COLÉGIO GERAÇÃO Florianópolis SC Professora: Sônia Rivello

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1 COLÉGIO GERAÇÃO Florianópolis SC Professora: Sônia Rivello JOSÉ DE ALENCAR Terceirão 2010

2 BIOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana (CE). Formou-se em Direito em Recife, mas antes passou pela Faculdade de Direito de São Paulo, onde ajudou a fundar uma revista semanal de ensaios literários. Ao terminar o curso, Alencar voltou para o Rio, onde exerceu a profissão de advogado e colaborou diariamente no jornal O Correio Mercantil. Em 1856, teve início a polêmica a respeito de A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães no Diário do Rio de Janeiro. José de Alencar criticou a obra sob o pseudônimo de Ig. O resultado foi o desentendimento com D. Pedro II, amigo particular de Gonçalves de Magalhães. No mesmo ano, Alencar publicou seu primeiro romance, Cinco Minutos. Em 1857, escreveu O Guarani como resposta à polêmica. Entretanto, Alencar continuou sendo atacado por Antônio Feliciano de Castilho e Franklin Távora devido à linguagem considerada cheia de erros, segundo as normas gramaticais lusitanas. Alencar candidatou-se a deputado pelo Ceará pelo Partido Conservador e foi eleito. Procurou prosseguir a carreira do pai. Em 1864, Alencar casou-se com Ana Cochrane. Em 1868, tornou-se Ministro da Justiça. No ano seguinte, candidatou-se ao senado. Foi o mais votado, mas seu nome acabou vetado pelo imperador. Encerrou a vida pública e dedicou-se integralmente à literatura. Em 1877, José de Alencar viajou para a Europa em tratamento de saúde. Voltou ao Rio no mesmo ano, onde morreu vitimado pela tuberculose. OBRA: Cinco minutos (1856), O guarani (1857), A viuvinha (1869), Lucíola (1862), Diva (1864), Iracema (1865), O gaúcho (1870), A pata da gazela (1870), O tronco do ipê (1871), Guerra dos mascates ( ), O Sertanejo (1875) e Encarnação (1893). 2

3 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALENCAR, José de. Iracema. 14ª ed. São Paulo: Ática, GREGÓRIO, Irmão José. Contribuição indígena ao Brasil. Belo Horizonte: União Brasileira de Educação e Ensino, s/d. INTRODUÇÃO Iracema pode ser considerado um romance em prosa poética, ou seja, utiliza recursos da poesia num texto em prosa. Os elementos poéticos são evidentes na musicalidade, no ritmo cadenciado e nas descrições que valorizam a exuberância do cenário nacional. Narra-se a história de uma índia tabajara (Iracema) e do soldado português Martim Soares Moreno. A obra revestese de caráter alegórico, uma representação simbólica da formação da nação brasileira. Iracema simboliza a natureza brasileira. Seu nome é um anagrama (contém todas as letras) da palavra América. Ela é a virgem prometida ao deus Tupã e conhecedora dos mistérios da bebida sagrada dos tabajaras. O soldado português Martim Soares Moreno representa a cultura européia, o colonizador. Seu nome está ligado à guerra, tem origem em Marte, Deus da guerra na mitologia romana. Iracema mostra os primeiros contatos entre o índio e o branco. Estão presentes os mitos e as crenças da cultura indígena. Para Alencar, a obra apresenta-se de modo histórico e remonta ao período de expulsão dos holandeses do Nordeste. Com o subtítulo: Lenda do Ceará, o autor intentou contar a formação da província do Ceará e a fundação de Mecejana, sua terra natal. Dessa forma, o romance pode ser considerado histórico-indianista, já que além da supervalorização da natureza brasileira estão também presentes personagens históricas, tais como Poti (batizado depois Antônio Felipe Camarão), Martim e Irapuã. 30 3

4 I ANÁLISE E RESUMO DA OBRA Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba 1 ; Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas 2. Onde vai a afouta 3 jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho 4 que vai singrando veloce 5, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro 6 que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem. A lufada intermitente traz da praia um eco vibrante, que ressoa entre o marulho das vagas: Iracema 7! O moço guerreiro, encostado ao mastro, leva os olhos presos na sombra fugitiva da terra; a espaços o olhar empanado por tênue lágrima cai sobre o jirau 8, onde folgam as duas inocentes criaturas, companheiras de seu infortúnio. Nesse momento o lábio arranca d'alma um agro 9 sorriso. Que deixara ele na terra do exílio? Uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite, quando a lua passeava no céu argenteando os campos, e a brisa rugitava 10 nos palmares. Refresca o vento. 1 Ramo ou ramagem de carnaúba (tipo de arvora da qual se extrai cera). 2 Perífrase que substitui a palavra superfície das águas. 3 Corajosa, sem medo. 4 Pequena embarcação. 5 Veloz. 6 Tipo de cão treinado para guardar gado. 7 O nome de Iracema provém da combinação de duas expressões do guarani: ira, que significa mel, e temb (lébios), que se altera formando ceme. Assim, Iracema significa lábios de mel. 8 Armação ou estrado de madeira. 9 Figura: mesmo que acre, amargo. 10 Sussurrava, rugia. 4 PROBLEMÁTICA E PRINCIPAIS TEMAS Iracema é um romance que rompe a distância entre a prosa e a poesia. Alencar deixou-se envolver por essa união entre o épico e o lírico, a ponto de abusar dos elementos poéticos. As descrições do romance chegam a ser excessivas ou mesmo repetitivas em alguns momentos. Entretanto, conduzem o leitor pela história da pobre índia tabajara e pela linguagem alencariana. Para entender os principais temas de Alencar presentes em Iracema, deve-se levar em conta o projeto do autor de caracterização do Brasil a partir da literatura. Alencar fixa a sociedade carioca nos romances urbanos; caracteriza o mundo rural nos romances regionalistas (sul, norte, sudeste); destaca elementos históricos do período de colonização no romance histórico; e realiza a poesia das matas e o canto da natureza nos romances indianistas (O Guarani, Iracema e Ubirajara). O fortalecimento da identidade brasileira pósindependência surge, segundo a intenção romântica nacional, da capacidade de demonstrar uma cultura livre de influência e da dominação lusitana. Mostrar essa face do Brasil decorre, assim, de exaltar símbolos de brasilidade. O índio surge como o herói daqueles tempos históricos e símbolo de brasilidade. O tema central de Iracema é a natureza brasileira. O nacionalismo e o nativismo são suas características marcantes. Em Iracema, o Brasil de ficção e idealizado resulta de um projeto romântico bem definido, mas nem sempre ao gosto do leitor e da crítica portuguesa da época, o que resultou em ataques muitas vezes diretos ao escritor e alguns dissabores. 29

5 4. A linguagem é rica e colorida, carregada de adjetivação, descritivismo e musicalidade, aproximando-se inclusive da poesia (Iracema e Ubirajara). 5. Alencar destaca-se nos quatro tipos do romance romântico (urbano, indianista, regional e histórico). Foi o criador do romance indianista com O guarani. 6. Suas personagens sãos idealizadas. O rulo 11 das vagas precipita. O barco salta 12 sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a imensidade dos mares, e a borrasca 13 enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo. Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje 14 nalguma enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie 15 a bonança mares de leite! Enquanto vogas assim à discrição do vento, airoso barco, volva às brancas areias a saudade, que te acompanha, mas não se parte da terra onde revoa. (ALENCAR, José de. Iracema.14ª ed. São Paulo: Ática, 1983, pp. 11/14) Comentário: A abertura do romance já revela o caráter poético da linguagem empregada por Alencar. Por isso costumamos classificar a obra como prosa poética. O emprego de adjetivação farta e de figuras de linguagem (metáforas, símiles e prosopopeias) recria o cenário exuberante e idealizado da natureza brasileira. II Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna 16, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati 17 não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu 18, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara 19. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 14) Comentário: A descrição da virgem confirma a identificação de Iracema com a natureza brasileira. Iracema representa a pureza e a beleza das matas. Seus dotes físicos ligam-se a elementos dessa mesma natureza: lábios (mel), cabelos (negro como as asas da graúna, longos como a palmeira), sorriso (doce como o favo de jati), hálito (perfumado como a baunilha) e rápida (como a ema) Figura: mesmo que arrulho, recria o som do canto dos pombos nas ondas do mar. 12 Fig.: Prosopopeia. 13 Vento forte e súbito acompanhado de chuva, furacão. 14 Desembarque. 15 Dar aparência ou cor de jaspe variedade de quartzo opaco de várias cores). 16 Pássaro de cor negro: guira (pássaro) + una (de pixuna = negro). 17 Espécie de abelha. 18 Tipo de terra fértil para a agricultura. 19 Senhor das aldeias: Taba (aldeia) + jará (senhor). 5

6 O segundo capítulo é construído a partir de um flash-back, ou seja, de um retrocesso, uma volta ao passado, que perdurará até o último capítulo. Nesse momento, sua função é preparar o primeiro encontro entre Iracema e Martim Soares Moreno. O narrador preocupa-se em caracterizar a personagem, reproduzindo-a a partir da natureza brasileira, que lhe serve de modelo e comparação. Iracema sai do banho. Empluma as flechas do arco com penas de gará 20, enquanto brinca com seu ará 21, quando é interrompida por um rumor suspeito. Iracema depara-se com um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Iracema assusta-se, pois nunca havia visto um guerreiro branco: Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar: nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas 22 armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. (ALENCAR, José de. Op. cit. p. 15) Iracema assusta-se com a presença do guerreiro branco e dispara uma flecha. Martim é ferido no rosto de raspão e prepara-se para reagir, mas não o faz, porque está diante de uma mulher. A tristeza estampada na face faz Iracema estancar o sangue e, num gesto de paz, quebrar a flecha, dando a haste ao desconhecido e guardando consigo a ponta farpada. Martim conhece os costumes nativos. Os dois conversam e apresentam-se. Iracema dá as boas vindas ao estrangeiro. Comentário: O ato de quebrar a flecha equivale simbolicamente a um sinal de paz entre os silvícolas. III Martim acompanha Iracema até a cabana de seu pai Araquém, pajé da tribo dos tabajaras. Recebido com hospitalidade, Martim aceita o cachimbo oferecido por Araquém, alimenta-se e bebe. Depois, Iracema traz água fresca para que o estrangeiro lave o rosto e as mãos. O pajé fala: Vieste? Vim; respondeu o desconhecido. Bem-vindo seja. O estrangeiro é senhor na cabana de Araquém. Os tabajaras têm mil guerreiros para defendê-lo, e mulheres sem conta para servi-lo. Dize, e todas te obedecerão. Pajé, eu te agradeço o agasalho que me deste. Logo que o sol nascer, deixarei tua cabana e teus campos aonde vim perdido; mas não devo deixá-los sem dizer-te quem é o guerreiro que fizeste amigo. 20 Ave de plumagem vermelha, da família das araras. 21 Periquito. 22 Desconhecidos. 6 ESTILO DE ÉPOCA E ESTILO INDIVIDUAL Alencar não destoa das características gerais do Romantismo, como faz Manoel Antônio de Almeida. Suas obras procuram retratar um Brasil e personagens mais ideais do que reais, mais como ele gostaria que moralmente fossem (fantasia romântica e moralismo) do que objetivamente eram (realidade). Iracema é uma narrativa em forma de lenda, que procura ficcionalmente reconstruir a formação da província do Ceará. A valorização da natureza é um dos pontos altos da literatura do período romântico, que se deixou influenciar pelo pensamento de Rosseau segundo o qual só o contato com a natureza pode fazer com que ele retorne a seu estado inicial de pureza, que foi corrompido pela sociedade. O resultado é a exaltação da cor local (regionalismo e nacionalismo) e da figura do índio mito bom selvagem. O cenário é exuberante e reproduzido de forma minuciosa por meio de descritivismo pictórico, atitude que costuma ser chamada de nativismo ou naturismo. A natureza é a realização do pitoresco local, e decorre daí uma atitude evidente de exaltação e valorização da pátria, tanto em Portugal como no Brasil. Como a primeira fase do Romantismo brasileiro é decorrência histórica da Independência (1822), o nacionalismo torna-se uma característica de extrema importância. É desse nacionalismo que nasce o romance Iracema. É preciso ressaltar que a natureza que se apresenta nos textos românticos é viva, dinâmica, e participa diretamente da ação. Seu efeito não é meramente decorativo. Veja algumas das características que marcam a obra de José de Alencar: 1. Luta pela criação de uma língua literária brasileira com a incorporação de falas regionais e de expressões indígenas. 2. Alencar procurou criar um sentimento de identidade nacional com sua obra indianista, regionalista e histórica. 3. As narrativas são marcadas por forte moralismo, daí a ausência de cenas de sexualismo explícito. 27

7 6. Caubi: É o filho de Araquém e irmão de Iracema. Seu nome significa senhor dos caminhos, daí o papel que desempenha de conduzir Martim ao caminho de fuga. 7. Moacir: É o filho de Iracema e Martim. Na história, é apenas um bebê. Seu nome significa filho da dor. Simbolicamente, representa a miscigenação e o primeiro cearense. Seu nome decorre do sofrimento de Iracema ao abandonar a sua tribo, lutar contra seus próprios irmãos para defender seu amor para depois ser abandonada por Martim em virtude da guerra. Foi a Tupã que o pajé serviu: ele te trouxe, ele te levará. Araquém nada fez pelo seu hóspede; não pergunta donde vem e quando vai. Se queres dormir, desçam sobre ti os sonhos alegres; se queres falar, teu hóspede escuta. (ALENCAR, José de. Op. cit., pp ) Martim apresenta-se a Araquém: Sou dos guerreiros brancos, que levantaram a taba nas margens da Jaguaribe 23, perto do mar; onde habitam o pitiguaras 24, inimigos de tua nação. Meu nome é Martim 25, que na tua língua quer dizer filho de guerreiro; meu sangue, o do grande povo que primeiro viu as terras de tua pátria. Já meus destroçados companheiros voltaram por mar às margens do Paraíba, de onde vieram; e o chefe, desamparado dos seus, atravessa agora os vastos sertões do Apodi 26. Só eu de tantos fiquei, porque estava entre os pitiguaras e Acaracu 27, na cabana do bravo Poti 28, irmão de Jacaúna 29, que plantou comigo a árvore da amizade. Há três sóis partimos para a caça; e perdido dos meus, vim aos campos dos tabajaras. Foi algum mau espírito da floresta 30 que cegou o guerreiro branco no escuro da mata: respondeu o ancião. A cauã 31 piou, além da extrema do vale. Caía a noite. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 18) Comentário: O trecho acima é importante uma vez que temos o próprio Martim apresentando-se a Araquém, pai de Iracema. Percebemos nessa cena a aproximação do homem branco conhecedor da cultura indígena Maior rio da província do Ceará. A origem do nome provém da grande quantidade de onças que povoam o lugar. 24 Nação que habitava o litoral entre os rios Jaguaribe e Paraíba, cujo nome normalmente pode ser traduzido por comedores de camarão (poti), designação de desprezo dada pelos inimigos por viverem da pesca. 25 Martim Soares Moreno, personagem histórica que participo junto aos índios da tribo dos pitiguaras da expulsão dos holandeses do litoral no séc. XVII. Seu nome vem de Marte, deus da guerra na mitologia latina. 26 Apo (separação, afastamento) e di (desinência indicadora de dois). 27 Nome de um rio (rio do ninho das garças). Acará (garça) + co (buraco, ninho) + y (água). 28 Irmão do chefe dos pitiguaras. Seu nome significa camarão. Personagem histórico que recebeu por batismo católico o nome de Antônio Filipe Camarão. 29 Chefe guerreiro da tribo dos pitiguaras. 30 Referência a anhanguá, espírito maléfico; espectro animal que traz desgraça para quem o vê. 31 Mesmo que acauã, tipo de gavião preto cujo canto, emitido no crepúsculo e ao alvorecer, é considerado al-agourado e prenunciador de chuvas. 7

8 IV Iracema traz a companhia de mulheres para Martim, como é costume entre várias tribos, e também vários guerreiros para obedecerem ao estrangeiro. Martim reclama, porque Iracema vai deixálo. A virgem explica que é a detentora do segredo da jurema e do mistério do sonho: Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã. Martim deixa a cabana. O pajé conta ao povo os segredos de Tupã. Todos comemoram a volta e a vitória do chefe Irapuã. Quando Martim vai entrar na mata, surge o vulto de Iracema, que quer saber por que ele abandonou a cabana hospedeira sem levar o presente da volta. Martim deseja ver os amigos, não leva o presente da volta, mas a lembrança de Iracema na alma. Iracema pede que ele espere pela volta de seu irmão Caubi, que o guiará às margens do rio das Garças. Martim concorda em esperar até o próximo dia pela volta de Caubi. V Irapuã retorna das batalhas e é recebido por seu povo. Mostrase irado com a chegada dos estrangeiros: Agora os pescadores da praia, sempre vencidos, deixam vir pelo mar a raça branca dos guerreiros de fogo, inimigos de Tupã. Já os emboabas estiveram no Jaguaribe; logo estarão em nossos campos; e com eles os potiguaras. Faremos nós, senhores das aldeias, como a pomba, que se encolhe em seu ninho, quando a serpente enrosca pelos galhos? (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 21) Irapuã ergue o tacape e brande-o: Girando no ar, rápida e ameaçadora, a arma do chefe passou de mão em mão. O velho Andira, irmão do pajé, deixa cair o tacape e o calca no chão com o pé. Sua reação causa espanto e sua fala o maior susto: A nação tabajara é prudente. Ela deve encostar o tacape da luta para ranger o membi 32 da festa. Celebra, Irapuã, a vinda dos emboabas e deixa que cheguem todos aos nossos campos. Então Andira te promete o banquete da vitória. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 22) Irapuã desdenha do velho guerreiro e diz que leva a guerra no punho de seu tacape. VI Martim sente saudade da terra natal. Ele e Iracema conversam. A virgem pergunta se uma noiva o espera. Martim afirma que aquela que o espera não é mais doce nem mais formosa do que Iracema. Esta quer que ele veja a noiva antes da noite. Depois o convida para sair. Os dois atravessam o bosque e descem o vale. 2. Martim Soares Moreno: É um soldado português. Se Iracema é uma alegoria da América, Martim, é uma metonímia da Europa colonizadora. Martim realmente existiu, o que fez dele símbolo e personagem histórica. Participou como solado da luta contra a invasão holandesa. Seu nome significa filho de Marte, deus da guerra na mitologia romana. Em seu ser confrontam-se o amor de Iracema e a fidelidade à pátria portuguesa e ao amigo Poti. Martim abandona a mulher grávida para guerrear ao lado de Poti. Como as demais personagens, é também idealizado como um homem corajoso, honesto, sincero e fiel à amizade. Sua união com Iracema simboliza a dominação sobre as terras americanas e a integração do europeu. 3. Poti: Um dos chefes guerreiros dos pitiguaras, é irmão do cacique Jacaúna, chefe dos pitiguaras. Poti é amigo de Martim, de quem se considera irmão. Personagem histórica, Poti destacou-se ao lado dos portugueses na luta contra os invasores holandeses no litoral do nordeste, quando foi capitão-mor dos nativos. Foi batizado com nome de Antônio Felipe Camarão. Poti simboliza, no romance Iracema, a amizade. 4. Araquém: Pai de Iracema e Caubi, Araquém é o pajé (xamã ou curandeiro) dos tabajaras. Como feiticeiro da tribo, detém os poderes de Tupã, que procura transmitir seu conhecimento à tribo. Sua força decorre da prudência e da sabedoria da velhice, que em vão procura transmitir a Irapuã. Ele simboliza a experiência da velhice. 5. Irapuã: Personagem antagonista, é o chefe, o cacique da tribo dos tabajaras. Personagem histórica, destacou-se como inimigo dos portugueses e dos pitiguaras. Foi aliado dos holandeses. Seu nome significa mel redondo. Mas não há em seu comportamento qualquer brandura (doçura), pois é um indivíduo agressivo, movido sempre pelo ódio e pelo desejo de vingança. Procura realizar-se pela força e pela violência. Ama Iracema e sente-se enciumado com a presença do estrangeiro na cabana de Araquém. Irapuã simboliza a guerra. 32 Flauta indígena feita de osso de tíbia. 8 25

9 ESTRUTURA DA OBRA O romance Iracema apresenta 33 capítulos de variadas dimensões. Sua estrutura é construída a partir de flash-back ou retrocesso. Parte-se do tempo presente para o passado, para depois obedecer a uma ordem cronológica. A) Foco narrativo: O romance é narrado em terceira pessoa por um narrador onisciente, ou seja, que tudo sabe sobre as personagens, penetra em seus pensamentos e em sua alma. O tom poético decorre da profunda ligação entre as personagens e o cenário exuberante que os cerca. Apesar de sua posição aparentemente distanciada, o narrador deixa-se envolver pela cor local, emociona-se ao descrever a bela índia tabajara, que é caracterizada na obra como epíteto de brandura e amor. B) Tempo: A história passa-se no começo do século XVII, mais especificamente no período da expulsão holandesa do nordeste, daí um certo caráter histórico da obra. Veja-se a referência a Jerônimo Albuquerque no capítulo XXXIII, que foi chefe da expedição do Maranhão, em C) Espaço: O espaço central da narrativa é o Ceará, daí as diversas referências locais, tais como Mucuripe e Mecejana. A referência geográfica é sugerida desde o subtítulo: Lenda do Ceará. D) Personagens: As personagens do romance não apresentam densidade psicológica, são normalmente alegorias, como Iracema e Martim, ou personalidades históricas representativas, como Irapuã ou Poti. 1. Iracema: Índia tabajara, que simboliza a América, as matas brasileiras. É filha do pajé Araquém e irmã de Caubi. Iracema representa o amor e a pureza. Sua pureza decorre da natureza que simboliza e encarna, e do fato de ser a virgem prometida a Tupã. O amor é a força que faz Iracema recusar o papel que possui diante de sua tribo. Ela detém o segredo da fabricação do vinho da jurema (substância sagrada para os tabajaras). É por amor que desafia a profecia do pai, entregase a Martim e morre em seus braços no final da narrativa. Iracema é uma personagem idealizada: resulta do projeto romântico de caracterizar um Brasil livre e individualizado. 24 Iracema dá a Martim o licor da jurema. Martim sentiu perpassar nos olhos o sono da morte; porém logo a luz inundou-lhe os seios d'alma; a força exuberou em seu coração. Reviveu os dias passados melhor do que os tinha vivido: fruiu a realidade de suas mais belas esperanças. Voltaram as recordações da infância. Logo está nos campos do Ipu e segue o rasto de Iracema. Chama duas vezes pelo seu doce nome. O lábio do guerreiro suspirou mais uma vez o doce nome e soluçou, como se chamara outro lábio amante. Iracema sentiu que sua alma se escapava para embeber-se no ósculo ardente. [...] Súbito a virgem tremeu; soltando-se rápida do braço que a cingia, travou do arco. (ALENCAR, José de. Op. cit., pp ) Comentário: Martim sonha com o amor de Iracema, já que, na realidade, não poderia amar a virgem prometida a Tupã. VII Iracema percebe a proximidade de um guerreiro. É Irapuã, que soube da presença de um estrangeiro na cabana de Araquém. Irapuã deseja a morte do estrangeiro para conseguir o amor de Iracema. Quero beber-lhe o sangue todo: quando o sangue do guerreiro branco correr nas veias do chefe tabajara, talvez o ame a filha de Araquém. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 26) Iracema diz: Nunca Iracema daria seu seio, que o espírito de Tupã habita só, ao guerreiro mais vil dos guerreiros tabajaras! Torpe é o morcego porque foge da luz e bebe o sangue da vítima adormecida! (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 26) Iracema desafia e ameaça Irapuã: Não, porque Irapuã vai ser punido pela mão de Iracema. Seu primeiro passo é o passo da morte. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 26) Irapuã chega a vibrar o tacape, mas sente seu peso. Afirma que a sombra de Iracema não poderá esconder para sempre o estrangeiro e que vil é o guerreiro, que se deixa proteger por uma mulher. Depois desaparece entre as árvores. Iracema volta e protege o sono de Martim. O amor de Iracema é como o vento dos areais; mata a flor das arvores: suspirou a virgem. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 27) VIII Ao acordar, Martim encontra Iracema triste. A tabajara afirma que Caubi chegará e que Martim poderá partir. Martim diz que Iracema quer ver o estrangeiro fora do campo dos tabajaras para que a alegria volte a seu seio. 9

10 A juruti, quando a árvore seca, foge do ninho em que nasceu. Nunca mais a alegria voltará ao seio de Iracema: ela vai ficar, como o tronco nu, sem ramas, nem sombras. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 28) Martim deseja ficar para ver abrir a flor da alegria nas faces de Iracema e para sorver, como o colibri, o mel de seus lábios. Iracema conta que é filha do pajé e que guarda o segredo da jurema. O guerreiro que a possuir morrerá. Martim não teme a morte, mas sabe que deve partir. Iracema faz uma jura de amor: Tu levas a luz, dos olhos de Iracema, e a flor de sua alma. Caubi chega carregando a caça. Martim entra só na cabana. IX Martim comunica a Araquém sua partida. Iracema prepara o presente de despedida e o alimento para a viagem de Martim. Iracema presenteia Martim com sua rede. Caubi comunica que o sol se põe e é hora de partir. O pajé despede-se de Martim: Jupari 33 se esconda para deixar passar o hóspede do Pajé. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 31) Depois que descem a colina e entram na mata, Iracema despede-se: Estrangeiro, toma o último sorriso de Iracema... e foge!. Martim beija Iracema nos lábios. Caubi, mais à frente, chama Martim. X O velho pajé está em sua cabana com Iracema. A tristeza de Iracema e o silêncio de Araquém são quebrados pelo grito de guerra de Caubi. Iracema corre para a mata como a corça perseguida pelo caçador. Martim está sentado em uma sapopema, enquanto Caubi desafia cem guerreiros que os cercavam. Irapuã exige que Caubi lhe entregue Martim. Matai Caubi antes. A filha do Pajé passara como uma flecha: ei-la diante de Martim, opondo também seu corpo gentil aos golpes dos guerreiros. Irapuã soltou o bramido da onça atacada na furna. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 33) Caubi pede a Iracema que conduza Martim à cabana de Araquém. Iracema chama Martim, mas o estrangeiro fica imóvel. Iracema ameaça ficar, caso ele não a siga. Martim diz que os guerreiros de seu sangue não recusam combate. RESUMO DO ENREDO Iracema assusta-se com a presença de Martim Soares Moreno e fere-o no rosto com uma flecha. Depois sela a paz entre eles ao quebrar a flecha que feriu o português. Os dois conversam. Iracema leva Martim à tribo e apresenta-o a seu pai, Araquém, pajé dos Tabajaras. Com a volta do cacique Irapuã, Martim corre perigo, já que o guerreiro tabajara, apaixonado por Iracema, pressente seu amor pelo estrangeiro. Iracema é a virgem prometida ao Deus Tupã e a detentora dos segredos do licor da jurema, bebida sagrada e cujos efeitos levam os guerreiros ao delírio na véspera das batalhas. Martim toma a bebida e sonha amar Iracema. Irapuã acusa Iracema de ter-se entregado ao estrangeiro. Araquém faz uma profecia de que Iracema morrerá se abandonou sua virgindade ao guerreiro branco. Depois de tomar novamente o licor da jurema, Martim sonha estar com a índia, mas Iracema entrega-se realmente a Martim, que acredita que tudo não passa de um sonho. Iracema e Martim fogem de Irapuã. Martim reencontra seu amigo Poti, da tribo dos pitiguaras, e conseguem escapar, depois de enfrentar luta contra os tabajaras. Iracema defende seu amado. Constroem uma cabana às margens de uma lagoa, onde surgirá Mecejana. Iracema está grávida de Martim, que parte para lutar ao lado dos pitiguaras pela expulsão dos holandeses do litoral do Nordeste. Iracema dá à luz um menino, Moacir. Quando Martim retorna, Iracema está à beira da morte. Cumpre-se dessa forma a profecia de Araquém. Iracema morre nos braços do amado. Martim enterra a esposa e parte com o filho para a Europa, para voltar alguns anos depois. 33 Espécie de demônio, literalmente a boca torta

11 receber o batismo e o nome de Antônio Felipe Camarão. Antônio do santo daquele dia e Felipe do rei (Felipe II). Jacaúna vem habitar os campos de Porangaba para estar próximo do amigo. Camarão (Poti) ergue a taba de seus guerreiros nas margens da Mecejana 59. Tempos depois, quando veio Albuquerque 60, o grande chefe dos guerreiros brancos, Martim e Camarão partiram para as margens do Mearim a castigar o feroz tupinambá e expulsar o branco tapuia. Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas 61 onde fora tão feliz e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara. Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 87) Comentário: O encerramento do romance Iracema mantém o conteúdo poético de toda a obra e mostra as lembranças e saudades do esposo depois da morte da amada. A natureza recria com forte plasticidade os sentimentos do protagonista. O caráter histórico também fica patente nessa passagem. Irapuã ruge de alegria e brande um golpe de tacape. Caubi e Iracema interpõem-se quando Irapuã desfere o primeiro golpe. Os guerreiros de Irapuã afastam os dois irmãos e o combate prossegue. De repente o rouco som da inúbia 34 reboou pela mata; os filhos da serra estremeceram reconhecendo o estrídulo do búzio guerreiro dos pitiguaras, senhores das praias ensombradas de coqueiros. O eco vinha da grande taba, que o inimigo talvez assaltava já. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 34) Todos correm para defender a taba, deixando apenas Iracema e Martim. XI Os guerreiros tabajaras procuram o inimigo, mas ninguém é encontrado. Irapuã, desconfiado do ardil de Iracema, vai até a cabana de Araquém. Iracema salta sobre o arco e protege Martim. Irapuã quer o guerreiro branco, mas Araquém diz que o hóspede é amigo de Tupã e quem defender o estrangeiro ouvirá rugir o trovão. Irapuã acusa Martim de ter ofendido Tupã ao roubar sua virgem. Araquém faz uma profecia: Se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo 35, ela morrerá; mas o hóspede de Tupã é sagrado; ninguém o ofenderá; Araquém o protege. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 35) Irapuã ameaça desrespeitar o pajé, mas o velho Andira, irmão de Araquém, vem em seu socorro com o tacape em punho. Araquém afasta Andira. Pede paz e silêncio. Diante do desafio de Irapuã, Araquém remove a pedra no centro da cabana e bate o pé no chão. Do antro profundo saiu um medonho gemido, que parecia arrancado das entranhas do rochedo. 36 (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 36) Irapuã desiste de seu intento e deixa a cabana. Martim assustase com o poder do pajé. Araquém acende o cachimbo e sai. Ele diz que é hora de aplacar as iras de Tupã. Iracema aproxima-se de Martim, mas ele se afasta. Ela quer saber o que fez para que ele desvie os olhos como se ela fora o verme da terra. Martim teme que se cumpra a profecia de Tupã, que falou através do pajé. Para Iracema não é a voz de Tupã que ouve o coração de Martim, mas o canto da virgem loira que o chama. 59 Nome da lagoa das proximidades e que dá nome à província que aí surge. 60 Chefe da expedição do Maranhão (1612). 61 Terras Trombeta de guerra. 35 Perífrase para a perda da virgindade. 36 A cabana de Araquém estava sobre um rochedo onde havia uma galeria subterrânea que dava saída para a várzea. Ao retirar a pedra, o ar encanado emitia o som que o pajé dizia ser de Tupã. Esse fenômeno da natureza era utilizado para enfatizar a idéia de poder. 11

12 XII Ouve-se um inesperado canto de gaivota. Martim conta a Iracema que o canto da gaivota é o grito de guerra de Poti. Iracema não contará a seus irmãos. Martim sabe que sua partida evitará mortes. Iracema beija a mão de Martim, que se ergue para ir ao encontro de Poti. Iracema diz que os guerreiros de Irapuã vão matá-lo. Segundo Martim, um guerreiro só pede proteção a Deus e às suas armas. Não carece que o defendam os velhos e as mulheres. Iracema oferece-se para ir ao encontro de Poti, enquanto Martim ficará sob a proteção de Araquém. XIII Iracema ouve o grito da gaivota e chega até a borda de um tanque. Chama Poti, que aparece. Iracema fala da raiva de Irapuã. Poti cerra os lábios de Iracema ao perceber a presença de inimigos. Logo depois, desaparece no lago. Ao voltar para a cabana, Iracema percebe as sombras de muitos guerreiros. Araquém parte assim que Iracema chega. Martim fica sabendo o que a índia ouviu de Poti. Ele pretende partir para ajudar o amigo, mas Iracema mostra que sua imprudência pode levar os guerreiros de Irapuã até Poti. Caubi entra na cabana e conta o que cauim 37 perturbou os guerreiros e os fez vir contra o estrangeiro. Iracema manda Caubi erguer a pedra e esconde-se com Martim na garganta de Tupã. XIV Caubi protege a entrada da cabana, enquanto Iracema e Martim desaparecem nas entranhas da terra. Ouvem uma voz. É Poti, que aconselha Martim a partir para as margens do ninho das garças antes do amanhecer. Não será seguido porque a inúbia dos pitiguaras rugirá da banda da serra. Poti está só. Martim crê que não deva rugir a inúbia, porque atrairá os guerreiros tabajaras. Assim é preciso para salvar o irmão branco; Poti zombará de Irapuã, como zombou quando combatiam cem contra ti. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 43) Iracema deseja salvá-los. Eles devam aproveitar o nascimento da lua das flores. Os guerreiros tabajaras passarão a noite no bosque sagrado. Quando estiverem todos adormecidos com os sonhos alegres, Martim deixará os campos do Ipu, e os olhos de Iracema, mas sua alma, não. Martim estreita Iracema ao seio, mas a repele, porque as plavras terríveis do pajé magoam-lhe o coração. Poti concorda com as palavras sábias de Iracema. restaurar-lhe as forças. O gemido e o suspiro tinham crestado com o sorriso e o sabor em sua boca formosa. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 83) XXXII Antes de retornar, Martim segue até as margens do Mearim, onde habita o inimigo, aliado dos tupinambás. O número de holandeses cresce. Depois, Martim retorna aos campos da Porangaba. Quando mais seu passo o aproxima da cabana, mais lento se torna e pesado. Tem medo de chegar; e sente que sua alma vai sofrer; quando os olhos tristes e magoados da esposa entrarem nela. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 84) Com esforço, Iracema ergue o filho para apresenta-lo ao pai: Recebe o filho de teu sangue. Era tempo; meus seios ingratos já não tinham alimento para dar-lhe! Pousa o filho nos braços de Martim e desfalece. O esposo viu então como a dor tinha consumido seu belo corpo; mas a formosura ainda morava nela, como o perfume na flor caída do manacá. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 85) Iracema não se ergue mais da rede onde Martim a colocou. Poti manda o amigo enterrar o corpo da esposa ao pé do coqueiro que Martim ama. Assim, quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é a voz de Martim que fala entre seus cabelos. Poti ampara o amigo em sua dor. Martim enterra o camucim com o corpo de Iracema ao pé do coqueiro e quebra um ramo de murta, a folha da tristeza, deitando-a no jazigo. A jandaia repete tristemente: Iracema. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 86) Comentário: O final do capítulo demonstra claramente a intenção de José de Alencar de dar um tom de lenda à sua narrativa, o que pode ser confirmado pelo subtítulo: Lenda do Ceará. XXXIII Quatro anos se passam depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando consigo no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 86) 37 Bebida que embriaga. 12 Poti espera pela volta do amigo. Martim volta e traz consigo muitos guerreiros brancos e um sacerdote que planta a cruz na terra selvagem. Poti é o primeiro a 21

13 Trava-se um forte combate, que termina com o náufrago da caravela inimiga. Ao romper d alva, o maracatim 56 fugia no horizonte para as margens do Mearim. Jacaúna chegou, não mais para o combate e só para o festim da vitória. Nessa hora em que o canto do guerreiro dos pitiguaras celebrava a derrota dos guaraciabas, o primeiro filho que o sangue da raça branca gerou nessa da liberdade, via a luz nos campos da Porangaba. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 79) XXX O filho de Iracema nasce na margem do rio. Iracema chama-o de Moacir 57. Tua mãe também, filho de minha angústia, não bebera em teus lábios o mel de teu sorriso. Ao chegar ao morro de areia, Iracema adivinha a partida de Martim e Poti para a guerra. Na manhã seguinte, Iracema vê Caubi em pé na porta da cabana. Ergue-se para proteger o filho, mas Caubi diz que não foi a vingança que o arrancou do campo dos tabajaras. Precisa ver Iracema, que levou consigo toda sua alegria. Caubi vê Moacir. Iracema pergunta se Araquém ainda vive. Caubi conta que depois que ela o deixou, sua cabeça vergou para o peito e não se ergueu mais. Para consolar o pai, Iracema pede ao irmão que diga que ela está morta. Iracema prepara a refeição. Caubi quer saber onde está Martim para que lhe dar o abraço da amizade. Iracema chora. Caubi diz: Teu irmão pensava que a tristeza ficara nos campos que abandonaste; porque trouxeste contigo todo o riso dos que te amavam. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 81) XXXI Iracema manda Caubi retornar às montanhas dos tabajaras. Depois de conversarem, despendem-se num abraço que une os três. Iracema espera a partida do irmão para voltar à cabana onde o filho chora. Guardou segredo do motivo do sofrimento da criança. Suspende filho ao seio, mas o leite é escasso e não brota. Prepara ao fogo o mingau para nutrir a criança. Com a chegada do sol, parte com o filho para a mata. Encontra o leito de iara 58 ausente. Coloca na colo um por um os filhotes, passa mel nos seios e os oferece. Os cachorrinhos famintos sugam. Os seios sangram. Brota o leite com o qual alimenta o filho de sua dor. A filha de Araquém sentiu afinal que sua veias se estancavam; e contudo o lábio amargo de tristeza recusava o alimento que devia 56 Grande barco que leva na prova um maracá (chocalho). 57 Significa filho do sofrimento, da dor. 58 Animal carnívoro da família dos mustelídeos. 20 Comentário: Na cultura indígena, o nascimento da lua das flores simboliza um momento de comemoração e alegria. Entre os tabajaras havia o costume de receber do pajé o licor da jurema nessas ocasiões. O delírio obtido com o efeito da bebida sagrada prepara o espírito dos guerreiros para a batalha. XV Martim e Iracema estão na cabana. Araquém dorme. Iracema não resiste ao sorriso de Martim e debruça-se sobre seu peito. Já o estrangeiro preme ao seio; e o lábio ávido busca o lábio que o espera, para celebrar nesse ádito 38 d alma, o himeneu 39 do amor. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 45) Araquém solta um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não vira os olhos? Ou foi algum funesto presságio 40 para a raça de seus filhos, que assim ecoou n alma de Araquém? Ninguém o soube. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 45) Martim repele Iracema e clama por Cristo. Não pretende deixar rasto da desgraça na cabana hospedeira. Retoma a serenidade, mas não consegue esquecer Iracema. Pede à virgem o licor da jurema. Iracema busca o vaso da bebida. Quando Iracema foi de volta, já o Pajé não estava na cabana; tirou a virgem do seio o vaso que ali trazia oculto sob a carioba 41 de algodão entretecida de penas. Martim lho arrebatou as mãos, e libou 42 as gotas do verde e amargo licor. Agora podia viver com Iracema, e colher em seus lábios o beijo que ali viçava entre sorrisos, como o fruto na corola da flor. Podia amála, e sugar desse amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem. O gozo era vida, pois o sentia mais forte e intenso; o mal era sonho e ilusão, que da virgem não possuía senão a imagem. Iracema afastara-se opressa e suspirosa. Abriram-se os braços do guerreiro adormecido e seus lábios, o nome da virgem ressoou docemente. A juriti 43, que divaga pelas flores, ouve o terno arrulho do companheiro; bate as asas, e voa a aconchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão, aninhou-se nos braços do guerreiro. 38 Que ou o que se adiciona a (algo) para torná-lo mais completo. 39 Casamento, bodas, festa de núpcias. 40 Agouro, predição, prenúncio. 41 Camisa de algodão. 42 Bebeu, sorveu. 43 Ave columbiforme, tipo de pomba de pequeno porte. 13

14 Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali debruçada, qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo 44 vivos rubores; e como entre os arrebóis 45 da manhã cintila o primeiro raio do sol, em suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído amor. [...] As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras. (ALENCAR, José de. Op. cit., pp ) Ao acordar, Martim acredita que tudo não passara de um sonho. Comentário: O trecho acima revela o momento de encontro amoroso entre Martim e Iracema. Martim toma o licor da jurema e sonha estar amando Iracema. Durante seu delírio, chama pela amada, que se entrega. Ao acordar, Martim julga que o sonho continua, e volta a dormir. A passagem demonstra a sutileza empregada por Alencar ao narrar o ato amoroso entre Martim e Iracema. Mais uma vez a natureza, que serve de elemento descritivo para caracterizar a virgem, molda o espaço encantado que impele a virgem para o estrangeiro. Um bom exemplo é a metáfora que unifica simbolicamente o feminino e o masculino:... qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. O moralismo do escritor é evidente nas duas últimas estrofes: As águas do rio banharam o corpo da recente esposa e Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras. Em algumas tribos o ato sexual equivale ao casamento. XVI Os guerreiros tabajaras reúnem-se no bosque sagrado, levando oferendas a Tupã. Araquém está imóvel no meio de uma nuvem de fumaça. Iracema distribui o vinho da jurema, que transporta ao céu o valente tabajara. Este, grande caçador, sonha que os veados e as pacas correm de encontro às suas flechas para se traspassarem nelas; fatigado por fim de ferir, cava na terra o bucã, e assa tamanha quantidade de caça, que mil guerreiros em um ano não acabariam. Outro, fogoso em seus amores, sonha que as mais belas virgens tabajaras deixam a cabana de seus pais e o seguem cativas de seu querer. [...] O herói sonha tremendas lutas e horríveis combates, de que sai vencedor, cheio de glória e fama. O velho renasce na prole numerosa e deixada pelo esposo estrangeiro. Simbolicamente, pode-se dizer que Iracema retoma seu estado de natureza. XXVII Uma tarde Martim e Poti voltam. Os dois chegaram à cabana de Jacaúna no momento que o combate seria iniciado. Lutaram muito e venceram os inimigos. Martim enche-se de alegria pela volta, mas Iracema percebe que os olhos do amado não buscam mais os dela. XXVIII Uma vez o cristão ouviu dentro em sua alma o soluço de Iracema: seus olhos buscaram em torno e não a viram. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 75) Martim quer saber por que Iracema chora. Ela diz que perdeu sua felicidade depois que ele se separou dela. O que espreme as lágrimas do coração de Iracema? Chora o cajueiro quando fica tronco seco e triste. Iracema perdeu sua felicidade, depois que se separaste dela. Não estou junto de ti? Teu corpo está aqui; mas tua alma voa à terra de teus pais e busca a virgem branca, que te espera. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 75) Quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá; como o abati 55 depois que deu seu fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 75) Comentário: Iracema percebe o distanciamento de Martim. Sabe que o amado sente saudade de sua terra natal. A tristeza de Martim e fruto da necessidade que tem de combater. Martim representa o filho de Marte, deus da guerra, enquanto Iracema simboliza o amor. O amor e a guerra não permanecem juntos por muito tempo. Ela, Iracema, nascera para o amor e ele, Martim, para a guerra. XXIX Poti e Martim descobrem uma caravela holandesa que parece seguir para a guerra da vingança contra os pitiguaras. Martim sugere que Poti chame os caçadores do Soipé e os pescadores do Trairi para lutarem contra o inimigo. Todos atendem ao chamado de Poti. Todos se escondem nas praias de Jacarecanga para não serem avistados pelos inimigos. 44 Sentimento de vergonha; pudor. 45 Cor avermelhada do crepúsculo Milho ou arroz. 19

15 braço, a velocidade do braço sobre o inimigo; a raiz do coqueiro o pé firme que sustenta seu corpo robusto; a asa no pé, o pé veloz; e a abelha, a doçura no coração. XXV A alegria dura até o período de amadurecimento das espigas de milho. Martim, entretanto, fica cansado das caçadas com Poti e das carícias da terna esposa. Ele mira o mar e sente saudade da pátria. A chegada de um guerreiro pitiguara mandado por Jacaúna traz notícias da aliança entre os tapuias (holandeses) e Irapuã para vencer a nação pitiguara. Poti é chamado por Jacaúna para defender os campos de seus pais e anuncia sua partida para o amigo. Martim afirma que nada separa dois guerreiros amigos quando troa a inúbia da guerra. XXVI Poti pede a Martim que fique. Ele voltará em breve. Martim insiste em partir com o amigo. Poti quer saber se ele quer que Iracema o acompanhe, mas Martim diz que ela deve ficar. Os pitiguaras lutam contra os irmãos de Iracema, que sentirá tristeza e dor. Os dois seguem, depois de Poti fincar no chão uma flecha emplumada por Iracema com penas pretas e vermelhas atravessada num goiamum 54. Podes partir. Iracema seguirá teu rasto; chegando aqui, verá tua seta, e obedecerá à tua vontade. Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da lembrança, o entrelaçou na haste da seta, e partiu enfim seguido por Poti. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 71) Iracema encontra a seta e entende que ele lhe ordena que ande para trás como o goiamum e guarde a sua lembrança todo o tempo até morrer. Sente-se abandonada pelo marido e tem saudade dos formosos campos do Ipu, da cabana de Araquém, mas não se arrepende de os ter abandonado. Sua única companhia é a amiga jandaia, que finalmente voltara. Comentário: Dois aspectos merecem destaque nesse capítulo. O primeiro refere-se à impossibilidade de Martim permanecer em paz ao lado da amada. Seu espírito guerreiro, significado evidente a partir de seu nome, como foi mencionado anteriormente, é incapaz de encontrar sossego ou paz apenas ao lado da doce amada. O segundo é indicado pela volta de jandaia, que finalmente pode reconhecer Iracema, que retorna a seu estado primitivo ao ser como o seco tronco donde rebenta nova e robusta sebe, ainda cobre-se de flores. Todos sentem a felicidade tão viva e contínua, que no espaço da noite cuidam viver muitas luas. As bocas murmuram; o gesto fala, e o Pajé, que tudo escuta e vê, colhe segredo no íntimo d alma. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 48) Iracema deixa o bosque e vai ao encontro de Martim. Seguem para o vale para encontrar Poti. Os três partem. Poti pede a Martim que mande Iracema voltar, porque ela demora a marcha dos guerreiros. Martim procura conversar com Iracema, mas ela vai acompanhá-lo até onde acabam os campos dos tabajaras. Quando estão fora, Martim diz: Teu hóspede já não pisa os campos dos tabajaras. É o instante de separar-se dele. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 49) XVII Iracema não pode voltar, porque já é esposa de Martim. Poti alerta que os tabajaras começam a despertar. Iracema chama Martim, porque a vida dele corre perigo enquanto não pisar as praias dos pitiguaras. Poti sabe que os tabajaras são velozes e esperava o momento de morrer defendendo o amigo. Param com a chegada da noite. Na manhã seguinte, Poti anuncia que o povo tabajara caminha na floresta. Os três seguem pela mata. XVIII Os tabajaras alcançam os fugitivos. Irapuã e seu povo precipitam-se sobre o inimigo. Nesse momento late um cão selvagem. Poti solta um grito de alegria. O cão guia os guerreiros pitiguaras. Jacaúna, irmão de Poti, chega do rio das garças com seus melhores guerreiros. Trava-se uma violenta batalha. Jacaúna luta contra Irapuã. Caubi ataca Martim, mas Iracema pede a Martim que não derrame o sangue do irmão. Ela mesma matará Caubi, se for necessário: Iracema antes quer que o sangue de Caubi tinja sua mão que a tua; porque os olhos de Iracema vêem a ti, e a ela não. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 53) Caubi combate. Martim apenas se defende. Poti derruba o velho Andira. Martim deixa Caubi para Poti e diz a Jacaúna que Irapuã lhe pertence. Durante a luta, a espada de Martim faz-se em pedaços e Irapuã parte sobre ele com a clava. Iracema atira-se contra Irapuã e deixa-o indefeso. Soava a pocema 46 da vitória. Os tabajaras fogem, levando consigo o seu chefe. 54 Mesmo que guaiamu, espécie de caranguejo, da família dos gecarcinídeos Grito de guerra. 15

16 Iracema fica triste ao ver o chão cheio de cadáveres de seus irmãos e a fuga do bando de guerreiros tabajaras. Ela chora. Martim afasta-se para não envergonhar a tristeza de Iracema. XIX Poti persegue os inimigos, cheio de alegria ao ver que Martim está a salvo. Depois, dá o cão ao amigo para que o possa chamar em caso de perigo. Poti leva Martim até onde cresce um frondoso jatobá. Ele nasceu naquele local. Conta para Martim a história de seu pai, o grande chefe Jatobá. XX Martim e Iracema hospedam-se na cabana de Jacaúna. Iracema está triste por hospedar-se na taba dos inimigos de seu povo. Martim resolve partir e comunica isso a Jacaúna. Poti vai acompanhá-lo. O guerreiro do mar deixa as margens do rio das garças, e caminha para as terras onde o sol se deita. A esposa e o amigo seguem sua marcha. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 56) XXI Os três chegam à foz do rio Mundaú 47, onde habita a tribo dos pitiguaras. São recebidos com hospitalidade e levados de jangada pelo chefe até a tribo dos caçadores, onde são recebidos por Jaguaraçu. Depois, seguem até um alto morro de areia que tinha a alvura da espuma do mar 48. Martim decide instalar a taba dos guerreiros brancos próxima à embocadura do rio cujas margens eram alagadas e cobertas de mangue. O mar entrando por ele, formava uma bacia cheia de água cristalina, e cavada na pedra como um camucim 49. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 59) Com a ajuda de Poti, Martim e Iracema erguem uma cabana com troncos de carnaúba, folhas de palmeira e taquara. XXII Poti conta a história de Batuireté, pai do grande chefe Jatobá, que, tomado pela velhice, entregou o comando da tribo pitiguara ao filho. Poti decide ir à serra de Maranguape, onde habita seu grande avô. Martim e Iracema acompanham-no. Poti apresenta Martim ao grande Batuireté. O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os lábios murmuraram: Tupã quis que 47 Rio tortuoso que nasce na serra de Uruburetama (ninho dos urubus). 48 Esse morro é chamado de Mocoripe (Mucuripe) fica a uma légua de Fortaleza. 49 Pote de barro preto. 16 estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco 50 junto da narceja 51. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 63) Poti e os amigos deixam Baruireté sossegado. Quando voltam, o velho está morto. Poti providencia o funeral do avô. XXIII Iracema está feliz junto ao amado. Perto havia uma formosa lagoa no meio de verde campina. Para lá volvia a selvagem o ligeiro passo. Era a hora do banho da manhã; atirava-se à água e nadava com garças brancas e as vermelhas jaçanãs. Os guerreiros pitiguaras, que apareciam por aquelas paragens, chamavam essa lagoa Porangaba 52, ou lagoa da beleza, porque nela se banhava Iracema, a mais bela filha da raça de Tupã. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 64) Iracema conta ao marido que será a mãe de seu filho. Martim fala a Poti sobre sua felicidade na terra das palmeiras. XXIV Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos vermelhos e pretos, que ornavam a grande nação pitiguara. Depois pintou na fronte uma flecha e disse: Assim como a seta traspassa a duro tronco, assim o olhar do guerreiro penetra n alma dos povos. (ALENCAR, José de. Op. cit., p. 67) Poti pinta no braço de Martim um gavião; no pé esquerdo, a raiz de um coqueiro; no direito, uma asa. Iracema pinta uma abelha sobre a folha de uma árvore. Depois, Iracema batiza Martim de Coatiabo 53. Seguem-se os festejos com bebidas e danças. Comentário: O narrador coloca o leitor a par do costume indígena de pintar o corpo do guerreiro com as cores de sua nação. Martim deve passar pela cerimônia, uma vez que adotou a pátria da esposa e do amigo. As pinturas revestem-se de simbologia. A seta representa o olhar do guerreiro na alma dos povos; o gavião no 50 Essa passagem equivale a uma profecia do velho chefe, que prevê a destruição de sua raça pelos brancos. Martim é chamado de gavião branco, enquanto Poti, de narceja. 51 Maçarico-d água-doce, ave caradriforme da família dos escolopacídeos (Gallinago paraguaiae). 52 Atualmente, chama-se Arronches. Significa beleza. Alencar aproveita para, novamente, representar a beleza de Iracema com um elemento da natureza. 53 Significa corpo pintado. 17

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