto, são conceitos muitas vezes utilizados de forma redutora nas Semióticas aplicadas e/ou regionais. O signo, na visão peirceana, não é estanque, nem tampouco se reduz a um produto da mente humana. Signo é de caráter geral e é encontrado como correspondendo a tudo o que se

7 possa imaginar ou observar. Santaella (2000) dedica-se a afastar os equívocos relacionados ao entendimento da entidade signo, discutindo os mal-entendidos encontrados na literatura que limitam a idéia de signo ao signo mental. É certo que, em algumas de suas definições, Peirce utilizou literalmente a palavra alguém, ou, no seu lugar, mente de uma pessoa, ou, ainda, a palavra intérprete. Nesses casos, contudo, ele estava conscientemente baixando o nível de abstração lógica da definição porque, na angústia de não conseguir se fazer entender por seus contemporâneos, viu-se na contingência de comprometer o rigor teórico na tentativa de comunicar suas idéias (SANTAELLA, 2000, p. 12). É na terceira categoria fenomenológica que o signo efetivamente se concretiza, quando atinge a generalidade da representação. O signo, sendo um primeiro, possui qualidades semelhantes às presentes no objeto que representa, o objeto que determina o signo é representado pelo signo por alguns elementos continentes também nele, as qualidades. O signo determinado pelo objeto impele à existência e ao desenvolvimento de um terceiro elemento que é o interpretante do signo. O signo para Peirce (1972, p. 143) [...] é um objeto que, de uma parte, está em relação com seu objeto e, de outra parte, com um interpretante, de maneira tal a colocar o interpretante para com o objeto numa relação que corresponde à sua própria relação com o objeto. Um equívoco constante é compreender que signo é o elemento que representa o objeto do signo. Na realidade, o signo é a união inseparável das três entidades: objeto, signo e interpretante. A relação triádica é que constitui o signo perfeito, coexistindo com as três entidades. O representamen é o signo, mas Peirce atribui essa idéia para os signos mentais. É comum encontrar representamen e signo como sendo a mesma coisa, de certo modo, não é de todo inválido este argumento, porém, o representamen é um tipo particular de signo, o construído na mente humana e designado a cumprir a função de um correlato na relação triádica do signo (PIRES, 1999, p. 27). A função do signo é a de estar na posição ocupada pelo objeto ou por algum aspecto do objeto. O signo deve ser convincente para ser tomado como o próprio objeto. Daí deriva o conceito de representação na Semiótica de Peirce. O signo também possui a função de unir o objeto ao seu interpretante. Ele só executa esta tarefa se mediar. A mediação possibilitada pelo signo liga estas duas entidades e, em um plano maior, une a realidade do objeto externa à mente (no caso a mente e o pensamento humanos) ao mundo interior ao indivíduo. Não existe na filosofia peirceana a oposição dualista entre mente e matéria, pois ambas fazem parte de um mesmo processo de representação. Sem os objetos exteriores que determinam a existência do signo na mente, seria improvável a existência de interpretantes. A posição tomada por Peirce é não aceitar qualquer tipo de nominalismo que tenta polarizar a representação [...] separando o discurso do existente. (SILVEIRA, 1991, p. 47). Combinado com o objeto, o interpretante e com ele mesmo, o signo divide-se em três tricotomias mais conhecidas e logicamente fundamentadas nas categorias fenomenológicas peirceanas: o signo em relação a ele mesmo, o signo em relação ao objeto e o signo em relação ao interpretante. Na primeira tricotomia do signo tem-se o qualisigno, o sinsigno e o legisigno. O qualissigno é uma qualidade que é um signo, como uma cor qualquer, um som. Não funciona como signo como se entende, mas como um quase signo. O sinsigno é um evento que é um signo, evento no sentido de aparecer uma única vez, ser um individual. Uma lei que é um signo é um legissigno. Não pode ser um evento singular, mas geral, na medida em que para ser lei deve necessariamente ter uma generalidade. Como lei ou signo de lei, o legissigno depende dos sinsignos em sua formação. A segunda tricotomia do signo, a mais conhecida, relaciona o signo com seu objeto permitindo três espécies de signos: ícone, índice e símbolo. Todo signo que enseja representar

8 seu objeto é necessariamente um ícone, pois deve referenciar o objeto por alguma semelhança. Essa semelhança só pode ser uma qualidade apresentada tanto no signo quanto no objeto. Um Ícone é um signo que se refere ao Objeto que denota simplesmente por força de caracteres próprios e que ele possuiria, da mesma forma, existisse ou não existisse efetivamente um Objeto daquele tipo. (PEIRCE, 1972, p. 101). Um ícone refere-se ao objeto por alguma semelhança ou similaridade. O índice se refere ao objeto, mas possui uma relação de fato e de causa com o objeto. O índice está ligado ao objeto por alguma semelhança, sendo assim um ícone. É interferido por seu objeto e possui uma relação de fato. O signo simbólico é lei e por isso é uma espécie de legissigno; também leva consigo um ícone, pois se refere ao objeto por alguma semelhança (qualidade). A relação do signo com seu interpretante constitui a chamada terceira tricotomia do signo. Nessa tricotomia estão: rema, dicissigno ou dicente e argumento. Um rema é um signo que é interpretado como uma possibilidade, a noção de possibilidade é encontrada na categoria de primeiridade. Para Peirce (1972, p. 102) rema é um signo [...] que, para seu Interpretante, é um Signo de Possibilidade qualitativa, ou seja, entendido como representando tal e qual espécie de Objeto possível. Todo Rema fornecerá, talvez, alguma informação; mas não é interpretado como destinado a fazê-lo. Não é interpretado como informação, pois está no nível do possível e não do concreto, que é o da experiência direta. A informação não tomou forma de um objeto, ela está no nível do possível. Uma premissa ou uma proposição é exemplo de dicissigno ou de signo dicente. O signo dicente requer um conjunto de possibilidades para se concretizar como fato real, isto é, exige vários remas. Uma afirmativa, se interpretada como um fato existente funcionará como dicissigno. Por fim, se um signo é interpretado como lei ou um juízo é um argumento. Um juízo é o ato mental segundo o qual quem o faz busca convencer-se a si mesmo da verdade de uma proposição. (PEIRCE, 1972, p. 103). Nessa seção, objetivaram-se introduzir de modo breve temas do pensamento de Peirce. Como conseqüência, não foi possível abordar em profundidade todas as contribuições da Semiótica peirceana, tais como o estudo das entidades, do processo de representação, da cognição, das classes de signos mais conhecidas, dos tipos de inferências, entre outros. 3 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa ora em desenvolvimento trata-se, por um lado, de um estudo teórico que visa explicar as condições de inter-relacionamento entre Ciência da Informação e Semiótica (e demais temas da obra peirceana), com a hipótese que esta aproximação deva ocorrer com mais intensidade na área de organização da informação. Por outro lado, a pesquisa enquadrase no tipo bibliográfica, na medida em que visa analisar o problema e chegar a uma comparação da literatura existente sobre o assunto, consultando diversos materiais: teses, dissertações, livros, artigos etc. O estudo também contará com depoimentos dos pesquisadores da Ciência da Informação sobre os fundamentos da área de organização da informação e suas possíveis conexões com os temas da obra peirceana. Com esse material discursivo chegar-se-á em uma síntese dos principais problemas que entravam essa interação interdisciplinar, os quais poderão ou não ser resolvidos teoricamente com a reflexão sobre as possibilidades encontradas na obra peirceana a respeito do assunto. Desse modo, segundo o material coletado, a pesquisa será classificada de qualitativa, devido ao tratamento realizado sobre esse conjunto de dados de natureza discursiva. Os sujeitos participantes serão selecionados no decorrer da pesquisa, mas tendo como critério básico a competência científica no tema

9 reconhecido pela comunidade da área. Como técnica de coleta de dados para esses depoimentos, será utilizada a entrevista, contando com um roteiro na condição de instrumento de pesquisa. A técnica de análise de dados se baseará na análise de discurso, adotando em princípio os métodos aplicados na análise de representações sociais, tais como o Discurso do Sujeito Coletivo, desenvolvido por Lefèvre e Lefèvre (2003). Essa técnica procura reconstruir a fala de um suposto sujeito social formada por idéias que são relevantes para o grupo analisado. Por fim, como foco de orientação da interpretação dos dados, seguirá uma abordagem conhecida como epistemologia crítica (JAPIASSÚ, 1977), procurando as relações, as distinções e as aplicações dos argumentos e conceitos obtidos, sejam a partir de depoimentos e demais documentos. 4 RESULTADOS PRELIMINARES: Semiótica e Organização da Informação Nesta seção, analisa-se o tratamento dado à obra de Peirce na Ciência da Informação. Trata-se, tão-somente, de uma incursão nos principais problemas observados na literatura da Ciência da Informação e relacionados com a obra de Peirce. É aceito que a Ciência da Informação tem na organização da informação uma de suas áreas-núcleo. Para Saracevic (1996, 1999), o primeiro núcleo de pesquisa do campo da Ciência da Informação foi a recuperação da informação. Essa, por sua vez, depende dos processos de análise documental para seu desempenho efetivo. Segundo Guimarães, Nascimento e Moraes (2005, p. 135) a análise documental objetiva representar e selecionar aspectos do documento para que se possa recuperá-lo, valendo-se de aspectos extrínsecos e intrínsecos ao documento, isto é, da descrição física e da descrição temática. A Ciência da Informação conta na área de organização da informação com contribuições da Psicologia Cognitiva (paradigma cognitivo), desde meados dos anos 1970 (CAPURRO, 2003), que auxiliam a compreender o processo de leitura de textos para encontrar o assunto de um documento, a necessidade de conhecimentos, os modelos mentais dos usuários da informação etc. Uma parte substancial das pesquisas nessa área dedica-se ao estudo dos processos de indexação, de representação, de condensação e de seus efeitos na recuperação da informação. A maioria dos trabalhos que versam sobre o tema Semiótica na Ciência da Informação destaca a relação existente entre informação e signo. A informação é entendida como signo, pois qualquer processo de comunicação de um conteúdo é mediado por signos. Nessa perspectiva, quase que substituem o termo informação pelo de signo, mas este último composto de atributos que demonstram vantagem explicativa em relação ao conceito de informação. Raber e Budd (2003) baseiam-se na visão saussuriana para tratar da questão conceitual de informação e discutir as semelhanças entre Ciência da Informação e Semiótica, dispensando citações maiores à teoria dos signos e ao restante da obra de Peirce. Ainda focando a relação entre Semiótica e informação, Pinto (1996) procurou aprofundar a discussão, não obtendo êxito necessário por deter-se à demonstração dos conceitos peirceanos e ter deixado de analisar definições de informação vigentes na Ciência da Informação; conceitos que ainda não entraram em um consenso no campo. Além disso, o autor (PINTO, 1996) não comparou os conceitos semióticos a outras áreas da Ciência da Informação, como a organização da informação, em que se acredita haver vínculos mais profundos. Contudo, percebe-se que a Semiótica e o restante das contribuições da filosofia peirceana podem auxiliar, não apenas na formulação de novos conceitos para a área, porém

10 em uma compreensão teórica dos processos ligados à organização da informação. Os conceitos semióticos atribuem uma especificidade na análise das relações espaciais e temporais do fenômeno de interpretação. Em termos mais gerais, relacionam as especificidades referentes aos aspectos ontológicos do fenômeno, suas relações com a realidade interior e exterior, ressaltando as possibilidades (incluindo aí os casos de imprevisibilidade) do processo de indexação, por exemplo. A Semiótica permite ainda ampliar a compreensão do sentido de termos e, conseqüentemente dos fenômenos comumente implicados na análise documental: representação, interpretação, tradução, leitura, descrição, linguagem documentária e linguagem natural. Uma das grandes diferenças entre as considerações em voga na Ciência da Informação e a linha Semiótica está na concepção processual do signo. Na recuperação da informação um termo funcionará na medida em que seu significado for controlado pelos especialistas que constroem as linguagens documentárias, sempre com a ajuda da comunidade envolvida. A Semiótica peirceana alude à natureza do signo (de qualquer tipo), ressaltando o propósito natural da evolução sígnica. A teoria de Peirce enfatiza uma ontologia da realidade dos signos, o que é abrangente em termos teóricos em comparação às considerações funcionais/operacionais do signo. O conceito de semiose sintetiza as preocupações de Peirce com a natureza evolutiva dos signos e seus interpretantes. O controle conceitual de um signo seria um estado almejado, mas soaria como anormalidade do ponto de vista do processo sígnico. Seguindo com as aproximações à Semiótica, verifica-se que estas ocorreram apenas em casos isolados e sem repercussões no aperfeiçoamento efetivo de profissionais em nível de graduação e pós-graduação. O histórico desse contato revela que poucos foram os estudos que conseguiram aplicar conceitos semióticos às pesquisas desenvolvidas na Ciência da Informação. As primeiras aproximações entre estas áreas datam do final da década de 1970, com algumas referências em Mas somente na década de 1990 é que se nota uma manifestação explícita por parte dos autores e teóricos nesta direção, conforme se pode concluir da reflexão de Mai (2001). Isso mostra a novidade que é a Semiótica peirceana nos estudos da informação. Outro aspecto da discussão é que os estudos são bem reduzidos numericamente e na quase totalidade foram realizados por teóricos de outros países, tendo como fóruns de comunicação destas idéias os periódicos Journal of Documentation e Knowledge Organization. O principal estudo, segundo nossos objetivos, foi o de Mai (2001), que tratou de analisar o processo de indexação de assunto tomando como base a Semiótica peirceana. O argumento central do autor foi considerar, a partir da Semiótica, que os processos envolvidos na indexação de assunto estão permeados de interpretações (MAI, 2001, p. 591). A premissa remonta ao pensamento peirceano sobre a natureza própria do signo, isto é, a de gerar no processo de evolução, sucessivas interpretações. O estudo em questão não só enfatiza o papel das interpretações como descreve as classes de signos que pertence cada signo produzido no processo integral de indexação. No entanto, a reflexão do referido autor poderia aprofundar-se em outros conceitos peirceanos, tal como representação e hábito, e analisar a implicação destes conceitos no processo de indexação. Mesmo assim, o estudo é suficientemente preciso na demonstração dos conceitos da Semiótica peirceana. O fato é que muitas outras pesquisas poderiam ser realizadas a luz dos conceitos peirceanos. Em seguida, T. L. Thellefsen e M. M. Thellefsen (2004) elaboram uma reflexão filosófica da organização do conhecimento, propondo a doutrina Semiótica pragmática de C. S. Peirce como estrutura analítica básica para compreender os domínios de conhecimento (knowledge domains). A proposta do artigo foi expor uma estrutura teórica que está fundada

11 na epistemologia sócio-pragmática, visão que está enraizada no realismo pragmático de C. S. Peirce. Argumentam também que o conhecimento e os domínios de conhecimento estão baseados na epistemologia sócio-pragmática que restringe a simbolização dos conceitos científicos (THELLEFSEN; THELLEFSEN, 2004, p ). Os domínios do conhecimento contam com conceitos que foram tratados como signos e explicados sua origem a luz da obra de Peirce. Os autores ainda conseguiram trabalhar eficazmente com o conceito de hábito, na forma de hábito interpretativo, próprio da obra de Peirce que quase não aparece quando se vale da teoria peirceana. Debates a partir do pensamento peirceano na área de organização da informação no Brasil foram registrados também em artigos científicos. Lara (1993) pontua as contribuições da Semiótica e Semiologia para a análise das linguagens documentárias, ressaltando a necessidade de se estudar as palavras em seus contextos de significação e a condição de referência determinada por este contexto. O resultado mais importante é a proposta de análise da semiose documentária, como sendo um processo limitado a áreas especializadas a partir das representações documentárias (linguagens documentárias). Com isso, estabelece que [...] o signo documentário é um signo de controle do significado que só pode funcionar como elemento de representação da informação (e possibilitar a semiose documentária ) desde que o contexto no qual se insere seja considerado. (LARA, 1993, p. 225). Em outras palavras, o tipo de signo aplicado às características das linguagens documentárias não seria nada mais que o mesmo conceito de significado em Saussure, isto é, um signo de natureza simbólicoconvencional, pois conserva uma regra geral para representação e interpretação. Moura, Silva e Amorim (2002) tentam aplicar a base Semiótica e semiológica para o estudo da construção e utilização das linguagens documentárias; mais do que isto, as autoras buscam resgatar os pressupostos utilizados na concepção das linguagens documentárias e demonstrar como estes se articulam com a Semiótica e Semiologia. Esse relato de pesquisa é produto do projeto Identificação e análise das contribuições dos estudos de Semiótica e da Semiologia nos processos de construção de linguagens de indexação, realizado de 1997 a 2000, na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A primeira fase do projeto constou do resgate das categorias e conceitos da Semiologia e da Semiótica, para daí então estabelecer a interface com as teorias utilizadas na elaboração das linguagens de indexação. A segunda fase constou da análise da atuação do indexador na leitura e descrição de assuntos de documentos. E, a terceira fase partiu da necessidade de investigar a ação do indexador, verificando a influência das experiências e do conhecimento dos indivíduos no processo. As conclusões não demonstraram outras pontes com a Semiótica peirceana além da discussão da indexação a partir do conceito de semiose. Como uma das recomendações, as pesquisadoras ressaltaram a necessidade de incorporar categorias peirceanas nos programas de ensino de indexação e incorporar a noção de semiose. (MOURA; SILVA; AMORIM, 2002, p ). Já González de Gómez (1993) elabora uma reflexão sobre as premissas epistemológicas vigentes na representação do conhecimento, deixando claramente explicitado que a representação da qual trabalha visa a transferência da informação. A autora destaca o papel da Semiótica no século XIX, como agente de uma virada epistemológica, deslocando o papel do sujeito na produção e representação do conhecimento, o que permitiu abrir espaço para a ação dos signos nestes processos. Nesse sentido, classifica a Semiótica dentro das epistemologias sem sujeito. Ao contrário disso, argumenta que a participação dos sujeitos nas ações de informação é necessária, até mesmo imprescindível para a elaboração de agendas de pesquisa na área. (GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1993, p. 222). Isto é, questiona a teoria

12 Semiótica por não reconhecer o sujeito como relevante nos processos de produção e comunicação do conhecimento. Entretanto, não se aprofunda na discussão dos conceitos de representação, além de não mencionar o grau em que a teoria Semiótica peirceana desconsidera os sujeitos (intérpretes) e das possibilidades oferecidas por esta disciplina para compreender como se dão os processos de produção e de comunicação do conhecimento em sistemas não-antropocêntricos. É no mínimo questionável o argumento de González de Gómez (1993), em virtude de ser visível, na obra de Peirce, a menção da comunidade de sujeitos e a história nos hábitos de ação na determinação do significado de signos mentais. O fundamento do signo será sempre aquilo que ele estará propenso - segundo um uso habitual - a determinar como significado na mente interpretadora. O sujeito, o uso que faz da linguagem e ainda mais a interpretação contínua dos significados (semiose), abrindo espaço para a indeterminação, estão assegurados na obra de Peirce. Para superar mal-entendidos da obra de Peirce, é recomendável integrar à Semiótica as noções de falibilismo, tiquismo (afirmação do acaso como inevitável), sinequismo (afirmação da continuidade) e abdução (proposição lógica de respostas para futura averiguação). Outra reflexão fundamentada na Semiótica peirceana foi levada à frente por Gomes (2000), na qual discute a construção do conhecimento em ambientes informacionais. Contudo, a autora pontua principalmente a Semiótica e as categorias de fenômenos de Peirce como um modelo explicativo da construção de sentido em ambientes de informação. Por outro lado, não menciona conceitos fundamentais (tal como acaso) que reconstituiriam o pensamento do autor e detalhariam a noção de possibilidade de aquisição de conhecimento nestes ambientes. González de Gómez e Gracioso (2006) propuseram fundamentar as práticas e ações de informação no ambiente virtual com o pragmatismo, mais especificamente, o pragmatismo lingüístico. Na separação que fazem entre pragmática Lingüística e pragmatismo não especificam qual linha do pragmatismo estão se referindo. Tudo indica que, quando tratam do pragmatismo como filosofia dos resultados, nuance utilitarista, é a linha de William James ( ) que está sendo privilegiada, mas não a de Peirce como concluem. Além disso, faltou precisar que a noção de pragmática Lingüística, isto é, a ênfase no uso prático da linguagem, se deve a Charles Morris ( ), cujo conteúdo da proposta deriva de uma leitura da divisão da Lógica de Peirce. Apesar disso, o trabalho das autoras expõe a defesa dos agentes e do uso único que estes fazem da linguagem nas práticas de informação. É uma excelente iniciativa, como estímulo para aproximação a outras vertentes do pragmatismo. No 2º semestre de 2006, o periódico Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, publica uma edição especial que aborda as conexões entre Semiótica e Ciência da Informação. Dos seis artigos publicados, apenas um tratou de discutir a relação Semiótica-organização da informação, retomando a noção de semiose documentária. Mais uma vez, uma compreensão de outros temas da obra de Peirce deixou de ser buscada, discutindo-se apenas os conceitos-chave da teoria dos signos, a qual, na lógica peirceana é chamada de Gramática Especulativa e consiste em um dos ramos da Lógica ou Semiótica, juntamente com a Lógica Crítica e a Metodêutica ou metodologia. Verifica-se inicialmente que no contexto brasileiro não foram empreendidos, de modo articulado, um estudo da viabilidade e das contribuições da teoria Semiótica e do pensamento peirceanos à Ciência da Informação, mais especificamente, a área de organização da informação. É imprescindível um trabalho que rediscuta temas relevantes no campo sob a perspectiva peirceana, buscando linhas não-descobertas de investigação. Assim, observa-se a necessidade da discussão da Semiótica nos vários aspectos da organização da informação.

13 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nunca é demais recordar que são vários os pontos de convergência entre a obra de Peirce e a área de organização da informação. Alguns com raízes tão profundas que se tornam quase imperceptíveis. Só para indicar um ponto, a divisão clássica de Charles Morris entre Sintaxe, Semântica e Pragmática, de que se vale a Lingüística e, em alguns casos, os teóricos da organização da informação, tem influência direta de Peirce. Segundo Santaella (2004, p. 178) Charles Morris popularizou as complexas concepções originais que Peirce tinha dos três ramos da lógica ou Semiótica na conteudística e psicologizante divisão da Semiótica nos níveis sintático, semântico e pragmático. Nada poderia estar mas distante de Peirce do que essa simplificação. O primeiro pragmatismo de Peirce, surgido nos textos A fixação das crenças e Como tornar claras nossas idéias, publicados em 1877 e 1878, buscou viabilizar uma teoria do significado. Considerava, nessa época, as formas de comprovar a validade dos conceitos. Ainda que rediscutido à luz do segundo pragmatismo, classificação dada por estudiosos do pensamento peirceano, essa primeira menção a um método para creditar significado aos termos científicos pode servir - senão para elaboração de linguagens documentárias ou aquilo que Gardin (1966) denominou como léxicos documentais - pelo menos como história das tentativas de se chegar à especificação da linguagem utilizada por cientistas, com o objetivo de organizá-la para o avanço da ciência. Já contando com 64 anos, em um texto de 1903, intitulado Ética da Terminologia, Peirce (1998) menciona as regras que devem ser aplicadas à terminologia filosófica, bem como a natureza do pensamento científico. Entre outras coisas, Peirce conclui que os conceitos filosóficos e científicos são símbolos genuínos. Isso nos permite supor que Peirce poderia ter sido um dos primeiros pensadores a preocupar-se com a organização do conhecimento científico, ressaltando as deficiências dos conceitos quando considerados vagos e imprecisos demais, a ponto de não permitirem o desenvolvimento da ciência e expansão do saber humano. Assim, vê-se como imprescindível o estudo das contribuições da obra de Peirce à organização da informação. De seu sistema filosófico, verifica-se que os autores da Ciência da Informação têm enfatizado a Semiótica, e dentro desta a classificação dos signos ou Gramática Especulativa, deixando de lado, com raras exceções, as conexões com os demais ramos da Lógica peirceana, além de outros temas de sua obra. Nesses termos, consideram-se incipientes as tentativas de interação entre o pensamento de Peirce e a organização da informação, em seus processos, instrumentos e produtos. Espera-se, enfim, galgar a um nível mais elevado de compreensão da obra filosófica de Peirce, a qual não pode ser assimilada, com justiça aos conceitos, fora das múltiplas conexões entre Fenomenologia, pragmatismo, teoria dos signos ou Gramática Especulativa, Lógica Crítica (destacando o papel da abdução), Metodêutica e teoria da cognição. Supõe-se que, desse modo, chegar-se-á ao debate interdisciplinar, o qual passa antes pelo conhecimento equânime de outras construções teóricas. REFERÊNCIAS BRIER, S. Cybersemiotics: a reconceptualization of the foundation for information science. Systems Research and Behavioral Science, [S. l.], v. 18, p , 2001.

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