Iracema José Martiniano de Alencar - 1 VIDA E OBRA 1829-MECEJANA,CE 1877-RIO DE JANEIRO,RJ
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- Nathan Leveck Azenha
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1 Iracema José Martiniano de Alencar - 1 VIDA E OBRA 1829-MECEJANA,CE 1877-RIO DE JANEIRO,RJ
2 Iracema José de Alencar - 2 O senador José Martiniano de Alencar, seu pai o Clube da Maioridade D. Pedro teses liberais O curso de Direito em São Paulo e Olinda Cronista do Correio Mercantil Redator do Diário do Rio de Janeiro Ig. o pseudônimo A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães O folhetim: Cinco Minutos (1856) A Viuvinha (1857) O Guarani (1857)
3 Iracema José de Alencar a morte do pai O ingresso na política: deputado provincial pelo Ceará / a pasta da Justiça no ministério conservador de As posições retrógradas o escravismo O individualismo O abandono da política a preterição por D. Pedro II na indicação para o Senado
4 Iracema José de Alencar - 4 Os defensores de Magalhães A censura: As Asas de um Anjo ( ) O Conselheiro Lafayette a heroína de Lucíola: mostrengo moral Os críticos Pinheiro Chagas, Antônio Henriques Leal e Antônio Feliciano de Castilho a teoria da língua brasileira Franklin Távora (O Cabeleira) a crítica aos romances regionais
5 Iracema José de Alencar - 5 Romances urbanos Cinco Minutos (1856); A Viuvinha (1857); Lucíola (1862); Diva (1864); Senhora (1875) Romances históricos (o indianismo) O Guarani (1856); Iracema (1865); Ubirajara (1874) Romances regionalistas As Minas de Prata ( ); O Gaúcho (1870); O Sertanejo (1875)
6 Iracema José de Alencar - 6 A crítica política Cartas Políticas de Erasmo, Ao Imperador Novas Cartas Políticas de Erasmo (1865); Ao Povo Cartas Políticas de Erasmo (1866) Teatro O Demônio Familiar ( ) Publicações Póstumas Encarnação (1877); romancista (1893) Como e por que sou
7 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 1 (...) importava a Alencar cobrir com a sua obra narrativa passado e presente, cidade e campo, litoral e sertão, e compor uma espécie de suma romanesca do Brasil. (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira) É sempre com menoscabo ou surda irritação que [Alencar] olha o presente, o progresso, a vida em sociedade ; e quando se detém no juízo da civilização, é para deplorar a pouquidade das relações cortesãs, sujeitas ao dinheiro. Daí o mordente das suas melhores páginas dedicadas aos costumes burgueses em Senhora e Lucíola. (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira)
8 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 2 Na verdade, era uma crítica emocional que só oferecia uma alternativa: o retorno ao índio, ao bandeirante, e a fuga para as solidões da floresta e do pampa. (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira) Para dar forma ao herói, Alencar não via meio mais eficaz do que amalgamá-lo à vida da natureza. É a conaturalidade que o encanta: desde as linhas do perfil até os gestos que definem um caráter, tudo emerge do mesmo fundo incônscio e selvagem, que é a própria matriz dos valores românticos. (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira)
9 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 3 Alencar é o primeiro ficcionista de voo largo na literatura brasileira e a sua obra representa, na prosa, a realização da tendência nacional que vinha sendo reclamada pela opinião crítica e pelo sentimento de autonomia. (...) Essa soberania do ser sobre o mundo explica o seu grande senso do social; explica o seu realismo quando descreve os costumes, as relações entre as pessoas, a vida interior. (CASTELLO, José Aderaldo & CANDIDO, Antonio. Presença da Literatura Brasileira. Volume I - Das origens ao Realismo)
10 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 4 Explica, ainda, o senso que teve das desarmonias e estranhezas da conduta, bem como a capacidade de desmascarar e denunciar certos aspectos profundos, recalcados, da realidade social e individual, fazendo dele, apesar da idealização romântica, um modesto precursor de Machado de Assis. (CASTELLO, José Aderaldo & CANDIDO, Antonio. Presença da Literatura Brasileira. Volume I - Das origens ao Realismo)
11 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 5 [romance histórico (de Alencar)], que se inicia com a temática limitada do indianismo e evolui no sentido de ampliar o seu mundo no tempo e no espaço. Ao criticar A Confederação dos Tamoios, de Magalhães, Alencar já acreditava que a vida primitiva dos nossos indígenas fosse excelente material para o romance histórico brasileiro. (COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Volume 3)
12 Iracema José de Alencar - a crítica literária - 6 [romance urbano], que compreende o segundo aspecto da terceira fase do esquema de Alencar. Conforme o romancista, o objetivo aqui seria o de captar o conflito do espírito nacional em face das influências estrangeiras, cujo teatro era naturalmente a corte, a capital, aquele meio urbano no qual a mentalidade nacional em formação ia recebendo e aos poucos assimilando os exemplos que lhe chegavam de fora. (COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Volume 3)
13 Iracema José de Alencar o enredo - 1 O enredo é simples, apresentado em 33 capítulos curtos. Martim Soares Moreno é o guerreiro branco, amigo dos pitiguaras, que habitavam o litoral e eram chefiados por Jacaúna, irmão de Poti, herói e amigo de Martim. Além da serra de Ibiapaba, viviam os tabajaras, aliados dos franceses e inimigos dos portugueses e dos pitiguaras. Os tabajaras eram chefiados por Irapuã. O pajé dos tabajaras, Araquém, tinha dois filhos: Caubi e Iracema, que guardava os segredos de Jurema e seu licor verde. O encontro de Martim com Iracema: a flechada e a amizade, com a oferta da hospitalidade por Iracema a Martim, na casa de seu pai, Araquém. Nasce o amor entre Iracema e Martim. O português é visto como desestabilizador dos valores e costumes tribais, provocando a rivalidade e o ódio de Irapuã.
14 Iracema José de Alencar o enredo - 2 Iracema, seu pai e o irmão defendem o estrangeiro, até que a índia entrega-se ao português, renegando sua posição e suas obrigações religiosas. Iracema e Martim são obrigados a fugir e passam a morar na praia, com a ajuda de Poti. Martim torna-se índio, com o nome de Coatiabo. Iracema engravida e dá à luz Moacir (filho da dor), metáfora da perda protagonizada por Iracema. Poti e Martim (Coatiabo) lutam contra os tabajaras e vencem. Na ausência de Martim, Iracema definha por ver o amado preso às suas lembranças de homem branco e à esperança de rever sua pátria portuguesa. Martim enterra o corpo da esposa ao pé de uma palmeira e retorna a Portugal, levando na jangada o filho Moacir e o cachorro Japi.
15 Iracema José de Alencar a lenda/o nome/o desfecho Iracema: a lenda do Ceará a nova terra por extensão, o novo continente, a América. ira: mel / cema: que escorre O anagrama de América, a nova terra. O desfecho do romance: um prenúncio do destino dos cearenses, um povo fadado a fugir.
16 Iracema José de Alencar o poema-em-prosa Alencar concentra-se na linguagem, na densidade poética e simbólica, compondo um poema-em-prosa, num estilo mágico, musical e encantatório. Para isso, atenua a importância da narrativa e abandona a preocupação com a aventura, com os possíveis recursos teatrais e melodramáticos. Enquanto em O Guarani e Ubirajara predomina o heroísmo, diluindo-se os elementos poéticos, em Iracema predomina o lirismo, e a relação amorosa entre a jovem índia e o português domina toda a obra. A presença da comparação e da metáfora, recursos para a valorização da natureza exuberante à qual se integra o elemento indígena, idealizado, valorizado como a origem do novo povo, cuja importância se pretendia mostrar ao mundo.
17 Iracema José de Alencar o tempo O tempo poético: marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a lua, o sol, a brisa), é o que predomina no corpo da narrativa. O tempo cronológico (definido no Argumento Histórico, anteposto ao primeiro capítulo): os fatos narrados se desenvolvem em três anos diferentes, 1604, 1608 e 1611, mas os fatos não são apresentados em uma sequência histórica linear.
18 Iracema José de Alencar o espaço Valorizado por uma sensibilidade plástica e visual poderosa, o espaço integra-se à índole poética do romance e é essencial na configuração de uma lenda, como quer José de Alencar. A valorização da cor local, do típico, do exótico inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar e engrandecer a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo, que nada tem a ver com a aspereza do sertão semiárido. O litoral, dominado pelos pitiguaras, aliados dos portugueses, e já permeável à civilização europeia; o sertão, onde nasceu Iracema e onde viviam os tabajaras, o selvagem puro. Iracema é a representação mais complexa e expressiva da terra virgem, de Pindorama, matriz da brasilidade, mulher-natureza.
19 Iracema José de Alencar o foco narrativo Iracema é narrado em 3ª pessoa, por um narrador onisciente, externo à ação narrada. Trata-se de narrador que tudo sabe e tudo pode, e é a sua palavra que gera tudo o que se lê. A ação narrada, a partir do segundo capítulo, já se encerrou, e o narrador sabe disso. Assim, os acontecimentos são narrador em flash back, como retrospectiva de algo que já ocorreu. Ao contrário dos narradores realistas, neutros, o narrador de Iracema mostra-se profundamente envolvido e emocionado com o que narra. Sua subjetividade manifesta-se na adjetivação intensiva, nas metáforas e comparações que traem seu entusiasmo pela beleza e virtudes da heroína, insistentemente associadas à natureza.
20 Iracema - Final A tendência universal do Romantismo, de remexer no passado nacional, de rebuscar nos escombros medievais o que de melhor aí ficara da alma e da tradição de cada povo, encontraria no Brasil a melhor receptividade, pois um dos nossos problemas era o de afirmar frente a Portugal o espírito nacional brasileiro, graças ao qual queríamos ser independentes, não só do ponto de vista político, mas também do ponto de vista cultural. Seria através da valorização poética das raças primitivas no cenário grandioso da natureza que alcançaríamos aquele nível mínimo de orgulho nacional de que carecíamos para uma classificação em face do europeu. (COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Volume 3)
Iracema José de Alencar - 2
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