COORDENADORIA ESTADUAL DE JUVENTUDE SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS PESQUISA JOVEM PAULISTA 2020 RELATÓRIO FINAL SÃO PAULO

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1 COORDENADORIA ESTADUAL DE JUVENTUDE SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS PESQUISA JOVEM PAULISTA 2020 RELATÓRIO FINAL SÃO PAULO JUNHO/2010

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3 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 1 2. DEMOGRAFIA MIGRAÇÃO FECUNDIDADE MORTALIDADE CENÁRIOS FUTUROS DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO VIDA E FAMÍLIA MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS FAMILIARES Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho Participação da Mulher no Grupo Familiar Arranjos Familiares Completos CONCLUSÃO SAÚDE CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE DOS JOVENS Nutrição e Obesidade Consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas Saúde sexual e reprodutiva COMPOSIÇÃO DA DEMANDA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Demanda por serviços públicos de saúde Demanda por planos de saúde privados COMPOSIÇÃO DE OFERTA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE CENÁRIOS PARA CONCLUSÃO EDUCAÇÃO ENSINO FUNDAMENTAL 101

4 5.2. ENSINO MÉDIO ENSINO SUPERIOR EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS POR SEGMENTO ENSINO PROFISSIONAL TÉCNICO CENÁRIO PARA TRABALHO E RENDA OCUPAÇÕES E SALÁRIOS DOS JOVENS EVOLUÇÃO E PROJEÇÃO DA RENDA E TRABALHO CARTEIRA ASSINADA Por gênero Por faixa de idade Por escolaridade EMPREENDEDORISMO Por gênero Por idade Por Escolaridade EMPREGABILIDADE Por gênero Por idade Por escolaridade TAXA DE DESEMPREGO Por gênero Por idade Por escolaridade HORAS TRABALHADAS Por gênero Por idade Por escolaridade 145

5 6.8. SALÁRIO-HORA DOS JOVENS Por gênero Por idade e escolaridade CENÁRIO PARA SEGURANÇA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS Homicídios HOMICÍDIO NO ESTADO POR FAIXA ETÁRIA Acidentes de Transporte Outras Modalidades de Crimes e Violência Escolar CONTROLE DE CRIMES POPULAÇÃO CARCERÁRIA JOVENS PRIVADOS DE LIBERDADE CENÁRIO PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E CULTURAL PARTICIPAÇÃO POLÍTICA Jovem como Eleitor Opinião Pública Jovem na Carreira Política PARTICIPAÇÃO SOCIAL E CULTURAL Participação em Movimentos CONCLUSÃO 186

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7 1. INTRODUÇÃO Quando a Secretaria de Relações Institucionais, por meio da Unidade de Programas para a Juventude nos procurou para realizar uma pesquisa sobre o Jovem paulista em 2020, não imaginávamos o desafio que tínhamos pela frente. Aceitar e desenvolver um trabalho com a temática da juventude é tarefa complexa, que exigiu-nos conhecer o universo juvenil em suas múltiplas dimensões, captar a diversidade do segmento jovem e analisar tendências que nos permitisse traçar cenários para a juventude paulista em 2020, sem a pretensão de prescrever recomendações e fazer previsões. O primeiro passo foi iniciar o levantamento e consultar artigos, autores e pesquisas sobre o tema juventude, pudemos constatar um número considerável de pesquisas que buscam compreender diferentes questões relacionadas aos jovens como a sua relação com a escola, com o trabalho, com a cultura, com a política, ou em relação à sexualidade, a violência etc. Entretanto, antes de pensar nas questões que envolvem a juventude, foi importante entender quem é o jovem e o que é ser jovem. Seguindo o documento intitulado As Diretrizes Estudo sobre Juventude Brasileira (Brasil, 1998) que definiu que a juventude corresponde à faixa etária entre 15 e 24 anos, ou seja, dividia-se a categoria em duas faixas, a adolescência, de 15 a 19 anos e a juventude propriamente dita, dos 20 aos 24 anos. Os Padrões Internacionais (2005), o Plano Nacional de Juventude da Câmara dos Deputados e o Conselho Nacional da Juventude (2006) estenderam a categoria juventude para os 29 anos, subdivididos em: jovem-adolescente, na faixa etária dos 15 aos 17 anos, jovem-jovem, dos 18 aos 24 anos e jovem-adulto, dos 25 aos 29 anos. Os jovens no Brasil totalizam 51 milhões de indivíduos, de 15 a 29 anos, representando 27% da população total. No Estado de São Paulo, temos 10,6 milhões de jovens, em 645 municípios, representando 24% da população total.. As pesquisas e estudos demográficos sobre os jovens são recentes, a partir da década de 1990, que se intensifica o debate político e acadêmico sobre o tema da juventude 1

8 (Camarano et al, 2004). Até então, as políticas que beneficiavam os jovens eram destinadas a um público mais amplo, não existindo políticas específicas para a juventude. Programas e políticas públicas percebiam os jovens como adolescentes ou como adultos, e não como um segmento destacado da população. As primeiras ações de programas específicos destinados aos jovens, sobretudo adolescentes, aparecem no interior da área da saúde, os jovens são o foco dos problemas sociais como gravidez precoce, violência. Depois, as ações e projetos dirigidos aos jovens seguem a lógica de responder ao aumento da violência nos centros urbanos, colocando em destaque a criminalidade juvenil. A sociedade enxergava o jovem sob dois ângulos, um como um segmento vulnerável, onde são vítimas, o desemprego é maior entre os jovens, trabalham sob condições precárias, existe o subemprego juvenil, sofrem com a violência, e por outro, são vistos como os responsáveis pela violência, trazendo quase sempre uma visão negativa da juventude, associada aos problemas sociais e temáticas complexas. Sposito et al (2003) analisam os programas e ações federais observadas no período , estabelecem a periodização em torno de quatro distintos modelos de políticas de juventude: a) a ampliação da educação e o uso do tempo livre (entre 1950 e 1980); b) o controle social de setores juvenis mobilizados (entre 1970 e 1985); c) o enfrentamento da pobreza e a prevenção do delito (entre 1985 e 2000); e d) a inserção laboral de jovens excluídos (entre 1990 e 2000). A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - o denominado ECA- é um marco para o estabelecimento das políticas e programas que vêem a infância, adolescentes como sujeitos de direitos, visão que se estendeu para os jovens. Em 1993, a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) inclui os jovens como beneficiários, além dos adolescentes. E mais recentemente, a pauta do trabalho e de desemprego é incorporada na agenda de programas e ações para os jovens. Conceituar o jovem não é apenas uma questão de faixa etária, ser jovem envolve a transição para a vida adulta. O ciclo de vida das pessoas não segue mais uma trajetória linear, o inicio 2

9 de uma etapa seguida do término da outra, marcada por eventos como primeiro emprego, casamento, filhos, aposentadoria, morte (Madeira, 2006). Os modelos tradicionais de passagem para a vida adulta sofreram profundas alterações, os eventos que marcam a passagem estão ocorrendo mais tardiamente e de maneira desconectada (Corrochano, 2008). Para muitos jovens, já existe a antecipação de características que são próprias da vida adulta, tais como a inserção no mercado de trabalho, o provimento parcial ou total do seu sustento e a constituição de família. Ao mesmo tempo, certos jovens podem atingir a idade adulta sem terem assumido papéis a ela associados: inserção no mercado de trabalho, autonomia financeira e constituição de família. Em muitos casos, prolongam a sua permanência na escola e na casa dos pais. O importante é entender a transitoriedade, como condição da juventude, que o caminhar para a vida adulta é mais uma etapa dentro de uma sociedade que está em constante transformação. (Camarano et al, 2004) Os estudos mostraram que a pesquisa deveria olhar o Jovem em múltiplas dimensões, entre estes, destacamos pesquisas que levantaram indicadores, com base em dados e estatísticas públicas, para construção de índices que avaliam e comparam a situação dos jovens por países, regiões, estados, municípios. O Índice de Desenvolvimento Juvenil- IDJ apresentado no Relatório de desenvolvimento juvenil (Waiselfisz, 2007), trabalho que focalizou a situação social e econômica dos jovens do Brasil por meio da constituição de um indicador sintético do nível de vulnerabilidade juvenil, o índice é bastante semelhante ao Índice de Desenvolvimento Humano IDH, porém adaptado às questões específicas da juventude brasileira. Nesta mesma linha de pesquisa, foi elaborado o Índice de Bem Estar da Juventude brasileira (Youth Well-Being Index-YWI), por pesquisadores Dell Aglio et al (2001) do Banco Mundial. Estes estudos foram importantes para a definição das dimensões a serem abordadas, para o levantamento e seleção dos indicadores da pesquisa para o segmento jovem da população do Estado de São Paulo. 3

10 O objetivo da pesquisa foi analisar as tendências dos aspectos e questões que envolvem os jovens, para tanto buscou analisar o seu comportamento de modo a identificar os fatores que vão influenciar sua situação em 2020, projetar a demanda e oferta de serviços, em sete dimensões, divididas em capítulos: Demografia, Vida e Família, Saúde, Educação, Trabalho e Renda, Segurança e Participação Política, Social e Cultural. Metodologia A metodologia utilizada consistiu na análise de estatísticas públicas e técnicas de coleta e organização de dados. As principais fontes de dados foram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como censos (Censos Populacionais 1991 e 2000) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD de 1998 a 2008). Dados da Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (Fundação Seade), por meio das projeções populacionais dos municípios paulistas. Também foram utilizados dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e dados do Ministério da Educação (MEC), como Data Escola Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Os dados e informações relacionados a saúde e segurança dos jovens foram obtidos junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), como: Incidência de doenças, Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações Hospitalares do SUS. E também, junto ao Ministério da Justiça, obtidos dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Conselho Nacional de Justiça. Para complementar dados e informações para contextualizar os indicadores e a análise dos mesmos, foi realizado levantamento de pesquisas, relatórios técnicos que pudessem subsidiar o estudo da juventude. 4

11 Dentre o levantamento realizado, utilizamos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2009, que investiga diversos fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes, junto aos escolares do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais estaduais e do Distrito Federal. A Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: Participação, Esferas e Políticas Públicaspesquisa realizada pelo Instituto Polis (2005), em parceria com o Ibase, também foi fonte de dados para a pesquisa Jovem 2020, pois buscou ouvir diferentes jovens brasileiros(as), de 15 a 24 anos de idade, e provocar o debate sobre as condições e perspectivas com relação à educação, ao trabalho, à cultura e ao lazer e os limites e as possibilidades da sua participação em atividades políticas, sociais e comunitárias. Pesquisa Qualitativa Foi desenvolvida pesquisa qualitativa junto a especialistas - pesquisadores, formadores de opinião e gestores envolvidos em programas, projetos e organizações relacionadas com a juventude paulista. A pesquisa qualitativa teve duas etapas, a primeira para levantar e identificar as instituições relacionadas com programas e projetos, e a segunda para a seleção dos entrevistados. Foram levantadas 33 organizações e selecionados 18 entrevistados. As Figuras 1.1 e 1.2 mostram o mapeamento das instituições e a matriz dos entrevistados. 5

12 Figura 1.1 Etapas da pesquisa qualitativa Esfera pública estadual e municipal Terceiro Setor Instituições Pessoas Coordenadores Pesquisadores Gestores Figuras de destaque 33 nomes Matriz de entrevistados Perfil dos Entrevistados 18 nomes Figura 1.2 Entrevistados por dimensão pesquisada Denis Mizne (Sou da Paz) Wanda Engel (Instituto Unibanco) Albertina D. Takeuchi (Saúde do Adolescente) Fernando Lefèvre (Prof. FSP/USP) Saúde Segurança Educação Reynaldo Fernandes (Prof. FEA/USP) M. Alice Tide Setúbal (Fund. Tide Setúbal) Wagner A. Santos (Cenpec) M. do Carmo Brandt (Cenpec) Beth Callia (Formare) Demografia Camila Barros (Secret. de Educação) Luanda Ap. Bonadio (Formare) Trabalho e Renda Vida e família Reinaldo Bugarelli (Txai) Renato Kiyama (Artemisia) Helena Abramo (Secretaria Municipal de Cultura) Participação Política, Social e Cultural Felícia Madeira (Fund. SEADE) Luciana Guimarães (Cepam) Walter Feldman (Secretaria de Esportes do Município de SP) João Sayad (Secretaria de Cultura) Fonte: elaboração própria 6

13 Utilizamos a técnica de entrevista em profundidade, que seguiu roteiro semi-estruturado, com perguntas fechadas e abertas, e que permitiu ao entrevistado discorrer sobre o tema sugerido de acordo com alguns tópicos selecionados a priori (Bailey, 1982). O roteiro das entrevistas abordou os seguintes tópicos: as questões relevantes para as relações com jovens demografia, vida e família, saúde, educação, trabalho, segurança e cultura; em seguida, o entrevistado analisava os fatores críticos para o desenvolvimento da juventude paulista e por fim perguntava-se sobre os desafios e agenda para os próximos 10 anos. As análises e colocações dos especialistas foram fundamentais para o desenvolvimento do estudo, no sentido de identificar as tendências, sobretudo, para compreender o universo juvenil. Para sistematizar o relato dos resultados da pesquisa, o presente estudo foi organizado em 8 capítulos. Em cada capitulo será detalhada a base de dados utilizada para a composição dos indicadores para o comportamento, tendências e cenários. Os dados e indicadores referemse à população de jovens dos 15 aos 29 anos no Estado de São Paulo, entretanto, para algumas variáveis foi empregada base de dados com outras faixas etárias (10-14 anos) para amostras nacionais, das regiões do país, capitais e regiões metropolitanas. Esta introdução compõe o primeiro capítulo, apresentando notas conceituais sobre juventude, e a metodologia utilizada. O segundo capítulo aborda a dinâmica demográfica, apresentando as transformações no ritmo de crescimento e composição da população, por idade e sexo, permitiu analisar as tendências e traçar os cenários que irão influenciar a estrutura familiar, a saúde, a educação e o mercado de trabalho. A análise mostrou que a mudança demográfica aconteceu mais rápido em São Paulo atingiu o bônus demográfico antes que os outros estados. A transição demográfica irá se acentuar mais nos próximos 10 anos, a população vai envelhecer e a participação da população jovem irá diminuir. O terceiro capítulo aborda as relações do jovem com a família e aspectos da transição para a vida adulta. As transformações sociais ocorridas nos últimos 20 anos vêm provocando mudanças intensas na estrutura familiar paulista. A evolução específica dos padrões demográficos com queda da fecundidade e da mortalidade, o aumento de separações e o 7

14 avanço da expectativa de vida da população, juntamente com a inserção da mulher no mercado de trabalho, tiveram impacto direto no modo de vida das famílias. O modelo tradicional de família ainda será predominante, combina-se com novos arranjos familiares. Ampliam-se as uniões, casamentos, divórcios, o número de pessoas que optam por residir sozinhas. Também temos a postergação do casamento e da maternidade. A diminuição do número de filhos, muitos optarão por não ter filhos. O papel da mulher continuará se fortalecendo, como chefe de família, e ainda será maior a sua participação no mercado de trabalho. Será a segunda e a terceira geração de mulheres inseridas no mercado de trabalho. Entretanto, ainda não se atingiu a equidade de gênero. O quarto capítulo aborda a Saúde, uma das principais dimensões que caracterizam o comportamento do jovem e que vai influenciar a sua vida adulta. Lidar com a questão de saúde passou a ser um tema mais complexo, pois estamos diante de uma sociedade que enfrenta problemas de saúde que são provocados a partir de questões sociais, como a pressão para a entrada no mercado de trabalho, a demanda por qualificação, somado a isso os novos padrões demográficos, com o aumento da longevidade da população brasileira, refletido no crescente número de pessoas idosas. A mudança nos padrões de morbimortalidade, no estilo de vida e hábitos dos jovens exigirão atendimento diferenciado pela rede de saúde pública. Ocorrerá um aumento na demanda de consultas médicas e o consequente impacto nos seguros de saúde. O quinto capítulo, Educação, o pilar fundamental para se pensar o desenvolvimento de uma sociedade. Aborda a educação como instrumento de avanço econômico e social, ou seja, de equalização de oportunidades e justiça social. A universalização do ensino fundamental, mas não com a qualidade necessária, o alto índice de evasão dos jovens, que abandonam os cursos antes de concluir, no ensino médio colocam em pauta a formação de competências para o trabalho e apontam para a complexidade dos desafios da Educação para os jovens em O sexto capítulo Trabalho e Renda é um dos aspectos mais importantes da vida do cidadão, refere-se ao seu posicionamento no mercado de trabalho. Para os indivíduos jovens, estas 8

15 variáveis têm uma importância ainda mais destacada, pois os mesmos se encontram no início da vida produtiva, e choques adversos neste estágio podem ter conseqüências duradouras, perpetuando-se por todo o ciclo de vida. Os cenários mostraram avanços na educação dos jovens, o aumento progressivo da escolaridade, e se a trajetória de crescimento econômico continuar, aumentará a inserção dos jovens no mercado de trabalho, em melhores empregos em especial os mais qualificados. Os jovens de 15 a 18 anos terão dificuldades para trabalhar, mas é preciso analisar a relação trabalho e educação, o significado de emprego, desemprego para este segmento da juventude. O sétimo capítulo Segurança aborda a tema da violência para o jovem, mostrando a mortalidade no Estado por causas externas como o principal fator de risco para juventude. Além das causas externas, existem outras modalidades, onde os jovens são tanto vítimas como praticantes. Podem ser caracterizadas como violência contra a pessoa, a econômica (que se refere aos danos causados ao patrimônio), contra os costumes (que inclui o abuso sexual dos jovens), violência atípica (que inclui o suicídio) e a violência causada via acidentes de transporte. As manifestações de violência em contextos e condições diversas como nas escolas, nas vizinhanças, e até mesmo no ambiente familiar têm uma participação significativa na vida dos jovens, e isso terá um impacto daqui a 10 anos. O índice de mortalidade por homicídios apresentou uma queda significativa no Estado de São Paulo. Considerando que em 2020 o número de jovens será em menor proporção, há uma tendência de queda constante na taxa de homicídio para os jovens no Estado. Assim como os homicídios, as mortes por acidentes de transporte apresentam trajetória de queda. Entretanto, esta trajetória é mais rápida para a população não-jovem. Apesar da diminuição há alguns fatores cujo comportamento permanece: os jovens continuam sendo vítimas em maior número. Os gastos públicos com segurança e justiça deverão se manter altos na próxima década. O oitavo capítulo Participação Política, Social e Cultural participação política surge como tema a ser considerado pela juventude, pois do processo de tomada de decisões surgem conseqüências positivas ou negativas o que exige dos indivíduos a conscientização crítica. 9

16 Dalmo Dallari (1983) conceitua política como a conjugação das ações dos indivíduos e grupos humanos, ou seja, como tudo que diz respeito às relações sociais, à realidade social global, enfim à sociedade em geral, dirigindo-as a um fim comum. Este capítulo, olha para o jovem como o grande agente potencial de transformação política e social, a história das sociedades muitas vezes mostra que o jovem exerceu papel preponderante no contexto social, principalmente nos movimentos sociais que marcaram épocas. O estudo apresentado contextualiza a juventude brasileira, em especial o jovem paulista, com relação a sua participação política como eleitor, candidato e agente ativo em movimentos sociais e culturais. Os cenários para os jovens apontam avanços em várias dimensões educação, saúde, trabalho e segurança. O Estado de São Paulo atingiu um patamar de desenvolvimento que em muitas áreas o equipara a de países desenvolvidos. Entretanto, com estes avanços aumenta a complexidade dos problemas e desafios para o futuro da juventude paulista. Devemos reconhecer as limitações desta pesquisa, quanto a fonte de dados secundários, pois depende da disponibilidade dos dados, que são estáticos e dificulta as projeções e análise das tendências. Os indicadores apresentados não captam a heterogeneidade das condições que afetam a juventude, seriam necessárias novas pesquisas para captar a diversidade da juventude paulista e aprofundar as análises. 10

17 2. DEMOGRAFIA A estimativa do tamanho da população do Estado de São Paulo, divulgada pela Fundação Seade, revela que em 2010 o número de habitantes é de aproximadamente 42 milhões. Destes, 24% estão caracterizados como jovens da faixa etária dos 15 aos 29 anos. Neste intervalo há uma concentração maior daqueles situados entre 25 a 29 anos, correspondendo a 9% da população total. O conhecimento do tamanho da população e sua composição, por idade e gênero, constitui um instrumento fundamental para análise da sua tendência. A construção de cenários demográficos futuros torna-se relevante e primordial para a orientação de políticas públicas que necessitem quantificar o público de interesse, de acordo com as características da população. Esses cenários representam simulações da tendência demográfica futura baseada na análise de tendências históricas, no comportamento regional e em hipóteses de comportamento futuro para os componentes do crescimento populacional. Com o objetivo de elaborar estes cenários para a população jovem do Estado de São Paulo, em 2020, utilizamos ferramentas estatísticas juntamente com os dados coletados do IBGE via censo e indicadores calculados pela Fundação Seade. O Estado de São Paulo, acompanhando uma tendência observada em todo o Brasil, está passando por rápidas transformações em sua dinâmica demográfica. A análise de cada componente demográfico migração, fecundidade e mortalidade, considerou estes elementos, até o presente, com os últimos recenseamentos populacionais realizados pelo IBGE (1991 e 2000), e os indicadores demográficos produzidos pela Fundação Seade MIGRAÇÃO Nos anos 90, com a abertura comercial e financeira, a política econômica vigente na época provocou uma reestruturação da base produtiva. Os setores mais dinâmicos da economia buscaram novos mercados e promoveram aumento na produtividade, implantando novas estratégias de competitividade. As consequências desta liberalização vieram com a quebra 11

18 de empresas, mudanças de padrões tecnológicos, alteração de modelos de gestão e eliminação de empregos. Esta década também se caracterizou como um período de grande movimento migratório para o Estado de São Paulo. Estudos da SEADE revelam que entre , o Estado de São Paulo recebeu 1,4 milhão de pessoas. Entretanto, este fenômeno não se sustentou no período , quando o montante caiu para 1,2 milhão de pessoas, indicando redução nos deslocamentos de 12%. Do total de pessoas que se deslocaram, as mulheres apresentaram uma maior participação, 52% contra 48% dos homens. Dentre os migrantes homens, 67,4% eram solteiros. Percentual bem próximo aos das mulheres que era de 60,6%. Aproximadamente 78% destes migrantes concentravam-se entre as idades potencialmente mais ativas (15-59 anos), o que relaciona a busca de melhores oportunidades econômicas com os deslocamentos populacionais. Para ambos os sexos, destaca-se a participação da população jovem nos deslocamentos populacionais para São Paulo: 36,4% dos migrantes pertenciam à faixa entre 15 e 24 anos. Para avaliar o impacto na dinâmica demográfica do Estado de São Paulo, consideramos as estimativas do saldo migratório do estado (entrada menos saída de migrantes). Para isso foram utilizadas as diferenças entre o crescimento da população e o saldo dos nascimentos e óbitos Sistema de Estatísticas Vitais (estes dados foram obtidos do IBGE e Fundação Seade). O saldo migratório disponibilizado pelo IBGE, por meio dos dois últimos censos (1991 e 2000), revela que o município de São Paulo deixou de ser o pólo atrativo da migração. Em 1991, já existia uma evasão populacional ( mil habitantes). Em 2000 houve uma redução desta evasão ( mil habitantes), mas o saldo continua negativo. A leitura do gráfico 2.1. revela que a RMSP teve um comportamento oposto. Esta região que apresentava evasão populacional em 1991 passou a ser um pólo de migração em As Regiões Administrativas do Estado também tornaram-se pólo atrativo de deslocamento. A Região de Campinas teve um papel significativo neste evento. Entre os anos de 1991 e 12

19 2000 houve um crescimento na migração de 23%. Em seguida, mas em menor proporção, surgem as Regiões de Sorocaba, São José dos Campos e Santos. Gráfico Saldo Migratório do Estado de São Paulo Fonte: SEADE Conforme já visto, a década de 90 se caracterizou como um período de grande movimento migratório para o Estado de São Paulo. A taxa de migração passou de 1,9 migrantes por mil habitantes em 1991, para 4,3 por mil em Esta recuperação migratória dificilmente será alcançada novamente, quebrando o mito do Estado como um pólo de atração migratória. A Tabela 2.1 revela que o Estado de São Paulo foi um importante player nas transformações econômico-sociais, destacando-se como o estado de maior atração populacional do país até o ano Entretanto, pesquisas mais recentes revelam que a taxa de migração está caindo consideravelmente e está ocorrendo evasão da população. 13

20 Tabela 2.1. Taxa Líquida de Migração Localidade RM de Campinas NA 12,63 RA de Campinas 11 10,43 RM da Baixada Santista NA 9,75 RA de Santos 4,39 9,75 RA de Sorocaba 6,5 8,79 RA Central 10 7,07 RA de São José dos Campos 6,78 6,81 RA de Ribeirão Preto 9,36 6,45 RA de São José do Rio Preto 0,51 6,44 RA de Bauru 3,17 5,52 RA de Franca 6,14 5,36 RA de Marília -3,4 1,98 RMSP -1,79 1,47 RA de Registro -5,76 1,17 RA de Barretos 8,65 0,32 RA de Araçatuba -2,27-0,21 RA de Presidente Prudente -8,23-3,53 Município de São Paulo -7,6-5,07 Total do Estado de São Paulo 1,9 4,31 Fonte: SEADE Segundo a Fundação Seade, no horizonte de 2020, teríamos uma taxa de 1,6 migrantes por ano por mil habitantes no Estado de São Paulo, representando uma queda de 62% FECUNDIDADE A metodologia do uso combinado de estatísticas do Registro Civil associada à aplicação da Declaração dos Nascidos Vivos, desenvolvida pela SEADE, apresenta vantagem sobre a metodologia usando dados censitários. 1 1 Uma dela é a possibilidade de obtenção de dados de fecundidade de forma direta e anual, o que não pode ser obtido com dados do censo divulgados pelo IBGE uma vez que são decenais. Outra vantagem é em relação PNAD, que apesar de serem dados anuais não permite a desagregação para áreaa menores. 14

21 Os dados de nascimento disponibilizados permitem que seja calculada a taxa de fecundidade desagregada para áreas menores, como regiões administrativas ou municípios. Estas informações, combinadas com as informações dos censos projetados pelo IBGE, permitiram a criação de um indicador confiável. A fecundidade das mulheres paulistanas vem decrescendo desde a década de Para analisarmos este comportamento e sua tendência, utilizamos como instrumento a Taxa de Fecundidade Total TFT, indicador que mede a intensidade de fecundidade a que as mulheres estão sujeitas em cada grupo etário do período reprodutivo (de 15 a 49 anos de idade). Ou seja, a TFT considera o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por mulheres ao final do seu período reprodutivo, em determinado espaço geográfico. Na década de 1990 a taxa de fecundidade estava estabilizada no estado em 2,3 filhos por mulher. Esta tendência de queda teve sua continuidade com o ano de 2000 apresentando uma diminuição para 2,1 filhos. Em 2002 este patamar caiu para 1,84 filhos por mulher, conforme gráfico 2. Gráfico Evolução da TFT no Estado de São Paulo Dados: IBGE e SEADE 15

22 A literatura econômica sugere que não há um fator socioeconômico isolado que explica esta queda na fecundidade, dado que esta queda ocorreu tanto em regiões ricas como em regiões pobres. A queda da fecundidade foi tão rápida e brusca que ficou difícil explicar via fenômeno desenvolvimento econômico. Isso porque a correlação entre desenvolvimento e nível de fecundidade não é elevada, não explicando, portanto, a queda na taxa de fecundidade. Estas mudanças nos níveis de fecundidade vêm acompanhadas por alterações na estrutura dos grupos etários, principalmente nas mulheres com mais de 30 anos. O gráfico 3.3 mostra a evolução nos níveis de fecundidade no Estado de São Paulo por idade da mulher. A redução no nível médio de filhos por mulher ocorreu em todas as faixas etárias, mas mais especificamente nas mulheres com mais de 30 anos. No período de 1960 a 2002 houve redução em todas as faixas, com exceção do grupo dos 15 aos 19 anos. Para este conjunto houve uma queda no período , mas depois se manteve constante, com aproximadamente 70 filhos para cada mil jovens e somente passou a mostrar sinais de redução em Na faixa dos 20 a 24 anos apresentava 188 nascimentos em 1980, mas em 2002 apresenta uma faixa de 104 nascimentos, uma queda de 45%. Nas faixas etárias seguintes a variação chegou a atingir 60%. Dos 35 aos 39 anos a queda foi ainda maior, 70%. Para as mulheres situadas nos grupos e 45-49, a fecundidade diminui consideravelmente. Para o primeiro grupo a fecundidade é de menos de 10 filhos para cada mil mulheres, enquanto no segundo é de menos de um filho. 16

23 Gráfico Taxa de fecundidade por idade da mãe Fonte: SEADE. A análise do comportamento da Taxa de Fecundidade Total TFT, no Estado de São Paulo, serve como insumo para as projeções na estrutura da fecundidade até Dados projetados pela Fundação Seade revelam que há uma tendência de que o comportamento da taxa de fecundidade será baixo e estável. A instituição projeta um nível de fecundidade de 1,36 filhos para cada mulher em O gráfico 2.4 mostra esta tendência. 17

24 Gráfico Projeção da TFT para o Estado de São Paulo 2,3 2,1 1,9 1,7 1,5 1, Fonte: SEADE MORTALIDADE Para analisarmos a tendência de esperança de vida no Estado de São Paulo utilizamos como ferramenta dados da expectativa de vida, disponibilizados pela SEADE e as Tábuas Completas de Mortalidade da população do IBGE. Este último descreve a incidência da mortalidade ao longo das idades e taxa de mortalidade ou probabilidades de morte entre duas idades exatas. Quando observamos os dados em relação à esperança de vida no Estado de São Paulo no período 1991 a 2001, observamos um ganho importante de ano de vida média (Tabela 2.2). Houve um incremento substancial de anos de vida nos últimos 10 anos. Para os homens este crescimento foi de 2,25 anos, superior ao das mulheres que foi de 1,89, embora a expectativa de vida das mulheres seja superior em relação aos homens. A diferença da 18

25 esperança de vida entre homens e mulheres vem caindo lentamente ao longo dos anos. Em 2007 esta diferença era de 8,44 anos contra 8,90 há 10 anos (1997). Tabela Expectativa de Vida no Estado de São Paulo Homens Mulheres Diferença entre os sexos e0 (fem.) e0 e0 Incremento e0 Incremento (masc.) ,11 74,20 9, ,41 74,44 9, ,72 74,73 9, ,04 75,02 8, ,35 1,24 75,30 1,14 8, ,66 75,58 8, ,96 75,86 8, ,26 76,13 8, ,56 76,40 8, ,86 1,51 76,66 1,36 8, ,19 76,90 8, ,19 76,90 8, ,52 77,20 8, ,17 77,80 8, ,49 78,00 8, ,80 78,30 8, ,11 2,25 78,60 1,89 8,44 Fonte: SEADE e IBGE. Uma das explicações para este comportamento foram as intervenções governamentais na área da saúde, com ênfase na rede de serviços básicos, de atendimento médico-sanitário, da cobertura de vacinas etc. Estas ferramentas trouxeram ganhos visíveis com os indicadores de saúde. Este novo comportamento interferiu, de forma direta, na diminuição das taxas de mortalidade infanto-juvenil e adulta e no aumento da esperança de vida. Os últimos Censos divulgados pelo IBGE revelam que, dentre as Regiões Administrativas do Estado, Sorocaba apresentou o maior incremento em anos de vida, 2,81, seguida por Marília, 2,52, e São José do Rio Preto, 2,14. Pelo último censo, somente a expectativa de vida da região de Santos está abaixo dos 70 anos. 19

26 Tabela 2.3. Expectativa de Vida por Região Administrativa Localidade Incremento RMSP 68,03 70,29 2,26 RA de Registro 68,24 70,46 2,22 RA de Santos 67,17 68,76 1,59 RA de São José dos Campos 68,84 70,62 1,78 RA de Sorocaba 67,91 70,72 2,81 RA de Campinas 70,00 71,87 1,87 RA de Ribeirão Preto 70,26 71,76 1,50 RA de Bauru 70,05 71,67 1,62 RA de São José do Rio Preto 71,33 73,47 2,14 RA de Araçatuba 71,09 73,12 2,03 RA de Presidente Prudente 71,59 73,01 1,42 RA de Marília 70,11 72,63 2,52 RA Central 70,89 72,56 1,67 RA de Barretos 69,86 71,75 1,89 RA de Franca 70,57 72,68 2,11 Total do Estado de São Paulo 68,85 70,98 2,13 O aumento inferior na esperança de vida masculina em relação à feminina é resultado do diferencial de tendência da mortalidade. Enquanto a mortalidade para as mulheres segue uma tendência estável em praticamente todas as idades, para os homens os ganhos obtidos com a redução da mortalidade infanto-juvenil foram parcialmente anulados pelo forte aumento da mortalidade dos jovens dos 13 aos 23 anos. Ao longo dos anos observamos uma redução na diferença entre a esperança de vida feminina e masculina. Entretanto, este diferencial ainda é significativo passando de 9,05 anos em 1991 para 8,44 anos em A origem da concentração das diferenças entre os adultos jovens fica mais nítida quando se observam as tendências dos riscos de morte em cada faixa etária, tanto para a população masculina como para a feminina, no período Foram representadas nos gráficos 3.5. e 3.6. as probabilidades de morte q(x) masculinas e femininas para as faixas etárias de interesse dados extraídos das Tábuas Completas de Mortalidade do IBGE. No conjunto de curvas representadas no gráfico abaixo é possível observar uma mudança no padrão etário da mortalidade masculina nas faixas etárias dos 13 aos 23 anos, se 20

27 estabilizando para as faixas mais elevadas. Já a população feminina apresenta um padrão constante ao longo dos anos. Gráfico 2.5. Probabilidade de Morte q(x) para Homens no Estado de São Paulo Fonte: IBGE 21

28 Gráfico 2.6. Probabilidade de Morte q(x) para Mulheres no Estado de São Paulo Fonte: IBGE A análise dos dados do Datasus revela que a principal causa da morte dos jovens é dado por causas externas. Nesta modalidade estão concentradas os óbitos por homicídio, acidentes de transportes e suicídio. Este assunto será tratado mais detalhadamente no capítulo de violência. Por fim, a Fundação SEADE, projetou, via dados de probabilidade de morte do IBGE, a expectativa de sobrevivência da população do Estado de São Paulo. A evolução futura da esperança de vida, até 2020, considerou que a população feminina viveria 80,33 e a masculina 72, CENÁRIOS FUTUROS DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO A população residente no Estado de São Paulo era de pessoas, na data do Censo Demográfico de 2000 (IBGE), concentrando 22% da população brasileira. A estimativa para o ano de 2010 é de que esta taxa continue representando a mesma proporção. 22

29 O ritmo de crescimento estimado para a última década é de apenas 1,3% ao ano, percentual bem inferior ao apresentado nas décadas anteriores. Para 2020, a trajetória de crescimento segue um comportamento de contínua queda. Isso demonstra que a população do Estado de São Paulo está se concentrando nas camadas mais velhas, elevando a taxa líquida de velhos para jovens. Gráfico Crescimento Populacional do Estado de São Paulo Fonte: SEADE. Os resultados dos censos e a projeção da população permitem constatar que, nesse momento, o Brasil e os estados seguem a mesma tendência, a população alcança bônus demográfico favorável ao crescimento econômico. Isso revela que o número de pessoas com idades potencialmente ativas está em pleno processo de ascensão, e a razão de dependência total da população vem declinando em consequência da diminuição do peso das crianças de 0 a 14 anos sobre a população de 15 a 64 anos de idade. 23

30 Além disso, a população com idades de ingresso no mercado de trabalho (15 a 24 anos) passa pelo máximo de 6 milhões de pessoas, contingente que tende a diminuir nos próximos anos. A projeção para a população paulista para o ano de 2010 revela uma concentração maior de pessoas nas faixas de idade 25 a 29 e 30 a 34 anos. Gráfico Projeção da População no Estado de São Paulo em e mais 70 a a a a a a a a a a a a a a a Homem Mulher Fonte: SEADE e IBGE O bônus demográfico é resultado da tendência de continuada queda nos níveis de fecundidade, aumento na expectativa de vida ao nascer e redução nas taxas de migração. O comportamento conjunto destas variáveis deverá resultar em um processo de desaceleração no crescimento populacional. Isso provoca uma alteração na estrutura etária e no ritmo de crescimento dos diversos segmentos populacionais do estado. A análise da composição da pirâmide etária projetada para daqui a 10 anos revela uma população predominantemente adulta, em pleno processo de envelhecimento. 24

31 A população idosa, representada pelo contingente com idade superior a 65 anos, é a parcela que mais aumentará nos próximos anos. Para 2020 o crescimento da população situada na faixa dos 65 a 69 anos é de 64%. A segunda parcela que mais crescerá é a população de 70 a 74 anos, 53%. Seu crescimento deverá ser de 6% ao ano, nos próximos 10 anos. Esta faixa concentrará 3% da população paulista e deverá atingir mil pessoas. Neste grupo as mulheres também serão maioria, mas a razão entre os sexos não será tão diferenciada: 1,3 mulheres para cada homem. A população adulta, entre 35 e 39 anos, será a parcela a apresentar o maior volume: mil pessoas, concentrando 8% da população total residente no Estado de São Paulo. Nesse grupo, deverá existir um equilíbrio populacional entre os dois sexos, com um homem para cada mulher. A taxa média de crescimento esperado para os próximos 10 anos deverá ser de 1,6% ao ano, aproximando-se mais do ritmo de crescimento do total da população (1%). O contingente populacional com menos de 34 anos deverá apresentar aproximadamente, o mesmo volume até 2020, apresentando taxas médias de crescimento negativas de 5%. Também, neste grupo, o equilíbrio entre a população para ambos os sexos será: uma mulher para cada homem. O envelhecimento populacional fica mais explícito ao se comparar a evolução da idade mediana da população paulista. No ano 2010, a divisão populacional em volumes iguais está concentrada nas faixas de idade de 25 a 29 anos e 30 a 34 anos. Já em 2020, esse coorte deverá ser registrado na idade de 35 a 39 anos. Outro dado interessante, que confirma as alterações na estrutura etária, é relativo ao grupo etário de maior destaque em volume. Em 2010, esse grupo é de 25 a 29 anos, enquanto em 2020 esse destaque deverá ficar com a parcela populacional com idades entre 35 e 39 anos, que representa justamente o grupo etário de 25 a 29 anos, 10 anos depois. O grupo jovem, com idades entre 15 e 29 anos, deverá ser composto por mil pessoas em 2020, volume bastante semelhante ao registrado em 2010, que é de mil. Esse comportamento deverá manter estável a pressão por novos empregos, no futuro. 25

32 A maior queda de crescimento populacional estará concentrada nos jovens dos 25 aos 29 anos, 11% em 10 anos, passando de 9% para 7% no total da população. A população que se encontra na faixa dos 20 aos 24 anos deverá ser composta por mil pessoas em 2020, volume bastante semelhante ao projetado para 2010, que é de mil pessoas. Este grupo diminui a sua participação na composição da pirâmide de 8% em 2010 para 7% em Os jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos deverão contar com mil pessoas em 2020, um crescimento de 0,15% ao ano. Já a população menor de 15 anos, em 2020, deverá permanecer praticamente inalterada. O contingente populacional situado na faixa dos 10 a 14 anos diminuirá 3% em 2020 em relação a 2010 e sua participação no total da população passará de 8% em 2010 para 7% em A população jovem da faixa etária dos 20 aos 24 anos diminui a sua participação na composição da pirâmide de 8% em 2010 para 7% em Gráfico Projeção da População no Estado de São Paulo em e mais 70 a a a a a a a a a a a a a a a Homem Mulher Fonte: SEADE e IBGE. 26

33 Esse comportamento demográfico apresentado para o Estado de São Paulo permite dizer que, no futuro, não há tendência de aumento da pressão resultante na área de educação. Neste sentido há uma garantia da cobertura da população com idade regular para cursar o ensino fundamental, poderá trabalhar com uma perspectiva segura de manutenção dos níveis de demandas em um patamar estável e constante. Entretanto, o aproveitamento desta janela demográfica proporcionaria o dinamismo e o crescimento econômico, se essas pessoas fossem preparadas em termos educacionais e de qualificação profissional para um mercado de trabalho que será cada vez mais competitivo. A área de saúde infantil também contará com volumes uniformes nos próximos 10 anos, auxiliando no planejamento de serviços especiais para essa população infantil, como o dimensionamento estável de doses de vacina e serviços de saúde para a população infantil. As análises realizadas decorrem de projeções que guardam implícitas em seus resultados hipóteses de comportamento esperado para os componentes demográficos. 27

34 3. VIDA E FAMÍLIA O estudo do cenário ao qual o jovem paulista está inserido envolve diversas dimensões que vão muito além das áreas de educação, saúde, trabalho e segurança. Tais dimensões constituem os pilares de incorporação do jovem na sociedade e o contexto pelo qual o jovem se relaciona com esta. Assim, a família se apresenta como grupo social primário possuindo funções específicas no desenvolvimento de crianças e jovens. Podem-se destacar entre estas funções as relacionadas com o desenvolvimento das capacidades mentais e sociais, tanto como físicas e emocionais, perspectivando o desenvolvimento saudável desta parcela da população. Inicialmente, um dos principais problemas que afligem os jovens é a inserção no mercado de trabalho, uma vez que cada vez mais há o sentimento por parte da juventude de que a sua importância como ser social passa pela afirmação profissional. A busca por emprego, escolha de área profissional, salário, instabilidade profissional, ambiente competitivo do mercado, dentre outros, são fatores conflitantes nesta fase da vida. Além disso, numa sociedade, que ainda carrega em si certo grau de conservadorismo, porém cada vez mais dinâmica, as mudanças de valores geram resistências e conflitos, que influenciam principalmente a faixa etária jovem da população. Portanto, a problemática do jovem não apenas envolve sua individualidade, mas também o seu relacionamento com a família e a sociedade. Além disso, pressões sociais, famílias desestruturadas e insegurança pública contaminam o ambiente onde o jovem está inserido. Na década de 1990, estudos apontaram que o modelo de família baseado no chefe homem provedor mostrava-se em transformação. Dentre os motivos, podem-se destacar as conjunturas econômicas desfavoráveis e a crescente precarização do mercado de trabalho. Assim, a sobrevivência e/ou manutenção do padrão de vida da família passou a depender cada vez mais de um esforço familiar coletivo, havendo maior divisão entre seus membros para a composição da renda familiar. 28

35 Com isso, investigar a inserção feminina no mercado de trabalho tomando por base a família implica ter em mente que as mudanças registradas nos padrões demográficos (queda da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço da expectativa de vida da população) afetam diretamente o modo de vida das famílias. Tais mudanças impactam na redução do número médio de filhos e do tamanho médio das famílias, bem como na alteração do perfil etário de seus componentes. Estudos também têm identificado mudanças na configuração típica das famílias, com a redução das organizações familiares formadas por casal com filhos onde o homem é o chefe da família, isto é, a típica família nuclear que, no entanto, continua predominante. Neste capítulo, inicialmente são apresentadas as mudanças nas estruturas familiares, destacando-se a inserção da mulher no mercado de trabalho e sua posição no núcleo familiar. Por fim, é apresentada a conclusão, com os principais resultados encontrados. Dentre as bases de dados utilizadas neste capítulo, menciona-se a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que investiga diversas características socioeconômicas, como as características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação. Foram usados os dados para os anos de 2001 a 2008, com relação às características das famílias. Além desta base, também foram utilizadas a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). As informações contidas nestes bancos de dados são fornecidas anualmente por todos os estabelecimentos (públicos e privados) operando no país e incluem uma grande quantidade de informações sobre o perfil socioeconômico dos respectivos empregados. Com relação aos dados sobre casamentos, utilizou-se a base da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE). Assim, mais importante do que aprofundar-se nas diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, é destacar o principal objetivo deste capítulo, mostrando os efeitos resultantes das recentes transformações sociais na estrutura familiar no Estado de São Paulo. 29

36 3.1. MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS FAMILIARES A vida familiar vem sendo afetada não apenas pela redução da fecundidade e da mortalidade, mas também pelos processos econômicos e a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Antes de se analisar as mudanças nas estruturas familiares, é importante introduzir tal fenômeno socioeconômico de inserção da mulher no mercado de trabalho Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho As recentes transformações sociais ainda não redefiniram as relações de gênero no âmbito das responsabilidades domésticas. O crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho vem submetendo as trabalhadoras a uma dupla jornada. Assim, entender as peculiaridades do mercado de trabalho na perspectiva de gênero é fundamental para subsidiar a construção de políticas públicas eficazes de redução das desigualdades entre sexos e da inserção de uma nova geração no mercado de trabalho, em que a participação feminina é cada vez maior. A participação da mulher no mercado de trabalho além de crescente é ainda maior quando se restringe a análise para os jovens abaixo de 30 anos (gráfico 3.1.). Tal participação em 2009 é de 40,9% no total do mercado de trabalho e 42,1% para o grupo até 30 anos de idade, chegando a 44,5% e 46,7%, respectivamente, segundo projeção para

37 Gráfico 3.1. Participação Feminina no Mercado de Trabalho Obs.: cores mais claras (a partir de 2010) indicam projeção para o respectivo ano. Fonte: Elaboração própria com base na RAIS/ e CAGED/2009. Esta maior participação da mulher entre os jovens até 30 anos, com relação ao total do mercado de trabalho, impacta numa tendência de maior participação feminina no futuro para as faixas etárias acima de 30 anos, visto que, por exemplo, a geração entre 20 e 30 anos hoje pertencerá à faixa entre 30 e 40 anos em Participação da Mulher no Grupo Familiar A relação entre trabalho e família e interferência do mercado de trabalho na organização da família alteram as relações de gênero e de geração em seu interior, afetando a distribuição interna de poder e a divisão do trabalho entre os diferentes membros do grupo familiar. Apesar de demograficamente as mulheres corresponderem em média a 51,6% da população do Estado de São Paulo, elas ainda são minoria da posição de chefe de família. Entretanto, 31

38 tal participação vem crescendo ano após ano, sendo de 35,2% em 2008, podendo atingir um patamar de 44,9% em (Gráfico 3.2.) Gráfico 3.2. Participação Feminina na População e como Chefe de Família 50% 40% 30% Proporção de mulheres na população 20% Proporção de mulheres chefes de família 10% 0% Obs.: cores mais claras (a partir de 2009) indicam projeção para o respectivo ano. Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. Este comportamento crescente da participação das mulheres como chefe de família nos lares paulistas não se observa para todas as faixas etárias. Como pode se observar na tabela 3.1., a distribuição dos chefes de família por faixa etária: o grupo até 19 anos representa apenas 0,8% das famílias e a faixa acima de 30 anos de idade corresponde a quase 87% das famílias. Vale também mencionar que 64,8% dos chefes de família são homens. 32

39 Tabela 3.1. Distribuição dos Chefes de Família por Faixa Etária Faixa Etária Homens Mulheres Total Quantidade % Quantidade % Quantidade % até 19 anos , , ,8 20 a 24 anos , , ,3 25 a 29 anos , , ,2 acima de 30 anos , , ,7 Total , , ,0 Fonte: PNAD/2008. É importante frisar que a análise destas tendências deve levar em consideração a proporção de cada uma destas faixas etárias na população. Para a faixa mais jovem da população (de 15 a 19 anos), na verdade, há uma tendência de queda da participação. Para a faixa seguinte (de 20 a 24 anos), apesar de haver uma tendência de aumento da participação feminina, tal tendência é menos intensa do que as tendências de alta para as faixas de 25 a 29 anos e acima de 30 anos de idade. 33

40 Gráfico 3.3. Participação Feminina como Chefe de Família por Faixa Etária 70% 60% 50% 40% até 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos acima de 30 anos 30% 20% Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. As últimas décadas vêm apontando para uma transformação na estrutura familiar. Muitas mulheres jovens, por opção ou por contingência, vivem sozinhas e talvez nunca constituam uma família. Ao contrário, aquelas que ainda jovens integram como cônjuges um núcleo familiar também não têm garantia de que esta situação continue quando estiverem mais velhas. Muitas continuarão com seus cônjuges na primeira união; enquanto outras passarão pela experiência da dissolução da união e de um novo casamento; podendo ser ainda chefes de família com filhos e sem parceiros. Neste contexto, o gráfico 3.4 apresenta as características conjugais dos grupos familiares, segundo a respectiva chefia para chefes de família até 30 anos de idade. 34

41 Gráfico 3.4. Distribuição dos Jovens Chefes de Família por Situação Conjugal 10,8% 11,9% Mulher com cônjuge 24,7% Mulher sem cônjuge Homem com cônjuge Homem sem cônjuge 52,5% Fonte: PNAD/2008. Ao se introduzir a situação conjugal dos jovens que são chefes de família, inicialmente percebe-se que em sua maioria são homens com cônjuge. Os gráficos 3.5. e 3.6. apresentam a evolução da situação conjugal por gênero. 35

42 Gráfico 3.5. Situação Conjugal das Mulheres Jovens Chefes de Família 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% Mulher sem companheiro(a) Mulher com companheiro Mulher com companheira 20% 10% 0% Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. 36

43 Gráfico 3.6. Situação Conjugal dos Homens Jovens Chefes de Família 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% Homem sem companheira(o) Homem com companheira Homem com companheiro 20% 10% 0% Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. Como se pode observar, há uma tendência de aumento da proporção de mulheres com companheiro e tendência oposta de mulheres sem companheiro. Quando comparado tal cenário com o dos homens chefes de família até 30 anos de idade, há uma suave tendência de queda da proporção de homens com companheira(o) e aumento da de homens sem companheira. Vale mencionar o aparecimento de uma pequena proporção de casais do mesmo sexo. Entretanto, não é clara uma tendência nesta parcela da população, visto que, além do pequeno número relativo (0,5% para as mulheres e 0,25% para os homens), talvez haja uma subestimação das declarações dos casais de mesmo sexo. Tal fato pode ser decorrência da falta de reconhecimento oficial de uniões entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, que até o presente tem ocorrido apenas em algumas decisões judiciais. 37

44 Considerando os casamentos oficiais registrados nos cartórios de registro civil do Estado de São Paulo, primeiramente observa-se uma tendência de crescimento da taxa de nupcialidade, atingindo 6,2 casamentos para cada mil habitantes. Apesar da projeção para 2020 apontar para uma taxa próxima às taxas da segunda metade da década de 1980, os últimos anos indicam um aumento da ocorrência de segundos casamentos, que em 2008 representaram 14% das uniões legais para os homens e 11% para as mulheres. Gráfico 3.7. Evolução das Taxas de Casamentos Legais Fonte: Elaboração própria com base em dados da SEADE. Além disso, observa-se pela distribuição de casamentos em 2008 no Estado de São Paulo (Tabela 3.2.) que, em média, os homens se casam com mulheres mais jovens, que é evidenciado pelo fato de a idade média dos primeiros casamentos ser de 29 anos para os homens e 27 anos para as mulheres. Estudos apontam para o adiamento da formalização matrimonial que pode ser relacionado dentre outros fatores, a maior permanência na escola, sobretudo para as mulheres, assim como a presença crescente delas no mercado de trabalho. 38

45 Idade do Homem Casamentos Tabela 3.2. Distribuição de Casamentos por Faixa Etária Idade da Mulher Até 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos Acima de 30 anos Total Até 19 anos a 24 anos a 29 anos Acima de 30 anos Total Fonte: Fundação Seade. Ao se considerar a presença de filhos na família, observa-se que, independente do gênero, as famílias com filhos são maioria dentre as em que o chefe de família tem até 29 anos. Gráfico 3.8. Distribuição dos Jovens Chefes de Família segundo a Presença de Filhos 28,8% 25,3% Mulher com filhos Mulher sem filhos 11,4% Homem com filhos Homem sem filhos 34,5% Fonte: PNAD/2008. Considerando as mulheres chefes de família, nota-se que a proporção de famílias com filhos vem em tendência de queda, enquanto que as sem filhos vem aumentando. Assim, projeta-se que em 2020, dentre as famílias, cujas chefes são mulheres, haverá uma 39

46 proporção próxima entre as mulheres com e sem filhos. Tais tendências também são observadas entre os homens chefes de família; entretanto, em 2013, projeta-se que as famílias com chefes sem filhos ultrapassarão o número das com chefes com filhos. Em 2020, as projeções indicam que os homens chefes de família sem filhos devem chegar a 58,7% do total, com a proporção dos com filhos chegando a 41,3%. Gráfico 3.9. Proporção de Mulheres Jovens Chefes de Família com e sem Filhos 90% 80% 70% 60% 50% 40% Mulher sem filhos Mulher com filhos 30% 20% 10% 0% Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. 40

47 Gráfico Proporção de Homens Jovens Chefes de Família com e sem Filhos 90% 80% 70% 60% 50% 40% Homem sem filhos Homem com filhos 30% 20% 10% 0% Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. Vale mencionar a situação considerando toda a população. Neste caso, as tendências são suavizadas: com 67% dos chefes de família com filhos e 33% dos chefes sem filhos para 2008, independente do gênero; e com projeção para 2020 indicando que, dentre as mulheres chefes de família, 65% com filhos e 35% sem filhos, e dentre os homens, 55% e 45%, respectivamente Arranjos Familiares Completos Após apresentar as estruturas familiares por situação conjugal e pela presença de filhos separadamente, apresenta-se agora a combinação de ambos os aspectos para a população, caracterizando-se os arranjos familiares completos. Observa-se que a estrutura familiar tradicional, com homem chefe de família e com cônjuge e filhos, corresponde a 5,5 41

48 milhões de famílias num total de 13,5 milhões (41,2%). Já quando a mulher é a chefe de família, a estrutura familiar de maior destaque é a sem cônjuge e com filhos (2,3 milhões), correspondendo a 16,8% do total de famílias. Tabela 3.3. Distribuição dos Chefes de Família por Estrutura Familiar Grupo Jovens (até 30 anos) Total Família Chefe de Família Homens % Mulheres % Total % sem cônjuge e sem filhos , , ,2 com cônjuge e com filhos , , ,5 sem cônjuge e com filhos , , ,3 com cônjuge e sem filhos , , ,0 sem cônjuge e sem filhos , , ,0 com cônjuge e com filhos , , ,9 sem cônjuge e com filhos , , ,8 com cônjuge e sem filhos , , ,3 Fonte: PNAD/2008. Analisando-se esta distribuição dos chefes de família ao longo do tempo, é possível observar um aumento da proporção de famílias com chefe sem cônjuge e filhos. O mesmo ocorre para as famílias com cônjuge e sem filhos. O que corrobora para a conclusão anterior sobre o aumento das famílias sem filhos, independente do gênero do chefe. Com relação às famílias com filhos, primeiramente nota-se uma queda da proporção de chefes de família com cônjuge. Entretanto, para os chefes de família sem cônjuge e com filhos, há uma queda entre os jovens, enquanto que para a população como um todo, tal grupo apresenta aumento. Vale ressaltar a mudança de tendência entre a década de 90 e após 2000, na população de jovens até 30 anos. A tendência de aumento da proporção de chefes de família sem cônjuge e com filhos é quebrada no início dos anos 2000, passando a apresentar um comportamento de queda. 42

49 Gráfico Proporção dos Chefes de Família por Estrutura Familiar 11,6% 12,8% 16,0% 19,7% 11,8% 12,6% 17,2% 23,2% 60,1% 54,8% 47,9% 39,8% 54,1% 48,6% 41,5% 19,6% 18,3% 18,8% 14,4% 21,3% 18,2% 14,9% 13,4% 14,3% 17,3% 20,8% 19,7% 23,0% 17,5% 35,5% 11,1% 30,2% sem cônjuge e sem filhos com cônjuge e com filhos sem cônjuge e com filhos com cônjuge e sem filhos População Jovens Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. Abrindo-se as proporções por gênero, percebem-se padrões diferentes entre homens e mulheres. Enquanto que para os homens, a evolução das estruturas familiares é semelhante entre os jovens e toda a população; para as mulheres, há exceção para o grupo de sem cônjuge e sem filhos que tem tendências opostas. A evolução deste grupo na população feminina é oposta à observada para as mulheres jovens e para os homens. Além disso, independente do gênero, entre os jovens, é clara uma tendência de aumento da participação deste grupo entre as famílias. Já para o grupo com cônjuge e com filhos, há uma tendência de queda ao longo do período analisado, porém isto se deve basicamente as famílias com chefes homens uma vez que as com chefes mulheres apontam para um aumento da participação deste grupo. O comportamento de queda da participação do grupo de chefes de família sem cônjuge e com filhos, mencionado anteriormente, pode agora ser detalhado. Tal tendência deve-se a forte queda da participação deste grupo entre as mulheres chefes de família. Por fim, para o grupo com cônjuge e sem filhos, há tendência de aumento da 43

50 participação tanto para mulheres como para homens, independente da análise se restringir aos jovens ou a toda a população. Gráfico Proporção das Mulheres Chefes de Família por Estrutura Familiar 29,9% 26,9% 25,8% 25,1% 15,9% 15,7% 5,4% 11,2% 19,5% 24,1% 3,1% 9,5% 19,2% 26,1% 21,0% 30,4% sem cônjuge e sem filhos 65,6% 60,4% 47,8% 38,8% 76,2% 68,9% 48,0% 22,6% com cônjuge e com filhos sem cônjuge e com filhos com cônjuge e sem filhos 22,9% 1,5% 3,2% 7,2% 10,1% 11,5% 2,4% 4,2% População Jovens Fonte: Elaboração própria com base na PNAD. 44

51 Gráfico Proporção dos Homens Chefes de Família por Estrutura Familiar 6,9% 7,6% 10,6% 15,3% 10,9% 11,3% 15,9% 22,5% 74,8% 71,5% 63,5% 51,0% 4,1% 3,1% 1,9% 2,6% 16,4% 18,4% 22,7% 29,6% 64,8% 64,4% 53,3% 39,8% 1,6% 1,2% 0,8% 1,2% 36,2% 29,7% 23,5% 23,1% sem cônjuge e sem filhos com cônjuge e com filhos sem cônjuge e com filhos com cônjuge e sem filhos População Jovens Fonte: Elaboração própria com base na PNAD CONCLUSÃO O ambiente ao qual o jovem está inserido na sociedade é fundamental para o seu saudável desenvolvimento. Áreas como saúde, educação, trabalho e segurança envolvem o jovem durante sua vida. Entretanto, sob estas áreas, está o alicerce que provém estrutura para o desenvolvimento do jovem na sociedade. Assim, destaca-se a família que dá o suporte da problemática da juventude paulista. As transformações sociais ocorridas nos últimos 20 anos vêm provocando mudanças intensas na estrutura familiar paulista. A evolução específica dos padrões demográficos com queda da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço da expectativa de vida da população, juntamente com a inserção da mulher no mercado de trabalho, teve impacto direto no modo de vida das famílias. 45

52 Dado este cenário, este capítulo objetivou apresentar o perfil da família paulista, bem como sua evolução e perspectivas. Dentre os principais resultados apresentados, pode-se destacar os seguintes: primeiramente, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, principalmente entre os jovens, saindo de 39% em 2001 e, segundo projeção, chegando a 47% em Tal percentual começa a se aproximar da proporção de mulheres na população do Estado de São Paulo, que é um pouco acima dos 50%. Tal movimento vem sendo acompanhado por uma crescente participação da mulher como chefe de família. Projeta-se que em 2020, 45% das famílias paulistas serão chefiadas por mulheres. Entretanto esta evolução não é homogênea entre as faixas etárias, podendo-se destacar o maior crescimento nas faixas de 25 a 29 anos e acima dos 30 anos de idade; sendo esta primeira faixa a com maior representatividade entre as jovens chefes de família. Vale destacar, ainda, que, em média, os homens continuam casando-se com mulheres mais jovens. No entanto, a idade média dos primeiros casamentos é de 29 anos para os homens e 27 anos para as mulheres. A tendência de aumento desta idade média é apontada por diversos estudos pelo adiamento da formalização matrimonial, podendo ser relacionado dentre outros fatores, pela maior permanência na escola, sobretudo para as mulheres, assim como a presença crescente delas no mercado de trabalho. Quando analisada a composição familiar, percebe-se que este aumento da participação da mulher jovem como chefe de família dá-se por aumento da proporção de famílias em que a mulher possui um cônjuge. Além disso, nota-se que as famílias em que estas mulheres não possuem filhos também contribuem para este cenário. Analisando-se os arranjos familiares em que o jovem é chefe de família, observa-se aumento da participação de famílias em que o chefe vive sem cônjuge e sem filhos e com cônjuge e sem filhos, independente do gênero deste chefe. Já para o grupo com cônjuge e com filhos, há queda da participação, devido aos homens, visto que entre as mulheres a participação deste grupo vem aumentando. Por fim, para o grupo sem cônjuge e com filhos, também há queda da proporção entre as famílias, porém isto se deve à forte redução da participação deste grupo entre as mulheres jovens chefes de família. 46

53 Com isso, as análises e projeções foram concluídas, apresentando o perfil da família paulista como alicerce para o desenvolvimento do jovem, visando à contextualização da problemática da juventude. 47

54 4. SAÚDE O novo cenário socioeconômico brasileiro, com melhoria no acesso aos serviços de saúde e saneamento, e aumento da escolaridade, vem influenciando sensivelmente a qualidade de vida dos jovens. A redução dos níveis de mortalidade infanto-juvenil e o aumento de longevidade da população têm impacto sobre os sistemas de saúde, educação e previdência social, dentre outros. Este cenário traz grandes desafios ao Estado, principalmente no que tange às políticas públicas destinadas à juventude. Sendo a transição entre a infância e a vida adulta, a adolescência se caracteriza por alterações em diversos níveis físico, mental e social e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto. Assim, o jovem está inserido num contexto dinâmico de transformações, e o atendimento de suas necessidades com relação à saúde envolve uma gama complexa de dimensões. Para o estudo da população jovem paulista, com relação à saúde, foram utilizadas diversas bases de dados. Vale mencionar que inicialmente buscou-se trabalhar com as faixas etárias de 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 25 a 29 anos, quando disponíveis. Assim, a faixa de 10 a 20 anos de idade, utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como fase de adolescência, foi expandida para abranger os jovens adultos até 29 anos de idade. A principal fonte de dados usada foi o DATASUS, que se caracteriza pela coleta, processamento e disseminação de informações sobre saúde. Assim, o DATASUS disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações de saúde. As bases do DATASUS estão distribuídas pelos seguintes grandes tópicos: Indicadores de Saúde; Assistência à Saúde; Epidemiológicas e Morbidade; Rede Assistencial; Estatísticas Vitais; Demográficas e Socioeconômicas; Inquéritos e Pesquisas; e Saúde Suplementar. Além destas bases, merece destaque a Pesquisa Nacional por 48

55 Amostra de Domicílios (PNAD), que investiga diversas características socioeconômicas, como as características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação. Tal pesquisa apresenta, para os anos de 1998, 2003 e 2008, características sobre saúde da população. Outra base bastante utilizada para caracterizar o cenário atual de saúde da população jovem paulista é a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009 (PeNSE), que investiga diversos fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes, junto aos escolares do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais estaduais e do Distrito Federal. Por fim, também foram usados dados, sobre o percentual de mães adolescentes, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE). Este capítulo busca abordar as principais dimensões que caracterizam o cenário atual ao qual o jovem pertence. Inicialmente são apresentadas as características da população jovem paulista com relação à saúde, abordando desde a questão da nutrição e atividade física, passando pelo consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas e chegando à saúde sexual e reprodutiva desta parcela da população. Após esta contextualização da saúde da juventude, são apresentados os cenários de demanda por serviços de saúde e sua respectiva oferta por parte dos recursos físicos e humanos no que tange aos estabelecimentos e profissionais de saúde, respectivamente. Em seguida, dados estes cenários e suas respectivas séries históricas, projetam-se as tendências para a área de saúde do Estado de São Paulo no ano de Por fim, apresenta-se a conclusão com os principais resultados encontrados neste capítulo CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE DOS JOVENS Nutrição e Obesidade O crescimento demográfico e urbanização ocorridos no mundo nas últimas décadas mudaram o estilo de vida e a qualidade do que é consumido, favorecendo o sedentarismo, a 49

56 restrição da necessidade de gasto de energia para as atividades diárias e para o trabalho. Além disso, a industrialização provocou significativas mudanças nos hábitos. Comer passou a ser uma ação relativamente constante, sem relação direta com a necessidade biológica de alimento e cada vez menos sujeita ao ritmo das refeições. A condição nutricional na juventude depende do preenchimento adequado das necessidades nutricionais na infância. É consenso que alimentação e nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Padrões alimentares pouco saudáveis e sedentarismo estão correlacionados com as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Estimativas globais indicam que tais doenças determinam cerca de 60% do total de mortes que ocorrem em todo o mundo e quase metade do total da carga de doenças. No Brasil, estima-se que as DCNT respondam por quase dois terços do total das mortes por causa conhecida (Ministério da Saúde, 2006). Nas capitais dos estados brasileiros, a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes entre as décadas de 1930 e de No mundo, um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devida a essas enfermidades, destacando-se, dentre esses fatores, padrões não saudáveis de alimentação e insuficiente atividade física. Neste contexto, o mecanismo primário para o sobrepeso e obesidade é o aumento da ingestão de energia e a redução dos gastos energéticos. Assim, a obesidade expressa o relacionamento entre nutrição e sedentarismo. O tempo gasto em atividades sedentárias reduz o dispêndio de energia e consequentemente leva ao sobrepeso e obesidade (Currie, 2008). Por este motivo, este item está subdividido em duas partes: Alimentação e Atividade Física. Alimentação Em todas as sociedades a alimentação não é apenas a satisfação de uma necessidade biológica, mas também, o critério de identidade de grupos, refletindo relações sociais e econômicas, formas de pensamento e hierarquias de valores. Mais especificamente, dentre 50

57 os fatores que influenciam os hábitos alimentares dos jovens, pode-se destacar: condições socioeconômicas, grau de instrução da família, cultura, meio urbano ou rural, estilos de vida da família, vínculo afetivo e estímulos emocionais, dinâmica/tamanho do grupo familiar, disponibilidade de alimentos, e influência de propaganda e mídia, lazer, esporte, grupo de amigos, escola e trabalho. Entre os hábitos considerados saudáveis, estudos indicam o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para excesso de peso, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (World Health Organization, 2005). Entretanto, a literatura aponta para o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, ricos em açúcares e gorduras, na dieta dos adolescentes brasileiros. As doenças específicas mais relacionadas à nutrição são: anemia ferropriva, desnutrição, diabetes, verminoses, insuficiência renal, fibrose cística, anorexia nervosa, bulimia, compulsão alimentar, doenças inflamatórias intestinais, hiperlipidemia, obesidade. Dentre estas, destaca-se a obesidade que é consequência de uma interação de fatores genéticos, metabólicos e do meio ambiente. Pesquisas epidemiológicas mostram que jovens com sobrepeso apresentam maior probabilidade para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Estudos demonstram que adolescentes que permanecem com sobrepeso apresentam fatores de risco cardiovasculares aumentados. Além disso, obesos têm maior risco em desenvolver câncer digestivo. O excesso de carga sobre as articulações favorece as lesões das superfícies articulares. Pela tabela 4.1, é possível observar uma tendência de aumento da proporção de pessoas com sobrepeso ao longo das faixas etárias da população, independente do gênero. Cabe destacar que dentre os jovens entre 10 e 20 anos de idade, a proporção de homens com sobrepeso é o dobro da proporção de mulheres na mesma situação. 51

58 Tabela Estado Nutricional dos Usuários da Atenção Básica no Estado de São Paulo 2 Faixa Etária Gênero Ano Baixo Peso Peso Normal Sobrepeso ,6% 82,9% 7,5% Masculino ,0% 83,4% 7,6% Abaixo de 9 anos ,0% 83,5% 7,5% ,8% 81,8% 8,4% Feminino ,3% 82,5% 8,2% ,8% 83,1% 8,0% ,9% 38,2% 38,2% Masculino ,9% 37,4% 37,4% Entre 10 e 20 anos ,8% 36,9% 36,9% ,9% 76,6% 17,5% Feminino ,8% 77,7% 16,4% ,4% 77,5% 17,1% ,0% 47,3% 49,7% Masculino ,6% 50,3% 46,2% Entre 20 e 60 anos ,0% 46,1% 48,9% ,7% 41,0% 55,3% Feminino ,7% 40,6% 55,7% ,0% 40,0% 56,0% Fonte: DATASUS - Estado Nutricional - Usuários da Atenção Básica - São Paulo. Considerando os estudantes do 9º. Ano do ensino fundamental, a PeNSE identificou a frequência semanal de consumo de alimentos considerados como marcadores de alimentação saudável (feijão, legumes e verduras, frutas e leite) e de alimentação não saudável (frituras, embutidos, biscoitos e bolachas, guloseimas e refrigerantes). Definiu-se como indicador de alimentação saudável, o consumo de legumes e verduras, frutas e leite em cinco dias ou mais na semana, e de alimentação não saudável, o consumo de embutidos, biscoitos e refrigerantes em cinco dias ou mais na semana. 2 Para a faixa etária Abaixo dos 9 anos, tem-se: Baixo Peso para a relação Peso/Altura abaixo do percentil 10; Peso Normal para relação Peso/Altura maior ou igual ao percentil 10 e menor que o percentil 97; Sobrepeso para relação Peso/Altura maior ou igual ao percentil 97. Para a faixa etária Entre 10 e 20 anos, tem-se: Baixo Peso para percentil de Índice de Massa Corpórea (IMC) por idade abaixo de 5; Peso Normal para percentil de IMC por idade maior ou igual a 5 e menor que 85; Sobrepeso para o percentil de IMC por idade maior ou igual a 85. Para a faixa etária Entre 20 e 60 anos, tem-se: Baixo Peso para valores de IMC abaixo de 18,5; Peso Normal para valores de IMC maior ou igual a 18,5 e menor que 25; Sobrepeso para valores de IMC maior ou igual a

59 Dentre os resultados, destaca-se que para os marcadores de alimentação saudável para o Brasil, foram verificados maiores percentuais de consumo para o feijão, sendo mais elevado entre os escolares do sexo masculino (68,3%), e entre escolares das escolas públicas (65,8%). No consumo de hortaliças não foram observadas diferenças significativas entre os gêneros (feminino 31,3% e masculino 31,2%). Dos escolares do 9º ano do ensino fundamental das escolas privadas, 34,3% consumiram hortaliças em cinco dias ou mais na última semana. Para os escolares das escolas públicas o percentual foi de 30,4%. Tabela Percentual de Escolares com Consumo Alimentar por Marcador Local Alimento marcador de hábito saudável Alimento marcador de hábito não saudável Feijão (%) Frutas (%) Guloseimas (%) Refrigerante (%) Brasil 62,6 31,5 50,9 37,2 São Paulo 69,8 36,0 54,9 39,6 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Para a cidade de São Paulo, as frutas frescas foram consumidas em cinco dias ou mais por 36,0% dos escolares, acima da média nacional, o mesmo ocorrendo com o consumo de feijão. Entretanto, com relação aos alimentos marcadores de hábito não saudável, os estudantes de São Paulo também apresentaram consumo acima da média nacional. Vale ressaltar ainda que o consumo de guloseimas superou o consumo de frutas frescas, tanto no nível municipal como no nível nacional, o mesmo ocorrendo com o consumo de refrigerante (Tabela 4.2). Além disso, pela tabela abaixo, pode-se ainda observar que as mulheres apresentam um padrão alimentar mais saudável do que os homens, com um maior consumo de frutas e hortaliças, e menor consumo de carnes com excesso de gordura. 53

60 Tabela Percentual de Jovens por Consumo de Frutas, Hortaliças e Carne Faixa Etária Gênero Ano Frutas Hortaliças Carne com excesso de gordura ,8%* 30,4% 62,9% Masculino ,6% 26,8% 48,7% Entre 18 e 24 anos ,5% 30,1% 54,8% ,6% 51,6% 39,8% Feminino ,3% 45,5% 27,3% ,7% 38,9% 27,9% ,0% 48,6% 56,9% Masculino ,8% 44,0% 44,0% Entre 25 e 34 anos ,1% 37,7% 53,2% ,3% 70,8% 32,1% Feminino ,2% 51,4% 37,5% ,4% 49,1% 27,8% * Estimado, dado que informação não é disponível Fonte: DATASUS - Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Por outro lado, em contraste com a obesidade, vale mencionar os padrões alimentares não saudáveis como desnutrição, anorexia e bulimia, que envolvem questões sociais e/ou emocionais. A desnutrição por ser um estado de carência protéico-calórica, quando o organismo apresenta desaceleração, interrupção ou involução do processo de crescimento de desenvolvimento, com prejuízos bioquímicos, funcionais e anatômicos que podem ser reversíveis ou não. Cabe destacar a diferença entre desnutrição e transtornos alimentares como anorexia e bulimia. Enquanto na primeira há o predomínio do componente socioeconômico, na anorexia e bulimia, o componente relevante é o emocional, destacandose a desagregação de vínculos familiares e dificuldades de adaptação social. A literatura indica que a taxa de morbimortalidade alcança de 5% a 15% dos casos pesquisados de anorexia e parece tratar-se de um fenômeno em expansão. Com relação à bulimia, estudos epidemiológicos apontam uma prevalência do transtorno de 2% na população geral e de cerca de 30% em obesos que procuram serviços especializados para tratamento de obesidade. 54

61 Por fim, vale frisar que os padrões alimentares não saudáveis na vida adulta têm sua origem na juventude. Atividade Física O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre basicamente de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis e/ou profissionais. Alguns fatores contribuem para um estilo de vida menos ativo. A disponibilidade de tecnologia, o aumento da insegurança e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos (onde vive a maior parte das crianças brasileiras) reduzem as oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo atividades sedentárias, tais como: assistir a televisão, jogar videogames e utilizar computadores. Com a existência de associação entre sedentarismo e obesidade, criar o hábito de vida ativo na infância e na adolescência poderá reduzir a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta. Um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas, bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular e geral. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o funcionamento do organismo e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Em consequência, do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo, desta forma, para uma melhor qualidade de vida. A prática de atividade física pela população tornou-se uma questão de saúde ainda na década de Muitos estudos enfatizam a importância da construção do hábito da prática de atividade física já na infância (Seabra, 2008). 55

62 Os resultados revelam que, para o Estado de São Paulo no ano de 2008, 41,8% dos jovens entre 15 e 19 anos declararam que não tinham praticado atividade física nos três meses anteriores ao período de amostragem da PNAD. Além disso, metade dos jovens entre 15 e 29 anos não praticava atividade física. Entretanto, para os que praticavam alguma atividade física, a duração desta no dia era acima de 30 minutos para aproximadamente 95% dos jovens. Tabela Quantidade Média de Dias por Semana que Pratica Exercício Físico ou Esporte Quantidade de Dias 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos (%) (%) (%) (%) Não pratica exercícios 26,9 41,8 53,4 56,8 1 a 2 dias por semana 39,5 33,8 26,8 22,9 De 3 a 4 dias por semana 20,6 13,6 10,8 11,5 De 5 a 6 dias por semana 3,8 5,7 5,2 4,9 Todos os dias 9,1 5,1 3,9 3,9 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Obs.: Crianças até 13 anos não participaram deste item na PNAD/2008. Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Observa-se que por volta de 11-13% dos jovens entre 15 e 29 anos de idade praticam exercícios de 3 a 4 dias por semana, e apenas 4-5% praticam exercícios todos os dias. 56

63 Tabela Duração Média da Atividade Física no Dia que Pratica Exercício Físico ou Esporte Duração 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos (%) (%) (%) (%) Não pratica exercícios 26,9 41,8 53,4 56,8 Menos de 20 minutos 0,5 0,4 0,4 1,0 20 a 29 minutos 1,6 1,1 1,1 1,7 30 minutos ou mais 71,0 56,6 45,0 40,4 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Obs.: Crianças até 13 anos não participaram deste item na PNAD/2008. Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Quando se analisa a proporção de jovens que praticam atividade física suficiente 3 entre os anos de 2006 e 2008; por volta de 11%, entre 18 e 34 anos de idade, apresentam um quadro de rotina de prática de atividade física, com comportamento de tendência relativamente constante. Tabela 4.6. Percentual de Jovens que Praticam Atividade Física Suficiente Faixa Etária Ano % Atividade Física Suficiente ,1% Entre 18 e 24 anos ,8% ,3% ,8% Entre 25 e 34 anos ,8% ,7% Fonte: DATASUS - Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. 3 Adultos que praticam atividades de intensidade leve ou moderada por pelo menos 30 minutos diários em 5 ou mais dias da semana ou atividades de intensidade vigorosa por pelo menos 20 minutos diários em 3 ou mais dias da semana. 57

64 Os motivos pelos quais as crianças e adolescentes têm sido menos ativos passam pelo crescimento do tempo em frente à TV, Internet e videogame, menos aulas de educação física nas escolas, menos opções de lazer ativo, em função da violência intraurbana e mobilidade urbana, aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a segurança (Rodríguez, 2005). A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que uma ou duas horas em frente à TV e videogame diariamente. O tempo em frente à TV está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerante e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia (Currie, 2008). Os resultados da PeNSE mostraram que 79,5% dos escolares brasileiros frequentando o 9º ano do ensino fundamental assistiam TV por duas ou mais horas diárias. Na PNAD do ano de 2008, para o Estado de São Paulo, este percentual é de 85,8% para os jovens entre 10 e 14 anos de idade e 69,4% para os entre 15 e 19 anos de idade. Tabela Quantidade Média de Horas por Dia, Assistindo TV Quantidade de Horas 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos (%) (%) (%) (%) Não assiste televisão 1,7 4,3 4,7 4,5 Menos de 1 hora 4,1 12,4 17,5 16,3 1 a menos de 2 horas 8,4 13,9 17,0 18,1 2 a menos de 3 horas 21,1 24,1 25,5 25,9 3 a menos de 4 horas 22,2 18,2 15,0 17,0 4 a menos de 5 horas 17,0 10,7 8,4 8,1 5 horas ou mais 25,5 16,4 12,0 10,2 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

65 Outro fator indicativo de hábito sedentário é o longo uso de computadores ou videogames, observa-se que cerca de 40% dos jovens entre 10 e 19 anos utilizam computador ou vídeo game por 2 ou mais horas diárias. Tabela Quantidade Média de Horas por Dia, Usando Computador ou Videogame Quantidade de Horas 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos (%) (%) (%) (%) Não usa computador ou jogo de videogame 31,6 30,6 41,6 51,1 Menos de 1 hora 13,6 13,2 13,3 11,4 1 a menos de 2 horas 15,1 13,9 13,0 12,5 2 a menos de 3 horas 15,7 13,8 12,3 10,8 3 a menos de 4 horas 9,0 11,1 7,5 6,0 4 a menos de 5 horas 6,2 6,6 3,8 2,5 5 horas ou mais 8,9 10,8 8,5 5,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas A adolescência é um período da vida em que o indivíduo inicia o processo de busca da sua identidade, e, alguns hábitos são formados, os quais podem persistir na vida adulta, dentre eles os hábitos relacionados ao uso de álcool, fumo e outras drogas. Durante este período ocorrem modificações somáticas, psicológicas e sociais importantes no indivíduo. Consumo de bebida alcoólica Muitas vezes por busca de aceitação pelo grupo ao qual está envolvido, o jovem tem sua iniciação precoce ao uso de bebida alcoólica, sendo às vezes incentivado pelos próprios pais por questões socioculturais. 59

66 Pesquisas recentes sobre os efeitos do álcool no cérebro de adolescentes mostram que essa substância, quando consumida num padrão considerado nocivo, afeta as regiões responsáveis por habilidades como memória, aprendizado, autocontrole e principalmente a motivação. (Campos, 2009) Muitos dos casos de alcoolismo têm sua origem ainda na adolescência. O consumo abusivo de álcool é um pré-requisito para o que é definido como alcoolismo. Para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício. Entretanto, há fatores que geralmente contribuem para que o uso de álcool se transforme em alcoolismo. Tais fatores podem incluir o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde emocional e psíquica, e a predisposição genética. O tratamento do alcoolismo é complexo e depende do estado do paciente e de seu engajamento no processo de cura. O alcoolismo pode potencialmente resultar em condições (doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, na morte. Apesar de a legislação brasileira proibir a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos, observa-se que seu consumo atual entre os escolares, avaliado pelo consumo feito nos últimos 30 dias, foi de 27,3% para o Brasil e de 28,8% para a cidade de São Paulo. (Tabela 4.9). Tabela Percentual de Escolares com Consumo de Bebida Alcoólica Local Total (%) Sexo Dependência administrativa da escola Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 27,3 28,1 26,5 29,5 26,8 São Paulo 28,8 31,9 25,7 34,1 27,7 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Dentre os consumidores atuais, a forma mais comum que tiveram para adquirir a bebida alcoólica foi através de festas (36,6%), seguido da compra em mercado, loja, supermercado 60

67 ou bar (19,3%). Outros 15,8% dos escolares que consumiram bebida alcoólica, nos últimos 30 dias, adquiriram com amigos e 12,6%, na própria casa (Gráfico 4.1). Gráfico Local ou Forma que os Escolares adquiriram Bebida Alcoólica 5,8% 4,5% Não tomou bebida alcoólica Mercado, loja, bar ou supermercado 19,3% Vendedor de rua 36,6% 12,6% 15,8% 3,3% 2,1% Deu dinheiro para outro comprar Com amigos Na própria casa Em uma festa Outro modo Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Entretanto, consumir álcool em 30 dias é pouco indicativo do nível de consumo. Assim, vale expandir esta análise para a situação de embriaguez. A PeNSE mostra que mais de 20% dos estudantes já passaram por episódio de embriaguez. Tal fato ocorre em proporções semelhantes entre homens e mulheres, havendo uma pequena diferença entre os alunos de escolas públicas e privadas, com os primeiros apresentando 2 pontos percentuais a mais com relação à experiência de embriaguez. 61

68 Tabela Percentual de Escolares que Já Experimentaram Algum Episódio de Embriaguez Local Total (%) Sexo Dependência administrativa da escola Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 22,1 21,1 23,3 19,4 22,8 São Paulo 21,0 20,8 21,2 19,3 21,3 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Juntamente com a existência de algum episódio de embriaguez em uma parcela bastante jovem da população, há também outro fato pré-requisito de alcoolismo, que é o percentual de 15-20% dos jovens entre 18 e 34 anos de idade com quadro de consumo abusivo de álcool 4. Tabela Percentual de Jovens com Consumo Abusivo de Álcool Faixa Etária Ano % Consumo Álcool 2006 * Entre 18 e 24 anos ,6% ,4% ,2% Entre 25 e 34 anos ,7% ,9% * Informação não disponível Fonte: DATASUS - Vigitel Em complemento às informações apresentadas anteriormente, é possível também analisar a demanda do SUS por problemas provenientes do consumo de álcool entre os jovens de 10 a 29 anos de idade. Considerando as internações por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool, observa-se que 8,7% das internações em 2009 envolveram jovens, 4 O Ministério da Saúde considera excesso de bebida alcoólica quando há consumo de cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres. 62

69 sendo crescente de acordo com o aumento da faixa etária. No geral, há uma tendência de queda da participação de jovens nas internações por este motivo. Gráfico 4.2. Proporção de Internações no SUS devido ao Consumo de Álcool (Transtornos Comportamentais) 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0,1% 0,9% 3,7% 8,8% 0,1% 0,7% 3,2% 8,2% 0,1% 0,6% 2,8% 7,2% 0,1% 0,4% 2,3% 5,9% 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 0% Fonte: DATASUS Analisando-se as internações no SUS por doença alcoólica do fígado, também há uma tendência de queda da participação de jovens entre os casos, sendo de 2,7% das internações em Vale lembrar que tal doença é somatizada, mostrando seus efeitos após um longo período de consumo abusivo de álcool, e consequentemente apresentando-se em idade mais avançada. Apenas como ilustração, em 2009, 84,3% das internações envolviam pessoas com idade acima dos 40 anos. Assim como nas internações por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool, aqui também há uma proporção crescente de internações segundo o aumento da faixa etária. 63

70 Gráfico 4.3. Proporção de Internações no SUS devido ao Consumo de Álcool (Doença Alcoólica do Fígado) 6% 5% 4% 3% 2% 0,2% 0,3% 1,4% 4,0% 0,0% 0,1% 1,0% 3,4% 0,2% 1,0% 0,2% 0,5% 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 1% 2,2% 2,0% 0% Fonte: DATASUS Fumo Segundo a OMS, o tabaco é um dos determinantes mais importantes para o desencadeamento das doenças crônicas e líder nas causas de mortes preveníveis no mundo. Os problemas de saúde relacionados ao tabaco são resultantes da duração (anos de fumo) e da intensidade (número de cigarros fumados). Assim, a saúde pública precisa buscar formas de prevenção ou pelo menos de retardamento da iniciação ao hábito de fumar (Currie, 2008). Os resultados da PeNSE mostraram que 24,2% dos escolares brasileiros experimentaram o cigarro alguma vez, o mesmo percentual foi encontrado para a cidade de São Paulo. Além deste dado, de acordo com a tabela abaixo, aproximadamente 5% dos atuais fumantes e exfumantes iniciaram a fumar antes dos 9 anos de idade, apresentando um acumulado de mais de 30% quando se considera até os 14 anos. Observa-se que quase metade das pessoas 64

71 começa a fumar entre os 15 e 19 anos. Tais percentuais apresentam pouca variação entre fumantes e ex-fumantes, e mostram que o hábito de fumar se inicia basicamente na juventude. Tabela Idade de Iniciação ao Hábito de Fumar Iniciação 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos (%) (%) (%) (%) Fumante 28,6 46,9 11,3 3,9 Ex-fumante 28,1 44,7 12,8 4,2 Total 28,3 45,8 12,0 4,0 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Observa-se na literatura a tendência de diminuição da idade de iniciação ao hábito de fumar, sendo tal iniciação cada vez mais precoce. Adolescentes fumantes possuem alta probabilidade de se tornarem adultos fumantes, aumentando, assim, o risco de morbidade da população por doenças crônicas e causas evitáveis (Malcon, Menezes, Chatkin, 2003). A iniciação precoce ao fumo é um preditor de uso de outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas. Torna-se, portanto, importante monitorar a iniciação em adolescentes, por ser uma ação passível de prevenção (Peden, 2008). Analisando-se o grupo de fumantes e ex-fumantes no período entre 2006 e 2008, o percentual de fumantes na população de jovens entre 18 e 24 anos está chegando a quase 30%, e entre 25 e 34 anos de idade, tal percentual é por volta de 15-17%. Isto mostra a queda no percentual de fumantes e a existência de um grupo de ex-fumantes que provavelmente teve a iniciação ao hábito de fumar antes dos 25 anos de idade. 65

72 Tabela Percentual de Jovens Fumantes e Ex-fumantes Gênero Ano Fumante Ex-fumante ,6% * Entre 18 e 24 anos ,3% * ,3% * ,0% 17,8% Entre 25 e 34 anos ,6% 13,9% ,9% 15,1% * Sem informação Fonte: DATASUS - Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Uso de Drogas Ilícitas A interface entre adolescência e drogas é complexa, envolvendo aspectos biológicos, sociais, culturais e éticos. A discussão destes fatores é fundamental para subsidiar a abordagem pelos profissionais de saúde. Por pressão do grupo ou por simples curiosidade, o adolescente que experimenta droga o faz, geralmente, iniciando pelo uso de drogas lícitas. O álcool, o tabaco, os barbitúricos, os solventes, as anfetaminas, a cafeína e a morfina estão incluídos nesta categoria. No Brasil, atualmente, a venda de tabaco e álcool é proibida para menores de 18 anos. No entanto, no caso do consumo de álcool, a lei às vezes não é respeitada devido ao entendimento de se tratar de um hábito socialmente aceitável. O aumento da experimentação de drogas entre jovens tem se tornado um sério problema em muitos países. A droga ilícita mais consumida na Europa e nos Estados Unidos é a maconha. Seu uso entre jovens pode ser um preditivo de desajustes psicossociais e eleva a chance de dependência na vida adulta. O Health Behaviour in School-Aged Children mostrou que 18% dos jovens de 15 anos de idade já haviam usado maconha durante algum período (Currie, 2008). 66

73 Geralmente, levantamentos sobre o uso de drogas entre escolares demonstram que no sexo masculino as drogas como álcool, maconha e tabaco são mais usadas, enquanto entre as mulheres o uso de anfetamínicos e ansiolíticos são mais frequentes (Galduroz, 2005; Carlini, 2006). A PeNSE sobre o uso de algum tipo de droga (tais como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume, ecstasy) alguma vez evidencia que a capital de São Paulo apresenta um percentual elevado de estudantes (Gráfico 4.4) que já consumiram drogas ilícitas quando comparado com as médias regionais. Na região sudeste, a cidade fica atrás de Rio de Janeiro (6,7%) e Vitória (8,2%), estando em situação melhor a Belo Horizonte (10,8%). Gráfico 4.4. Percentual de Escolares que Já Usaram Drogas Ilícitas por Região Geográfica 9,7% 8,8% 10,1% 8,5% 8,6% 8,7% 7,0% Obs.: Percentuais regionais com base na média das capitais. Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

74 Tais dados mostram que 8,7% dos escolares brasileiros já usaram alguma dessas drogas ilícitas. Os escolares do sexo masculino de São Paulo foram mais frequentes no uso de drogas ilícitas (11,5%) quando comparados com o sexo feminino. Além disso, observa-se que o uso de drogas ilícitas é dois pontos percentuais maior com os estudantes de escolas públicas (Tabela 4.14.). Tabela Percentual de Escolares que Já Usaram Drogas Ilícitas Local Total (%) Sexo Dependência administrativa da escola Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 8,7 6,9 10,6 7,6 9,0 São Paulo 9,7 8,0 11,5 8,3 10,0 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Em complemento às informações apresentadas sobre o consumo de drogas ilíticas, observase a demanda do SUS por problemas provenientes deste consumo entre os jovens de 10 a 29 anos de idade. Considerando as internações por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas psicoativas (exclusive álcool), percebe-se que 57,0% das internações em 2009 envolveram jovens, sendo crescente conforme a faixa etária aumenta. Apesar da proporção destas internações estar em tendência de queda entre os jovens até 24 anos de idade, a faixa etária de 25 a 29 anos apresenta aumento da participação nas internações na última década. Vale ressaltar que diferentemente das internações provenientes do uso de álcool, aqui há uma elevada concentração entre os jovens, contribuindo com mais da metade das internações por uso de drogas psicoativas. 68

75 Gráfico 4.5. Proporção de Internações no SUS devido ao Consumo de Drogas 70% 60% 50% 2,1% 2,4% 22,2% 18,0% 1,5% 1,2% 11,1% 11,0% 40% 30% 20% 10% 0% 27,2% 26,3% 23,5% 20,9% 17,9% 19,8% 22,2% 23,9% a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos Fonte: DATASUS Por fim, vale citar alguns aspectos sobre o tratamento do vício relacionado com drogas ilícitas e álcool. Considerando que este vício entre os jovens pode induzir a síndromes psiquiátricas semelhantes à depressão, ansiedade, pânico, mania, esquizofrenia e transtornos de personalidade, é importante mencionar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que, juntamente com os Núcleos de Assistência Psicossocial (NAPS), são unidades de saúde locais/regionalizadas que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, constituindo-se também em porta de entrada da rede de serviços para as ações relativas à saúde mental. Assim, com relação ao tratamento ao vício do uso de substâncias psicoativas, existem os CAPS Álcool e Drogas (CAPSad) que visam tratar o vício focando na coexistência do uso abusivo destas substâncias com problemas de saúde mental. Estes centros frequentemente recebem encaminhamentos de casos em que o uso do álcool ou de outras drogas são apenas mencionados em consultas realizadas em centro de saúde, hospital ou outro CAPS, buscando oferecer estrutura para a reabilitação dos jovens. 69

76 Saúde sexual e reprodutiva A sociedade determinou, ao longo dos tempos, um conjunto de normas e valores com permissões e interdições em relação à sexualidade. No século XX, na década de 60, movimentos feministas deflagraram a crise do modelo tradicional da mulher e um perfil feminino começou a ser esboçado. O advento da pílula permitiu que a mulher passasse a ter maior escolha sobre a reprodução. No início dos anos 80, com o surgimento da epidemia de AIDS, houve o despertar do interesse a respeito da sexualidade e saúde reprodutiva. A partir daí, foram aprofundadas as questões ligadas à sexualidade, tais como: relações assimétricas de gênero, conceitos e preconceitos ligados às práticas sexuais, entre outros. Estas reflexões ampliaram o questionamento a respeito das denominadas práticas de sexo seguro. Os estudos mais recentes da OMS revelam que 22% dos adolescentes já haviam iniciado atividade sexual aos 15 anos de idade. Além disso, inferem que a iniciação sexual precoce está associada com o não uso, ou uso inadequado de preservativos e suas consequências (gravidez e doenças sexualmente transmissíveis DST e AIDS). Iniciação sexual O início da atividade sexual está relacionado com uma série de estímulos, que vão desde a influência das histórias familiares ou comunitárias, até aspectos sociais e culturais. Embora exista uma cronologia clara quanto ao amadurecimento físico, não existe um padrão determinado para o início da vida sexual. As pesquisas têm apontado que os adolescentes brasileiros iniciam a atividade sexual ao redor dos 15 e 16 anos. Os dados levantados na PeNSE revelaram que 30,5% dos escolares brasileiros já tiveram relação sexual alguma vez. Tal percentual é menor para a cidade de São Paulo, ficando em 27,6%. A frequência de escolares adolescentes do sexo masculino que já tiveram relação sexual foi de 43,7% no Brasil e 39,1% na cidade de São Paulo. Já entre os escolares do 70

77 sexo feminino a proporção foi de 18,7% e 16,0%, no País e cidade de São Paulo, respectivamente. Vale ressaltar que a razão entre estudantes de escolas públicas e privadas, que já iniciaram a sua vida sexual, é de 2:1. Mais especificamente, dentre os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, 29,9% dos escolares da rede pública e 15,8% da rede privada já tiveram relação sexual alguma vez (Tabela 4.15). Tal fato indica a necessidade de atenção a políticas voltadas à educação sexual, com ações de prevenção à gravidez na adolescência, DST e AIDS, principalmente na rede pública de ensino. Tabela Percentual de Escolares que Já Tiveram Relação Sexual Local Total (%) Sexo Dependência administrativa da escola Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 30,5 18,7 43,7 20,8 33,1 São Paulo 27,6 16,0 39,1 15,8 29,9 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Gravidez na Adolescência e Uso de preservativos A discussão do tema sobre contracepção é fundamental à promoção de saúde e prevenção de doenças entre os jovens. Em geral, é na adolescência que ocorre o início da vida sexual, que muitas vezes se dá sem a utilização de métodos contraceptivos e/ou de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. A gravidez na adolescência possui sérias consequências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias. Além disso, a mãe adolescente tem maior morbidade e mortalidade por complicações da gravidez, do parto e do puerpério. A taxa de mortalidade é 2 vezes maior que entre gestantes adultas. A incidência de recém nascidos de mães adolescentes com baixo peso é duas vezes maior que em recém nascidos de mães adultas, e a taxa de morte neonatal é 3 vezes maior. Entre adolescentes com 17 anos ou menos, 14% dos nascidos são prematuros, enquanto entre as mulheres de 25 a 29 71

78 anos é de 6%. A mãe adolescente também apresenta com maior frequência sintomas depressivos no pós-parto. Segundo dados da Fundação Seade, nos últimos anos tem havido uma queda da taxa de mães adolescentes 5, tanto na região metropolitana de São Paulo quanto no Estado como um todo, sendo em 2008 por volta de 7% das mulheres que tiveram filhos nascidos vivos. Tabela Percentual de Mães Adolescentes Mães Adolescentes Região Metropolitana de São Paulo 6,9% 7,0% 6,8% 6,5% 6,4% Estado de São Paulo 7,8% 7,7% 7,6% 7,3% 7,1% Fonte: Fundação Seade. Observando-se esta informação sobre maternidade com foco nos filhos nascidos vivos de acordo com a faixa etária da mãe, é possível também observar a queda da maternidade entre as mães até 19 anos, podendo ser interpretada como uma outra maneira de se ver a queda da gravidez na adolescência. A situação apenas se reverte a partir dos 25 anos de idade, em que fica clara uma tendência de aumento da proporção de filhos nascidos. Tal tendência é ainda mais forte para as mães acima dos 30 anos de idade. 5 Proporção de Mulheres com idade inferior a 18 anos e que tenham tido pelo menos um filho nascido vivo no ano de referência, em relação ao total de mulheres que tiveram filhos nesse mesmo período. 72

79 Gráfico 4.6. Proporção de Filhos Nascidos Vivos por Idade da Mãe 0,6% 0,6% 0,6% 0,5% 0,5% 0,5% 0,6% 0,6% 0,6% 18,9% 18,5% 17,8% 16,9% 16,4% 16,4% 16,2% 15,8% 15,1% 29,6% 29,1% 29,2% 29,0% 28,3% 27,7% 27,1% 26,5% 25,7% 24,9% 25,0% 24,8% 25,4% 25,7% 25,8% 25,9% 26,4% 26,6% 26,1% 26,8% 27,6% 28,1% 29,0% 29,5% 30,3% 30,8% 31,9% 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos Acima de 30 anos Fonte: DATASUS Ministério da Saúde (Estado de São Paulo). Voltando a restringir a análise às mães adolescentes (até 19 anos de idade), pode-se observar a evolução histórica para o Brasil, São Paulo e Brasil sem o estado de São Paulo. Independente do âmbito regional há uma tendência de queda da proporção de filhos entre as mães adolescentes. As proporções para o Brasil são maiores do que respectivas para São Paulo. Mesmo excluindo o estado de São Paulo da análise Brasil, também é evidente a tendência de queda. 73

80 Gráfico 4.7. Participação de Filhos Nascidos Vivos entre Mães Adolescentes Fonte: DATASUS Ministério da Saúde. Segundo a OMS, o uso de preservativos protege de gravidez indesejada e também das DST, incluindo AIDS. Preservativos são os métodos de contracepção mais usados entre os jovens. O não uso constitui um marcador de relação sexual de risco. Outras condutas consideradas de risco são a iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros, uso de álcool e drogas antes do sexo. A PeNSE investigou, também, o uso de preservativos pelos escolares. Nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, dentre os 30,5% que tiveram relação sexual, 75,9% dos escolares disseram ter usado preservativo na última relação sexual. Este percentual é um pouco maior quando se restringe a amostra à capital de São Paulo, não havendo diferença significativa entre as respostas obtidas por gênero. Também não é relevante a diferença quanto à frequência deste uso entre escolares de escolas privadas (76,1%) e públicas (75,8%), para o Brasil. Entretanto, para a cidade de São Paulo, esta diferença é significativa, na ordem de 7% a favor dos estudantes de escolas privadas (Tabela 4.17.). 74

81 Tabela Percentual de Escolares que Usaram Preservativo na Última Relação Local Total (%) Sexual Sexo Dependência administrativa da escola Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 75,9 73,5 77,0 76,1 75,8 São Paulo 79,3 78,9 79,5 85,1 78,8 Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Doenças Sexualmente Transmissíveis Em geral, as doenças sexualmente transmissíveis (DST) vêm crescendo na população de jovens, principalmente do sexo feminino. As DST estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo, destacando-se entre as cinco principais causas de procura dos serviços de saúde nos países em desenvolvimento, segundo a OMS. Algumas, quando não tratadas de forma adequada, podem complicar com sequelas e até mesmo a morte. Na gestação podem ser transmitidas ao feto causando lesões, interrupção da gravidez ou morte fetal. Tais problemas são mais sérios na faixa da juventude visto que os adolescentes sexualmente ativos têm a maior incidência de DST de todas as faixas etárias e a maior proporção de DST assintomáticas. A DST de maior destaque nas últimas décadas é a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS sigla em inglês) causada pelo vírus HIV Human Immunodeficiency Virus. A falta de notificação compulsória leva ao desconhecimento da magnitude do problema. No Brasil, apenas a AIDS e a sífilis congênita devem ser notificadas compulsoriamente. No entanto, mesmo em relação a estas doenças, as estatísticas oficiais são subestimadas porque a subnotificação destes casos é grande. Dentre os jovens, as estatísticas mostram uma maior tendência de ocorrência de AIDS. 75

82 Quando se observa a evolução do número de novos casos de AIDS, fica clara a redução do número de casos nos últimos anos. Entretanto, entre os adolescentes até 19 anos de idade, as mulheres passaram a apresentar o maior número de casos a partir de Tabela Número de Novos Casos de AIDS Ano 10 a 14 anos Masculino 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 10 a 14 anos Feminino 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos Fonte: Ministério da Saúde/SVS Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As DST são consideradas a principal porta de entrada para infecção pelo HIV podendo, conforme o tipo de lesão, facilitar em até 18 vezes esta infecção. Estas doenças podem causar problemas psicológicos e sociais a seus portadores. 76

83 Vale lembrar ainda, considerando que o período assintomático varia entre 5 e 10 anos e que, a epidemiologia da AIDS hoje aponta para contaminados na faixa etária de 13 a 19 anos, pode-se concluir que o período de infecção ocorre por volta dos 7 e 15 anos. Neste caso, portanto, já na infância, ou mais especificamente, no período de pré-adolescência, pode-se pensar em contaminação por via sexual (Rios, 2004). Além da AIDS, foi mencionada pelos especialistas e por artigos e publicações, a infecção por HPV. Segundo, Dra. Albertina Takiushi e Dra, Maria Lucia Montelione, coordenadoras do Programa Saúde do Adolescente, tem crescido a incidência da infecção causada por um grupo de vírus HPV - (vírus papiloma humano), doença sexualmente transmissível que causa lesões genitais e câncer, principalmente nas faixas etárias mais jovens. Entre os motivos apontados estão a iniciação da atividade sexual muito cedo, o aumento do número de parceiros, o não uso de preservativo, o tabagismo, a gravidez que altera a imunidade celular. Os dados estatísticos mais recentes indicam que a incidência desse tipo de infecção vem aumentando em quase todo o mundo, dependendo do método de diagnóstico utilizado e da população avaliada. No mundo, estima-se que 10 a 20% da população adulta sexualmente ativa tenha infecção pelo HPV. A faixa etária de maior acometimento situa-se entre 20 e 40 anos, com o pico de incidência entre 20 e 24 anos, tanto na população feminina como na masculina, chegando a taxas de 46% em mulheres de 20 a 30 anos. Estas taxas decrescem com a idade, 10% em mulheres com 40 anos e 5% em mulheres acima de 55 anos de idade. No Brasil, o Instituto Adolfo Lutz registrou em São Paulo taxa de 16.4% de infecção pelo HPV (Rosenblatt, 2005) COMPOSIÇÃO DA DEMANDA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE O cenário de transição demográfica mencionado no capítulo sobre demografia vem ao encontro das profundas transformações na composição das causas de morte e no padrão etário da mortalidade. Além disso, há uma transição epidemiológica que evidencia mudanças nos padrões de morbidade e mortalidade, verificando-se uma substituição 77

84 gradual das ocorrências de doenças infecciosas pelas doenças degenerativas e aquelas provocadas pelo homem. Esta teoria considera que as mudanças mais intensas nestes padrões são observadas entre as crianças e mulheres jovens, uma vez que estes grupos populacionais são mais atingidos pelas causas infecciosas e parasitárias. Estando no estágio intermediário da transição epidemiológica, o Brasil é incluído no segundo grupo dos países em que, apesar das doenças crônico-degenerativas já aparecerem como as principais causas, as infecciosas e parasitárias ainda representam uma parcela considerável dos óbitos (Laurenti, 1990). Seguindo esta linha de raciocínio, o Estado de São Paulo estaria mais próximo das características do primeiro grupo, que engloba os países de baixa mortalidade, onde as doenças do aparelho circulatório, os neoplasmas e as causas externas são responsáveis pela maior parte dos óbitos. Vale destacar também que é na faixa etária dos jovens adultos que se concentram também as mortes violentas. A tendência ascendente das taxas de mortalidade por estas causas vem provocando o aumento progressivo dos riscos de morte entre os jovens adultos em todo o Estado de São Paulo e mais intensamente na Região Metropolitana de São Paulo. É verdade que se trata de um fenômeno mundial, mas o que se destaca aqui é a elevada intensidade dos índices registrados Demanda por serviços públicos de saúde Há consenso entre os especialistas na área de saúde sobre a existência de algumas causas de morte que são relativamente fáceis de serem controladas, mesmo em circunstâncias de baixo nível de desenvolvimento socioeconômico, só dependendo de vontade política, como é o caso das doenças imunopreveníveis, evitáveis via aplicação de doses de vacinas específicas, sem que, necessariamente, haja melhorias nas demais condições de vida da população. O mesmo acontece com as causas de morte por doenças diarréicas relacionadas à ausência de saneamento básico, ou seja, mesmo quando este serviço não existe, o número 78

85 de óbitos pode ser reduzido através de campanhas de terapia de reidratação oral. As causas relacionadas à mortalidade perinatal, por outro lado, exigem, além de recursos humanos capacitados, unidades de saúde em condições de dar atendimento adequado às mulheres durante o período de gestação e no parto. Nos anos mais recentes, a estrutura da mortalidade no Brasil vem passando por profundas mudanças, principalmente no que se refere à incidência de determinadas causas de óbitos sobre as distintas faixas etárias. Causas evitáveis, como as relacionadas às enfermidades infecciosas e parasitárias, à má nutrição e aos problemas relacionados à saúde reprodutiva, vêm cada vez mais perdendo sua predominância anterior. Por outro lado, vêm aparecendo com mais frequência causas de morte relacionadas a enfermidades não transmissíveis. É importante enfatizar que existe ainda um excesso de mortes que afetam, principalmente, as regiões e setores sociais mais desfavorecidos e que podem ser evitadas, via ampliação de programas de atenção básica preventiva na área de saúde pública, maior oferta dos serviços de saúde, e universalização dos serviços de saneamento básico. Estas medidas acelerariam a tendência de aumento da sobrevivência. De acordo com a tabela a seguir, os óbitos provocados por Causas Externas 6 representam uma das causas mais frequentes na mortalidade dos jovens. O número de óbitos por causas externas passou de um patamar de em 2007 para em Essa queda no número de mortes por causas externas foi decisiva na tendência geral da mortalidade no grupo etário de 10 a 29 anos. Entre as causas externas que atingem essa população, os acidentes de transportes e agressões ainda se destacam entre as causas de óbitos. Em 2008, nas faixas etárias de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, 38% dos óbitos são causados por acidentes de transporte. Este percentual sobe para 41% nos jovens entre 20 a 24 anos. Esta última faixa de idade também se caracteriza por apresentar um alto número de óbitos causados por agressões, 37%. O mesmo ocorre para a faixa etária de jovens dos 25 aos 29 6 Acidentes de Transportes, Outras causas externas de lesões acidentais, Lesões autoprovocadas voluntariamente, Agressões, Eventos cuja intenção é indeterminada, Intervenções legais e operações de guerra, Complicação assistência médica e cirúrgica e Sequelas de causas externas. 79

86 anos, com 40% de óbitos por agressão e 36% por acidente de transporte. É importante mencionar que maiores detalhes sobre este assunto serão apresentados no capítulo sobre Segurança. Tabela Mortalidade (Percentual de Óbitos) - São Paulo Capítulo CID a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos % % % % Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5,6 3,8 3,8 6,7 Neoplasias (tumores) 13,8 6,4 5,5 7,6 Doenças do sangue e órgãos hematopoéticos e transtornos imunitários 2,3 1,1 0,9 0,7 Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 1,8 0,7 0,9 1,4 Transtornos mentais e comportamentais 0,3 0,1 0,4 0,9 Doenças do sistema nervoso 10,8 3,6 3,0 2,2 Doenças do aparelho circulatório 5,4 3,5 4,7 7,5 Doenças do aparelho respiratório 6,4 3,6 3,2 4,3 Doenças do aparelho digestivo 2,5 1,4 1,7 3,3 Doenças da pele e do tecido subcutâneo 0,2 0,1 0,2 0,2 Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 2,2 0,8 0,4 0,6 Doenças do aparelho geniturinário 1,1 0,6 0,6 1,0 Gravidez parto e puerpério - 0,9 0,9 1,1 Algumas afec originadas no período perinatal 0,3 0,1 0,1 0,0 Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 4,6 1,3 0,7 0,5 Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 5,3 5,1 5,1 5,4 Causas externas de morbidade e mortalidade 37,1 66,9 68,1 56,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: DATASUS - Sistema de Informações sobre Mortalidade Ministério da Saúde (Estado de São Paulo). De acordo com os dados do Ministério da Saúde, pode-se destacar as seguintes causas para óbitos registrados nos hospitais do SUS no Estado de São Paulo, envolvendo jovens entre 15 e 29 anos: Algumas doenças infecciosas e parasitárias; Neoplasias (tumores); Doenças do aparelho circulatório; Doenças do aparelho respiratório; Lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas. 80

87 Estes cinco capítulos CID-10 englobam aproximadamente 75% dos óbitos registrados na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, quando considerada a demanda por internações na rede hospitalar do SUS, estes mesmos capítulos CID-10 são responsáveis por apenas cerca de 20% das internações. Tabela Morbidade Hospitalar do SUS (Percentual de Internações) - São Paulo Capítulo CID a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos % % % % Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5,5 1,9 1,5 1,8 Neoplasias (tumores) 4,5 1,9 1,5 2,0 Doenças do sangue e órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 1,6 0,6 0,4 0,5 Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 2,4 0,7 0,6 0,8 Transtornos mentais e comportamentais 0,8 1,9 3,0 4,4 Doenças do sistema nervoso 3,4 1,1 0,8 1,0 Doenças do olho e anexos 1,1 0,4 0,3 0,4 Doenças do ouvido e da apófise mastóide 1,5 0,3 0,1 0,2 Doenças do aparelho circulatório 1,7 1,2 1,5 2,6 Doenças do aparelho respiratório 15,5 4,6 3,6 3,9 Doenças do aparelho digestivo 13,2 5,3 4,9 6,2 Doenças da pele e do tecido subcutâneo 3,7 1,5 1,3 1,3 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido Conjuntivo 3,3 1,4 1,5 1,9 Doenças do aparelho geniturinário 8,3 5,5 4,7 5,4 Gravidez parto e puerpério 6,9 58,5 60,4 51,1 Algumas afecções originadas no período perinatal 0,0 0,1 0,1 0,1 Malformações congênitas, deformidades e anomalias 4,6 1,2 0,6 0,5 Cromossômicas Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório 2,5 1,3 1,1 1,2 Lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas 16,7 9,4 10,4 10,2 Causas externas de morbidade e mortalidade 0,1 0,0 0,0 0,0 Contatos com serviços de saúde 2,9 1,2 1,6 4,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: DATASUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS. 81

88 Entre os 15 e 29 anos de idade, mais de 50% das internações estão relacionadas à gravidez, parto e puerpério (pós-parto). Dentre os outros capítulos CID-10 7, destaca-se a diferença nos tipos de internações antes e após 15 anos de idade. Percebe-se que até 14 anos, há altas taxas de internação com relação a doenças dos aparelhos respiratório e digestivo. A partir dos 15 anos, a distribuição de internações concentra-se sobre serviços ligados ao parto. Entretanto, em números absolutos, destaca-se o crescente número de internações relacionadas a doenças do aparelho digestivo, além de doenças do aparelho geniturinário e transtornos mentais e comportamentais. Sendo parte do CID-10 Doenças infecciosas e parasitárias, a AIDS vem apresentando uma forte queda no número de óbitos pelas doenças. Vale destacar que isto se deve a três fatores basicamente. Primeiramente, como já mencionado, há uma queda no número de casos nos últimos anos no Estado de São Paulo. Além disso, devido às perdas de defesa e de resistência do organismo, a pessoa infectada pelo vírus HIV está exposta a uma variedade de infecções e doenças, inclusive alguns tipos de câncer, e nem sempre há a detecção da causa da morte por AIDS, mas sim pela doença consequência da queda do sistema imunológico. Por fim, é relevante ressaltar a evolução da eficácia dos medicamentos antiretrovirais (os chamados coquetéis antiaids ) que visam aumentar a sobrevida dos pacientes. 7 A CID-10 foi conceituada para padronizar e catalogar as doenças e problemas relacionados à saúde, tendo como referência a Nomenclatura Internacional de Doenças, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde. Esta classificação foi incorporada como referência pelo Ministério da Saúde. 82

89 Ano 10 a 14 anos Tabela Número de Óbitos de AIDS no Estado de São Paulo 15 a 19 anos Masculino 20 a 24 anos 25 a 29 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos Feminino 20 a 24 anos 25 a 29 anos Fonte: DATASUS Ministério da Saúde (Estado de São Paulo). Mesmo com número de óbitos causados pela AIDS se encontrar em uma trajetória decrescente na população jovem, este volume ainda é significante. Esta reversão de tendência da mortalidade por AIDS começou em 1995 com queda significativa em As taxas de mortalidade por AIDS da população feminina cresceram rapidamente no final da década de 80. No início da década de 90 a mortalidade por AIDS só não era superada por aquelas provocadas pelas causas externas. No final desta década o nível de mortalidade passou para uma trajetória decrescente e segue caindo sistematicamente. O número de óbitos segue uma tendência de queda nos jovens entre 10 e 29 anos, mas com uma queda maior nas mulheres com 27 anos (queda de 56%). Para os homens o nível de mortalidade começou a cair em 1997 e segue uma trajetória sistemática de queda. A queda de maior impacto ocorreu nos jovens com 22 anos (queda de 71%). 83

90 Gráfico Óbitos por AIDS Fonte: DATASUS Demanda por planos de saúde privados Antes de se abordar a demanda por planos de saúde, é interessante observar o aumento da demanda por serviços de saúde dada pela procura por consulta médica. Com base nas PNAD s 1998, 2003 e 2008, nota-se um crescimento do percentual de pessoas que consultaram um médico nos últimos 12 meses da data da pesquisa. Tal comportamento ocorre para todas as faixas etárias de jovens. 84

91 Gráfico 4.9. Percentual de Jovens que Consultaram Médico nos Últimos 12 Meses Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1998, 2003 e 2008 (São Paulo). Esta tendência pode ser interpretada como um aumento na demanda por serviços de saúde, que em última instância reflete num crescimento da demanda por planos de saúde privados. Assim, nota-se que a melhoria da renda familiar nos últimos anos vem gerando um aumento da busca por atendimento médico, criando uma oportunidade de mercado para os planos privados de saúde. Segundo analistas, este aumento de demanda vem acompanhado de fortalecimento por parte da oferta devido às recentes fusões e aquisições de empresas do setor. Pela tabela abaixo, observa-se que em todas as faixas etárias há um aumento da cobertura dos planos de saúde com assistência médica, chegando a quase 50% para a faixa etária de 25 a 29 anos. 85

92 Tabela Cobertura dos Planos de Saúde com Assistência Médica Ano 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos ,1% 31,0% 34,8% 39,5% ,1% 29,7% 35,8% 39,9% ,0% 27,3% 35,0% 39,1% ,5% 25,8% 34,1% 39,4% ,5% 25,7% 34,3% 40,8% ,4% 25,7% 35,9% 43,9% ,0% 32,1% 38,0% 43,1% ,8% 31,8% 38,7% 44,1% ,8% 33,7% 42,2% 47,5% ,4% 33,9% 43,4% 48,0% Fonte: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Saúde Suplementar COMPOSIÇÃO DE OFERTA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE A discussão sobre o acesso aos serviços de saúde é de fundamental importância em qualquer estudo sobre as condições de vida da população, uma vez que as barreiras ou dificuldades encontradas no atendimento às necessidades de saúde podem afetar a qualidade de vida e mesmo pôr em risco a sobrevivência do indivíduo. Neste contexto, a disponibilidade de infraestrutura física e humana adequada na área da saúde é uma questão extremamente relevante. Durante os anos 1990, foram formuladas políticas dirigidas ao aprofundamento do processo de descentralização e da autonomia de municípios para a gestão de recursos públicos destinados à atenção à saúde. Simultaneamente, o mercado de planos privados de saúde expandiu-se e adquiriu intensa visibilidade, bem como ampliou suas relações com os prestadores de serviços. A oferta de serviços de saúde no Estado de São Paulo pode ser dividida em duas partes: estabelecimentos de saúde e recursos humanos. 86

93 Dentre os estabelecimentos de saúde, que representam parte dos recursos físicos do sistema, destaca-se a grande quantidade de centros de saúde e unidades básicas de saúde do sistema público. Vale ressaltar que a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo reduziu gradualmente seu papel na execução direta de ações de promoção, prevenção e assistência básica à saúde da população e não possui mais Unidades Básicas de Saúde (UBS) sob sua gestão, uma vez que todas as UBS s estaduais e outros recursos ou programas de Atenção Básica da Secretaria como o Programa de Saúde da Família Qualis/PSF e os laboratórios locais foram municipalizados (Secretaria da Saúde, 2008). Com relação aos hospitais, que são os estabelecimentos de saúde com a maior gama de especialidades, os públicos representam 18% do total do estado. Os privados representam 47%, seguidos dos filantrópicos com 35% do total. Tabela Rede Assistencial Estabelecimentos por Tipo de Prestador - São Paulo Público Filantrópico Privado Sindicato Total Tipo de Estabelecimento Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Hospitais 178 2, , ,1-0, ,0 Centro de Saúde/ Unidade Básica de Saúde ,3 5 0,9 33 0,1-0, ,5 Clinica Especializada/ Ambulatório Especializado 761 9, , ,2 5 8, ,6 Consultório Isolado 325 4,2 9 1, , , ,3 Policlínica 296 3,9 17 3, ,2 6 10, ,5 Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia 187 2, , ,9 1 1, ,3 Demais Estabelecimentos ,9 5 0, ,4-0, ,8 Total , , , , ,0 Fonte: Caderno de Informações de Saúde Ministério da Saúde (Estado de São Paulo). Analisando-se o quadro de profissionais de saúde, inicialmente observa-se que quase 80% atendem pelo SUS. Do total de profissionais, 43% têm nível superior e 36% nível técnico. Constata-se que consoante o nível de qualificação aumenta, menor é o percentual de profissionais que atendem pelo SUS. Mais especificamente, enquanto que 98% dos 87

94 profissionais de qualificação elementar atendem pelo SUS, este percentual cai para 84% para os de nível técnico e 69% para os profissionais de nível superior. Tabela Recursos Humanos Profissionais - São Paulo Profissional Profissional Não Total Atende pelo SUS Atende pelo SUS Ocupações em geral Quantidad Quantidad Quantidad % % % e e e Pessoal de Saúde - Nível Superior ,3% ,3% ,7% Enfermeiro ,8% ,9% ,2% Odontólogo ,5% ,9% ,8% Clínico Geral ,1% ,5% ,0% Fisioterapeuta ,8% ,0% ,5% Psicólogo ,7% ,0% ,2% Cirurgião Geral ,9% ,3% ,8% Pediatra ,5% ,2% ,6% Gineco Obstetra ,8% ,9% ,3% Assistente Social ,4% 241 0,3% ,2% Anestesista ,1% 988 1,1% ,1% Bioquímico/Farmacêutico ,1% 822 0,9% ,1% Fonoaudiólogo ,8% ,8% ,0% Outras Ocupações de Nível Superior ,8% ,5% ,0% Pessoal de Saúde - Nível Técnico Técnico/Auxiliar ,1% ,3% ,8% Auxiliar De Enfermagem ,7% ,0% ,7% Técnico De Enfermagem ,6% ,9% ,7% Técnico E Auxiliar De Laboratório ,5% ,6% ,5% Técnico E Auxiliar Em Radiologia Médica ,4% ,0% ,5% Outras Ocupações Nível Técnico/Auxiliar ,9% 668 0,8% ,4% Pessoal de Saúde - Qualificação Elementar ,2% 594 0,7% ,0% Agente Comunitário De Saúde ,9% - 0,0% ,3% Agente De Saúde Pública ,3% - 0,0% ,0% Atendente De Enfermagem/Aux Oper Serv Div E Assem ,7% 580 0,7% ,5% Outras Ocupações Nível Elementar 929 0,3% 14 0,0% 943 0,2% Pessoal Administrativo ,2% ,3% ,8% Não Classificadas ,3% 362 0,4% ,7% 100,0 100,0 100,0 Total % % % Fonte: Caderno de Informações de Saúde Ministério da Saúde (Estado de São Paulo). 88

95 4.4. CENÁRIOS PARA 2020 Com base na análise da tendência dos últimos anos com relação à mortalidade entre jovens, é possível projetar o cenário para o ano de Ao se analisar o cenário para o ano de 2020 de acordo com a tendência observada nos últimos anos, primeiramente, com relação à demanda por serviços de saúde, pode-se destacar o seguinte cenário para óbitos e internações na rede hospitalar do SUS. Percebe-se pouca mudança na distribuição dos óbitos por tipo de doença nesta rede. Vale citar apenas as suaves tendências de aumento da participação de óbitos por Algumas doenças infecciosas e parasitárias e Neoplasias (tumores), e redução da participação relativa de Causas externas de morbidade e mortalidade, para a população jovem entre 10 e 29 anos de idade. Gráfico Tendência da Distribuição de Óbitos para o Estado de São Paulo Fonte: Elaboração própria com base em DATASUS - Sistema de Informações sobre Mortalidade. 89

96 Já com relação à distribuição de internações na rede hospitalar do SUS, também não se observa grandes mudanças nesta distribuição por tipo de doença. Vale destacar a tendência de aumento de Transtornos mentais e comportamentais, Doenças do aparelho respiratório, Doenças do aparelho digestivo e Lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas. Em consonância, com a queda na taxa de natalidade observada no capítulo sobre demografia, há uma tendência de redução nas internações para Gravidez parto e puerpério. Gráfico Tendência da Distribuição de Internações para o Estado de São Paulo Fonte: Elaboração própria com base em DATASUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Dado o elevado percentual de internações relacionadas à gravidez, parto e puerpério, vale retornar à discussão sobre gravidez na adolescência. Reapresentando o gráfico sobre o tópico, agora é acrescentada a projeção para Observa-se a forte queda da gravidez, 90

97 independente do âmbito regional, com a proporção de crianças nascidas vivas chegando a 12,1% entre as mães adolescentes, representando uma queda de 23% na participação, com relação a Gráfico Projeção da Participação de Filhos Nascidos Vivos entre Mães Adolescentes Fonte: DATASUS Ministério da Saúde. Ainda com relação à demanda por serviços de saúde, dada a evolução da cobertura de planos de saúde privados nesta década e projetando o cenário para 2020, observa-se que esta cobertura chegará a 63,8% para a faixa etária entre 25 e 29 anos. Assim, a população jovem do Estado de São Paulo apresentará uma cobertura de planos privados de saúde de no mínimo 50% aproximadamente em

98 Gráfico Projeção da Cobertura de Planos Privados de Saúde para 2020 Fonte: Elaboração própria com base em Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Analisando-se o outro lado do mercado de saúde, observam-se algumas tendências com relação à oferta de serviços de saúde, no que tange ao âmbito dos estabelecimentos e profissionais do setor. A respeito da distribuição de estabelecimentos de saúde, percebe-se uma pequena queda na participação de hospitais entre o total de estabelecimentos, ainda que em números absolutos haja aumento do número de hospitais no Estado de São Paulo. Por outro lado, nota-se um aumento da participação de consultórios isolados, principalmente privados, na distribuição de estabelecimentos. Entretanto, vale destacar que nesta comparação se considera no mesmo total de estabelecimentos, hospitais, que possuem um maior porte, com consultórios, que geralmente são de pequeno porte. Assim, tal tendência, além de outros pontos, reflete o baixo custo de expansão de consultórios e o elevado custo de construção de hospitais, que abrangem uma gama elevada de especializações. 92

99 Tabela Estabelecimentos de Saúde no Estado de São Paulo Tipo de Estabelecimento Hospitais Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde Clinica Especializada/Ambulatório Especializado Consultório Isolado Policlínica Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia Demais Estabelecimentos TOTAL Fonte: DATASUS - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Tal movimento de expansão das unidades ambulatoriais e de redução dos hospitais pode, por um lado, sinalizar tendências mais gerais da desospitalização da assistência, mas também parece refletir a parcimônia dos investimentos realizados para a ampliação e a adequação da rede às necessidades assistenciais. Gráfico Tendência de Distribuição de Estabelecimentos em ,0% 1,1% 5,0% 8,5% 10,1% 13,6% Hospitais 63,3% 73,7% Centro de Saude/Unidade Básica de Saúde Clinica Especializada/Ambulatório Especializado Consultório Isolado Policlínica Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia 2,5% 1,9% 6,3% 3,8% 3,8% 4,3% Demais Estabelecimentos Fonte: Elaboração própria com base no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). 93

100 Quando se analisa a oferta de profissionais de saúde no setor, pode-se enfatizar a leve tendência de aumento da participação de profissionais de nível superior, cuja causa talvez esteja correlacionada com a forte expansão dos cursos de nível superior no Estado de São Paulo e no País. Em compensação, há uma tendência de redução da participação de profissionais de nível técnico no total do quadro de pessoal do setor de saúde no Estado. Vale ainda citar que, com base nos últimos anos, observa-se um forte aumento na participação de pessoal administrativo, sendo tal tendência refletida no ano de Tabela Profissionais de Saúde no Estado de São Paulo Profissionais Pessoal de Saúde - Nível Superior Pessoal de Saúde - Nível Técnico Técnico/Auxiliar Pessoal de Saúde - Qualificação Elementar Pessoal Administrativo Total Fonte: DATASUS - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Com estas tendências, passa a haver uma predominância de profissionais de saúde mais qualificados, com aumento da participação de pessoal com nível superior, chegando a 45,1% em

101 Gráfico Tendência de Distribuição de Profissionais em ,7% 45,1% Pessoal de Saúde - Nível Superior Pessoal de Saúde - Nível Técnico Técnico/Auxiliar 38,5% 9,0% 9,8% 30,2% 7,0% 17,7% Pessoal de Saúde - Qualificação Elementar Pessoal Administrativo Fonte: Elaboração própria com base no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Por fim, pode-se mencionar que, dadas demanda e oferta do setor de saúde no Estado de São Paulo, não fica clara nenhuma tendência de variações desproporcionais entre estes dois lados do setor. Todas as projeções aqui apresentadas mostram, na verdade, a evolução do setor de saúde frente ao cenário atual da população, refletindo as tendências observadas nos últimos anos CONCLUSÃO O novo cenário socioeconômico brasileiro, com melhoria no acesso aos serviços de saúde e saneamento, e aumento da escolaridade, vem influenciando sensivelmente a qualidade de vida dos jovens. A redução dos níveis de mortalidade infantojuvenil e o aumento de 95

102 longevidade da população têm impacto sobre os sistemas de saúde, educação e previdência social, dentre outros. Este cenário traz grandes desafios ao Estado, principalmente no que tange as políticas públicas destinadas à juventude. Sendo a transição entre a infância e a vida adulta, a adolescência caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto. Assim, o jovem está inserido num contexto dinâmico de transformações e o atendimento de suas necessidades com relação à saúde envolve uma gama complexa de dimensões. Este capítulo buscou abordar as principais dimensões que caracterizam o cenário atual ao qual o jovem pertence. Foram abordadas questões sobre nutrição, obesidade, consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas, e saúde sexual e reprodutiva. Com este cenário construído, foi então composta a demanda por serviços de saúde no que tange as características de mortalidade e morbidade hospitalar, e consequentemente, em seguida, a oferta de serviços para atender esta demanda foi caracterizada, abrangendo a composição de estabelecimentos e profissionais de saúde. Por fim, dada a apresentação da população jovem paulista, sua demanda por serviços de saúde e a oferta destes serviços, foi construído o cenário futuro para o ano de 2020 com relação as mencionadas demanda e oferta do sistema de saúde com foco neste público. Dentre os resultados apresentados se destacam os seguintes. O aumento da proporção de pessoas obesas na população também é observado entre os jovens. Entre as pessoas de 10 a 20 anos, aproximadamente 37% dos homens e 17% das mulheres apresentam quadro de sobrepeso. Isto em parte se deve por padrões alimentares não saudáveis, como por exemplo, o fato de que por volta de 55% dos homens e 30% das mulheres entre 18 e 24 anos consomem com rotina carne com excesso de gordura. Além disso, basicamente metade dos jovens não pratica exercícios físicos e apenas 12% praticam um volume considerado suficiente de atividade física. Com isso, fica clara a tendência a uma alimentação não 96

103 saudável conciliada com um padrão de sedentarismo. Tal quadro contribui para o surgimento de doenças na vida adulta como as relacionadas ao sistema circulatório. O segundo tópico abordado foi o consumo de bebidas alcoólicas, fumo e drogas ilícitas, em que alguns fatos foram evidenciados. Com relação ao consumo de bebidas alcoólicas, 29% dos jovens estudantes do nono ano do ensino fundamental tinham consumido álcool nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa em 2009, e 21% declararam já terem experimentado algum episódio de embriaguez. Vale ressaltar que tal pesquisa abrange jovens com idade por volta dos anos em sua maioria, e os fatos constatados vem de encontro com a legislação brasileira que proíbe a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos de idade. Analisando-se o hábito de fumar, constata-se que quase 80% das pessoas fumantes e ex-fumantes iniciaram tal hábito antes dos 20 anos de idade, e aproximadamente 30% dos jovens entre 18 e 24 anos são fumantes. Já quanto ao uso de drogas ilícitas, observa-se que 10% dos estudantes do nono ano do ensino fundamental já usaram alguma droga ilícita. Além disso, considerando as internações no SUS por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas psicoativas (exclusive álcool), percebe-se que, em 2009, 57% envolveram jovens de 10 a 29 anos de idade. Com relação ao terceiro tópico, nota-se uma tendência de iniciação sexual cada vez mais cedo, com quase 30% dos estudantes por volta de anos de idade declarando que já tiveram relação sexual. No entanto, 20% deste grupo declarou não ter usado preservativo no último relacionamento sexual. Tal comportamento de risco pode ter várias consequências como, por exemplo, o fato de 7% das mulheres que tiveram filhos nascidos vivos tinham menos de 18 anos de idade. Vale ressaltar que a tendência de gestantes adolescentes é de queda nos últimos anos. Isto em parte está correlacionado com o esforço de conscientização e educação sexual. Estudos apontam que o jovem paulista está cada vez mais informado sobre sexualidade, prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis (DST). Constata-se também que apesar das DST se apresentarem proporcionalmente cada vez mais em jovens, há um declínio da taxa de incidência de AIDS entre os jovens. 97

104 Dado estas características e tendências da população jovem paulista, ao se analisar a demanda deste grupo por serviços de saúde, observa-se que 75% dos óbitos concentram-se nas seguintes causas: Algumas doenças infecciosas e parasitárias; Neoplasias (tumores); Doenças dos aparelhos circulatório e respiratório; e Lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas. Entretanto, quando se analisa a demanda por internações no sistema público hospitalar, constata-se que apenas 20% das internações se devem a este grupo citado de doenças, e que mais de 50% das internações estão relacionadas com gravidez, parto e puerpério. Com relação à demanda por planos de saúde privados, nota-se um aumento da cobertura dos planos com assistência médica, chegando a praticamente 50% para a faixa etária de 25 a 29 anos. Por outro lado, a oferta de serviços de saúde com foco nos estabelecimentos mostra que 63% são consultórios isolados e 2% são hospitais. Obviamente, tal comparação deve considerar que enquanto um consultório envolve pouquíssimas especializações, um hospital abrange uma enorme gama de especialistas em diversas áreas de saúde. Focando-se nos recursos humanos desta oferta, tem-se que 43% possuem nível superior e 36% nível técnico. Além disso, quase 80% dos profissionais atendem pelo SUS. Por fim, com o cenário atual da população jovem do Estado de São Paulo, sua demanda por serviços de saúde e a oferta do setor, foram apresentadas as projeções para o ano de 2020, destacando-se os seguintes pontos. Há uma suave tendência de aumento da participação de óbitos de algumas doenças, como Algumas doenças infecciosas e parasitárias e Neoplasias (tumores), e redução da participação relativa de Causas externas de morbidade e mortalidade. Do ponto de vista das internações no SUS, observa-se, há tendência de aumento em Transtornos mentais e comportamentais, Doenças do aparelho respiratório, Doenças do aparelho digestivo e Lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas, tendência de redução nas internações por Gravidez parto e puerpério. Além disso, pôde-se concluir que em 2020 a cobertura de planos privados de saúde será de pelo menos 50% aproximadamente entre a população jovem do 98

105 Estado de São Paulo, destacando-se a cobertura de 64% para a faixa etária entre 25 e 29 anos. Assim concluímos as análises e projeções, caracterizando a população jovem paulista, apresentando as perspectivas para 2020 e visando contribuir para o debate sobre políticas públicas de saúde no Estado de São Paulo. 99

106 5. EDUCAÇÃO A educação da população é um pilar essencial para o desenvolvimento sustentável de uma nação. Neste contexto, é essencial que todos os cidadãos tenham acesso ao ensino básico com uma qualidade adequada. É também desejável que uma fração dos jovens tenha acesso ao ensino superior ou equivalente (ensino técnico). Além de instrumento de avanço econômico e social, a educação deve ser um instrumento de equalização de oportunidades. Segundo dados do IBGE a taxa de analfabetismo (número de analfabetos em relação à população) para a população acima de 15 anos, tanto no Brasil quanto em São Paulo, vem declinando ao longo dos anos. Esta queda foi acentuada nas décadas de 70 e 90. A leitura do gráfico abaixo mostra que desde 1997 a taxa continua caindo, mas de forma moderada. Quando comparamos São Paulo com o Brasil verificamos que o Estado apresenta aproximadamente a metade da taxa de analfabetismo do Brasil, 4,7 e 10, respectivamente. Gráfico Taxa de analfabetismo da população Fonte: PNAD. Com esta fotografia em mente, nosso objetivo neste capítulo é apresentar um retrato do ensino no Estado de São Paulo, e projeções sobre seu comportamento nos próximos dez 100

107 anos. Para tal exercício utilizaremos dados disponíveis no MEC/INEP como Censo Escolar, resultado das provas do SAEB e Prova Brasil. Além destes utilizaremos dados da PNAD, disponibilizados pelo IBGE. No tocante à educação básica que compreende a educação fundamental e o ensino médio observamos um crescimento das taxas de matrícula a partir de meados da década de Tal movimento promoveu a quase universalização do ensino fundamental, com taxas líquidas próximas de 100%, mas o mesmo não ocorreu para o ensino médio. Concomitantemente, e também como resultado da democratização do ensino, que trouxe para o ambiente escolar jovens em situação social menos privilegiada, observou-se uma queda ou, em alguns casos, estagnação dos indicadores de qualidade do aprendizado. Outro problema a ser investigado diz respeito à evasão escolar na educação básica, principalmente no ensino médio. No ensino fundamental a evasão é muito baixa dado que a Taxa Líquida de Matrículas está no patamar acima de 90%. Já para o ensino médio a taxa é inferior, perto dos 70%. Ao mesmo tempo, que observamos estes entraves na educação básica, aumentou a taxa de acesso dos jovens no ensino superior. Esta taxa permaneceu baixa ao longo da maior parte do período, em uma taxa inferior ao de outros países desenvolvidos. Tal comportamento alterou-se dramaticamente desde 2007, quando observamos um crescimento vertiginoso nas taxas de matrícula do ensino superior, provável dos programas governamentais para promover o acesso à educação universitária. Finalmente, educação de jovens e adultos, assim como o ensino técnico, são opções ainda pouco significantes quantitativamente para o público jovem, embora as tendências mais recentes apontem para o seu crescimento ENSINO FUNDAMENTAL O Ensino fundamental corresponde à primeira fase da formação dos jovens, e inicia-se entre os seis e os sete anos. Até 2008, esta etapa compreendia oito anos da primeira à oitava série, quando o jovem completaria 15 anos e progrediria para o ensino médio. A 101

108 partir de 2009, adicionou-se um ano ao ensino fundamental, que passa a ter nove anos de duração. Na sistemática atual, os jovens passam a frequentar o ensino fundamental a partir dos seis anos de idade, na classe de alfabetização. Um grande esforço foi realizado a partir de meados dos anos noventa para ampliar o acesso dos jovens ao ensino fundamental. A evasão nos primeiros anos colocava-se tradicionalmente como um desafio para o aumento da escolaridade no Brasil. Dentre as diversas políticas criadas neste período para fazer frente ao problema, podemos destacar três: Aumento significativo nos recursos destinados à educação fundamental; Maior incentivo para o engajamento dos entes federativos (estados e municípios) para a atração e manutenção dos jovens no ensino fundamental, com a criação do FUNDEF (Fundo de Desenvolvimento da Educação Fundamental), substituído pelo FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica); e Condicionamento da frequência dos jovens à escola nos programas federais de transferência de renda, como o então Bolsa Escola, mais tarde substituído pelo Bolsa Família. O primeiro elemento decorre da crescente consciência sobre a importância da educação, que deflagrou inclusive um movimento de vinculação de despesas com educação na Constituição Federal. A década de 1990 também testemunhou o processo de municipalização da educação no Estado de São Paulo, e o FUNDEF criou um mecanismo de transferências federais para estados e municípios cujos montantes eram proporcionais ao número de alunos matriculados no ensino fundamental. Portanto, criou-se um incentivo para que estados e municípios buscassem matricular e manter as crianças e os jovens no ensino fundamental. Uma medida utilizada no Estado de São Paulo foi a progressão continuada, pela qual os alunos são retidos somente no final dos ciclos (quarta e oitava séries do ensino fundamental, e terceiro ano do ensino médio). Esta mudança foi praticada em grande medida com o entendimento de que a reprovação frequente nos anos iniciais terminava por desalentar os alunos, levando ao abandono da escola. Ainda não há estudo 102

109 que tenha mensurado de forma convincente os efeitos desta política. Finalmente, os programas federais de transferência de renda, ao serem condicionados à frequência escolar, estimularam as famílias a manter seus filhos na escola. Como resultado deste esforço para manter o aluno do ensino fundamental em classe, o Estado de São Paulo presenciou a universalização do ensino fundamental. A Taxa Líquida de Matrícula (número de pessoas em uma determinada faixa etária que frequenta escola na série adequada em relação ao total de pessoas da mesma faixa etária) está acima dos 90%. Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, a taxa de escolarização, que já se encontrava elevada em 1999, eleva-se ainda mais ao longo da década seguinte, e espera-se que a cobertura aumente ainda mais, levando o Brasil à universalização do ensino fundamental nos próximos dez anos. Neste sentido, pode-se dizer que o problema quantitativo do ensino fundamental já tenha sido resolvido. Gráfico Taxa Líquida de Matrícula Ensino Fundamental 7 aos 14 anos Fonte: PNAD. Uma consequência deste processo de aumento da cobertura é a queda na proficiência média do alunado. Com o aprofundamento da universalização, passam a frequentar a escola alunos com condições sócio-econômicas menos favorecidas, e com maiores dificuldades de aprendizado. Este processo por si só já poderia levar à queda da proficiência apresentada 103

110 pelos alunos nos testes padronizados. A partir de 1995, quando foi realizada a primeira edição das provas padronizadas de proficiência no âmbito do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), observamos uma queda no nível de proficiência, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática. A partir de 2007, o exame do SAEB é substituído pela Prova Brasil, similar ao SAEB, mas realizada em caráter censitário. Gráfico SAEB e Prova Brasil Matemática 4 a. série Fonte: MEC/INEP. 104

111 Gráfico SAEB e Prova Brasil Língua Portuguesa 4 a. Série Fonte: MEC/INEP A queda nos indicadores de proficiência perdura até aproximadamente o ano de 2001, quando os mesmos se estabilizam. Embora os alunos no Estado de São Paulo demonstrem um nível de aprendizado superior ao do restante do Brasil, a proficiência acompanha o comportamento e as variações do indicador em nível nacional. Este comportamento de estagnação dos níveis de proficiência aponta para os desafios qualitativos que devem ser enfrentados pelas políticas educacionais no Brasil. Embora os problemas quantitativos no ensino fundamental já tenham sido equacionados, resta melhorar a qualidade da educação oferecida aos alunos, de forma a elevar o aprendizado dos conteúdos. 105

112 Gráfico Projeção do desempenho em Língua Portuguesa 4ª Série 8 Fonte: MEC/INEP Projeção: elaboração própria. Gráfico Projeção do desempenho em Matemática 4ª Série Fonte: MEC/INEP Projeção: elaboração própria 8 As projeções de desempenho são realizadas para o ano de 2021 porque as provas são bianuais. 106

113 271 Gráfico 5.7 SAEB e Prova Brasil Língua Portuguesa 8ª. série Língua Portuguesa SP Língua Portuguesa BR Fonte: MEC/INEP 270 Gráfico SAEB e Prova Brasil Matemática 8 a. série Matemática SP Matemática BR Fonte: MEC/INEP 107

114 Gráfico SAEB e Prova Brasil Matemática 8 a. Série Fonte: MEC/INEP Projeção: elaboração própria Gráfico SAEB e Prova Brasil Língua Portuguesa 8 a. Série Fonte: MEC/INEP Projeção: elaboração própria. 108

115 5.2. ENSINO MÉDIO A segunda etapa do ensino básico o ensino médio apresenta desafios ainda maiores, tanto em termos de qualidade quanto em termos de maior cobertura e permanência do aluno na escola. Em primeiro lugar, a taxa de crescimento da cobertura do ensino médio não apresentou um crescimento tão robusto quanto o equivalente para o ensino fundamental. E nos últimos anos, a taxa apresenta-se quase estagnada, com um crescimento imperceptível. Tal comportamento causa preocupação junto aos gestores públicos, pois além da importância do ensino médio per se, este é um estágio anterior, mas necessário, para o ensino superior, e para a formação de mão-de-obra mais qualificada. De modo diferente do que ocorreu na educação fundamental, a universalização do acesso ao ensino médio no sistema educacional tanto em São Paulo quanto no restante do Brasil está longe de ser atingida. Com taxa de matrículas estagnada nos últimos anos na casa de 1 milhão de alunos no Estado, o ciclo escolar enfrenta alto índice de evasão. Este fenômeno é difícil de ser corrigido, segundo Carlos Artexes, diretor do Ministério da Educação (MEC). 109

116 Gráfico Taxa líquida de Matrícula Ensino Médio 15 aos 17 anos Fonte: PNAD No Brasil o ensino médio também encontra-se estagnado com taxas de matrículas na casa dos 10 milhões de alunos. A taxa líquida de matrícula atual do ensino médio em nível nacional encontra-se no patamar de 50% para os jovens de 15 a 17 anos. Especialistas em educação ainda discordam sobre as razões para tal comportamento. Por um lado, o jovem que tem entre 15 e 17 anos, que deveria estar idealmente no ensino médio, já apresenta uma possibilidade de ganho no mercado de trabalho informal. Por outro lado, a percepção de baixa qualidade das escolas públicas de ensino médio deve reduzir o ganho esperado de continuar na escola, e concluir a escolarização básica. A associação destes dois fatores aponta sem ambiguidades para uma taxa de transição entre o ensino fundamental e o médio relativamente baixa, e para a ocorrência de muitos casos de abandono durante o ensino médio. Na avaliação de Carlos Artexes, diretor do Ministério da Educação (MEC), a taxa líquida de matrícula atual do ensino médio, para jovens de 15 a 17 anos, alcançou um esgotamento. Uma das explicações para esse esgotamento é a decisão do próprio jovem. Ele está construindo sua autonomia e estar ou não na escola depende cada vez mais dele e menos da posição dos pais. 110

117 Esta estagnação nas taxas de matrículas do ensino médio, tanto no Brasil quanto no Estado de São Paulo, é em parte causada pela evasão escolar. Dados do Censo Escolar revelam que as taxas de abandono, tanto do 1º ano quanto do 2º ano do ensino médio, estão em declínio ao longo dos anos. Uma possível explicação para este padrão é a forma de computar abandono, que acaba incluindo na repetência do aluno que faltou assiduamente e abandonou a escola. Pode-ser dizer que a taxa de abandono está subestimada, pois quando consideramos estes dois dados conjuntamente o percentual é bem maior. O percentual efetivo da taxa de evasão dentro da série deve encontrar-se em um intervalo entre as curvas de abandono e abandono mais reprovação. A leitura do gráfico abaixo revela que o percentual de abandono para o 1º ano do ensino médio a partir de 2004 encontra-se na faixa entre 5% e 10%, enquanto o percentual de abandono mais reprovação está entre 25% e 30%. O percentual efetivo da taxa de evasão dentro da série deve encontrar-se em um intervalo entre as curvas de abandono e abandono mais reprovação. Este mesmo exercício é válido para o 2º ano. Gráfico Abandono e Reprovação no Ensino Médio no Estado de São Paulo Fonte: MEC/INEP. A evasão dos aprovados no ensino médio no ano para o Estado de São Paulo, é de 8.5% (isso que dizer que 8.5% dos jovens que terminaram o ensino fundamental não ingressaram no ensino médio). Em Fernandes (2008), a taxa de evasão dos aprovados para 111

118 o Brasil em 2005 era de 10%, superior à média apresentada pelo Estado nos anos posteriores. Com estes índices de evasão no ensino médio é importante investigarmos a razão pela qual os estudantes desta modalidade de ensino estão abandonando a escola. O suplemento especial da PNAD de 2004 apresenta as razões que levam o aluno do ensino médio a abandonar seus estudos. O principal problema para justificar os índices de evasão é a falta de interesse, 44% dos alunos abandonam seus estudos porque a escola não é atrativa. Wanda Engel enfatiza que é necessário tornar o curriculum do ensino médio mais atrativo, pois está defasado. Segundo estudo realizado por Neri 9, a evasão do ensino médio é um problema intrínseco. Já está enraizado. Para que o aluno volte às salas de aulas permanentemente a escola tem que ser atrativa, parecer boa aos olhos dos alunos. 9 Entrevista concedida ao Jornal Estadão em 04/07/2010 ( 112

119 Gráfico Razões da evasão escolar dos jovens do ensino médio 2% 17% 35% 2% Afazeres domésticos, trabalhar ou procurar emprego Sem escola perto de casa, falta vaga ou transporte escolar Faltava dinheiro para se manter na escola Não quis comparecer (com incentivo dos pais) Outros 44% Fonte: PNAD Há um paradigma econômico neste comportamento do estudante. Dados da PNAD de 2008 revelam que os indivíduos que não concluíram o ensino médio no Estado de São Paulo têm, em média, 31% de chance de ser empregado. Para os que possuem o ensino médio este percentual salta para 74%. Para o Brasil estes percentuais são de 68% e 78%, respectivamente. A média salarial dos que possuem menos que o ensino médio é de R$ 617 contra R$ 850 para os que possuem o ensino médio completo. O fato do mercado de trabalho discriminar o trabalhador via escolaridade, não serve como motivação para que o jovem não abandone o ensino médio. Parte desta desmotivação deve-se à tentativa frustrada de ensinar um pouco de tudo no ensino médio (Neri, 2010). Em termos de qualidade, os indicadores do ensino médio também apontam para deficiências de aprendizado. Segundo dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2009, 29,5% alunos do 3º ano do ensino médio da rede pública estadual no Estado de São Paulo apresentavam proficiência abaixo do básico em Língua Portuguesa, e 58,3% em Matemática. A despeito do avanço contínuo 113

120 destes indicadores ao longo dos anos, os mesmos ainda se encontram em patamares baixos, o que pode implicar na qualidade do ensino no ensino superior ENSINO SUPERIOR O ensino superior também se alterou no Brasil nos últimos 15 anos, com um aumento significativo na taxa de matrículas e na fração de jovens que estão cursando ou já concluíram pelo menos um curso superior. O gráfico a seguir aponta, para cada idade no Brasil, a porcentagem de jovens que não concluiu qualquer curso superior, mas está cursando o mesmo. Ou seja, trata-se de jovens cursando seu primeiro curso superior. Observa-se claramente o deslocamento para cima da curva ao longo do tempo. Por exemplo, no período temos menos de 15% dos jovens de 21 anos matriculados no ensino superior. Tal magnitude salta para pouco menos de 25% em O mesmo é verdade para outras faixas de idade. Gráfico Alunos do ensino superior em São Paulo, por idade Fonte: PNAD. O Estado de São Paulo sempre esteve à frente do Brasil quando consideramos a porcentagem de jovens entre 20 e 22 anos matriculados no ensino superior, e a tendência 114

121 aponta para o crescimento da cobertura do ensino superior tanto em São Paulo quanto no restante do Brasil. Gráfico Porcentagem da população entre 20 e 22 anos matriculada no ensino superior em São Paulo Fonte: PNAD. A permanecer a tendência de crescimento no ensino superior, projeta-se um crescimento acentuado na fração de jovens entre 25 e 29 anos que já concluiu o mesmo. E, a julgar pelo crescimento das matrículas dos últimos dois anos, esta tendência pode até se aprofundar, gradualmente aproximando neste quesito o Estado de São Paulo, e o Brasil aos países mais desenvolvidos. 115

122 Gráfico Porcentagem da população entre 25 e 29 anos que concluiu o ensino superior em São Paulo Fonte: PNAD. A crescente demanda pelo ensino superior coloca mais importância em políticas para aumentar o aprendizado ao longo da educação básica, de forma a fornecer ao ensino superior alunos mais preparados para os desafios daquele estágio da formação. Infelizmente, não existem medidas robustas da qualidade do ensino superior que sejam comparáveis ao longo do tempo para que se possa acompanhar a evolução do mesmo EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS POR SEGMENTO O programa especial criado pelo Ministério da Educação para alfabetizar jovens e adultos EJA destina-se àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. A idade mínima para participar do programa é 15 anos. Isso traz uma consequência grave. Dado que a escola não é atrativa para muitos jovens há uma tendência que eles, ainda muito jovens, migrem para este programa completando a série mais rápido. Observando isso, o MEC determinou e o CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou, para 2013, a idade mínima para ingressar nesta modalidade de ensino passa de 15 apara 18 anos. 116

123 A leitura da tabela abaixo revela que, considerando todos os níveis, há um crescimento significativo no período 1997 a O número de matrículas passou de para , o que representa um crescimento de 68%. A partir de 2007 este número começa a cair, mas, mesmo assim a proporção de matrículas ainda é bastante significativa (aproximadamente ). Como a idade mínima para a frequência destes cursos é de 15 anos, parte dos alunos que abandonam o ensino médio se transferem para este curso. Tabela Matrículas no EJA Ano Fundamental Médio Total , Fonte: MEC/INEP. 117

124 5.5. ENSINO PROFISSIONAL TÉCNICO Os cursos profissionalizantes são voltados à qualificação que prepara profissionais para suprir a demanda do mercado. Estes cursos são destinados tanto para estudantes quanto para profissionais que buscam ampliar as suas qualificações. Países diferem em seus sistema de ensino técnico. No modelo americano, após a conclusão do ensino médio, o jovem tem duas opções de continuidade da sua formação antes de entrar no mercado de trabalho: ensino superior ou Community College. Neste último o aluno se especializa em sua área de interesse e vai para o mercado de trabalho com um ofício determinado. No modelo europeu, após o término do ensino fundamental, o jovem segue dois caminhos: entra no ensino médio não vocacional e depois para o ensino superior vocacional ou entra para o ensino médio profissionalizante e depois segue para o mercado de trabalho. O modelo brasileiro de ensino profissionalizante é parecido ao modelo europeu, mas com deficiências no ensino médio profissionalizante. A maior parte dos alunos no ensino médio no Brasil cursam ensino médio não vocacional ou não profissionalizante. O Brasil precisa criar um modelo próprio de educação profissional (Fernandes, 2010). Em 2009, o Estado de São Paulo tinha aproximadamente 314 mil alunos. Destes, 79% estavam na faixa dos 15 aos 29 anos. Entre 2008 e 2009 houve um crescimento de 6% no número de matriculados no ensino profissionalizante. No gráfico abaixo, observa-se que o número de jovens na faixa etária dos 18 aos 19 anos era de aproximadamente 60 mil em 2001 e 2002, este número cai e fica estacionado até 2008 quando volta a crescer. 118

125 Gráfico Ensino Médio Profissionalizante - Técnico De 15 a 17 anos De 18 a 19 anos De 20 a 24 anos De 25 a 29 anos Fonte: MEC/INEP CENÁRIO PARA 2020 Com a universalização do ensino fundamental, a discussão está concentrada na questão da qualidade. Projeções realizadas, com dados disponibilizados pelo MEC/INEP, revelam estabilidade na qualidade do ensino. A melhoria desta tendência está diretamente correlacionada com políticas de qualidade e estrutura curricular. Já para o ensino médio, cuja taxa de matrícula está estagnada, a projeção para 2020 mostra crescimento moderado. Este comportamento é, também, observado quando analisamos a qualidade do ensino. Políticas direcionadas à melhoria da qualidade e expansão do sistema existente podem suavizar esta tendência. A facilidade do acesso ao ensino superior, somada à política de incentivo do governo federal (ENEM e PROUNI), mostra eficácia no acesso dos jovens ao ensino superior. Em 2008, 23% da população do estado frequentavam o ensino superior. Este número sobe para 36% em 2020, mostrando um aumento robusto nesta categoria. 119

126 A educação profissional volta a mostrar uma tendência de aumento no número de jovens matriculados, mas, ainda assim, é necessária uma mudança no formato e no conteúdo ensinado para tornar esta modalidade mais atrativa. A escolarização está correlacionada diretamente com mercado de trabalho. Pessoas mais qualificadas tendem a ingressar no mercado formal, obter melhor remuneração, e trabalhar menos horas. 120

127 6. TRABALHO E RENDA Um dos aspectos mais importantes da vida do cidadão refere-se ao seu posicionamento no mercado de trabalho. Para os indivíduos jovens, estas variáveis têm uma importância ainda mais destacada, pois os mesmos se encontram no início da vida produtiva, e choques adversos neste estágio podem ter consequências duradouras, perpetuando-se por todo o ciclo de vida. Este capítulo tem o objetivo de analisar o comportamento das variáveis renda e trabalho na população jovem no Estado de São Paulo. Iniciaremos nossa análise fazendo uma fotografia do mercado de trabalho e da renda dos jovens no Estado de São Paulo. Para acompanhar o desempenho da estrutura ocupacional do emprego dos jovens, este trabalho utiliza os dados administrativos contidos nos registros da RAIS 10. Para analisar a evolução da renda e do trabalho utilizamos dados extraídos da PNAD, a partir do ano de 1998 até No ano em que é realizado o censo não são coletados os dados da PNAD, como é o caso do ano de Usamos como base de dados a PNAD porque é uma pesquisa divulgada anualmente e com cobertura nacional, incluindo o interior dos estados de todo o Brasil. Esta pesquisa é realizada pelo IBGE, que além de possuir cobertura nacional apresenta uma metodologia inalterada desde Além disso, a PNAD apresenta, em caráter permanente, características de demografia, educação, trabalho e rendimento, entre outras. Isso faz com que a pesquisa propicie a investigação de diversos aspectos estruturais do mercado de trabalho de forma abrangente incluindo a informalidade. Portanto, a reunião de todos 10 Relação Anual de Informações Sociais - RAIS. As informações contidas neste banco de dados são fornecidas anualmente por todos os estabelecimentos (públicos e privados) operando no país e incluem uma grande quantidade de informações sobre o perfil sócio-econômico dos respectivos empregados. 121

128 estes atributos faz com que a PNAD seja a pesquisa mais adequada para embasar a análise do desempenho do mercado de trabalho no período recente. De posse desta ferramenta, analisaremos o comportamento das variáveis do mercado de trabalho no período atual, bem como seu passado. Em seguida passaremos para a seção cujo objetivo será projetar tendências no mercado de trabalho para os jovens, a partir do exame de dados retrospectivos, contidos nas PNAD s desde Serão analisadas tanto as variáveis referentes a quantidades horas de trabalho usuais, busca por emprego, setores de concentração quanto salário salário-hora. Além disso, avaliaremos os jovens que se encontram no trabalho formal, sua taxa de desemprego e suas características empreendedoras OCUPAÇÕES E SALÁRIOS DOS JOVENS O salário médio dos jovens, no Estado de São Paulo, de 17 a 29 anos aumentou, em média, 10% entre 2008 e 2007 (Tabela 6.1), de acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério do Emprego e Trabalho. Em 2007, o jovem paulista recebia salário médio de R$ Em 2008 este montante passou para R$ O aumento do ganho salarial está atrelado ao maior nível educacional. Entre 2008 e 2007 ocorreu um incremento significativo na escolaridade destes jovens. Houve variação de 13% no número de jovens que concluíram a educação superior contra 7% daqueles com ensino médio completo. Este aumento na escolaridade explica o aumento na renda. 122

129 Tabela Variação da Escolaridade dos Jovens até 29 anos Escolaridade Variação Analfabeto 6,667 5,939-11% Até o 5ª ano Incompleto do Ensino Fundamental 61,897 57,188-8% 5ª ano Completo do Ensino Fundamental 117, ,877-8% Do 6ª ao 9ª ano Incompleto do Ensino Fundamental 228, ,492-6% Ensino Fundamental Completo 511, ,754-3% Ensino Médio Incompleto 482, ,925 2% Ensino Médio Completo 2,170,338 2,324,572 7% Educação Superior Incompleta 277, ,358 9% Educação Superior Completa 403, ,267 13% Mestrado Completo 2,225 3,275 47% Doutorado Completo % Fonte: RAIS. Ainda, dados extraídos da RAIS de 2008, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, revelam que 46% dos jovens na faixa etária até 17 anos estão alocados no setor de serviços e 35% no setor de comércio. Isso mostra a desindustrialização no emprego. Dentre estes jovens, 62% possuem o ensino médio incompleto contra 19% que completaram esta etapa (Tabela 6.2). A remuneração dos que possuem a escolaridade completa é de R$ 541 contra R$ 462 daqueles com ensino médio incompleto. Maior escolaridade implica em maior salário, um incremento de 11% superior à média do setor que era de R$ 486. Tabela Grau de instrução dos jovens até 29 anos Escolaridade até a a 29 Até o 5ª ano Incompleto do Ensino Fundamental 0% 1% 1% 5ª ano Completo do Ensino Fundamental 1% 2% 3% Do 6ª ao 9ª ano Incompleto do Ensino Fundamental 5% 4% 5% Ensino Fundamental Completo 11% 11% 11% Ensino Médio Incompleto 62% 12% 7% Ensino Médio Completo 19% 57% 49% Educação Superior Incompleta 0% 7% 7% Educação Superior Completa 0% 5% 16% Total 100% 100% 100% Fonte: RAIS. No setor de serviços, 45% destes jovens desempenham a função de assistente administrativo com uma remuneração média de R$ 393. A segunda ocupação de maior 123

130 frequência é a de garçom, barmen, copeiro e sommeliers cuja remuneração é de R$ 400. Ambas as ocupações apresentam salário médio inferior à média do setor. Já no setor de comércio, a ocupação de maior destaque é a de operadores do comércio em lojas e mercados. Esta família ocupacional absorve 33% dos trabalhadores na faixa de até 17 anos. A média salarial destes jovens era de R$ 567, superior à média do setor (conforme observado na tabela 6.3). Setor Tabela Alocação por setor e salários de trabalhadores jovens Número de Emp. Até 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos (%) do total Salário Número de Emp. (%) do total Salário Número de Emp. (%) do total Salário Indústria Const. Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Fonte: RAIS. Segundo a RAIS 2008, existiam mil trabalhadores entre 18 a 24 anos. Assim, como a camada mais jovem dos trabalhadores mais jovens, a demanda por estes trabalhadores é maior em dois setores: serviços e comércio. No primeiro estão concentrados 40% dos trabalhadores enquanto o segundo aloca 29%. Quando analisamos a escolaridade destes jovens, os dados da RAIS revelam que 57% possuem o ensino médio completo, contra 12% com ensino médio incompleto e 11% com o fundamental completo. Os jovens com maior escolaridade possuem um salário 10% superior àqueles que não concluíram ou possuem somente o ensino fundamental. Para este intervalo de idade, a média salarial para os setores de serviços e comércio é de R$ 852 e R$ 767, respectivamente. Estes valores são inferiores à média do total de trabalhadores alocados na faixa dos 18 aos 24 anos, R$ 856. A ocupação de maior demanda no setor de serviços, representando 11% do total das ocupações, é a de Escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos 124

131 cuja remuneração média é de R$ 843. Em seguida aparecem os Operadores de telemarketing com salário médio de R$ 589. No setor de comércio a ocupação Operadores do comércio em lojas e mercados absorve 34% do total da mão-de-obra do setor, cujo salário médio é de R$ 746, inferior à média do setor que é de R$ 767. Existem mil trabalhadores no intervalo de idade dos 25 aos 29 anos. Destes, 49% possuem ensino médio completo e 16% apresentam educação superior completa. Uma grande parcela destes trabalhadores está alocada no setor de serviços, 46%, e na indústria, 25%. O salário médio destes trabalhadores no primeiro setor é de R$ 1.357, valor este inferior ao da indústria que é de R$ No setor de serviços a ocupação de maior evidência é a de Escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos, com 13% do total das ocupações. O salário de mercado destes jovens é de R$ 1.207, inferior ao do setor que é de R$ Já na indústria, a ocupação de maior demanda é a de Alimentadores de linhas de produção, 10% do total das ocupações. O salário pago a estes trabalhadores é de, em média, R$ 954, 34% inferior ao oferecido pelo setor (R$ 1.456) EVOLUÇÃO E PROJEÇÃO DA RENDA E TRABALHO Um dos aspectos que merecem a nossa atenção é a análise do mercado de trabalho formal dos jovens no Estado de São Paulo. Para isso, definimos como trabalhador formal aquele que possui carteira assinada. O restante destes jovens é denominado informal. Analisando os dados da PNAD de 2008, 66% dos jovens do território nacional possuem carteira assinada enquanto o restante, 44%, se encontram na informalidade. No Estado de São Paulo esta realidade é ainda mais significativa, onde 73% dos jovens estão no mercado formal. Este patamar de participação vem se mantendo ao longo dos anos. 125

132 A análise da posição dos jovens no mercado de trabalho revela que mais de um terço dos jovens na faixa de 15 a 29 anos eram empregados sem carteira assinada este percentual é superior ao encontrado na população adulta (acima de 29 anos), que era de 25%. Estudo realizado por Camargo (1996) revela que há um incentivo institucional no comportamento do mercado de trabalho: a possibilidade de negociar os direitos individuais inscritos na CLT e na constituição através da Justiça do Trabalho cria um incentivo adicional para que os empresários não respeitem a legislação enquanto o trabalhador está empregado, ao mesmo tempo que induz o trabalhador a forçar sua demissão para receber pelo menos parte desses direitos, através da Justiça, quando demitido. O resultado são elevadas taxas de rotatividade da mão-de-obra e baixo nível de cumprimento da legislação trabalhista. Flori (2003) calcula a rotatividade dos jovens e adultos no mercado de trabalho, utilizando a Pesquisa Mensal de Emprego PME que abrange as capitais e regiões metropolitanas do território nacional. Para o Estado de São Paulo a autora encontra que a probabilidade de continuar no emprego é maior para os adultos (94,6%) do que para os jovens (89,9%). A probabilidade de o jovem ir do emprego para fora da força de trabalho de um mês para outro é de 7,1% contra 3,8% do adulto. Isso pode revelar que o jovem ainda está experimentando as opções oferecidas no mercado de trabalho. Um fato intrigante é o grande percentual de jovens que se encontram na inatividade (jovens que estão desocupados, mas não estão procurando emprego). O estudo citado anteriormente revela que 47% dos jovens se encontram inativos, 46% estão empregados e 7% desempregados. Este estudo corrobora com a nossa análise dos dados da PNAD que revelam que a inatividade dos jovens na faixa dos 15 aos 29 anos é de 43%. Isso é de certa forma preocupante, pois pode indicar que os jovens não procuram emprego por receio em não conseguir uma colocação no mercado de trabalho. O que pede uma atuação mais profunda das políticas públicas para estes jovens. 126

133 Percebe-se, portanto, que além da inatividade há o problema da ausência escolar destes jovens que trabalham. Com base neste diagnóstico passaremos a analisar o comportamento dos jovens cruzando as informações de escolaridade e trabalho. Para isso, utilizaremos os dados da PNAD para caracterizar a condição dos jovens no Estado de São Paulo, via mercado de trabalho e escolaridade. Estes dados revelam os jovens que estão no mercado de trabalho e se estudam. Para este exercício extraímos as perguntas disponíveis na PNAD trabalhou na semana de referência? e frequenta escola?. A partir disso, associamos estas duas questões e classificamos as informações em quatro modalidades: trabalha e estuda, trabalha e não estuda, não trabalha e estuda e não estuda e não trabalha. O gráfico 6.1 mostra o resultado desta tabulação de dados. A leitura do gráfico abaixo mostra que, até os 18 anos a maioria dos jovens não trabalha e estuda. Entretanto, o número de jovens nesta modalidade vai diminuindo, a partir dos 18 anos há aumento significativo no número de jovens que trabalham e não estudam. Isso mostra que é possível que alguns jovens estejam deixando as escolas e indo para o mercado de trabalho, entretanto devemos considerar também aqueles que concluíram seus estudos. O que preocupa é o número de jovens que não trabalham e não estudam. Na faixa dos 18 aos 19 anos, 23% destes jovens estão nesta modalidade contra 24% na faixa dos 20 aos 24 anos e 20% entre 25 e 29 anos. No intervalo etário dos 15 aos 17 anos, 66% dos jovens não trabalham e estudam enquanto 20% dos jovens trabalham e estudam. A participação dos jovens na primeira modalidade está diminuindo ao longo dos anos. Esta queda é compensada pelo aumento do número dos jovens que trabalham e estudam. Isso mostra que o mercado de trabalho está aquecido e demandando jovens nesta faixa etária. Para a faixa de idade dos 18 aos 19 anos há um aumento no número de jovens caracterizados em duas modalidades: não trabalha e não estuda, média de 23%; trabalha e não estuda, média de 31%. O aumento destas duas modalidades está reduzindo o percentual de jovens que não trabalham e estudam. No gráfico 6.1 é possível identificarmos queda, ao longo dos anos, do número de jovens que 127

134 não trabalham e estudam e aumento dos que não trabalham e estudam e não estudam e não trabalham. Dos jovens caracterizados na faixa etária dos 20 aos 24 anos, 52% trabalham e estudam contra 24% dos que não trabalham e não estudam. No intervalo dos 15 aos 29 anos este percentual é ainda maior, 65% trabalham e não estudam. Apenas 3% dos jovens não trabalham e estudam. Gráfico Caracterização dos Jovens Fonte: PNAD. Diante desta caracterização dos jovens, passaremos a analisar o comportamento dos jovens no mercado de trabalho do Estado de São Paulo. Abordaremos detalhadamente a 128

135 empregabilidade destes jovens por gênero, idade e escolaridade, bem como a sua projeção no mercado de trabalho. Para analisar estes números, pela idade dos trabalhadores, os jovens foram classificados em quatro faixas de idade: 10-14, 15-17, 18-19, e Incluímos os jovens da faixa dos 10 aos 14, por serem estes jovens que estaremos observando em 2020, ou seja, são estes jovens que se encontrarão na faixa dos 20 aos 25 anos daqui a 10 anos CARTEIRA ASSINADA Para os jovens da faixa de idade de 15 a 29 anos, os resultados da PNAD, mostram uma contínua evolução no número de trabalhadores com carteira assinada Por gênero Desde 1998 o número de mulheres com carteira assinada vem oscilando na faixa, mas, na média, 64% possuem carteira assinada. No ano de 2008 esta proporção era de 69% contra 73% para os homens. Comparando este resultado com os trabalhadores adultos (acima de 29 anos) percebe-se que não há discrepância no número de mulheres jovens com carteira assinada em relação às adultas. Para estas últimas, a participação no mercado de trabalho formal é de 63%. Já em nível nacional este percentual cai para 53%. O número de homens com carteira assinada é levemente maior média de 68%. No Brasil este percentual cai para 56%. Já a média para os adultos é de 78%, bem superior a dos jovens. Ao longo dos anos analisados, o número de jovens com carteira assinada no Estado foi sempre superior ao dos jovens do país como um todo. Em 2008, 69% das mulheres e 73% dos homens possuíam carteira assinada no Estado de São Paulo. Os jovens no território nacional apresentavam um percentual de 53% para as mulheres e 56% para os homens. 129

136 Com estes resultados fizemos uma projeção até O gráfico abaixo mostra que, tanto homens quanto mulheres, apresentam uma tendência crescente linear na contratação com carteira assinada. Esta tendência mostra que em 2020, 90% dos trabalhadores jovens do sexo masculino devem possuir carteira assinada, contra 81% das mulheres jovens. Gráfico 6.2 Carteira de Trabalho Assinada, por sexo Fonte: PNAD Por faixa de idade A análise do número de jovens com carteira assinada revela que, os jovens classificados na faixa dos anos, apresentava certa volatilidade até Neste período, também, é possível observar um significativo descolamento das duas faixas de idade. Dos 20 aos 24 anos, o número de jovens no mercado formal, no Estado de São Paulo, era significantemente superior à faixa mais jovem. Isso já era esperado dado que os jovens nesta faixa etária trocam de emprego com maior frequência (maior rotatividade). O número de jovens no Estado de São Paulo que possui carteira assinada é maior na faixa de idade dos 25 aos 29 anos. Este fato é verdadeiro tanto para o Estado de São Paulo quanto para todo o território nacional. Em 2008, o Estado possuía 71% dos jovens, nesta faixa de idade, inseridos no mercado formal, contra 59% em todo o país. O número de adultos com carteira assinada é maior, 65%, tanto em relação aos jovens no estado como no país. 130

137 Projetando o comportamento desta variável, verifica-se que há uma tendência linear de crescimento no número de jovens com carteira assinada. Isso significa que em 2020, 83% dos jovens entre 20 e 24 tendem a estar inseridos no mercado formal enquanto para aqueles concentrados na faixa dos 18 aos 19 anos esta relação é de 79%. Já para os jovens na faixa etária mais alta este percentual sobe para 84%. Gráfico 6.3 Carteira de Trabalho Assinada, por faixa de idade Fonte: PNAD Por escolaridade Para analisar o número de trabalhadores jovens com carteira de trabalho assinada, por faixa de escolaridade, classificamos os jovens nas seguintes categorias: jovens com menos do que o ensino médio (inclui os que estão estudando e os que abandonaram), com ensino médio completo, com menos que universidade (envolve os que não concluíram o curso mas estão estudando e aqueles que abandonaram) e com universidade ou mais. A mesma classificação foi dada aos trabalhadores adultos. A partir disso, verificamos que a proporção de jovens com escolaridade menos que o ensino médio se destaca como aqueles com menor número de trabalhadores no mercado formal. Podemos observar no gráfico abaixo que esta categoria está descolada das outras, revelando que trabalhadores com menos escolaridade participam em uma proporção menor do 131

138 mercado de trabalho formal. Este fato também é observado nos trabalhadores adultos, onde as categorias apresentam o mesmo comportamento. No Brasil, em 2008, 74% dos jovens que completaram o ensino médio possuíam carteira assinada, enquanto no Estado de São Paulo esta proporção era de 81%. Isso é explicado pela composição da economia. Em São Paulo há uma maior concentração de indústria com trabalho que não exige escolaridade alta. Estas indústrias contratam pelo mercado formal. Já para os trabalhadores adultos, 82% estavam inseridos no mercado formal. O número de trabalhadores com universidade ou mais apresenta oscilações significativas ao longo do período considerado. Isso mostra que a contratação no mercado formal é volátil e acompanha os ciclos econômicos. Esta volatilidade não é observada para a população adulta e para os jovens no território nacional a oscilação foi mais branda. Isso mostra que o mercado de trabalho no Estado de São Paulo é mais dinâmico em relação aos outros estados. No estado atual da economia a tendência é de que haja um aumento no número destes trabalhadores com carteira assinada. Quando olhamos estas projeções de forma agregada, é possível verificar que em todas as faixas a tendência é de crescimento lento no número de jovens com carteira assinada. O número de jovens com carteira assinada e com ensino médio completo é o que mais cresce. 132

139 Gráfico 6.4 Carteira de Trabalho Assinada, por faixa de escolaridade 6.4. EMPREENDEDORISMO Fonte: PNAD. Para analisar empreendedorismo dos jovens, utilizamos informações extraídas da PNAD sobre a posição na ocupação dos trabalhadores jovens do Estado de São Paulo e do território nacional. Na PNAD a posição na ocupação é definida como pessoas empregadas, os que são conta-própria e os empregadores. Neste item analisaremos estas categorias por gênero, idade e escolaridade Por gênero Quanto à posição na ocupação por gênero, observamos que tanto para os homens quanto para as mulheres a grande proporção está concentrada na categoria empregado. A proporção de mulheres que trabalham por conta própria é superior aos homens e a projeção mostra que esta tendência será mantida nos próximos 10 anos. Há uma tendência de os homens em se posicionar como empregados. Na média, 91% das mulheres jovens trabalham como empregada contra 87% dos homens. Comportamento semelhante ao descrito acima é observado quando analisamos os trabalhadores adultos. O número de mulheres empregadas tem se mantido constante 133

140 média de 77% enquanto os homens têm aumentado gradativamente sua participação no mercado como empregado. Em 2008, 93% das mulheres jovens no estado trabalhavam como empregado contra 79% das mulheres adultas e 89% no país. Para os homens esta proporção é de 90%, 65% e 85%. Gráfico 6.5 Posição na Ocupação, por gênero Fonte: PNAD Por idade Neste quesito, classificamos estes trabalhadores em quatro faixas etárias: anos, anos, anos, e anos. Os jovens na faixa de 25 a 29 anos são os mais empregadores, mesmo assim a proporção é muito pequena. A provável explicação para isso é que os jovens ainda não estão obtendo o retorno da educação. Isso acontece mais frequentemente nas faixas etárias mais elevadas, onde, ao longo dos anos, o número de trabalhadores que trabalham como empregado aumenta significativamente. Apenas na faixa etária dos 25 aos 29 anos existe um pequeno percentual de jovens empreendedores. A tendência é de que esta proporção diminua ao longo do tempo. 134

141 Gráfico 6.6 Posição na Ocupação, por faixa de idade Fonte: PNAD Por Escolaridade Em todos os níveis de escolaridade há uma predominância de encontrarmos mais jovens empregados do que como empregadores e conta-própria. Esta proporção é para os níveis de escolaridade mais elevados. No Estado de São Paulo, há uma pequena parcela de jovens empreendedores com ensino médio completo, mas este número é decrescente ao longo do tempo. Já para aqueles com ensino médio completo, mas superior incompleto, a participação é maior, mas vai se diluindo ao longo dos anos. 135

142 Gráfico 6.7 Posição na Ocupação, por escolaridade 6.5. EMPREGABILIDADE Fonte: PNAD. Para analisar a empregabilidade dos jovens, utilizamos a variável disponível na PNAD, que pergunta se o jovem estava trabalhando na semana de referência. Desagregamos esta informação nas categorias: gênero, idade e escolaridade Por gênero No Estado de São Paulo, em média, 38% das mulheres até 29 anos estavam empregadas contra 33% das mulheres do território nacional e 45% das mulheres acima dos 29 anos. Para os jovens do sexo masculino estas proporções são de 52%, 50% e 73%, respectivamente. Fazendo uma extrapolação até 2020, para o Estado de São Paulo, observamos que há uma tendência de aumento desta proporção para as mulheres e de estabilidade para os homens. 136

143 Gráfico 6.8 Empregabilidade dos Jovens, por gênero Fonte: PNAD Por idade Para analisarmos a empregabilidade na população jovem do Estado de São Paulo, classificamos, mais uma vez, os trabalhadores em faixas etárias. Para a faixa etária dos 10 aos 14 anos os dados da PNAD mostram, para o Estado de São Paulo, uma diminuição na empregabilidade ao longo dos anos. Esta informação é importante uma vez que trabalhar nesta faixa etária é considerado ilegal por caracterizar-se como trabalho infantil. Já para as faixas mais elevadas 18 a 19 anos, 20 a 24 anos e 25 a 29 anos o comportamento desta variável, mostra-se sem muita oscilação tanto para o estado quanto para o país. 137

144 Gráfico 6.9 Empregabilidade dos Jovens, por faixa de idade Fonte: PNAD. Para formalizar a mão-de-obra do jovem menor de 24 anos, o governo editou a Lei do Aprendiz. Esta lei tem como objetivo facilitar a inserção do jovem (menor de idade ou não) no mercado de trabalho como um menor aprendiz e incentivar sua qualificação profissional. Os dados da RAIS (base de dados que considera somente o mercado formal) mostram que em 2008 havia aproximadamente 46 mil menores aprendizes no Estado de São Paulo. Este número corresponde a 34% do total de aprendizes do Brasil. De acordo com a legislação vigente, a cota de aprendizes está fixada entre 5%, no mínimo, e 15%, no máximo, por estabelecimento, calculada sobre o total de empregados cujas funções demandem formação profissional. Em 2008, foram contratados aprendizes no Estado de São Paulo. Entretanto, este número está aquém do desejado. A quantidade de cota mínima estimada 11 para o Estado de São Paulo era de 327 mil, mas dados da RAIS revelam que houve apenas 46 mil contratações, representando apenas 16% do potencial desejado que era de 317 mil vagas. 11 Número determinado pelo Ministério do Emprego e Trabalho. 138

145 Este comportamento também foi observado em 2007 onde o potencial era de 320 mil aprendizes, mas o efetivo foi de 39 mil contratados. Este número representa apenas 12% do número desejado. Outro dado importante fornecido pela RAIS é quanto ao número de estagiários. O mercado de trabalho formal do Estado de São Paulo abrigava, em 2008, quase 600 mil estagiários. Destes, 51% estavam alocados na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Os jovens entre 25 a 29 anos representavam 41% do total de jovens. Em nível nacional a leitura é a mesma, 49% dos jovens estavam alocados na primeira faixa e 46% na segunda. Um aspecto a ser salientado é a maior participação, na empregabilidade, dos trabalhadores acima de 29 anos. Em 2008, 60% destas pessoas estavam empregadas. Já para os jovens menores de 29 anos a empregabilidade estava no patamar de 48%. Entretanto, se considerarmos somente os jovens dos 25 aos 29 este percentual sobe para 77%, e 72% na faixa dos 20 aos Por escolaridade Para analisar a empregabilidade via escolaridade, utilizamos as mesmas faixas de escolaridade citadas anteriormente, o item ocupações e salários dos jovens. No Estado de São Paulo, em média, 84% dos jovens com superior completo estão empregados contra 82% no território nacional. Nas três esferas analisadas, quanto maior a escolaridade maior o número de trabalhadores empregados. Para as três faixas de escolaridade mais elevadas há uma tendência de crescimento no emprego, com uma elevação maior para os jovens com menos que a universidade do que os que possuem ensino médio. Para os que possuem menos que o segundo grau, o número de jovens na força de trabalho está diminuindo gradativamente com a projeção futura seguindo este mesmo caminho. Uma possível explicação para este fenômeno é maior frequência destes jovens à escola. 139

146 Gráfico 6.10 Empregabilidade dos Jovens, por faixa de escolaridade 6.6. TAXA DE DESEMPREGO Fonte: PNAD. Para calcular a taxa de desemprego utilizamos as duas perguntas disponíveis no questionário da PNAD: estava trabalhando na semana de referência? e estava procurando emprego na semana de referência?. Se a reposta da primeira for negativa e da segunda for positiva então a pessoa é considerada desempregada. Se a resposta das duas perguntas for negativa então a pessoa é considerada inativa Por gênero A taxa de desemprego para os jovens do Estado de São Paulo é maior para as mulheres em relação aos homens. Na verdade, a taxa de desemprego para as mulheres é o dobro da taxa para os homens. Isso é verdadeiro também para todo o país e também para a população adulta. Mulheres, independente da faixa etária, tendem a apresentar maior taxa de desemprego. Projeção para 2020 mostra pequena queda na taxa para mulheres. Para homens além da taxa ser menor, sua tendência é de queda acentuada até

147 Gráfico 6.11 Desemprego, por sexo Fonte: PNAD Por idade A taxa de desemprego para os jovens na faixa dos 25 aos 29 anos, para o Estado de São Paulo e para o Brasil, é menor e apresenta tendência de queda nos períodos posteriores a A média dos últimos 10 anos, para o estado, é de 11% contra 10% para o Brasil. Desde 2003, a média da taxa de desempregos para os jovens entre 18 e 19 é de 22%, mas vem diminuindo gradativamente desde 2005 e segue uma tendência similar. Para o Brasil esta taxa é de 23%. Todas as projeções apresentam queda na taxa de desemprego, exceto os jovens de 15 a 17 anos. Isso mostra que estes jovens estão experimentando e analisando a oferta de emprego. Com isso, a volatilidade no mercado de trabalho para estes jovens é maior. A tendência é de estabilidade na taxa de desemprego em torno de 33%. 141

148 Gráfico 6.12 Desemprego, por faixa de idade Fonte: PNAD Por escolaridade A taxa para os jovens com escolaridade inferior ao ensino médio é maior enquanto para os jovens com universidade ou mais é a menor e mais volátil e segue uma trajetória de queda ao longo dos períodos subsequentes. Isso mostra que a taxa de desemprego é mais volátil aos movimentos econômicos para estes jovens mais educados do que para o restante. Esta volatilidade não é observada para a população adulta e para os jovens no território nacional a oscilação foi mais branda. Este comportamento revela que o mercado de trabalho no Estado de São Paulo é mais dinâmico em relação aos outros estados. Para os anos posteriores a 2008 há uma tendência de queda no desemprego para estes jovens. A taxa de desemprego para ensino médio completo é a segunda mais alta, perdendo apenas para aqueles que não completaram o ensino médio. A oferta de trabalho para estes jovens tende a ser maior o que explica o declínio da taxa desde 2002 e segue com a tendência de estabilidade na queda do desemprego. Em nível nacional, cuja média é de 13%, esta proporção também está diminuindo. Para os trabalhadores adultos, a dimensão da taxa é bem inferior (5%) e vem caindo ao longo dos anos. 142

149 Gráfico 6.13 Desemprego, por faixa de escolaridade 6.7. HORAS TRABALHADAS Fonte: PNAD. A média de horas trabalhadas por homens jovens no estado é de 42 horas semanais e segue uma tendência de queda ao longo do tempo. Já as mulheres trabalham, em média, 39 horas semanais Por gênero No território nacional estas últimas trabalham, em média, 36 horas enquanto os homens gastam 40 horas da semana trabalhando. Para a população adulta este número fica em 38 e 46 horas semanais, respectivamente. Assim, por gênero, os jovens no Estado de São Paulo trabalham mais horas do que a média nacional e em relação aos adultos apenas os homens trabalham, em média, 4 horas a mais. Projetando a tendência para esta variável verificamos que, para os homens, a média de horas tende a diminuir, em acordo com a realidade do mercado de trabalho brasileiro. Esta propensão mostra que, na média, os homens tendem a trabalhar menos horas. Para as mulheres, não há mudança significativa. A tendência também é de queda, mas sua trajetória é mais suave. 143

150 Gráfico 6.14 Jornada Semanal, por sexo Fonte: PNAD Por idade Quando se observa o número de horas trabalhadas semanalmente por faixa de idade, verificamos que há um equilíbrio de 42 horas no número de horas trabalhadas na semana para os jovens com idade superior a 18 anos. Os jovens situados na faixa de 10 a 14 anos trabalham, em média, 21 horas semanais. Para os situados na faixa dos 15 aos 17 anos, 34 horas. Os trabalhadores adultos trabalham, em média, 44 horas semanais. Em São Paulo, o número de horas trabalhadas, pelos jovens de 10 aos 14 anos, está em declínio e sua tendência segue a mesma trajetória. Este mesmo comportamento é observado em relação aos jovens na faixa dos 15 aos 17 anos. Isso pode sinalizar que os jovens nestas duas faixas de idade estão ficando mais tempo na escola. 144

151 Gráfico 6.15 Jornada Semanal, por faixa de idade Fonte: PNAD Por escolaridade O número de horas trabalhadas para jovens com menos escolaridade está diminuindo, no Estado de São Paulo. Este fenômeno também é observado para os próximos 10 anos. Para os que possuem menos que o ensino médio, a média de trabalho é de 40 horas semanais. Número inferior aos adultos que é de 46 horas, mas superior aos jovens em todo o território nacional, 36 horas. Isso também pode ser um indicativo de que estes jovens estejam voltando para a escola. O número de horas trabalhadas para os que possuem superior completo e os que possuem menos que a universidade é bem próximo, 38 e 40 horas, respectivamente. Porém a tendência mostra que os jovens mais educados tendem a trabalhar mais enquanto aqueles que possuem menos que universidade a tendência é de uma leve queda para os períodos futuros. Isso porque o jovem que possui menos que a universidade deve estar em empregos vinculados ao seu estudo (estagiários). Para aqueles que possuem o ensino médio, a média é de 43 horas no estado, 37 no Brasil e 44 na população adulta. Nas três esferas, os trabalhadores com ensino médio completo gastam mais horas do seu tempo trabalhando em relação às outras categorias de escolaridade. A projeção da jornada de trabalho semanal mostra estabilidade até

152 Gráfico 6.16 Jornada Semanal, por faixa de escolaridade 6.8. SALÁRIO-HORA DOS JOVENS Fonte: PNAD. Extraímos dados de salário-hora dos jovens e adultos da PNAD desde Entretanto, este valor reflete o salário-hora em termos nominais. Para calcularmos o valor real deste rendimento é necessário descontar a inflação até 2008, ano da última PNAD realizada pelo IBGE. Assim, passaremos a analisar o salário real dos jovens trabalhadores Por gênero Os dados da PNAD, para o Estado de São Paulo, revelam que a média do salário-hora para os homens é levemente mais elevada que a média em relação às mulheres. Isso vem de encontro com a realidade do mercado de trabalho em nível nacional. Podemos perceber na figura abaixo que, em 2005, quando a economia estava em pleno crescimento, houve aumento na produtividade e, consequentemente, uma valorização no valor da hora trabalhada. Já em meados de 2007, quando a economia mundial entra em crise, o saláriohora sofre uma queda. A tendência mostra crescimento no salário-hora tanto para os homens quanto para as mulheres. 146

153 Este aumento também é observado tanto nos salários dos adultos no estado como nos dos jovens em todo o território nacional. Gráfico 6.17 Salário-Hora, por sexo Fonte: PNAD Por idade e escolaridade Passaremos a analisar o salário-hora nestas duas categorias conjuntamente para assim podermos fazer uma associação mais completa de salário-hora, idade e escolaridade. O salário-hora para os jovens nas faixas dos 25 aos 29 anos é superior a todas as outras faixas mostradas no gráfico abaixo. Isso vem de encontro ao fato de que estes jovens, na sua maioria, possuem maior nível educacional e consequentemente possuem uma remuneração maior. Jovens nesta faixa de idade devem estar formados e entram no mercado de trabalho com uma remuneração maior. Isso também é observado em nível nacional. 147

154 Gráfico 6.18 Salário-Hora, por faixa de idade Fonte: PNAD. Como podemos observar no gráfico a seguir existe um gap grande no valor do salário-hora de quem possui o ensino médio dos que possuem menos que universidade, o que mostra uma discriminação de salário via escolaridade. Jovens com ensino médio ou menos tendem a ganhar um mesmo valor por hora trabalhada. O que corrobora com a análise anterior de que frequentar a universidade traz um incremento nos salários. Isso é o que chamamos de retorno da educação. Gráfico 6.19 Salário-Hora, por faixa de escolaridade Fonte: PNAD CENÁRIO PARA 2020 Diante do exposto neste capítulo percebe-se que grande parte da população jovem não está mais concentrada no setor da indústria. Houve um deslocamento destes trabalhadores para 148

155 os setores de serviços e comércio. Dados da PNAD revelam que grande parcela destes jovens se encontra na inatividade. Segundo dados da RAIS de 2008, dos jovens que estão no mercado de trabalho formal, 52% possuiam ensino médio contra 10% que possuiam superior completo. Analisando a tendência do emprego formal, este estudo mostra uma propensão de crescimento no número de jovens com carteira assinada. Jovens com apenas o ensino médio apresentam maior tendência de crescimento no mercado formal. Neste segmento, quem possuir maior escolaridade continuará a apresentar maior probabilidade de empregabilidade, mas trabalhando menos horas. Jovens com mais escolaridade tenderão a continuar com a média salarial mais alta, resultado do retorno na educação. Maior escolaridade também tem efeito direto nos salários. 149

156 7. SEGURANÇA A mortalidade no Estado mudou de comportamento nas últimas décadas deixando de ser causada pelas epidemias e doenças infecciosas, principais causas de morte entre os jovens há cinco ou seis décadas, e vêm sendo substituídas, progressivamente, pelas denominadas causas externas de mortalidade. Dados preliminares disponibilizados pelo DATASUS para o ano de 2008 revelam que as causas externas já eram responsáveis por 60% das mortes ocorridas entre os jovens do estado. Encabeçam a lista desta modalidade de violência os acidentes de transporte, os homicídios e os suicídios. No período de dez anos entre 1999 e 2008, 480 mil pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil, isto significa uma média anual no período de 27,0 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes no país. O Estado de São Paulo foi responsável por 24% dos homicídios ocorridos no Brasil nesse período, o que equivale a um número total de 116 mil homicídios em dez anos. Jovens entre 15 e 29 anos estão desproporcionalmente representados entre as vítimas: correspondem a 48% das vítimas e representam apenas 26% da população. A razão entre a taxa de homicídio nos grupos de 15 a 19 e 20 a 29 e a população em geral mostra que os jovens sofreram mais a carga do aumento da violência nos anos 80 e 90 e também que esses se beneficiam mais da redução dos homicídios na primeira década do século atual. Neste capítulo, através de dados disponibilizados pelo DATASUS, apresentaremos a evolução da violência no Estado, analisando a taxa de homicídios no Estado de São Paulo, por faixa etária, por gênero e por raça. Para comparar a taxa de homicídios por raça, foi empregado o Índice de Vitimização do Negro, criado pelo Instituto Sangari que estima, através da PNAD e dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (base de dados disponibilizada pelo Datasus), o percentual de vitimização dos negros em relação aos 150

157 brancos. Utilizamos estes dados especificamente para a população total paulista e por faixa etária. As formas de violências não se restringem somente as citadas acima. Existem outras modalidades, onde os jovens são tanto vítimas como praticantes, que devem ser analisadas. Com dados da Resolução 275 analisaremos os jovens vítimas destas outras modalidades de crimes. Esta Resolução caracterizou as ocorrências de crimes contra os jovens em 5 tipos: violência contra a pessoa, a econômica (que se refere aos danos causados ao patrimônio), contra os costumes (que inclui o abuso sexual dos jovens), violência atípica (que inclui o suícidio) e a violência causada via acidentes de transporte (a Secretaria de Segurança Pública utiliza como referência ocorrências de trânsito. Para fins de padronização utilizaremos a denominação acidentes de transportes). Para particularizar os atos praticados pelos jovens utilizaremos os dados extraídos do Infocrim 2007 que é um Sistema de Informação Criminal Infocrim, um banco de dados informatizado e interligado em rede, contendo as informações referentes às ocorrências policiais). A classificação dos dados do Infocrim considera as seguintes faixas etárias: crianças aquelas com até 14 anos, adolescentes dos 14 aos 18 anos, jovens 19 aos 30 anos e acima dos 31 anos. Nosso interesse é voltado aos jovens e por isso nos concentramos na faixa etária dos 19 aos 30 anos. Para padronização do trabalho definiremos adolescente como o jovem situado na faixa etária dos 14 aos 18 anos. As manifestações de violência em contextos e condições diversas como nas escolas, nas vizinhanças, e até mesmo no ambiente familiar têm uma participação significativa na vida dos jovens. Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz, salientou a violência nas escolas como um fenômeno que vem crescendo, e de forma preocupante expressa a aceitação da violência como fato rotineiro nas escolas. Não existem dados e informações que apontem a dimensão do problema e que permitam identificar tendências, especificamente para o Estado de São Paulo. Para contextualizar o fenômeno da violência, apresentaremos dados e informações 151

158 obtidos pela pesquisa PenSe, 2009, mencionada no capítulo de Saúde, e o estudo do Centro de Empreendedorismo Social CEATS, da Fundação Instituto de Administração FIA, Bulyling Escolar no Brasil, O estudo de caráter exploratório e descritivo, com levantamento de dados primários junto a estudantes (da quinta, sexta, sétima e oitava série do ensino fundamental), professores e pais de diferentes escolas da rede pública e privada do Brasil. Foram pesquisadas cinco escolas de cada uma das cinco regiões geográficas do País, sendo vinte públicas municipais e cinco particulares. Quinze estão localizadas em capitais e dez em municípios do interior. No total, alunos responderam ao questionário. Também foram realizados quatorze grupos focais com 55 alunos, 14 pais/responsáveis e 64 técnicos, professores ou gestores de escolas localizadas nas capitais pesquisadas. Para complementar nossa análise da violência na população jovem, apresentamos algumas características da população carcerária do Estado. Foi possível mostrar a evolução histórica do número de adolescentes detentos e as características dos atos infracionais com os dados disponibilizados pela Fundação Casa MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS A mortalidade por causas externas englobam diversas formas de acidentes de violência, entre os quais homicídios, os acidentes de transporte e suicídios. Quando analisamos a proporção das taxas de mortalidade, observa-se que a taxa de mortalidade por homicídio no Estado está tomando proporções menos significativas, dando espaço para o aumento na taxa de acidentes de trânsito, embora ainda seja alta. Esta última modalidade apresentava, em 2006, uma taxa de 26,1 para cada habitantes contra 21,6 em Também foram utilizados dados e informações apresentadas no texto elaborado por Leandro Piquet Carneiro, com base em dados de receita e despesa tabulados no site da Receita do Estado de São Paulo Ministério da Justiça SENASP Conselho Nacional de Justiça, Justiça em Números

159 Já a taxa de homicídio, em 2006, era de 42,8 para cada habitantes, percentual bem inferior ao de 2000 que era de 96,4. Gráfico Caracterização da mortalidade no Estado de São Paulo Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade. Já as taxas de suicídio permaneceram estáveis até 2004 e começaram a apresentar um comportamento crescente nos anos posteriores. Em 2008 esta taxa era de 4,48 (para cada mil habitantes), bem inferior às de homicídio e acidentes de transporte. Dados do DATASUS revelam que, no período de 1993 a 2003, o número de suicídios caiu no Estado de São Paulo, passando de 1581 para 1555, representando uma diminuição de 1,6%. Quando separamos a população em dois grandes grupos: jovens e não-jovens verificamos que ambas modalidades apresentam queda no número de óbitos causados por suicídio. Para os não-jovens a queda foi de 7%, enquanto para os jovens foi de 16%, passando de 623 suicídios, em 1993, para 526 em Homicídios Dados de mortalidade, divulgados pelo IBGE colocam o Estado de São Paulo como destaque pela significativa queda no número de homicídios, redução de 40% em 2007 com 153

160 relação a O gráfico a seguir mostra as taxas de homicídio para o Brasil, para o Estado de São Paulo. Gráfico 7.2 Taxa de Homicídio - Estado de São Paulo e Brasil Fonte: SIM Sistema de Informações sobre mortalidade. A queda na taxa de homicídios do estado foi bastante significativa, fizemos um exercício de simulação, considerando as taxas com e sem São Paulo, para demonstrar o impacto na média do Brasil e como foi possível calcular os benefícios desta queda. Se computado o número de homicídios nos demais estados do país, excluindo-se São Paulo, a taxa nacional seria de 29,0 por 100 mil, o que é quase duas vezes a taxa do Estado de São Paulo de 14,8 por 100 mil habitantes. Isso mostra que a queda de homicídios no Estado de São Paulo está puxando a média nacional para baixo. A taxa de homicídios para o conjunto dos estados do Brasil foi computada excluindo-se São Paulo e foi construída uma simulação com o objetivo de estimar a taxa de homicídio no Estado, se esse tivesse apresentado a mesma evolução que o restante dos Estados do Brasil. As séries resultantes mostram que São Paulo foi mais violento do que a média dos demais estados do Brasil nos 13 anos entre 1991 e 2004 e que apresentou nesse período uma tendência de crescimento semelhante ao restante dos estados. No entanto, a partir de 1999, 154

161 se São Paulo tivesse seguido a mesma tendência dos demais Estados brasileiros, ou mesmo o seu próprio comportamento nos treze anos anteriores, a taxa de homicídio esperada em 2007 teria sido quase quatro vezes a taxa efetivamente observada. Com base nessa simulação é possível afirmar que a redução dos homicídios, ocorrida entre 1999 e 2007, permitiu poupar 71 mil vidas, sendo 34 mil de jovens entre 15 e 29 anos. Uma estimativa mais conservadora, simplesmente supondo-se a manutenção da mesma taxa de homicídio de 1999 no período até 2007, teria significado uma economia de mais do que 55 mil vidas. Entre 71 mil e 55 mil teria sido, portanto, o contingente de vidas perdidas se São Paulo tivesse simplesmente seguido a tendência dos demais estados do Brasil ou mantido o mesmo nível de violência do final da década de 90. Através da fotografia dos períodos anteriores projetamos, via dados do SIM, a taxa de homicídio para a população paulista. Observa-se que há uma tendência contínua de queda na taxa. Isso ainda é reflexo das diversas políticas adotadas para a diminuição desta modalidade de violência no Estado de São Paulo. Gráfico Projeção da Taxa de Homicídio na população Fonte: SIM Sistema de Informações sobre mortalidade. Esta taxa de homicídio, entretanto, apresenta características próprias em função da faixa etária da população, raça e gênero. 155

162 A taxa de homicídio feminina é extremamente baixa se comparada à dos homens: 2,8 contra 27,7. Isso mostra que, para cada mulher vítima de homicídio no Estado de São Paulo, morreram, em 2007, acima de 9 homens. Outro forte eixo de diferenciação de níveis de violência homicida encontra-se na cor ou raça da população. O Instituto Sangari criou, através de números de homicídios em relação à população, um Índice de Vitimização Negra IVN. Este índice resulta da relação entre as taxas de brancos e as taxas de negros. Se este índice for positivo a proporção de negros que morrem por homicídio é superior a de brancos. Se o índice é 0, morre a mesma proporção de negros e de brancos. Se o índice é negativo, morrem proporcionalmente mais brancos do que negros. Assim, o índice estadual de 47%, em 2004, indica que nesse ano morreram proporcionalmente 47% mais negros do que brancos. Tabela Taxa de homicídio por raça/cor (em %) São Paulo Brasil Brancos Negros Vitimização Brancos Negros Vitimização Fonte: SIM, IBGE. Outra informação importante que podemos extrair destes dados é que a taxa de homicídio de brancos diminuiu de 30 para 13 homicídios para cada 100 mil brancos, o que representa uma queda de 43% entre 2002 e Já para a população negra esta queda foi menor, de 36%. Quando olhamos esta mesma fotografia em nível nacional, observamos que em 2002 o índice de vitimização negra foi de 46. Isto é, nesse ano, no país, morreram proporcionalmente 46% mais negros do que brancos; só dois anos mais tarde, em 2004, esse índice sobe para 73 (morrem proporcionalmente 73% mais negros do que brancos). Em 2007, surge um novo patamar: morrem proporcionalmente 108% mais negros do que brancos, isto é, mais que o dobro quando comparado ao índice em

163 O resultado desta análise mostra, que os índices se comportaram de forma distinta para São Paulo e para o Brasil, enquanto o índice de vitimização aumenta ao longo dos anos para o Brasil, em São Paulo este índice está em queda HOMICÍDIO NO ESTADO POR FAIXA ETÁRIA Nos grupos mais jovens houve também uma mudança positiva e significativa de redução dos níveis de violência. A taxa por 100 mil habitantes no grupo entre 15 e 19 anos no estado de São Paulo em 2000 era mais de duas vezes a taxa nacional. Oito anos depois, a diferença foi no sentido contrário: a taxa no grupo entre 15 e 19 anos é duas vezes e meia menor do que a taxa nacional. No grupo de 20 a 29 a tendência foi a mesma, em 2000 a taxa desse grupo era duas vezes a taxa nacional e em 2008 passou a ser duas vezes menor. Esses avanços, no entanto, não alteram o fato de que os jovens ainda são os que apresentam o maior risco de ter uma morte violenta na população. Gráfico Taxa de Homicídio nos Jovens Fonte: SIM Sistema de Informações sobre mortalidade 157

164 Gráfico Projeção da Taxa de Homicídio nos jovens Fonte: SIM Sistema de Informações sobre mortalidade. O mesmo exercício apresentando o índice de vitimização que apresentamos acima será apresentado por faixa etária. Quando analisamos estes dados para a faixa jovem dos 15 aos 25 anos evidenciamos que o fenômeno de sobrevitimização negra ocorreu com mais intensidade. No Estado de São Paulo a taxa de homicídio caiu significativamente tanto para os brancos quanto para os negros. Para os brancos houve uma redução de 34% em relação a Para os negros a queda foi de 28%. Com esse diferencial de evolução entre brancos e negros, o índice de vitimização revela que: Em 2002 morriam proporcionalmente 93% mais negros do que brancos; Em 2004 esse indicador sobe para 101%; Em 2007 ocorre uma queda significativa para 60%. 158

165 Tabela Taxa de homicídios por raça/cor Faixa jovem de 15 a 25 anos (em %) São Paulo Brasil brancos negros vitimização brancos negros vitimização Fonte: SIM e IBGE. Quando analisamos estes dados em nível nacional percebemos que as taxas relativas aos brancos caíram 28% (de 39,3 para 28,6), as taxas referentes aos negros cresceram 6% no período. Em 2002 morriam proporcionalmente 59% mais negros do que brancos; em 2004 este índice aumenta para 85% e; em 2007 o índice atinge 130%. Como resultado da nossa análise verifica-se que a taxa de homicídio dos jovens brancos caiu significativamente, tanto no estado quanto no território nacional. Já na população negra, as taxas diminuem no Estado de São Paulo, mas permanecem constantes no Brasil. O índice de vitimização, para esta faixa etária, cai bastante em nível estadual, mas aumenta significativamente no território nacional Acidentes de Transporte Na década de ( ), o número de óbitos causados por acidentes de transporte no Estado de São Paulo passou de 9.158, em 1996, para em Houve uma queda significativa no número de óbitos entre 1997 e 2000 (promulgação da nova Lei do Trânsito). Depois deste período o número de vítimas de acidentes de transporte voltou a crescer. 159

166 Gráfico Número de óbitos por Acidentes de Transporte Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade. O número de óbitos causados por acidente de transporte na população do Estado de São Paulo apresenta uma tendência de comportamento de queda até o ano de O gráfico acima mostra uma propensão de leve queda. Esta queda pode estar relacionada com a queda no número da população nas faixas etárias mais jovens. Ao dividir a população paulista em dois grupos: jovens (de 15 a 29 anos) e não-jovens (de zero a 14 e acima de 29 anos), observamos que, a evolução das mortes por acidentes de trânsito teve maior peso na proporção juvenil do que para os não-jovens. A leitura do gráfico 7.7 revela que nos casos de morte por acidente de transporte, cai mais rápido entre a parcela não-jovem da população do que entre a faixa etária dos 15 aos 29 anos. Em 2008, 27% dos acidentes de trânsitos estavam concentrados na faixa etária dos 20 aos 29 anos, 18% entre 30 e 39 anos e 15% entre 40 e 49 anos. 160

167 Gráfico Óbitos causados por Acidentes de Transporte população jovem e não-jovem Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade Outras Modalidades de Crimes e Violência Escolar Além das modalidades de violência que compõe as causas externas há outras formas de ímpeto que afetam a segurança e bem-estar dos jovens. Para contextualizar estas modalidades, dados da Resolução 275, fornecidos pela Secretaria de Segurança Publica, mostram os jovens situados no intervalo etário dos 14 aos 18 anos na perspectiva de vítima. Estes dados são caracterizados pelo número de ocorrências registrados em cada modalidade. O gráfico abaixo mostra a evolução da composição do número de ocorrências contra o jovem nas formas descritas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Observa-se um aumento no número de registro de ocorrências de acidentes de transporte ao longo dos anos. Para compensar este comportamento houve queda no número de ocorrências contra o patrimônio e contra a pessoa. Isso mostra que o jovem desta faixa etária está sendo mais vítima do trânsito e menos contra seu patrimônio ou contra a sua pessoa (inclui sequestro e homicídios entre outros). 161

168 Gráfico Evolução na vitimização dos jovens no intervalo dos 14 aos 18 anos Fonte: Resolução 275 Para analisar a variação no número de vitimização do jovem da faixa etária dos 14 aos 18 anos utilizamos dois pontos extremos: ano de 2001 e A tabela abaixo mostra esta variação. Observa-se que houve variação positiva (aumento) em dois tipos de ocorrências: contra os costumes e de trânsito. No primeiro tipo destacam-se as ocorrências contra atentado violento ao pudor com crescimento de 66% e estupro consumado com 41%. É interessante observar que houve uma diminuição no número de ocorrências contra tentativa de estupro, queda de 21%. A segunda modalidade de violência que apresentou variação positiva entre os períodos é a de ocorrências de acidentes de trânsito (a tabela usa a terminologia formal da fonte dos dados), cujo aumento foi de 38%. Neste tipo destaca-se o número de ocorrências com registro com ferimentos leves, aumento de 65%. 162

169 Tabela Vítimas jovens na faixa etária dos 14 aos 18 anos Tipos de Ocorrências Variação Ocorrência Contra a pessoa % Abandono de incapaz % Ameaça % Seqüestro / cárcere privado % Embriaguez % Homicídio % Homicídio (tentativa) % Lesão corporal % Maus tratos % Ocor. contra o patrimônio % Furto % Furto (tentativa) % Roubo % Roubo (tentativa) % Latrocínio % Ocor. contra os costumes % Atentado violento ao pudor % Atos obscenos % Estupro % Estupro (tentativa) % Outros % Ocor. Atípicas % Suicídio % Suicídio (tentativa) % Incêndio % Ocor. de trânsito % Vítima fatal % Ferimentos graves % Ferimentos leves % Atropelamento % Fonte:Secretaria de Segurança Pública Ainda, os dados mostram queda na variação de ocorrência contra a pessoa. Dentro da modalidade desta ocorrência a forma sequestro/cárcere privado destaca-se por apresentar uma variação positiva de 150% no seu volume. Entretanto, há uma queda significativa no número de ocorrências de homicídio da ordem de 85%. Observa-se, também, uma queda generalizada em todos os tipos de violência dentro da modalidade contra o patrimônio. 163

170 Deixando um pouco de lado o jovem como vítima da violência, passaremos a analisar as características dos crimes cometidos pelos mesmos. Para isso utilizamos dados extraídos do Infocrim de 2007, fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública e listados na tabela abaixo. Estes dados mostram que a maior parte dos crimes são cometidos pela população jovem na faixa dos 14 aos 30 anos. Em 2007 foi registrado, aproximadamente, 397 mil boletins de ocorrências. Destes, 24% foram caracterizados como roubo consumado transeunte 13, cerca de 94 mil. Quando desagregamos esta categoria por idade percebemos que 24% foram praticados por jovens situados na faixa etária dos 14 aos 18 anos e 66% por jovens no intervalo 19 aos 30 anos. Em seguida aparece roubo consumado com o uso de veículos com maior participação dos jovens da faixa etária dos 19 aos 30 anos, 73%. Ainda, a leitura da tabela revela, também, que os quase 100% dos atos infracionais são cometidos por aqueles que estão na idade dos 14 aos 18 anos. Esta é a modalidade com maior participação desta faixa etária, porque é como se classifica a infração juvenil. 13 Roubos consumados por pedestres. 164

171 Tabela Modalidade de crimes com maior número de ocorrência Boletim de Adolescentes Jovem até 30 Tipo de Crime Ocorrências (%) anos (%) Roubo consumado transeunte Roubo consumado veiculo Lesao corporal dolosa Roubo consumado outros Roubo consumado - interior veic Ameaça Roubo consumado - est.comerc Estelionato Furto transeunte Injuria Roubo consumado carga Entorpecentes - l 11343/ Roubo-interior transp.coletivo Captura de preso Jogo de azar Roubo - interior esteb Apreensao de objeto Roubo consumado residencia Ato infracional Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo/Infocrim Pode se observar que houve aumento nos crimes praticados por jovens que envolvem roubo, furto, lesão corporal, entre outras. Não pretendemos analisar as causas destas variações, mas é importante observar que o aumento de atos de infração que envolvem a manifestação de violência em condições e ambientes como nas escolas, na vizinhança, nas famílias tem sido crescente, e motivado a preocupação de especialistas, pais, professores. A mídia divulga fenômenos como Bullying, estupros, assédio, difamação por internet. Neste sentido, procuramos levantar as pesquisas e dados sobre violência escolar. Sposito (2001) faz um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil, apontando que desde a década de 80 o tema já vinha sendo debatido. No início dos anos 80, houve a demanda de segurança por parte dos moradores da periferia, assim foram expostas as precárias condições dos prédios e instalações das escolas quanto aos equipamentos mínimos de proteção. Surgiram denúncias de depredações dos edifícios escolares e 165

172 invasões nos fins de semana e tomadas medidas como segurança feita pelas agências de polícia e medidas de cunho educativo. Nesse período que são realizados os primeiros estudos na pós-graduação sobre violência escolar, destacando-se para os principais atos de violência: depredações, furtos e invasões. Na década de 90, começam a se interessar pelo tema as ONGs ou movimentos da sociedade civil, visando reduzir a violência nas escolas. Foram realizadas diversas pesquisas, entre estas destaca-se estudo da Unesco, em 1997, que advertiu para algumas mudanças nos padrões de violência. Apesar dos atos de vandalismo continuarem, passou-se a notar as agressões interpessoais, marcadas por discussões, ameaças e intimidações. Foram realizadas também pesquisas de opinião com os jovens e professores sobre violência. Os resultados mostraram que a violência é bastante presente e percebida nos ambientes escolares, sendo mais fortes em estabelecimentos maiores e mais suscetíveis nas capitais. A partir desta percepção, estudos acadêmicos analisam em profundidade os diversos fenômenos que caracterizam e levam à violência. Como estudo que analisou os grupos funks e o narcotráfico no Rio de Janeiro, nesses estudos verificou-se que as instituições escolares estão reféns do crime organizado, pois existe um espaço de disputa de grupos que impede a ação educativa. São os efeitos da banalização da violência e caracterizam-se por agressões verbais e físicas mais frequentes e pichações. Outros estudos de grande relevância são realizados nas universidades tendo como foco Porto Alegre, onde o foco da investigação da violência está na constituição de identidades dos jovens, que experimentam não só a violência no seu cotidiano, mas o estigma no interior da escola em decorrência do seu lugar de moradia. São formas de se impor, seja pelo medo ou pela força, pelo direito de ser reconhecido. Em pesquisa Camacho (2000), apud Spozito, investigou o fenômeno em duas escolas, com diferentes perfis de alunos. Uma delas pertence à elite e a outra é frequentada por jovens de camadas médias. Observou-se nesse estudo que a violência está presente nas duas instituições, a instituição frequentada pela elite utiliza-se de agressões verbais, pois estão 166

173 descontentes com a interação na escola, e a instituição frequentada pelas camadas médias aparecem agressões físicas e verbais. Não existem muitas pesquisas sobre violência escolar que possam fornecer dados e informações que caracterizam o problema, mas duas pesquisas recentes devem ser mencionadas a Bullying nas Escolas do CEATS e a PenSe que investigou a violência e segurança nas escolas,como um dos itens investigados na pesquisa. A pesquisa realizada pelo CEATS mostrou que o termo bullying é praticamente desconhecido quando perguntado aos entrevistados, sua prática é imediatamente reconhecida por todos e associada a episódios de maus tratos na escola O bullying 14 compreende comportamentos com diversos níveis de violência que vão desde chateações inoportunas ou hostis até fatos francamente agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas, sem motivação aparente, provocado por um ou mais alunos em relação a outros, causando dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outros. Na literatura especializada adota-se também o termo de vitimização. (Relatório PenSe, 2009) A pesquisa PenSE, 2009 permite uma análise mais ampla porque abordou os aspectos relacionados à segurança no deslocamento para a escola e na escola, à agressão física, ao uso de arma de fogo e branca, bullying e à segurança no trânsito. A proporção de estudantes que deixaram de ir à escola por não se sentirem seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa, nos 30 dias anteriores à pesquisa, foi de 6,4% para todo o Brasil e de 6,5% para São Paulo. A proporção de alunos que deixaram de ir à escola porque não se sentiam seguros no estabelecimento escolar alcançou 5,5% para o Brasil e de 6,9% para São Paulo. A Pense investigou o bullying através da seguinte pergunta: Nos últimos 30 dias, com que frequência algum dos seus colegas de escola te esculachou, zoou, mangou, intimidou ou caçoou tanto que você ficou magoado/incomodado/aborrecido? Os resultados mostraram 14 do inglês bully = valentão, brigão. 167

174 que quase um terço dos alunos (30,8%) disse ter sofrido bullying para o Brasil e 33,4% para São Paulo. O percentual dos que foram vítimas deste tipo de violência, raramente ou às vezes, foi de 25,4% para o Brasil e de 27,8% para São Paulo. A proporção dos que disseram ter sofrido bullying na maior parte das vezes ou sempre foi de 5,4%, para o Brasil e de 5,6% para São Paulo. O fenômeno atingia mais os estudantes do sexo masculino (32,6%) que os do sexo feminino (28,3%), para o Brasil. Em São Paulo a proporção é ligeiramente maior para o sexo feminino. A tabela apresenta as porcentagens. Quando comparada a dependência administrativa das escolas, a ocorrência de bullying foi verificada em maior proporção entre os alunos de escolas privadas do que entre os de escolas públicas, tanto para Brasil como São Paulo. Tabela Percentual de Escolares que se sentiram humilhados pelas provocações de colegas da escola, nos últimos 30 dias Sexo Dependência administrativa da escola Local Total (%) Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 25,4 28,3 32,6 35,9 29,5 São Paulo 27,8 32,6 30,6 39,7 30,0 Fonte: PENSE (2009). A pesquisa realizada pelo CEATS (2010) Bullying nas Escolas, no decorrer de Outubro de 2009 e Janeiro de 2010, entre estudantes da quinta, sexta, sétima e oitava séries do Ensino Fundamental, nas cinco regiões do País, mostra que 70% dos alunos pesquisados informam ter visto, pelo menos uma vez, um colega ser maltratado no ambiente escolar no ano de Vinte e oito por cento da amostra total de alunos afirmam ter sido vítimas de maus tratos por parte de colegas ao menos uma vez no ano de Uma semana é o período de duração mais frequente de ocorrência de maus tratos de acordo com os alunos respondentes, sendo observado em quase 15% daqueles que foram vítimas dessa situação de violência. Pouco mais de 29% dos alunos pesquisados afirmam que já maltrataram colegas no ambiente escolar pelo menos uma vez no ano de

175 Aqueles que são vítimas do bullying podem ser caracterizados pela sua maioria, meninos, ou seja, 12% dos meninos são vítimas desse tipo de violência, enquanto para as meninas esse número é um pouco superior a 7,0%. Os meninos são agredidos mais frequentemente por outros meninos (50% dos casos de maus tratos), enquanto as meninas são agredidas mais frequentemente tanto por grupos mistos (meninos e meninas), o que corresponde a 25% dos casos de maus tratos, quanto por grupos apenas de meninos, equivalente a 24% das respostas das meninas. O bullying é mais forte na faixa de 11 a 15 anos e cai consideravelmente entre os alunos a partir de 16 anos de idade. Os dados sobre a violência também revelaram que 12,9% dos estudantes se envolveram em alguma briga, nos 30 dias anteriores à pesquisa, na qual alguém foi agredido fisicamente para o Brasil, o percentual para São Paulo foi 13,3%. Também apresenta maior incidência para o sexo masculino e nas escolas públicas como pode ser observado na tabela a seguir. Tabela Percentual de Escolares que estiveram envolvidos nos últimos 30 dias em alguma briga na qual alguém foi fisicamente agredido Sexo Dependência administrativa da escola Local Total (%) Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 12,9 8,9 17,5 12,6 13,0 São Paulo 13,3 9,4 17,3 11,1 13,8 Fonte: PENSE (2009). No que se refere às brigas com arma branca, 6,1% dos escolares declararam envolvimento, nos últimos 30 dias, sendo mais frequente em alunos do sexo masculino (9,0%), do que nos do sexo feminino (3,4%). Para São Paulo, a proporção foi ligeiramente inferior, 5,3%, e também é mais frequente para o sexo masculino e nas escolas públicas Tabela 7.7- Percentual de Escolares que estiveram envolvidos nos últimos 30 dias em alguma briga na qual alguma pessoa usou arma branca Sexo Dependência administrativa da escola Local Total (%) Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 6,1 3,4 9,0 4,7 6,4 São Paulo 5,3 2,3 8,4 3,7 5,7 Fonte: PENSE (2009). 169

176 Também foi investigada a ocorrência de agressão física por um adulto da família: 9,5% dos escolares sofreram agressão por algum adulto da família, e 8,9% para São Paulo. A proporção de adolescentes do sexo feminino é 1% maior para o Brasil, e igual para São Paulo, neste aspecto a proporção foi maior para as escolas privadas. A tabela apresenta os resultados. Tabela Percentual de Escolares que foram agredidas fisicamente por um adulto da família Sexo Dependência administrativa da escola Local Total (%) Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%) Brasil 9,5 10,0 9,0 9,3 9,6 São Paulo 8,9 8,9 8,9 10,7 8,5 Fonte: PENSE (2009) CONTROLE DE CRIMES Desde 1998, o estado aumentou seus gastos na segurança e na administração penitenciária em 96% e em 2009 comprometia aproximadamente 9% de seu orçamento com o sistema de segurança pública e com a administração penitenciária 15. Isto corresponde a um gasto per capita anual com segurança de R$ 295,00, um dos mais altos do Brasil. Boa parte desse gasto é destinada ao controle de crimes perpetrados por jovens e para acomodar nas instituições sócio-educativas e correcionais do Estado, infratores com menos de trinta anos. O estado dispõe hoje de aproximadamente 131 mil profissionais de segurança pública o que faz com que São Paulo tenha uma das mais altas taxas de policiais por habitante do Brasil (316 por 100 mil habitantes) 16. Os gastos com a Justiça também são expressivos e no ano de 2008 foram gastos mais de R$ 4 bilhões em custeio e investimentos o que corresponde a 4,4% do gasto público do estado 17. Somados os gastos com Justiça, Segurança Pública e 15 Dados de receita e despesa tabulados no site da Receita do Estado de São Paulo Ministério da Justiça SENASP 17 Conselho Nacional de Justiça, Justiça em Números

177 Administração Penitenciária totalizam aproximadamente 12% do gasto público do Estado de São Paulo. As mudanças no policiamento e nas atividades de investigação no Estado foram significativas e resultaram em um aumento das detenções, dos indiciamentos e das condenações pela Justiça. Entre 1995 e 2006 a população carcerária de São Paulo aumentou 166% e tem atualmente a maior taxa de encarceramento por 100 mil habitantes entre os estados brasileiros POPULAÇÃO CARCERÁRIA Entre 2005 e 2008 o aumento foi de 103%, sendo que 60% da população carcerária do Estado de São Paulo em 2008 tinham menos de 29 anos. Quando analisamos estes dados por gênero, observamos que, entre 2005 e 2009 o número de mulheres encarceradas aumentou 184%, contra um aumento de 101% na população masculina. O problema está concentrado entre os jovens: na faixa etária dos 18 aos 24 anos houve um aumento de 345% no número de mulheres encarceradas. Houve nesse período também um aumento da proporção de condenações por crimes que são tipicamente organizados. As condenações por tráfico de drogas aumentaram 134% entre 2005 e 2009, enquanto a população carcerária total aumentou 103% no mesmo período. O aumento do encarceramento tem efeitos significativos para a sociedade: os gastos com a administração penitenciária aumentaram 172% entre 2000 e 2009, contra um aumento de 42% nos gastos com a segurança pública. Foram R$ 2 bilhões de Reais gastos com o sistema penitenciário em 2009, o que corresponde a quase 2% do gasto total do Estado no ano. 171

178 Tabela População Carcerária em 2005 São Paulo, População Carcerária Segundo a Idade (2005) Faixa Etária Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total 18 a 24 anos % 17.1% 33.5% 25 a 29 anos % 29.8% 28.3% 30 a 34 anos % 22.5% 18.2% 35 a 45 anos % 23.4% 14.2% 46 a 60 anos % 6.2% 5.2% Mais de 60 anos % 1.1% 0.7% Total % 100.0% Fonte: Dados fornecidos por Leandro Picquet % Tabela População Carcerária em 2008 São Paulo, População Carcerária Segundo a Idade (2008) Faixa Etária Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total 18 a 24 anos % 26.8% 33.5% 25 a 29 anos % 25.0% 27.4% 30 a 34 anos % 20.0% 18.0% 35 a 45 anos % 21.1% 14.7% 46 a 60 anos % 6.5% 5.4% Mais de 60 anos % 0.6% 0.9% Não Informado % 0.0% 0.2% Total % 100.0% 100.0% Fonte: Dados fornecidos por Leandro Picquet. Tabela Variação entre os anos da população carcerária Variação Faixa Etária Masculino Feminino Total 18 a 24 anos 99% 345% 104% 25 a 29 anos 96% 139% 97% 30 a 34 anos 99% 152% 101% 35 a 45 anos 108% 157% 110% 46 a 60 anos 110% 199% 113% Mais de 60 anos 175% 56% 169% Total 101% 184% Fonte: Dados fornecidos por Leandro Picquet. 103% 172

179 7.5. JOVENS PRIVADOS DE LIBERDADE Dados de detentos na faixa etária dos 12 aos 20 anos, fornecidos pela Fundação Casa, mostram que houve um aumento de 10% no número de internos no período de 2003 a Eram 6286 internos em 2003, passando para 6893 em O número de adolescentes internados diminuiu no período de 2003 a 2006 (5083 internos), voltando a crescer após este período. Gráfico Número de adolescentes internos Fonte: Fundação Casa. Separando estes jovens pelo ato infracional, observa-se que há uma mudança na característica do crime. Em 2003, 64% dos crimes cometidos eram de ordem patrimonial contra 11% relacionados a drogas. Em 2009 há uma mudança neste comportamento, houve uma queda no número de internos por lesões ao patrimônio e um aumento no número de jovens cujo ato infracional estava relacionado a drogas. 173

180 Gráfico Jovens Privados de Liberdade em 2003 Fonte: Fundação Casa. Gráfico Jovens Privados de Liberdade em 2009 Fonte: Fundação Casa. 174

181 7.6. CENÁRIO 2020 Até 1999 o Estado de São Paulo acompanhou uma espiral de violência semelhante a que ocorreu no Brasil. A partir de 1999 o Estado de São Paulo iniciou um processo reverso no comportamento da taxa de violência. A partir de então o ritmo dos índices de homicídios caiu aceleradamente. Apesar da diminuição há alguns fatores cujo comportamento permanece: os jovens continuam sendo vítimas em maior número. Com esta análise e considerando que em 2020 o número de jovens será em menor proporção, há uma tendência de queda constante na taxa de homicídio para os jovens no Estado de São Paulo. Assim como os homicídios, as mortes por acidentes de transporte no Estado de São Paulo apresentam trajetória de queda. Entretanto, esta trajetória é mais rápida para a população não-jovem. Através de dados disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública analisamos o volume de ocorrências de crimes consumados pelos adolescentes. A leitura destes dados mostra que 24% dos roubos consumados transeunte são praticados por adolescente e 66% por jovens entre 18 e 31 anos. Para roubos consumados com veículos os jovens de acima de 18 anos representam 73% do total. Além dos homicídios, os dados apresentados pela pesquisa PenSE evidenciam que as manifestações de violência se modificam, atualizando-se de acordo com o contexto histórico e social. Os resultados da pesquisa permitem colocar a violência como um fenômeno contemporâneo e relevante nas escolas, na comunidade e no ambiente familiar. Os gastos públicos com segurança e justiça deverão se manter altos na próxima década. O aumento da população carcerária desde 1994 a uma taxa média de 13% ao ano acarretará custos crescentes com o sistema, mesmo que a velocidade de expansão da população carcerária diminua seu ritmo de crescimento. 175

182 8. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E CULTURAL A participação em atividades políticas, sociais e comunitárias é considerada de grande importância para a inclusão dos jovens na sociedade e consolidação do processo de democratização no Brasil. Tal participação situa, não somente o jovem no campo das liberdades individuais, mas também na relação entre o estado e a sociedade. Tendo em vista as dimensões apresentadas neste trabalho, este capítulo visa complementar a contextualização da juventude paulista no que tange à política e cultura, principalmente com relação à participação em movimentos políticos, sociais e culturais. Para a elaboração da parte quantitativa deste capítulo, destacam-se as bases de dados a seguir. Primeiramente, foi utilizada a base do Tribunal Superior Eleitoral para a obtenção dos dados sobre eleitorado e candidatos paulistas. Na busca por dados sobre a opinião do jovem sobre os políticos, utilizou-se a Pesquisa de Opinião Pública do IBOPE de Janeiro do ano de 2007, que objetivou levantar a opinião da população brasileira com relação à imagem dos parlamentares brasileiros. Para tanto, esta pesquisa entrevistou 1400 pessoas num universo representativo do território nacional. Além desta base, para se mensurar a participação dos jovens em movimentos político-sociais e culturais, foi utilizada a Pesquisa de Opinião Juventude Brasileira e Democracia: Participação, Esferas e Políticas Públicas 2005, que é uma parceria do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Pólis). Iniciando pela descrição das bases de dados utilizadas, este capítulo, em seguida, contextualiza o jovem no cenário político, sendo subdividido nos seguintes tópicos: Jovem como eleitor, Opinião pública, Jovem na carreira política, e Participação em movimentos. Por fim, a conclusão destaca os principais resultados encontrados neste capítulo. 176

183 8.1. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA Sendo a política denominada como a ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados, este termo indicava na antiga Grécia todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-estado. Com o tempo, seu significado passou a abranger tanto o de cidade- Estado quanto o de sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana. Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância. Neste contexto, a participação política tem por objetivo influenciar o processo de decisão política. O exercício da participação política se realiza de diversas formas como voto, trabalho partidário regular, campanhas eleitorais, trabalho de informação política (publicar informação política) e participação em organizações que têm como objetivo influenciar o poder político. Também há formas não convencionais de participação, como greves e boicotes a determinados produtos. Entendendo o jovem como o grande agente potencial de transformação política e social, a história das sociedades aponta para o papel preponderante do jovem no contexto social, principalmente nos movimentos sociais que marcaram épocas. Seja como eleitor ou como agente, a participação política juvenil envolve desde a conscientização para a cidadania como a opinião sobre as instituições governamentais Jovem como Eleitor Num país em que o voto é facultativo, o perfil do eleitor está relacionado com a conscientização política da população, sendo a participação política correlacionada com o interesse de votar. Já num país como o Brasil, em que o voto é obrigatório, apesar de participação política e interesse no voto continuarem relacionados, não é possível medir diretamente na presença à votação este interesse. É difícil aferir a afirmação de que o jovem não participa politicamente no Brasil apenas pela participação em votação. 177

184 Pela Tabela abaixo, observa-se que a proporção de homens e mulheres é muito similar à distribuição da população. Isto também ocorre com a distribuição de eleitores entre 18 e 70 anos. Tal fato é esperado visto que a obrigatoriedade do voto nesta faixa etária faz com que o perfil do eleitorado seja muito próximo do perfil demográfico. Tabela 8.1 Perfil do Eleitorado Paulista na Eleição do ano de 2008 Masculino Feminino Participação no Total Faixa Etária Quantidade % Quantidade % Quantidade % Até 17 anos , , ,2% 18 a 20 anos , , ,3% 21 a 24 anos , , ,6% 25 a 34 anos ,4% ,6% ,1% 35 a 44 anos ,2% ,8% ,6% 45 a 59 anos ,4% ,6% ,7% 60 a 69 anos ,1% ,9% ,2% 70 a 79 anos ,3% ,7% ,4% Acima de 80 anos ,7% ,3% ,9% Número Total de Eleitores ,9% ,1% ,0% Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (Outubro/2008). A questão do voto obrigatório no Brasil inibe uma avaliação exata da quantidade de pessoas que estão realmente preocupadas com o direito de votar apenas analisando o perfil do eleitorado. Entretanto, é possível observar o eleitorado com menos de 18 anos de idade, uma vez que a lei brasileira permite que o jovem tenha voto opcional entre 16 e 18 anos, podendo-se especular acerca da vontade do jovem de participar do processo eleitoral. Como pode ser observado a seguir, não é possível destacar uma tendência sobre a participação dos jovens com 16 e 17 anos de idade no eleitorado paulista, não sendo possível concluir sobre o interesse do jovem em votar. A participação do jovem eleitor sobre o total populacional desta faixa etária no Estado de São Paulo oscila entre 20 e 40%, 178

185 diferentemente do eleitorado entre 18 e 70 anos, em que a participação está próxima dos 100%. Gráfico 8.1 Número de Eleitores com 16 e 17 anos e Participação no Eleitorado Obs.: percentual sobre as barras indica a participação dos eleitores no eleitorado no respectivo ano. Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Opinião Pública Considerando a pesquisa de opinião pública sobre a imagem dos parlamentares brasileiros, podem-se destacar os jovens do resto da população com relação a algumas questões. Os jovens avaliaram os atuais deputados e senadores federais com melhores notas do que o resto dos entrevistados. Além disso, comparando as faixas etárias, os jovens até 24 anos mostraram um maior percentual de declarações opinando que os parlamentares trabalhavam muito ou o suficiente. Por fim, a pesquisa mostra um grande desconhecimento da população com relação ao nome do presidente da câmara dos deputados. Neste quesito, os jovens foram os que mais desconheciam deste parlamentar, pois apenas 6% dos até 24 anos de idade acertaram seu nome. Tal percentual é abaixo da metade dos das outras faixas etárias. 179

186 Nota Média (0 a 10) avaliando os atuais deputados e senadores Acreditam que os atuais deputados e senadores trabalham muito ou o suficiente Conhecem o nome do atual presidente da câmara dos deputados no Congresso Nacional Tabela 8.2 Imagem dos Parlamentares Brasileiros 16 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos Acima de 50 anos 4,5 4,3 3,8 3,4 3,7 18% 9% 12% 9% 11% 6% 14% 17% 15% 18% Fonte: Pesquisa de Opinião Pública IBOPE (Janeiro/2007). A última questão talvez seja um forte indicativo do menor interesse dos jovens no acompanhamento das discussões políticas do congresso nacional, o que pode ter resultado em uma opinião mais otimista com relação às duas primeiras questões Jovem na Carreira Política Ao iniciar sua vida profissional, alguns jovens optam por seguir a carreira política. Para o ingresso nesta carreira é necessário observar os limites mínimos de idade para exercício do cargo. De acordo com a Constituição Federal, as idades mínimas para ocupação de cargos políticos são: 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado; 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito e Vice-Prefeito; e 18 anos para Vereador. O cargo que possibilita o ingresso mais cedo na carreira política é o de Vereador, apresentando 18,4% dos candidatos com até 34 anos de idade no Estado de São Paulo. Nesta faixa etária, 77% dos candidatos são homens. Apesar da participação feminina de 23% entre os candidatos jovens a Vereador aparentar ser pequena, é a maior entre todos os cargos da última eleição. Em oposição está o cargo de Prefeito que apresenta apenas 10% 180

187 dos candidatos sendo mulheres. A participação dos jovens entre os candidatos é de 11% para o cargo de Vice-Prefeito e 6% para Prefeito. Tabela 8. 3 Candidatos nas Eleições de 2008 no Estado de São Paulo Faixa Etária Prefeito Vice-Prefeito Vereador Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 18 a 20 anos Quantidade % 0,6% 0,9% 21 a 24 anos Quantidade % 0,2% 0,0% 0,9% 1,5% 2,2% 2,2% 25 a 34 anos Quantidade % 5,7% 6,0% 9,8% 11,4% 15,9% 14,3% 35 a 44 anos Quantidade % 24,9% 27,6% 25,9% 25,1% 31,2% 31,2% Quantidade Acima dos 45 anos % 69,2% 66,3% 63,3% 62,0% 50,0% 51,3% Total Quantidade % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Fonte: Tribunal Superior Eleitoral. Com relação à última eleição, para o âmbito estadual, percebe-se uma participação de 11,4% de candidatos até 34 anos de idade para o cargo de Deputado Estadual. A participação feminina entre os candidatos nesta faixa etária é de 14,9% para os cargos de Deputado Estadual. Já para os cargos de Governador e Vice-Governador, apesar da idade mínima para se candidatar ser de 30 anos, não houve candidatos entre 30 e 34 anos de idade. Entretanto houve 2 candidatos para Governador e 4 para Vice com idade entre 35 e 44 anos, que apesar de não ser o foco deste trabalho, vale mencionar que para a carreira política é uma idade baixa. 181

188 Tabela 8. 4 Candidatos Estaduais nas Eleições de 2006 no Estado de São Paulo Faixa Etária Deputado Estadual Governador Vice-Governador Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 21 a 24 anos Quantidade % 1,4% 2,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 25 a 34 anos Quantidade % 10,0% 8,9% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 35 a 44 anos Quantidade % 31,2% 25,8% 7,7% 100,0% 25,0% 50,0% Acima dos 45 anos Quantidade % 57,4% 62,7% 92,3% 0,0% 75,0% 50,0% Total Quantidade % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Fonte: Tribunal Superior Eleitoral. Considerando a eleição federal de 2006, observa-se que a participação de candidatos até 34 anos de idade para o cargo de Deputado Federal é de 9,4%. A participação feminina entre estes candidatos é de 16,7% para o cargo de Deputado Federal. Para Senador, constata-se cenário semelhante ao de Governador e Vice, entretanto vale destacar que neste caso a idade mínima do candidato deve ser de 35 anos. Tabela 8.5 Candidatos Federais nas Eleições de 2006 no Estado de São Paulo 21 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 44 anos Acima dos 45 anos Total Deputado Federal Senador Masculino Feminino Masculino Feminino Quantidade % 1,0% 2,9% 0,0% 0,0% Quantidade % 8,2% 8,0% 0,0% 0,0% Quantidade % 25,0% 24,6% 41,7% 0,0% Quantidade % 65,8% 64,5% 58,3% 100,0% Quantidade % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Fonte: Tribunal Superior Eleitoral. 182

189 8.2. PARTICIPAÇÃO SOCIAL E CULTURAL A importância que a cultura e lazer têm na vida do jovem, além de inerente à sua condição juvenil, é ratificada pelos eventos e movimentos aos quais os jovens se inserem. Diversos estudos apontam a cultura como a esfera de construção das identidades e de expressividade juvenil. Transformações sociais, como o aumento significativo da escolaridade do jovem, inserem a cultura também como uma função educativa, no que tange a um maior esclarecimento do jovem com relação às artes, por exemplo. Neste contexto, a participação do jovem na sociedade através de movimentos, de certa maneira, é referência na definição da juventude Participação em Movimentos Considerando a pesquisa de Opinião Juventude Brasileira e Democracia, analisa-se o envolvimento dos jovens com movimentos comunitários. Mais especificamente, busca-se saber se o jovem já participou de algum movimento ou reunião para melhorar a vida do seu bairro ou da sua cidade. Dentre os resultados destaca-se que 18,5% dos entrevistados responderam afirmativamente quanto à participação em algum movimento. Dentre este grupo, a faixa etária de 21 a 24 anos (21,3%) apresenta a maior participação, enquanto que a faixa de 15 a 17 anos (14,8%) tem a menor participação. Também se observa que os jovens das classes sociais mais baixas são mais ativos em movimentos por melhores condições de vida. 183

190 Tabela 8.6 Participação em Movimentos por Melhores Condições de Vida Gênero Faixa Etária Classe Social Masc. Fem. 15 a 17 anos 18 a 20 anos 21 a 24 anos A/B C D/E Sim 18,5% 19,0% 17,9% 14,8% 18,4% 21,3% 16,9% 17,2% 22,0% Não 80,6% 80,0% 81,2% 84,2% 80,9% 77,6% 81,1% 82,2% 77,7% sem resposta 0,9% 1,0% 0,9% 1,0% 0,7% 1,1% 2,0% 0,6% 0,3% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fonte: IBASE/POLIS, Pesquisa de Opinião Juventude Brasileira e Democracia Considerando os jovens que declararam participar de algum tipo de movimento ou reunião para a melhoria das condições do bairro ou cidade, pode-se destacar a natureza dessa mobilização. Dentre estes jovens, 37,8% declararam que já participaram de movimentos na busca de conquista ou melhoria de áreas de lazer/quadras esportivas. Em seguida, as maiores participações estão relacionadas com: educação/escola (36,5%), segurança (34,1%), saneamento/meio ambiente (29,2%), e postos de saúde (27,2%). Tal destaque para as áreas de lazer e quadras esportivas indica a alta importância dada pelos jovens ao espaço público com relação ao lazer e esporte. Gráfico 8.2 Natureza do Movimento por Melhores Condições Fonte: IBASE/POLIS, Pesquisa de Opinião Juventude Brasileira e Democracia

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