UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DEC FERNANDA KLAFKE

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DEC FERNANDA KLAFKE ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS: CASO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITÁ JOINVILLE - SC 2012

2 FERNANDA KLAFKE ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS: CASO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITÁ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Prof. Dra. Mônica L. Gonçalves. JOINVILLE 2012

3 FERNANDA KLAFKE ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS: CASO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITÁ Trabalho de Conclusão de Curso. Engenharia Civil - Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Bacharelado em Engenharia Civil. Aprovada em 21 de Novembro de Banca Examinadora Orientadora: Profª Dra. Mônica Lopes Gonçalves UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC Membro: Profº José Carlos Vieira UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC Membro: Profª Dra. Cátia Regina Silva de Carvalho Pinto UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC Joinville, 21 de Novembro de 2012.

4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado forças nos momentos mais difíceis, durante não só nesses meses de elaboração de trabalho e anos de faculdade, mas por toda minha vida. A minha família, meu pai, minha mãe e minhas irmãs que sempre estiveram ao meu lado dando todo o suporte necessário para a minha realização pessoal e profissional. A minha orientadora Prof.ª Dra. Mônica Lopes Gonçalves por me ajudar e me orientar neste trabalho. A todos os meus verdadeiros amigos que sempre estiveram ao meu lado nos bons e nos maus momentos. Em especial a Rafael Antônio Simon e Elvis Martini amigos fundamentais para a realização deste trabalho de graduação. A toda a equipe do Centro de Divulgação Ambiente (CDA) e da Usina Hidrelétrica de Itá que foram muito atenciosos e receptivos e, forneceram vários materiais referentes à Usina Hidrelétrica de Itá, em especial a Anaí Giane de Souza Cadore, a Jussara Zandonai e ao Milton Martiori. Sem a colaboração e atenção de vocês este trabalho não seria o mesmo.

5 Não sei muita coisa acerca de deuses; mas creio que o rio é um poderoso deus castanho taciturno, indômito e intratável, paciente até certo ponto, a princípio reconhecido como fronteira, útil, inconfidente, tal um caixeiro-viajante. Depois, apenas um problema que ao construtor de pontes desafia. Resolvido o problema, o deus castanho é quase esquecido pelos moradores das cidades sempre, contudo, implacável, fiel às suas iras e épocas de cheia, destruidor, recordando o que os homens preferem esquecer. Desprezado, preterido pelos adoradores da máquina, mas esperando, espreitando e esperando. (The Dry Salvages T.S. Eliot)

6 RESUMO KLAFKE, Fernanda. Análise de Impacto Ambiental de Usinas Hidrelétricas: Caso da Usina Hidrelétrica de Itá Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina). Joinville, Uma Usina Hidrelétrica é um conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é aproveitar o potencial hidráulico de um rio para através dele gerar energia elétrica. O consumo exacerbado de energia elétrica implica na construção de novas usinas hidrelétricas, fator primordial para o aumento dos impactos ambientais. A identificação destes impactos ambientais será possível através do conhecimento do ecossistema em que a obra será implantada, bem como dos tipos de populações que ela atingirá. O trabalho a seguir tem por objetivo analisar os impactos ambientais causados pela construção da Usina Hidrelétrica de Itá no Oeste Catarinense, analisando especificamente a interferência da barragem na vazão do rio e no ecossistema da região, a viabilidade socioeconômica e ambiental da construção de uma usina hidrelétrica e os impactos provocados sobre o meio antrópico. O embasamento teórico se deu por meio de pesquisas em livros, revistas, teses, além de sites na internet. A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Itá através de um questionário aplicado aos moradores afetados com a construção da usina, registros fotográficos e documentos presentes no Centro de Divulgação Ambiental (CDA), e a análise do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Os resultados mostraram que os principais impactos foram no meio antrópico, sendo que a interferência da barragem na vazão do rio e no ecossistema da região foram visivelmente perceptíveis, a quantidade de água do rio aumentou e houve um aumento do número de espécies da fauna e flora na percepção dos moradores. Quanto a viabilidade econômica comprova-se que a UH Itá trouxe melhorias à região e foi devidamente estudada, ou seja, os impactos previstos no RIMA não diferiram muito daqueles comprovados após sua implantação. Os impactos provocados no meio antrópico foram sentidos profundamente, principalmente no deslocamento de moradores. Por fim, conclui-se que os impactos ambientais devem ser primeiramente analisados cautelosamente, com o intuito de estudar as possibilidades de redução dos mesmos, ou ainda estudar a possibilidade de um novo local para implantar o empreendimento desejado. Palavras-chave: Usina Hidrelétrica. Impacto Ambiental. Itá.

7 ABSTRACT A Hydroelectric Plant is a collection of construction and equipment whose purpose is to use the hydroelectric potential of a river and generate electricity through it. The high electricity consumption demands construction of new power plants, which is the main factor for increasing environmental impacts. The identification of these impacts will be possible by knowing the ecosystem where the plant will be implanted, as well as the people that will be affected. The purpose of this work is to analyze the environmental impacts caused by the construction of Itá Hydroeletric Power Plant in western Santa Catarina, specifically the influence of the dam on the river flow and on the ecosystem around, socioeconomic and environmental feasibility of building a hydroelectric plant and the impacts on the human environment. The theory was based in books, journals, theses, and web sites researches. The field research was conducted in Ita, the city where the dam was constructed, through a questionnaire administered to residents affected by the construction of the plant, photographic records and documents from the Environmental Disclosure Center (EDC), and analysis of the Environmental Impact Report (EIR). The results showed that the human environment was most impacted. The interference of the dam over the river flow and over the ecosystem of the region were visibly noticeable, the river level increased as well as the number of species on the local fauna and flora in the perceptions of residents. The economic feasibility proved that the Hydroelectric Plant Itá brought improvements to that region and was properly studied. In other words, the impacts predicted by the EIR were not different from those caused after its construction. The impacts on the human environment were significant, especially by the people displacement. Finally it is concluded that environmental impacts must be carefully analyzed, in order to check the possibilities of its reduction, or even search a better place to set up the construction. Keywords: Power Plant. Environmental Impact. Itá.

8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Evolução do consumo de eletricidade entre 1971 a Figura 2 Aumento percentual de diferentes fontes na matriz de energia Brasileira Figura 3 Oferta interna de energia elétrica por fonte Figura 4 Distribuição das UH s, PCH s e CGH s no Brasil Figura 5 - Potencial tecnicamente aproveitável para a geração de energia hidrelétrica no mundo Figura 6 Imagem de uma PCH Figura 7 Mapa das Bacias Hidrográficas Brasileiras Figura 8 Mapa da UH Itá Figura 9 Região Hidrográfica do Uruguai Rede Hidrográfica Figura 10 Área de influência da UH Itá em relação à Bacia Hidrográfica do Uruguai Figura 11 - Volta do Uvá Itá/Aratiba, Figura 12 - Vista frontal do vertedouro Figura 13 - Vista frontal do vertedouro 1 e da barragem Figura 14 - Concretagem da face da barragem Figura 15- Ensecadeira, barragem principal e ponte de serviço Figura 16- Concretagem da casa de força Figura 17 - Túneis de desvio Figura 18- Vista panorâmica do lago da UH Itá e da Volta do Uvá Figura 19 - Vista panorâmica do vertedouro 1 e da barragem da UH Itá Figura 20 - Torres da igreja da cidade Submersa, Itá Figura 21 - Antiga cidade de Itá Figura 22- Nova cidade de Itá Figura 23 - Esquema de localização da UH Itá e do sítio da nova e da velha cidade Figura 24 - Relocação das famílias dos municípios atingidos

9 Figura 25 - Desmatamento das encostas na parte da ensecadeira Figura 26 - Erosão a jusante causada pelas águas do vertedouro principal Figura 27 - Lago da UH Itá Figura 28- Local da UH Itá, antes da construção da UH Itá Figura 29- Local da UH Itá, depois da construção da UH Itá Figura 30 - Vista panorâmica do lago e da mata ciliar da UH Itá Figura 31 - Desmatamento da mata ciliar a jusante da barragem

10 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Consumo de energia final por fonte Tabela 2- Os dez maiores agentes da capacidade instalada Tabela 3 As maiores usinas produtoras de energia exclusivamente brasileira em operação Tabela 4 Vantagens das PCH s Tabela 5- Etapas básicas do licenciamento ambiental no Brasil Tabela 6- Dados técnicos da UH Itá Tabela 7 - Área inundada por município

11 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Tempo de moradia dos entrevistados Gráfico 2 - Opinião dos entrevistados a respeito das melhorias ocorridas na região Gráfico 3 - Melhorias verificadas na região Gráfico 4 - Opinião dos entrevistados a respeito da melhoria na região atingida pela UH Gráfico 5 - Opinião dos entrevistados a respeito da melhoria na qualidade de vida da cidade de Itá Gráfico 6 - Piores problemas causados pela UH Itá Gráfico 7 - Opinião dos entrevistados em relação a mudança ocorrida no rio Gráfico 8 - Impactos observados no rio Uruguai na região da UH Itá Gráfico 9 - Opinião dos entrevistados em relação à mudança no clima da região Gráfico 10 - Mudanças observadas no clima da região afetada pelo empreendimento Gráfico 11 - Opinião dos entrevistados em relação à mudança da mata da região Gráfico 12 - Mudanças ocorridas na mata da região

12 LISTA DE ABREVIATURAS AIA ANEEL ANA BEN BIN CCME CDA CEAA CEEE CEERG CELESC CGH CH4 CLIMERH Catarina CO2 CONAMA COPEL CPRH CRAB CSN DNAEE EIA Avaliação de Impacto Ambiental Agência Nacional de Energia Elétrica Agência Nacional de Águas Balanço Energético Nacional Banco de Informação da Geração Conselho Consultivo de Meio Ambiente Centro de Divulgação Ambiental Canadian Environmental Assessment Agency Comissão Estadual de Energia Elétrica Companhia de Energia Elétrica do Rio grande do Sul Centrais Elétricas de Santa Catarina Central de Geração Hidrelétrica Gás Metano Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Gás Carbônico Conselho Nacional do Meio Ambiente Companhia Paranaense de Energia Elétrica Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Comissão Regional de Atingidos pelas Barragens Companhia Siderúrgica Nacional Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica Estudo de Impacto Ambiental

13 ELETROBRAS ELETROSUL ENERSUL EPAGRI EPBC ACT EPIP ACT FEEMA FUNDAGRO Santa Catarina GEE IBAMA Renováveis IBGE Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A Estudos Energéticos da Região Sul Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Environment Protection and Biodiversity Conservation Act Environment Protection (Impact of Proposals) Act Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente Fundação de Apoio ao desenvolvimento Rural e Sustentável de Gases do Efeito Estufa Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação IDH INSS LAI LAO LAP MG MME NEPA NOI ONU Índice de Desenvolvimento Humano Instituto Nacional do Seguro Social Licença Ambiental de Instalação Licença Ambiental de Operação Licença Ambiental Previa Minas Gerais Ministério das Minas e Energia National Environmental Policy Act Notice of Intention Organização das Nações Unidas

14 PBA PCH PDEE PIB PNMA PR PROCEL RFFSA RIMA RS SEMA SC SISNAMA SLAP SPR THE ACT UH UTE Projeto Básico Ambiental Pequenas Centrais Hidrelétricas Plano Decenal de Expansão de Energia Produto Interno Bruto Política Nacional do Meio Ambiente Paraná Programa Nacional de Conservação de Energia Rede Ferroviária Federal S.A. Relatório de Impacto Ambiental Rio Grande do Sul Secretaria do Meio Ambiente Santa Catarina Sistema Nacional do Meio Ambiente Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos Canadian Environmental Assessment Act Usina Hidrelétrica Unidade Termelétrica

15 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS REVISÃO ENERGIA ELÉTRICA Energia elétrica no Brasil A importância da energia elétrica na região Sul ENERGIA RENOVÁVEL DE ORIGEM HIDRÁULICA Energia hidráulica Potencial hidrelétrico Usinas hidrelétricas (UH s) Vantagens das UH s Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH s) A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Preocupação com meio ambiente A Avaliação de Impacto Ambiental nos países desenvolvidos A Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS Impacto ambiental sobre o meio antrópico Impacto ambiental sobre o meio físico Impacto ambiental sobre o meio biótico METODOLOGIA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARTE PRÁTICA RESULTADOS E DISCUSSÕES... 61

16 4.1 Localização da Usina Hidrelétrica de Itá (UH Itá) Bacia do Rio Uruguai Histórico da UH Itá Projeto da UH Itá Fases da obra, ano a ano Programas Ambientais Impactos ambientais provocados pela UH Itá Impactos ambientais que efetivamente afetaram o meio antrópico Impactos ambientais que efetivamente afetaram o meio físico Impactos ambientais que efetivamente afetaram o meio biótico Quadro resultante dos impactos ambientais segundo o EIA/RIMA: CONCLUSÃO REFERÊNCIAS APÊNDICE A

17 17 1 INTRODUÇÃO O crescimento acelerado das cidades, bem como a fundação de novas indústrias e ampliação das existentes, exige uma demanda cada vez maior de energia elétrica, e por conseqüência a construção de novas usinas hidrelétricas, eólicas, termoelétricas e solar fotovoltaicas. Como todo e qualquer empreendimento, estas usinas causam algum impacto de maior ou menor intensidade quando comparadas umas com as outras. Os impactos gerados pelas diferentes formas de energia vêm sendo discutidos mundialmente, mediante a conscientização da gravidade da questão. Além disso, a busca da sustentabilidade requer planejamento e inserção de novas fontes de energia, que sejam renováveis e impactem o mínimo possível no meio ambiente. No caso das usinas hidrelétricas, observa-se que os maiores impactos estão no alagamento de áreas extensas, na alteração do ecossistema, e do próprio patrimônio histórico da região. Os impactos ambientais, provocados pela implantação de usinas hidrelétricas, vão muito além da modificação do relevo, cabe dizer que nesse território existiam pessoas que desenvolviam atividades naquelas terras e viram-se obrigadas a dispor das suas terras para que fossem construídas usinas hidrelétricas. Essa realidade de deslocamentos causados por Grandes Projetos de Investimentos é muito comum, uma vez que existe no Brasil uma clara opção pela geração de energia elétrica à base de usinas hidrelétricas. Com o intuito de realizar uma análise mais detalhada dos principais impactos causados na implantação de uma usina hidrelétrica, optou-se em estudar o caso da UH Itá. A Usina Hidrelétrica de Itá localiza-se na divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nas cidades de Itá e Aratiba, e está inserida na bacia do Rio Uruguai, um dos mais importantes corredores de biodiversidade do Cone Sul, que apresenta diversas espécies endêmicas ou em vias de extinção.

18 JUSTIFICATIVA No contexto atual, toda e qualquer implantação de um empreendimento é sempre relacionada às questões ambientais. Apesar de não existir obra sem impacto ambiental, os problemas provocados pela mesma podem ser minimizados através de um projeto ecologicamente correto. O projeto é a base de toda e qualquer obra, portanto é de extrema importância que o mesmo seja feito com cautela, para não causar impactos exacerbados nas fases de implantação e de operação do empreendimento. Com este intuito, por meio do item VII do Artigo 2º da Resolução 001 de 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), determinou a necessidade do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) em obras de grande porte, como é o caso de usinas hidrelétricas. 1.2 OBJETIVO GERAL Itá. Avaliar os impactos ambientais antes da construção da usina hidrelétrica de 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Analisar a interferência da barragem na vazão do rio da Usina Hidrelétrica de Itá; - Analisar a interferência da barragem no ecossistema da região da Usina Hidrelétrica de Itá; - Analisar os impactos provocados no meio antrópico da Usina Hidrelétrica de Itá; - Avaliar a viabilidade socioeconômica e ambiental da construção da Usina Hidrelétrica de Itá.

19 19 2 REVISÃO 2.1 ENERGIA ELÉTRICA Energia elétrica no Brasil História da energia elétrica no Brasil Da definição da física, energia é a capacidade de gerar trabalho. Com relação ao objeto em análise, esta definição se torna um pouco mais abrangente, ela também é considerada um fator de produção e como tal, um insumo importante para impulsionar o desenvolvimento econômico do país (KAEHLER, 2000). Segundo Pinheiro (2006), as primeiras experiências com energia elétrica no Brasil ocorreram ainda na época do Império, sendo contemporâneas de sua aplicação inicial nos Estados Unidos e Europa. Tão logo surgiam, os aperfeiçoamentos relacionados com a indústria de eletricidade eram aqui experimentados, tendo na figura de D. Pedro II um grande entusiasta e incentivador. Data de 1879 a primeira demonstração pública da lâmpada elétrica, quando foi feita a iluminação da estação central da Estrada de Ferro D. Pedro II, atualmente Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Alguns anos mais tarde, em 1883, foi instalado em Diamantina (MG), no Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, o primeiro aproveitamento hidrelétrico, cuja finalidade era alimentar bombas de desmonte hidráulico, utilizadas para mineração de diamantes. Nesse mesmo ano, foi inaugurado pelo imperador D. Pedro II o primeiro serviço de iluminação pública municipal da América Latina, em Campos (RJ). Em 1887 um novo aproveitamento hidrelétrico entra em operação, desta vez no Ribeirão dos Macacos, em Nova Lima (MG), também para utilização em atividades de mineração. A primeira usina hidrelétrica de porte considerável construída no Brasil começou a operar em 1889, em Juiz de Fora (MG), com capacidade instalada de 250 quilowatt (kw), e cuja energia gerada era destinada a abastecimento industrial e iluminação pública. Nas décadas de 1880 e 1890, a grande maioria das unidades geradoras era de pequeno porte, e sua implantação estava associada basicamente as

20 20 necessidades de fornecimento de energia para serviços de iluminação pública, mineração, beneficiamento de produtos agrícolas, fábricas de tecidos e serrarias. O alto custo das grandes unidades geradoras, entre outros, fazia com que se preferisse a utilização de máquinas a vapor e aproveitamentos diretos da força hidráulica, determinando a localização das fábricas junto às quedas d água (PINHEIRO, 2006). As empresas de energia elétrica concentravam a maior parte de seus investimentos na exploração de recursos hídricos. Somente nos estados onde o potencial hidráulico era modesto ou de aproveitamento tecnicamente difícil e economicamente oneroso, recorreu-se à geração térmica. Assim, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que juntos respondiam por mais de dois terços da capacidade instalada do Brasil em 1920, e também em Minas Gerais, a significativa maioria da energia elétrica gerada era de fonte hídrica. Os estados do Nordeste, a exceção da Bahia, do Norte e do Centro-Oeste, além de Rio Grande do Sul e Paraná, baseavam sua produção em fontes térmicas (PINHEIRO, 2006). Na década de cinquenta o Brasil passa pela sua primeira crise de energia que culminou no racionamento, na época os motivos para tal foram quatro eventos sucessivos, a seca de 1951 a 1956, o crescimento da industrialização, a urbanização dos grandes centros e a insuficiência de investimentos. Em 1957 o presidente Juscelino Kubitscheck determina a construção da primeira grande usina hidrelétrica, a de Paulo Afonso, e a primeira grande termoelétrica, a usina de Piratinga (MAGALHÃES, 2009). Segundo Magalhães (2009), em 1962, no governo João Goulart, foram criados a Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRAS) e o Ministério das Minas e Energia (MME). Na década de sessenta e início dos anos setenta foi o momento de consolidação do sistema com o início da construção das maiores usinas hidrelétricas, com destaque para as usinas de Itaipu e Furnas. Na década seguinte o destaque foi a entrada em operação da usina de Itaipu e a primeira etapa da usina termonuclear de Angra. Mesmo com o lançamento do Programa Nacional de Conservação de Energia (PROCEL) em 1985, o país enfrentou o seu segundo período de escassez de energia, e nos anos de 1987 e 1988 as regiões Norte e Nordeste foram obrigadas a reduzir o consumo inicialmente em 15% e posteriormente em 10% (MAGALHÃES, 2009).

21 21 Segundo o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL, 2001), no Brasil, em 1995, o setor elétrico estava diante de uma grave crise, com riscos de déficit de energia crescentes que poderiam comprometer o pleno atendimento do mercado e, consequentemente, inviabilizar o desenvolvimento econômico do país. Esta situação perdurou por mais alguns anos, ocasionando o que conhecemos como apagões e o racionamento de energia. E com o agravamento da situação, a partir do século XXI, o governo lançou uma série de medidas a fim de reverter este quadro crítico. Diversas usinas estão sendo construídas visando o potencial hidráulico inexplorado no Brasil, pois atualmente o potencial hidrelétrico do país é aproveitado somente em 23%. Em 2000 foi editado o Decreto que incentiva a produção termelétrica através da utilização do gás natural como principal fonte de termeletricidade. No entanto, em 2001, o país conheceu sua pior crise de energia com corte no consumo em 20% nas regiões Sul e Sudeste e 10% nas regiões Norte e Nordeste. A principal causa deste racionamento: a escassez de investimento no setor (RELATÓRIO ANEEL 10 anos, 2008, figuras 1 e 2) combinada com a situação hidrológica crítica de estiagem. Este evento teve reflexos importantes no endividamento das empresas geradoras e distribuidoras e a retração do Produto Interno Bruto (PIB) nacional (MAGALHÃES, 2009). Figura 1- Evolução do consumo de eletricidade entre 1971 a Fonte: MME (2008).

22 22 Figura 2 Aumento percentual de diferentes fontes na matriz de energia Brasileira. Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN, 2009). De acordo com a Santo Antônio Energia (2009), após a crise energética ("apagão") que afetou o país em 2001 e consequência da falta de investimentos no setor e de um período de estiagem -, a instalação de termelétricas recebeu grande impulso. Outros fatores também estimularam essa expansão, como o aumento da oferta de gás natural, dificuldades de licenciamento ambiental das hidrelétricas de grande porte, diversificação da matriz, entre outros. Fontes renováveis, como a biomassa (bagaço da cana-de-açúcar, pó de serra, etc.) e usinas eólicas (que tem o vento como fonte de energia), também cresceram no país. Tais investimentos só foram possíveis em razão da descentralização do setor, a partir de 1995, com o início das privatizações das empresas de distribuição, geração e transmissão. Em 2008, o governo federal afirmou que pretendia retomar o programa nuclear brasileiro, com a intenção de construir dezenas de usinas nucleares nas próximas décadas (SANTO ANTÔNIO ENERGIA, 2009).

23 Cenário atual da energia elétrica no Brasil A demanda de energia elétrica no Brasil e no mundo cresceu com o avanço tecnológico e o crescimento populacional. A necessidade de investimentos em saneamento básico e infraestrutura para o desenvolvimento econômico e social dos países é sempre urgente e crescente (OLIVEIRA, 2012). De acordo com Castro et al. (2011), estima-se que todo potencial hidrelétrico do país chega em, aproximadamente, 126 gigawatt (GW). Deste total, aproximadamente 70% encontra-se na região Amazônica. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME, 2011), a geração de energia elétrica no Brasil em centrais de serviço público e autoprodutores atingiu 509,2 terawatt-hora (TWh) em 2010, resultado 10,0% superior ao de Permanece como principal a contribuição de centrais de serviço público, com 87,5% da geração total. A principal fonte é a energia hidráulica, que apresentou elevação de 3,7% em A geração a partir de combustíveis fósseis representou 9,8% do total das centrais de serviço público contra 8,9% em A geração de autoprodutores em 2010 apresentou expressivo crescimento de 18,4% com relação ao ano anterior, considerando o agregado de todas as fontes utilizadas. Importações líquidas de 35,9 TWh, somadas à geração interna, permitiram uma oferta interna de energia elétrica de 545,1 TWh, montante 8,4% superior a Conforme a tabela 1, o consumo de energia final por fonte foi de 455,7 TWh, um aumento de 7,8% em relação a Em comparação com o resto do mundo, o Brasil é o país líder na obtenção de energia através de fontes renováveis, e os países desenvolvidos possuem apenas 17% de sua geração total através de fontes renováveis, e quando consideramos esse percentual de forma global temos apenas 19%. Só no Brasil, a geração através dessas fontes é de 86% (OLIVEIRA, 2012). O Brasil apresenta uma matriz de geração elétrica de origem predominantemente renovável, sendo que a geração interna hidráulica, como mostra a figura 3, responde por montante superior a 74% da oferta. Somando as importações, que essencialmente também são de origem renovável, pode-se afirmar que aproximadamente 86% da eletricidade no Brasil é originada de fontes renováveis. No que tange ao consumo de energia elétrica, o setor industrial

24 24 cresceu 9,9% em relação a 2009, com destaques para os setores ferro-gusa e aço, mineração e pelotização, não ferrosos e outros da metalurgia, além de alimentos e bebidas. Estes quatro setores apresentaram variação de consumo acima de 10% (MME, 2011). Tabela 1- Consumo de energia final por fonte. Fonte: MME (2011). Segundo a Santo Antônio Energia (2009), a matriz energética do Brasil é composta majoritariamente por usinas hidrelétricas. O país tem uma imensa reserva de grandes bacias hidrográficas. Essas usinas são divididas pela potência e representadas por siglas: UH (Usinas Hidrelétricas) - potência acima de 30 Megawatts (MW). PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) - de 1 a 30 MW. CGH (Central de Geração Hidrelétrica) - até 1 MW.

25 25 Figura 3 Oferta interna de energia elétrica por fonte. Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME, 2011). O setor residencial manteve a tendência de crescimento (6,6%), reflexo das políticas de inclusão social, além do aumento de renda per capita. Os demais setores (comercial, agropecuário, público e transportes) quando analisados em bloco apresentaram variação positiva de 4,4% em relação ao ano anterior. Em 2010, com acréscimo de aproximadamente 7,1 GW, a capacidade instalada das centrais de geração de energia elétrica do Brasil alcançou megawatt (MW), na soma das centrais de serviço público e autoprodutoras. Deste total, as centrais hidráulicas representam 71,2%, ao passo que centrais térmicas respondem por 26,2% da capacidade total. As usinas nucleares participam com 1,8% sendo o restante (0,8%) de origem eólica (MME, 2011). No cenário mundial, o Brasil ocupa posição de liderança na utilização de fontes renováveis na geração de energia elétrica. De sua capacidade instalada de ,54 megawatts em julho de 2011, 79 % (90.901,24 MW) são provenientes dessas fontes. Somente a geração hidrelétrica, uma forma de energia que além de ser obtida de um recurso natural renovável, permanece como a de melhor proporção custo/ benefício para as condições territoriais e climáticas brasileiras, respondendo por 70,8% da capacidade instalada total (GUERRA & YOUSSEF, 2011). Um aspecto importante que diferencia em muito, o Brasil da grande maioria dos países do mundo, refere-se ao fato do país ser praticamente auto-suficiente,

26 26 quanto ao suprimento das suas demandas energéticas. A participação das fontes nacionais alcança patamares superiores a 90%, com a importação restrita a parcela paraguaia da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, ao gás natural da Bolívia, ao carvão mineral para a siderurgia e alguns pequenos intercâmbios elétricos nas fronteiras com os países vizinhos sul-americanos (VENTURA FILHO, 2009). Conforme Castro et al. (2011), a expansão do parque gerador brasileiro é imperativa devido à perspectiva de crescimento da demanda de energia elétrica. Este aumento projetado da demanda está diretamente relacionado com o crescimento da economia brasileira. Assim, projeta-se um cenário macroeconômico positivo e consistente determinando um crescimento médio da demanda de energia elétrica de 5% a.a. para o período Segundo Ventura Filho (2009), os consumos de energia per capita, no Brasil, por outro lado, em função do atual nível de desenvolvimento econômico do país, como conseqüência, são também muito baixos. Por exemplo, no caso da energia elétrica, o consumo per capita no Brasil, situa-se atualmente no patamar de kwh/hab.ano, cerca de um terço do correspondente da Espanha e um oitavo do Canadá. Os índices per capita do consumo total de energia, considerando os diversos energéticos, estão em situação similar. Isto significa que o consumo energético nacional, em função da evolução da população e do desenvolvimento econômico e social do país, deverá crescer com taxas razoavelmente elevadas, por longos períodos de tempo. A conservação de energia e os programas de eficiência energética, sempre considerados nos estudos de projeção das demandas energéticas futuras, contribuirão para reduzir estas taxas de crescimento do consumo. Isto, no entanto, não impedirá que o consumo energético do país se desenvolva com taxas anuais de crescimento de forma sustentada nos próximos 20/30 anos. Para cumprir os dois objetivos basilares do modelo do setor elétrico brasileiro segurança do suprimento com modicidade tarifária são necessários investimentos na diversificação das fontes da matriz elétrica e no aproveitamento dos insumos energéticos domésticos de forma racional. Contudo, é urgente que se aproveite o potencial hidráulico do país, construindo assim usinas hidrelétricas conforme a viabilidade aprovada pelo Governo Federal (OLIVEIRA, 2012).

27 27 De acordo com Oliveira (2012), o país necessita aumentar em 60% seu potencial elétrico em 10 anos, para suprir a demanda prevista a fim de se evitar apagões de energia e atingir a meta de crescimento anual do PIB em 5%. Com o crescimento dos investimentos no país, é necessário que tenhamos um quadro energético eficiente, e este conceito está alinhado com a necessidade de levar energia e condições favoráveis para o desenvolvimento humano/social em regiões deficitárias. O setor de eletricidade possui algumas peculiaridades de grande complexidade. Em primeiro lugar, a energia elétrica deve ser consumida no momento em que é produzida, uma vez que o padrão tecnológico não permite que seja armazenada em grande escala a baixo custo. Por isso, é necessária a interligação dos setores de geração, transmissão e distribuição (ABREU, 1999). Desde que foi introduzida a competição no setor elétrico pelas empresas geradoras, iniciou-se um processo de reestruturação deste setor. Este processo ocorreu em vários países e suas características variam de acordo com a cultura, interesses econômicos e políticos de cada lugar (BARBOSA & PRAMIO, 2007). De acordo com Barbosa & Pramio (2007), as fontes renováveis de energia terão participação cada vez maior na matriz energética global já que a crescente preocupação com questões ambientais e com a promoção do desenvolvimento econômico em bases sustentáveis tem se tornado cada vez mais frequentes nas grandes discussões internacionais. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA, 2012), os dados sobre a evolução da capacidade de produção de energia elétrica instalada no Brasil, considerando todas as fontes de energia, revelam que, em 2011, houve um acréscimo de MW na capacidade total do sistema, sendo MW referentes à geração hidrelétrica (UH s, PCH s e CGH s), a figura 4 mostra a distribuição das UH s, PCH s e das CGH s no Brasil.

28 28 Figura 4 Distribuição das UH s, PCH s e CGH s no Brasil. Fonte: ANEEL (2011). Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2011/2020 (PDEE- 2020), a capacidade de geração hidráulica aumentará de 83 GW para aproximadamente 115 GW, entre 2011 e Na Região Norte, ocorrerá a maior expansão hidrelétrica, devido à entrada em operação de grandes empreendimentos, a partir de 2012, com destaque para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte (ANA, 2012) A importância da energia elétrica na região Sul A região Sul do Brasil, formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tem uma área de Km², distribuída em 1159 municípios. Sua população, pelo censo de 2000, era de habitantes, dos quais 80,94% viviam em áreas urbanas. O crescimento populacional da região foi acentuado: em 1900, contava com habitantes, equivalendo a 10,30% da população do país. Em 1940, o número de habitantes havia saltado para ; em 1960, atingiu a ; em 1980, chegava aos de residentes. Em 2000, os sulistas representavam cerca de 14,79% da população total do país. No cenário nacional, a região é reconhecida por suas potencialidades econômicas. Em 1998, o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu a 159,679 bilhões de reais, o segundo maior do país. A renda per capita anual, no mesmo ano, foi de R$ 6.611,00 (SANTOS, 2003).

29 29 De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a região sul conta com 1188 municípios e habitantes, sendo que destes vivem na área urbana (85%). No final de 1920, as principais cidades dos estados sulinos já possuíam energia elétrica. Nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná a geração se dava através da termoeletricidade. Os sistemas de distribuição de energia elétrica eram locais ou regionais, não havia eletricidade na zona rural. Devido à precariedade dos sistemas de distribuição da energia elétrica ocorriam apagões frequentes, gerando inúmeras críticas às empresas prestadoras desse serviço e aos governos locais. Assim, iniciam-se as discussões a respeito da necessidade de uma intervenção do Governo, no sentido de disciplinar o setor de energia elétrica (PIRES, 2010). De acordo com Pires (2010), em 1943, o governo do Rio Grande do Sul criou a Comissão Estadual de Energia Elétrica (CEEE), pois estava pressionado pelos municípios, que necessitavam de uma ampliação e melhoria dos sistemas de energia elétrica. Segundo Santos (2002) apud Pires (2010), em 1945, essa Comissão se consagrou por apresentar um Plano de Eletrificação, primeira iniciativa de planejamento do setor elétrico do País. Era o início da intervenção do Estado no setor de energia elétrica. Em 1959, a Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul - CEERG (que pertencia à Amforp) foi encampada 1 pelo governo do Rio Grande do Sul. O governo federal reverteu esse processo de encampação, assumindo o pagamento do patrimônio da empresa em O Estado do Paraná, através do Departamento de Águas e Energia Elétrica, elaborou seu primeiro plano hidrelétrico em 1948 e em 1954 criou a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), num cenário onde estavam construídas cinco hidrelétricas de médio porte, nas bacias dos rios Iguaçu e Paranapanema. O governo do Estado de Santa Catarina criou, em 1951, a Comissão de Energia Elétrica, que tinha como principais funções o levantamento do potencial instalado, os estudos sobre possibilidades de interligação dos diferentes sistemas e a definição da planificação do setor, entre outros, até 1955, quando foi criada a empresa Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC). 1 Rescindir um contrato, restituir.

30 30 No ano de 1999, havia na região Sul cerca de empresas, representando 23,5% do total existente no país. O número de estabelecimentos rurais, em 1995, era de O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado do país, em 1996, era o do Rio Grande do Sul, seguido de perto por Santa Catarina e pelo Paraná, revelando condições sanitárias e expectativas de vida bastante razoáveis (SANTOS, 2003). De acordo com Santos (2003), contando com expressiva diversidade étnica, com diferentes tradições culturais, a região Sul possui recursos naturais de importância, ressaltando-se o carvão mineral, o potencial de suas bacias hidrográficas, os recursos marinhos e florestais. É grande produtora de soja, milho e trigo, de papel e celulose, de frutas de clima temperado e de café. Ocupa posição de destaque como produtora de laticínios, e de carnes de frangos e de suínos, e na produção de veículos, de motores elétricos, de máquinas agrícolas e industriais, de eletrodomésticos, e de tecidos, além da prestação de serviços. No cenário das exportações nacionais, os estados apareciam nas seguintes posições em 1999: Rio Grande do Sul, 4,998 bilhões de dólares; Paraná, 3,932 bilhões de dólares; Santa Catarina, 2,567 bilhões de dólares; em conjunto representaram 23,9% das exportações do país. É neste contexto que se deve entender as diferentes iniciativas governamentais e privadas para dotar a região com uma infraestrutura de serviços, envolvendo eletrificação, estradas, portos, aeroportos e comunicações, bem como as crescentes pressões comunitárias para a sua permanente ampliação. Impossível, pois, pensar a região Sul sem a existência dessa base material que é a energia elétrica, indispensável para a concretização dos mais diferentes projetos econômicos, sociais ou culturais, além de garantia de conforto e de bem-estar às populações dos conglomerados urbanos e rurais. Segundo dados do Anuário Estatístico do Brasil do IBGE (1999), a capacidade nominal instalada das usinas de energia elétrica na região Sul, em 1998, era de MW. Desse total, 1505 MW eram decorrentes de geração térmica. A geração hidráulica era predominante, atingindo a 7000 MW. A energia disponível era de gigawatt-hora (GWh), sobressaindo o Paraná com a disponibilidade de GWh. Além de atender as necessidades internas, ocorre a transferência de significativa parcela da energia disponível para outras regiões do país, em particular para o Sudeste, através de grandes linhas de transmissão.

31 31 Neste cenário, destaca-se pelo volume a energia produzida na usina hidrelétrica de Itaipu Binacional (SANTOS, 2003). No novo cenário das privatizações que estão em andamento no setor elétrico, cabe ressaltar que o potencial hidrelétrico da região Sul está em fase final de aproveitamento. Os últimos projetos de importância estão sendo implantados nas bacias do Uruguai (RS/SC) e do Tibagí (PR). Há disponível o potencial representado pelo carvão mineral, cujas jazidas são significativas para a geração térmica desde que superado o problema ambiental. No contexto do aproveitamento do gás boliviano, há esforços governamentais para a implantação privada de termelétricas que consumiriam este combustível. Já está instalada a Unidade Termelétrica (UTE) Uruguaiana, de capital privado, aproveitando o gás originário da Argentina. Há também novas experiências de geração térmica por célula a combustível e de utilização da biomassa, além do aproveitamento das fontes de energia solar e eólica. A diversificação da matriz energética, pois, implica também no crescente investimento em pesquisas de fontes alternativas, além da conscientização da sociedade sobre questões como eficiência energética e proteção ambiental (PIRES, 2010). Segundo Pires (2010), cabe ainda enfatizar o papel dos setores públicos envolvidos na questão energética, seja definindo políticas, seja decidindo sobre novos empreendimentos. A energia elétrica cada vez mais deve ser compreendida como um bem público, onde as intervenções dos governos federal e estaduais, com ou sem a participação de segmentos privados, devem sempre visar o interesse da sociedade. Este parece ser o maior desafio neste momento de mudança do modelo do setor elétrico. 2.2 ENERGIA RENOVÁVEL DE ORIGEM HIDRÁULICA Energia hidráulica A energia hidráulica tem se mostrado a mais utilizada ao longo da história devido a sua farta disponibilidade, ampla distribuição geográfica e facilidade de uso. Seu emprego como força motriz se consolida com o uso da roda d água e, no século XX, atendendo a demanda criada pelo processo industrial (movimentar máquinas) e a crescente urbanização (iluminação pública e domiciliar) tem sua

32 32 tecnologia desenvolvida para atendimento a esta demanda crescente. Além do custo mais baixo, esta energia utiliza um combustível renovável que até pouco era absolutamente gratuito. O gradativo esgotamento das reservas de água potável no mundo e no Brasil, devido ao processo de degradação (principalmente pela poluição), obrigou o governo brasileiro a adotar medidas para iniciar a reversão do processo. A partir do entendimento de que a água é um bem público, considerou-a finita e vulnerável e, portanto com valor. Assim, o seu uso para geração de energia elétrica passou a ser taxada em 0,75% do valor gerado e os recursos, em sua maioria, devem ser aplicados em projetos ambientais, preferencialmente na própria bacia que os originou (GOLDMEIER, entre ). De acordo com Rosa et al. (2012), hidroeletricidade se constitui numa alternativa de obtenção de energia elétrica a partir do aproveitamento do potencial hidráulico de um determinado trecho de um rio, normalmente assegurado pela construção de uma barragem e pela consequente formação de um reservatório. A maioria dos aproveitamentos hidroenergéticos é de grande porte, com o uso de grandes barragens em cursos da água contento desníveis topográficos (AKWA & PETRY, 2012). A hidroeletricidade foi priorizada, no Brasil, desde a década de 60 do século passado, com a atuação da ELETROBRAS, sendo sem nenhuma dúvida, a mais adequada fonte energética para produção de energia elétrica no país. Isto considerando os aspectos relacionados com o porte, montante do potencial hidrelétrico, com a sua competitividade econômica, com a tecnologia plenamente dominada no país e com a sua vantajosa viabilidade socioambiental, quando comparada com outras opções energéticas. Adicionalmente, a hidroeletricidade é uma fonte de energia renovável, baixa emissora de gases de efeito estufa e pode e deve ser planejada numa estratégia de uso múltiplo do recurso hídrico, considerando outros benefícios tais como navegação, irrigação, suprimento d água, psicultura e outros (VENTURA FILHO, 2009). De acordo com Goldmeier (entre 2000 a 2012), comparativamente aos outros processos de geração de energia, a hidráulica é considerada uma energia limpa devido a seus baixos índices de degradação ambiental. O Brasil possui uma das maiores redes hídricas do mundo e o seu potencial inexplorado é expressivo. Tratando-se da energia de mais baixo custo, a tendência natural e lógica é que

33 33 continue a preferência na obtenção da energia necessária a partir deste potencial hídrico Potencial hidrelétrico Entende-se por potencial hidrelétrico o potencial possível de ser técnica e economicamente aproveitado nas condições atuais de tecnologia. O potencial hidrelétrico é medido em termos de energia firme, que é a geração máxima contínua na hipótese de repetição futura do período hidrológico crítico. O potencial hidrelétrico inventariado compreende as usinas em operação ou construção e os aproveitamentos disponíveis estudados nos níveis de inventário, viabilidade e projeto básico. Tomando-se por base o inventário como etapa em que se mede com toda precisão o potencial, pode-se avaliar a precisão dos valores obtidos para o potencial estimado. De acordo com estudos de avaliação, já procedidos, os valores estimados se situam em até cerca de 35% abaixo do valor final inventariado, de onde se conclui que o potencial estimado é bastante conservador (MME, 2011). Segundo Prado (2010), o potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isto pode se dar: - de forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; - através de uma barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem; - através de desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesse desvio. O Brasil apresenta uma situação confortável, em termos globais, quanto aos recursos hídricos. A disponibilidade hídrica per capita, determinada a partir de valores totalizados para o País, indica uma situação satisfatória, quando comparada aos valores dos demais países informados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, apesar desse aparente conforto, existe uma distribuição espacial desigual dos recursos hídricos no território brasileiro. Cerca de 80% de sua disponibilidade hídrica estão concentrados na Região Hidrográfica Amazônica, onde se encontra o menor contingente populacional, além de valores reduzidos de demandas consuntivas. Dessa forma, o conhecimento da distribuição espacial da

34 34 precipitação e, consequentemente, o da oferta de água, além da situação da qualidade das águas, é de fundamental importância para determinar o balanço hídrico nas bacias brasileiras (ANA, 2012). Esta situação invejável do Brasil se deve às próprias condições naturais do país de possuir um grande potencial hidráulico e também à genialidade do homem para obter melhor aproveitamento dos rios. Isso porque, para se desenvolver o potencial hidrelétrico são necessários rios com vazões permanentes, com pouca variação anual, quedas naturais e boa geologia. Em diversas regiões do Brasil estas condições estão presentes, diferenciando o País na capacidade de geração hidrelétrica (GERAÇÃO ENERGISA, 2009). Apenas alguns países possuem o grande potencial hidrelétrico existente no Brasil. São eles: Rússia, Canadá, Estados Unidos e China. Muitos outros países têm grandes rios, mas esses países são basicamente de planícies, e sem quedas d água não há potencial hidrelétrico, ou os rios não são caudalosos (volumosos) o suficiente para serem represados e gerarem energia elétrica. A figura 5 mostra o potencial tecnicamente aproveitável para a geração de energia hidrelétrica no mundo. Figura 5 - Potencial tecnicamente aproveitável para a geração de energia hidrelétrica no mundo. Fonte: ANEEL (2005).

35 35 Segundo a edição 2007 do International Energy Outlook dos Estados Unidos a geração hidrelétrica e outras fontes renováveis crescerão cerca de 56% nos próximos 24 anos. A geração hidrelétrica atualmente é responsável por cerca de 19% da oferta elétrica mundial, sendo a oferta de outras energias renováveis ainda diminuta. É claro, portanto que a energia de origem hidrelétrica continuará a ser uma importante fonte renovável no futuro. Atualmente a capacidade instalada é da ordem de 730 GW, dependendo da fonte e do critério utilizado para aferição, significando cerca de 2700 TWh (MME, 2007). O desenvolvimento dos estudos hidrelétricos, ou seja, o aprofundamento dos estudos em estágios de inventário, de viabilidade e de projeto básico, permite identificar as restrições econômicas, ambientais e técnicas existentes, que muitas vezes reduzem o potencial inicialmente estimado (OLIVEIRA, 2012) Usinas hidrelétricas (UH s) Uma Usina Hidrelétrica (UH) pode ser definida como um conjunto de obras e equipamentos com a função de gerar energia elétrica, isso se dá através do potencial hidráulico de um rio. Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes: barragem, sistemas de captação e adução de água, casa de força, sistema de restituição de água ao leito natural do rio (CARDOSO, SOUZA & FIRMO, 2010). O aproveitamento de rios e quedas d água no Brasil teve início no final do século XIX, com a construção da Usina de Marmelos (1889), apenas oito anos após a Inglaterra. Em 1908, foi a vez dos engenheiros da Cia Força Luz Cataguazes- Leopoldina, atual Energisa Minas Gerais, inaugurarem sua primeira usina hidrelétrica: a Usina Maurício, localizada no rio Novo - município de Leopoldina (MG), com potência instalada de 800 quilowatt (kw) e queda bruta de 20 metros. Até hoje a Usina Mauricio é mantida com seus equipamentos originais e estruturas, sendo considerada um verdadeiro museu vivo da história de geração de energia (GERAÇÃO ENERGISA, 2009). No Brasil antes de 2008, a geração de energia elétrica a partir de usinas hidrelétricas respondia por setenta e cinco por cento da capacidade instalada

36 36 (ANEEL, 2008). A existência de grandes rios, a geografia do território brasileiro e os índices pluviométricos registrados em determinadas regiões do país justificam a opção por essa matriz de geração (MACHADO JUNIOR, 2010). De acordo com a Geração Energisa (2009), existem no país inúmeras usinas hidrelétricas em funcionamento, de diversos portes. Algumas usinas são verdadeiras maravilhas do mundo tecnológico, como é o caso da gigantesca Usina de Itaipu, no rio Paraná: segunda maior em capacidade instalada no mundo com MW e responsável por gerar anualmente 19,3% da energia do país. Outras são microusinas que aproveitam a queda generosa de um ribeirão, em alguma localidade remota do país, gerando não mais que o suficiente para abastecer uma pequena propriedade rural. Grandes ou pequenas, todas são muito importantes para assegurar que o País continue sendo líder mundial em geração de energia renovável, reduzindo a dependência de fontes fósseis que contribuem para o efeitoestufa. A construção de uma Usina Hidrelétrica (UH), dada sua abrangência, constitui o que pode ser chamado de Grandes Projetos de Investimentos, empreendimentos de grandes dimensões que movimentam extraordinários montantes de dinheiro e outros recursos, tais como mão-de-obra e infraestrutura, além de uma grande disponibilidade de recursos naturais. A decisão pela sua implantação geralmente é favorecida pelo Estado, que tem papel decisivo na opção pela implantação de um Grande Projeto de Investimento. A compreensão dos efeitos causados pela construção de uma obra desse porte exige que o pesquisador esteja munido de um referencial teórico capaz de contribuir com o entendimento das mais práticas questões, originadas de um grande projeto (CRUZ & SILVA, 2010). Segundo Mendonça (2011), as discussões mais recentes que envolvem governo e sociedade a respeito da construção da hidrelétrica de Belo Monte acabam por trazer à tona questões que envolvem a formação da matriz energética brasileira, constituída substancialmente por hidrelétricas 68% da matriz, ou seja, kw de capacidade instalada, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Embora seja considerada fundamental para o progresso do País, a construção dessas usinas responsáveis pela geração de energia a partir de uma fonte limpa e renovável acaba gerando uma série de debates por conta dos efeitos socioambientais provocados para a região em que são instaladas.

37 37 Em 2010, existiam empreendimentos energéticos em operação no país, com capacidade total instalada de kw. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2010), nos próximos anos, o Brasil deve ganhar 587 usinas, que estão em processo de construção ou de outorga, adicionando ao potencial do país mais kw. Soma-se a estes dados a avaliação de que o potencial energético dos rios brasileiros pode chegar a MW, mas somente 28,2% são aproveitados, segundo o Ministério de Minas e Energia. As três grandes bacias hidrográficas (Amazonas, São Francisco e Paraná) cobrem 72% do território nacional e concentram 80% do volume de água do país. Além disso, a energia de fonte hidrelétrica é considerada uma fonte de energia limpa, renovável e barata (MENDONÇA, 2011). Segundo o Banco de Informação da Geração (BIN, 2011), tabela 2, a estrutura da oferta interna de eletricidade no Brasil em 2010 era representada da seguinte forma: Tabela 2- Os dez maiores agentes da capacidade instalada Fonte: Banco de informação da geração (BIN, 2011). No topo da lista das maiores usinas hidrelétricas geradoras de energia elétrica do Brasil está Itaipu - no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai -, com potencia total de 14 mil MW. Porém, 50% da energia produzida é destinada ao país vizinho. Dessa forma, tendo como base a eletricidade que é destinada exclusivamente para o Brasil, a maior usina é Tucuruí, com MW (tabela 3). A usina de Santo Antônio terá MW de potência instalada e será a terceira maior do país em energia assegurada (SANTO ANTÔNIO ENERGIA, 2009).

38 38 Pelo acordo, Brasil e Paraguai tem direito a usar 50% cada um da energia gerada por Itaipu. Mas, como a demanda do Paraguai é de apenas 5% do que teria direito, ele tem que vender o restante ao Brasil. Uma cláusula do tratado determina que os dois países têm o direito de comprar a energia excedente do outro. Na média, o Brasil compra do Paraguai 45% da energia gerada em Itaipu. Em maio de 2011, depois de um novo acordo, o Brasil triplicou o preço pago por esse volume de energia. O valor foi fixado em US$ 360 milhões anuais em média, com valor do megawatt/hora em US$ 9 (BIN, 2011). Tabela 3 As maiores usinas produtoras de energia exclusivamente brasileira em operação Vantagens das UH s 2 Fonte: Santo Antônio (2009). Segundo Vecchia (2012), visões reducionistas e radicais são incapazes de analisar novos projetos hidrelétricos, principalmente quando se deve levar em conta a melhoria da qualidade de vida das maiorias. Quanto às minorias prejudicadas, fazse necessário, dentro do possível, dar-lhes todas as condições de reconstituírem suas condições de vida originais. O mesmo vale para as questões ambientais, que têm tido normalmente um tratamento superficial em relação aos impactos que provocam. A seguir os principais pontos positivos desses empreendimentos: 2 Capítulo baseado no artigo de Rodnei Vecchia, publicado na revista o observador (VECCHIA, 2012).

39 39 A hidroeletricidade é uma fonte renovável de energia. Utiliza a energia de água corrente para produzir eletricidade sem, contudo, reduzir sua quantidade. Portanto, todos os empreendimentos hidrelétricos, de pequeno ou grande porte, a fio d água ou de armazenamento, enquadram-se no conceito de fonte de energia renovável. Usinas hidrelétricas acarretam aumento da densidade populacional. Uma grande quantidade de trabalhadores chega ao local para participar da sua construção e, depois, para mantê-la em funcionamento. Há necessidade de se criar toda uma infraestrutura incremental para fornecer à nova população residências, escolas, hospitais, telecomunicação, luz elétrica e áreas de lazer. Esses eventos provocam um efeito multiplicador de crescimento da economia local. Usinas hidrelétricas usam tecnologia conhecida e segura há mais de um século, e sempre incorporam novas tecnologias para ter sobrevida e diminuir custos de operação e manutenção. Os seus impactos são bem compreendidos e administráveis, mediante medidas de mitigação e compensação de danos, previstos em Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Contribuem para o desenvolvimento sustentável, caso esses estudos de impactos ambientais sejam elaborados em bases científicas, obedeçam a rígidas posturas legais e tenham gestão constante do concessionário. A operação dos sistemas elétricos depende de fontes de geração rápidas e flexíveis para atender às demandas de pico, manter os níveis de tensão do sistema e restabelecer prontamente o fornecimento após um blecaute, condições essas atendidas pelas hidrelétricas. Os reservatórios de acumulação oferecem flexibilidade operacional incomparável, já que podem responder imediatamente às flutuações de oferta e demanda de eletricidade. A estabilidade, a flexibilidade e a capacidade de armazenamento dessas usinas possibilitam o emprego paralelo de fontes intermitentes de energia renovável, como energia solar e eólica. A água dos rios é um recurso doméstico e, ao contrário de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), não está sujeita a flutuações de mercado, o que assegura segurança energética e estabilidade de preços. Os reservatórios das usinas hidrelétricas armazenam água da chuva, que pode ser usada para consumo ou para irrigação. Ao armazenar e reter a água, eles protegem os aquíferos contra o esgotamento e reduzem a vulnerabilidade a inundações e secas.

40 40 O ciclo de vida da hidroeletricidade produz quantidades muito pequenas de Gases do Efeito Estufa (GEE). Ao emitir menos GEE que usinas movidas a gás, carvão ou petróleo, a hidroeletricidade pode ajudar no combate às mudanças climáticas. As usinas hidrelétricas não produzem poluentes do ar, pelo contrário, melhoram o ar que se respira. Muito frequentemente, elas substituem a geração a partir de combustíveis fósseis, reduzindo assim a chuva ácida e a fumaça. Além disso, os empreendimentos hidrelétricos não geram subprodutos tóxicos. Uma usina hidrelétrica possibilita usos múltiplos para o reservatório e, via de regra, cria possibilidade de recreação, turismo e melhora o bem-estar da população. Com um tempo médio de vida útil de 50 a 100 anos, os empreendimentos hidrelétricos são investimentos de longo prazo que podem beneficiar com energia limpa, segura e barata diversas gerações. Usinas são estratégicas para a segurança energética de uma região. Os locais que têm o privilégio de poder construí-las possuem esse diferencial fundamental para seu desenvolvimento. As grandes usinas recebem compensações financeiras para sanar possíveis danos ambientais provocados pela formação do reservatório da barragem. Os locais onde se instalam hidrelétricas podem transformar-se em centros de referências: em desenvolvimento de tecnologia de ponta para o setor; na formação de mão-de-obra qualificada; em desenvolvimento de estudos e projetos de preservação da flora e fauna locais; implantar programas de educação ambiental para a comunidade; e no fomento do turismo de lazer e ambiental, a exemplo do que ocorre com a usina de Itaipu Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH s) Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH s), figura 6, são caracterizadas pela potência máxima de até 30 MW e reservatório com área igual ou inferior a 300 hectares (3 km²), conforme define a resolução nº 394, de 4/12/1998, da ANEEL. A área do reservatório é delimitada pela cota d água associada à vazão de cheia com tempo de recorrência de 100 anos (GERAÇÃO ENERGISA, 2009).

41 41 Figura 6 Imagem de uma PCH Fonte: Geração Energisa (2009). A exploração de recursos hídricos para a geração de energia elétrica, através de PCH s, prosperou no Brasil até a década de 1960, construídas e mantidas por prefeituras e por empresários locais, fornecendo iluminação às cidades e contribuindo para as atividades econômicas, como fábrica de tecidos, serrarias, mineração, entre outros (GERAÇÃO ENERGISA, 2009). Após a década de 1960, grandes empresas estatais e federais incorporaram as pequenas empresas geradoras de vários sistemas isolados, passando a ser do governo a responsabilidade por fornecer energia a todo o país, através dos grandes sistemas interligados (GERAÇÃO ENERGISA, 2009). De acordo com a Geração Energisa (2009), diferentemente de uma usina hidrelétrica de grande porte, as PCH s podem não se utilizar de reservatórios para armazenagem de grandes volumes de água, podendo operar a fio d água, ou seja, permitindo a passagem contínua de toda água com uma capacidade nominal mais estável. As PCH s aproveitam a força da correnteza e a vazão natural dos rios sem necessariamente precisar estocar água e, requerem uma pequena área inundável, muitas vezes equivalente ao nível das cheias do rio. As grandes hidrelétricas podem causar mais estragos ambientais, mas acabam sendo analisadas pelo Instituto Brasileiro do Meio ambiente (IBAMA), e submetidas ao licenciamento mais rigoroso. Já as PCH s costumam ser licenciadas pelos estados, que aplicam suas próprias regras. Muitas vezes, essas regras são mais brandas (VECCHIA, 2012).

42 42 Com isso em ocasiões de estiagem a vazão disponível pode ser menor que a capacidade das turbinas, causando ociosidade. Em outras situações, a vazão é maior que a capacidade das máquinas, permitindo a passagem da água pelo vertedor. Por esse motivo, o custo da energia elétrica produzida pelas PCH s é maior que o de uma usina hidrelétrica de grande porte onde o reservatório pode ser operado de forma a diminuir a ociosidade ou os desperdícios de água. Em contra partida, as PCH s são instalações que resultam impactos ambientais bem menores em relação às usinas hidrelétricas (PRADO, 2010). O potencial hidráulico possível de exploração no País, associado às PCH s é relativamente elevado (4% da potência instalável total). Segundo o Plano da ELETROBRAS, centrais de até 30 MW de potência instalada representam um potencial de MW. Existem no Brasil 253 Pequenas Centrais Hidrelétricas em operação, somando kw ao sistema interligado nacional, ou 1,35%. O estado com maior concentração de PCH é Minas Gerais, com 77 usinas em operação somando kw (PRADO, 2010). As PCH s representam geração de energia limpa a um custo ambiental pequeno. Apesar desta simplicidade e baixo impacto, passam por todas as etapas do processo de licenciamento ambiental, EIA-RIMA, emissão da Licença Ambiental Prévia (LAP), Licença Ambiental de Instalação (LAI) e Licença Ambiental de Operação (LAO) com programas de controle e mitigação ambiental (GERAÇÃO ENERGISA, 2009). A construção de PCH s ganha força no cenário brasileiro, principalmente por causarem menores impactos ambientais em relação a usinas hidrelétricas (tabela 4) e apresentarem tempo de construção mais rápido (CANÇADO et al., 2009).

43 43 Tabela 4 Vantagens das PCH s Fonte: Geração Energisa (2009). Segundo BEN (2009) a geração total de energia elétrica no Brasil atingiu 466,2 (TWh), que somados a 40,0 TWh das importações, resultou numa oferta interna elétrica de 506,1 TWh. A taxa de crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil é uma das mais elevadas do mundo, em se tratando de um país em desenvolvimento. Conforme a ANEEL (2008), as PCH s representam um dos principais focos, no que se refere ao aumento da oferta de energia elétrica no Brasil, pois esses empreendimentos possibilitam melhor atendimento as necessidades energéticas de pequenos centros urbanos e regiões rurais. 2.3 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Preocupação com meio ambiente Segundo Brundtland et al. (1991), o Nosso futuro comum não deve ser considerado como uma previsão da decadência mundial, mas sim uma proposição para o limiar de uma nova era de crescimento econômico, que se apóie em práticas

44 44 de conservação do meio ambiente e que esta prática assegure o progresso e a sobrevivência da raça humana. Neste documento foi apresentado um diagnóstico sobre o direcionamento do desenvolvimento que vinha sendo adotado e um prognóstico para uma nova era de crescimento econômico que deverá se basear na conservação e expansão dos recursos naturais (STAMM, 2003). Segundo Brundtland et al. (1991), as tendências da década de 1980 indicavam que o desenvolvimento gerava uma distância maior entre países ricos e pobres e causava maiores danos ao meio ambiente. Foi consensado que o desenvolvimento deveria ser redirecionado para que beneficiasse não apenas alguns países por alguns anos, mas todo o planeta por um futuro longínquo. Assim surgiu o desenvolvimento sustentável que deveria ser um objetivo a ser alcançado por todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento. Com o processo de democratização ocorrido nos anos de 1980, no Brasil e em vários países da América Latina, a ascensão de movimentos ambientalistas, a difusão das preocupações com a preservação do meio ambiente e a resistência das populações atingidas conduziram, progressivamente, o setor elétrico a incorporar à sua agenda as questões sociais e ambientais. O ano de 1986 é bastante significativo desse processo, com a promulgação da Resolução 01 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que regulamentou a obrigatoriedade de realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para fins de licenciamento. No mesmo ano, no âmbito da ELETROBRAS, foi criado o Conselho Consultivo de Meio Ambiente (CCMA) e foram produzidos os primeiros documentos explicitamente voltados para a questão ambiental. Trata-se do Manual de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos e do Plano Diretor para a Melhoria do Meio Ambiente nas Obras e Serviços do Setor Elétrico. Em 1987, foi criada a Divisão (posteriormente Departamento) de Meio Ambiente da ELETROBRAS, mesmo ano de lançamento da Resolução 06 do CONAMA, que estabelecia regras para o licenciamento de obras de grande porte, especialmente de energia elétrica (PINHEIRO, 2006).

45 A Avaliação de Impacto Ambiental nos países desenvolvidos Os Estados Unidos da América foi o primeiro país a adotar uma legislação sobre a Avaliação do Impacto Ambiental (AIA), seu nome é National Environmental Policy Act (NEPA), datado de Esta lei estabelecia a necessidade da preparação de uma declaração prevendo os impactos ambientais para qualquer tipo de projeto (SUREHMA/GTZ, 1992). No Canadá, o Canadian Environmental Assessment Act (THE ACT) especifica qual a forma da Avaliação de Impacto Ambiental é necessária para cada tipo de projeto, se será um estudo básico a screening, um estudo compreensivo, uma mediação ou um painel de revisão. A Canadian Environmental Assessment Agency (CEAA) disponibiliza no site maiores informações sobre os estudos, dirigido à proponentes e autoridades responsáveis (SADDLER, 1996). Segundo o Ministério do Meio Ambiente da Austrália (ENVIRONMENT AUSTRALIA, 2002 apud STAM, 2003), cada estado e território tem sua legislação própria relativa à Avaliação de Impacto Ambiental. A legislação principal relativa no país é o Environment Protection (Impact of Proposals) Act (EPIP ACT). Esta legislação foi estabelecida em 1974 e substituída pelo Environment Protection and Biodiversity Conservation Act (EPBC ACT), em Esta legislação envolve o envio da proposta para o Ministério do Meio Ambiente, a elaboração de informações preliminares da proposta do Notice of Intention (NOI) e o seu encaminhamento para o órgão federal responsável pelo meio ambiente que irá decidir qual o nível de avaliação que será necessário para o projeto em questão. A preocupação mundial em buscar geração de energia através de fontes renováveis baseia-se no fato dos combustíveis fósseis não serem renováveis, e na tentativa de diminuição da emissão de gás carbônico (CO2). A obtenção de energia através do potencial hidráulico (hidrelétricas) é uma forma de energia obtida por fontes renováveis, apesar das controvérsias disseminadas pelos meios de comunicação alternativos (OLIVEIRA, 2012).

46 A Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil O sistema de licenciamento ambiental foi introduzido inicialmente no estado do Rio de Janeiro, em 1978, pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), órgão responsável pelo meio ambiente no estado, através do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP (ALMEIDA, 2002). A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída no Brasil pela Lei Federal nº 6.938/81 e regulamentado pelos Decretos nos /83 e /90. A efetiva aplicação da PNMA teve início com a Resolução CONAMA nº 001/86, de , que traçou os critérios básicos para a exigência do Estudo de Impacto Ambiental no licenciamento de projetos de atividades modificadoras do meio ambiente, propostos por entidade pública ou pela iniciativa privada (CPRH, 2002). De acordo com a Lei Federal nº 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), o processo de implementação de projetos considerados efetiva ou potencialmente poluidores depende de prévio licenciamento ambiental por um órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) ou do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O EIA é o estudo técnico que subsidia a tomada de decisão sobre a viabilidade ambiental de um empreendimento no contexto da Avaliação de Impacto Ambiental - AIA (AGUILAR, 2008). A AIA, que também está entre os instrumentos da PNMA, é o procedimento que consiste no conjunto concatenado de atividades voltadas para o exame das consequências futuras de uma ação proposta e, no Brasil, está diretamente vinculada ao licenciamento ambiental (SÁNCHEZ, 2006). Segundo Sánchez (2006), boa parte da polêmica que envolve licenciamento e AIA gira em torno do tempo despendido para a análise dos processos de licenciamento, particularmente daqueles que incluem a apresentação e análise do EIA/RIMA. Ao contrário do licenciamento no qual podem ser adotados procedimentos e exigidos estudos simplificados, no caso do licenciamento com apresentação de EIA/RIMA os procedimentos normalmente têm tramitação mais longa, com análise mais detalhada dos impactos identificados e maior possibilidade de participação da sociedade por meio, por exemplo, de audiências públicas. A Resolução do CONAMA nº 237/97, regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na PNMA. O Estudo de Impacto Ambiental e

47 47 o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) são necessários na primeira fase do licenciamento ambiental do projeto e são encaminhados e analisados numa audiência pública para que seja possível a obtenção da Licença Ambiental Prévia (LAP). Junto com a emissão da Licença Ambiental Prévia (LAP), o órgão público responsável define as medidas de mitigação que deverão ser adotadas como forma de prevenção ou minimização dos impactos ambientais. Com estas medidas a serem tomadas, o empreendedor deverá elaborar o Projeto Básico Ambiental (PBA) e enviá-lo para análise e aprovação do órgão responsável pelo licenciamento ambiental. Caso este documento seja aprovado, o empreendedor receberá a Licença Ambiental de Instalação (LAI). A Licença Ambiental de Operação (LAO) somente será expedida quando da finalização de todos os serviços de construção, montagem e comissionamento. O órgão responsável pelo licenciamento deve fazer uma série de fiscalizações para verificar a veracidade das informações contidas no EIA/RIMA e no Projeto Básico Ambiental (PBA). Se todas as etapas forem aprovadas, o órgão emitirá a Licença Ambiental de Operação (LAO) válida para um certo período de tempo (geralmente 4 a 10 anos). Terminado este período, a LAO deverá ser renovada (AMBIENTE BRASIL, 1981) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 3 Pelo artigo 9º da Resolução do CONAMA de 1986 o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) deverá refletir as conclusões do EIA e deverá conter, no mínimo: I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; 3 Capitulo baseado na Resolução CONAMA nº001 de 23 de janeiro de 1986 (CONAMA, 1986).

48 48 V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). O órgão competente terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA apresentado. O RIMA deverá ser apresentado de forma objetiva e de fácil compreensão, tendo ilustrações de mapas, cartas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto e todas as consequências ambientais de sua implementação. Respeitado o sigilo industrial, o RIMA deverá ser acessível ao público. Suas cópias deverão permanecer à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica. Os órgãos públicos que tiverem interesse ou relação direta com o projeto deverão receber cópia do RIMA, para conhecimento e manifestação. Ao determinar a execução do EIA e apresentação do RIMA, o órgão competente, deverá então, determinar o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de Audiência Pública para a discussão do EIA/RIMA, das informações sobre o projeto, e os impactos ambientais Licenciamento Ambiental 4 De acordo com o Anexo I da Resolução 237/97 do CONAMA, obras civis de infraestrutura como rodovias, ferrovias e hidrovias são empreendimentos que estão sujeitos ao licenciamento ambiental. 4 Capitulo baseado na Resolução do CONAMA nº237, de 19 de Dezembro de 1997 (CONAMA, 1997).

49 49 Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo em que o órgão ambiental licencia, considerando disposições legais e regulamentares como também normas técnicas, a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que sejam consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou que de alguma forma possam degradar o meio ambiente. A Licença Ambiental de Implantação (LAI) para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental dependerá de Estudo da Licença Ambiental Prévia (LAP) e respectivo Relatório de Impacto sobre Meio Ambiente (EIA/RIMA), o qual dar-se-á publicidade, garantindo a possibilidade de Audiências Públicas quando couber. Em caso da verificação do empreendimento não ser potencialmente causador de degradação ambiental, o órgão ambiental competente deverá definir os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento. Competirá ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, que sejam localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e países limítrofes, terras indígenas ou unidades de preservação de domínio da União, localizadas ou desenvolvidas em um ou mais Estados, empreendimentos cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do país ou de um ou mais Estados, atividades relacionadas a material radioativo e bases e empreendimentos militares. O IBAMA fará o licenciamento após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar o empreendimento ou atividade assim como também o parecer dos demais órgãos competentes destes, da União e do Distrito Federal envolvidos no procedimento de licenciamento. Poderá o IBAMA delegar aos Estados o licenciamento de atividade de significante impacto ambiental de âmbito regional. O licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades localizadas ou desenvolvidas em um ou mais Municípios, ou de unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal, serão delegados pela União. O órgão estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municipios envolvidos,

50 50 assim como, quando couber o parecer dos demais órgãos competentes envolvidos no processo de licenciamento. O Poder Público deverá expedir as seguintes licenças: Licença Ambiental Previa (LAP), Licença Ambiental de Instalação (LAI) e Licença Ambiental de Operação (LAO), que poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza e fase do empreendimento. Licença Ambiental Prévia (LAP) Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a possibilidade ambiental e determinando os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas fases posteriores de sua implantação (CONAMA, 1997). Terá prazo mínimo de validade conforme estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento, podendo ser prorrogado desde que não ultrapasse o prazo máximo de cinco anos (CONAMA, 1997). Licença Ambiental de Instalação (LAI) Consente a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e outros condicionantes, da qual constituem motivo determinante (CONAMA, 1997). Terá prazo mínimo de validade estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento, podendo ser prorrogado desde que não ultrapasse o prazo máximo de seis anos (CONAMA, 1997). Licença Ambiental de Operação (LAO) Consente a operação da atividade ou empreendimento, após a conferência do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (CONAMA, 1997). Terá prazo de validade mínimo de quatro anos e máximo de dez anos, que deverá considerar os planos de controle ambiental e quando estiverem sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores o órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos (CONAMA, 1997). Na renovação da Licença Ambiental de Operação (LAO), o órgão ambiental competente poderá aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação

51 51 do desempenho ambiental do empreendimento no período de vigência anterior, respeitos os limites mínimo e máximo citados anteriormente. Esta renovação deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 dias antes da expiração do prazo de validade (CONAMA, 1997). As etapas para o procedimento de licenciamento ambiental seguem na Tabela 5. Tabela 5- Etapas básicas do licenciamento ambiental no Brasil. Definição pelo órgão ambiental competente, junto ao empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários de acordo com o tipo de licença requerida. Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes exigidos, dando-se a devida publicidade. Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e realização de vistorias técnicas quando necessárias. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, uma única vez, podendo haver a reiteração da mesma solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios. Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrente das audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e solicitações não tenham sido satisfatórios. Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico. Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade Fonte: adaptado da resolução CONAMA n 237/97 apud (Fogliatti; Filippo; Goudard, 2004)

52 IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS Os Grandes Projetos de Investimentos são considerados por Martins (1993) apud Bortoleto (2001) como projetos econômicos de envergadura, os quais abrangem as hidrelétricas, os planos de colonização e construção de rodovias. Assim, os grandes projetos causam grandes e graves efeitos em relação ao meio e às pessoas, uma vez que no processo de implantação há uma ausência de análises sobre as alterações socioeconômicas, culturais e ambientais que causariam às regiões. Os grandes projetos são geradores de novas regiões. São assim considerados porque atraem investimentos, necessitam mão-de-obra, mas também provocam deslocamentos para estas regiões. De um modo geral, esses grandes projetos acarretam certo desenvolvimento, se pensarmos em termos puramente econômicos (VAINER & ARAÚJO, 1992). Em síntese, as construções mais sustentáveis agregam os princípios do desenvolvimento sustentável, contribuindo para um menor impacto ambiental e um maior conforto ao usuário. Seu processo de concepção e execução exige participação dos diversos atores do empreendimento, tais como: investidores, construtores, projetistas e usuários (LORDSLEEM & LIMA, 2011). Neste processo de mudança, além de alterações patrimoniais (novos proprietários) e morfológicas (nova geomorfologia, novo regime hídrico, etc.), instauram-se novas dinâmicas socioeconômicas, novos grupos sociais emergem na região de implantação, novos interesses e problemas se manifestam (VAINER, 2008). De acordo com Santos (1999), quando dizem que as hidrelétricas vêm trazer, para um país ou para uma região, a esperança de salvação da economia, da integração no mundo, a segurança do progresso, representando símbolos que permitem aceitar a racionalidade do objeto que, na realidade, ao contrário, pode exatamente vir destroçar a nossa relação com a natureza e impor relações desiguais. Todas as formas de obtenção de energia implicam variados impactos socioambientais. No caso das usinas hidrelétricas, esses impactos vão além da criação em si de um empreendimento de grandes proporções, com suas toneladas de concreto e imensas áreas alagadas, mas englobam uma gama maior de

53 53 problemas com diversos aspectos. Não só o ambiente natural é afetado, mas também as populações são atingidas no processo de construção de usinas hidrelétricas. Compreender e minimizar esses impactos constitui hoje o grande desafio das empresas que optam por implantar usinas dessa natureza (MACHADO JUNIOR, 2010). As usinas hidrelétricas causam muitos efeitos ao meio ambiente, além de interferir direta e indiretamente na vida das pessoas, principalmente nas que residem na área que será alagada pelo reservatório da usina. Os efeitos, assim, são muitos e causam a mudança na organização do território, provocando, dessa forma, alterações que devem ser estudadas para que se possa compreender o processo de criação e/ou recriação de um novo território, a partir da destruição dos já existentes e que eram habitados pela população que foi removida (CRUZ & SILVA, 2010). De acordo com Rosa et al. (2012), no Brasil, usinas hidrelétricas construídas resultaram em mais de km² de terras inundadas para a formação dos reservatórios, causando direto impacto sobre a biodiversidade. Um exemplo marcante desses impactos é a bacia hidrográfica do rio Uruguai (RS/SC), um dos mais importantes corredores de biodiversidade do Cone Sul, que apresenta diversas espécies endêmicas ou em vias de extinção. As usinas hidrelétricas interferem drasticamente no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam inundações em imensas áreas de matas, interferem no fluxo de rios, destroem espécies vegetais, prejudicam a fauna, e interferem na ocupação humana. As inundações das florestas fazem com que a vegetação encoberta entre em decomposição, alterando a biodiversidade e provocando a liberação de metano, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pela rarefação da camada de ozônio (INATOMI & UDAETA,?). No Brasil, a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia vem degradando enormemente a floresta, que tornou-se alvo das estratégias de desenvolvimento e integração territorial de diversos países da América do Sul (FAVARETTO, 1999). De acordo com Machado Junior (2010), a energia gerada nas centrais hidrelétricas pode ser considerada limpa, isto é, no processo de geração não são emitidos agentes poluidores nos corpos hídricos e na atmosfera. Entretanto uma análise mais cuidadosa mostra que essa forma de geração envolve um impacto profundo no ambiente natural em que é inserida. Esse impacto engloba fauna, flora

54 54 e o homem assim como suas interações, e se estende muitas vezes, além da entrega da usina para operação. Os impactos causados por usinas hidrelétricas são sempre motivos de acirrados debates e difícil consenso. Como praticamente qualquer atividade econômica, as hidrelétricas causam impactos negativos, principalmente ao meio ambiente. A grande questão dos cientistas é saber qual a real dimensão desses impactos e como eles podem ser amenizados, já que dentro das fontes energéticas atuais, a energia das águas é considerada fonte renovável e limpa (VECCHIA, 2012) Impacto ambiental sobre o meio antrópico Os primeiros impactos ambientais acontecem já na chegada da empresa construtora. A montagem do canteiro de obras transforma a economia local, com uso intensivo de materiais e energia, que provoca aumento nos preços dos materiais de construção e outros, prejudicando os moradores locais. O aumento súbito da população que incorpora trabalhadores vindos de fora acarreta vários problemas como acréscimo na produção de lixo e esgoto sanitário, e aumento na circulação de máquinas pesadas que danificam as vias públicas e modificam as características do trânsito local (VECCHIA, 2012). Segundo Vecchia (2012), as populações humanas que habitam as regiões onde a usina será implantada em geral são famílias de agricultores, pescadores ou tribos indígenas, que perdem áreas utilizadas para caça e pesca. Devem-se reassentar essas populações em outras regiões, sem alterar muito suas condições originais de vida ou mesmo melhorá-las, o que raramente ocorre. O deslocamento forçado dessas populações, acompanhado por compensações financeiras irrisórias ou inexistentes coloca-as em confronto com empreendedores que almejam esconder ou minimizar os conflitos para viabilizar suas obras, e têm em vista critérios fundamentalmente econômicos. As populações atingidas, juntamente com os ambientalistas, procuram evidenciar os conflitos, mostrando que há direitos que não estão sendo considerados, e têm em vista critérios ambientais, sociais e humanitários.

55 55 Na literatura acadêmica existem conceitos que se referem a essa população que é afetada por empreendimentos hidrelétricos. O conceito de atingido não representa apenas as dimensões econômicas e financeiras. Refere-se à legitimidade da propriedade e a detenção de direitos e possuem duas concepções: a concepção territorial-patrimonialista e a concepção hídrica (CRUZ & SILVA, 2010). Segundo Vecchia (2012), o represamento de águas pode provocar diversas enfermidades endêmicas que assolam as comunidades vizinhas às usinas, dentre as quais doenças parasitárias como a esquistossomose e a malária e em menor escala a febre amarela e a dengue. Isto ocorre porque as barragens e os sistemas de irrigação formam remansos e propiciam um ambiente favorável para a criação e proliferação de insetos, caramujos e outros animais que servem como vetores para o desenvolvimento de parasitas. Sítios arqueológicos de rara beleza natural e de importância científica são elementos do patrimônio cultural da humanidade. A perda desses recursos culturais históricos, que variam desde santuários, artefatos e construções antigas, templos, além de recursos arqueológicos tais como fósseis, animais e cemitérios ocorre em decorrência de submersão da área de influência da barragem. Ocorre também devido ao processo de erosão dos solos e das encostas ora frágeis, que expõe essa riqueza à superfície, deixando-a vulnerável a saques e contrabando - um crime que lesa humanidade (VECCHIA, 2012) Impacto ambiental sobre o meio físico A implantação de hidrelétricas interfere de forma irreversível no micro clima local, provocando alterações na temperatura, na umidade relativa do ar, na evaporação e afeta o ciclo pluvial (VECCHIA, 2012). Na hidrologia, a priorização para produzir energia cria dificuldades para permitir o uso múltiplo das águas como irrigação, piscicultura e lazer (VECCHIA, 2012). E ainda impacta com a alteração do fluxo de corrente, alteração de vazão, alargamento do leito, aumento da profundidade, elevação do nível do lençol freático, mudança de lótico (rio de águas rápidas) para lêntico (sistema de águas paradas) e geração de pântanos. Impacta no clima alterando temperatura, umidade relativa,

56 56 evaporação (aumento em regiões mais secas), precipitação e ventos - formação de rampa extensa (FAVARETTO, 1999). De acordo com Vecchia (2012), a barragem altera o fluxo de corrente e a vazão do rio a jusante (abaixo), que causa alargamento do leito original, aumento de profundidade e elevação do nível do lençol freático, criando pântanos. A pressão do peso da água represada pode provocar fortes deslocamentos de terra, prejudicar aquíferos e provocar sismos induzidos, principalmente em terrenos cársticos. Formase a montante (acima) uma nova margem que não tem a mesma resistência à água, o que causa erosão e perda de solo e árvores, gerando o assoreamento que afeta a capacidade do reservatório. As barragens impedem o fluxo natural de sedimentos ricos em nutrientes, que auxiliam na fertilização dos solos para produzir alimentos. A construção desses empreendimentos impacta também através da erosão marginal com perda do solo e árvores, assoreamento provocando a diminuição da vida útil do reservatório, e perda da função de geração de energia elétrica. Na sismologia pode causar pequenos tremores de terra, com a acomodação de placas (FAVARETTO, 1999). Segundo Favaretto (2009), há emissões de gases de efeito estufa principalmente, em hidrelétricas localizadas em áreas tropicais, por meio da decomposição de árvores acima da água (em áreas não desmatadas adequadamente antes de se encher os reservatórios), as quais emitem gás carbônico (CO2). Há também a liberação de gás metano (CH4) na zona de deplecionamento (área do fundo do reservatório). Os reservatórios apresentam estratificação térmica, que causa formação da termoclina, localizada entre dois e três metros de profundidade. O excesso de nutrientes na água, principalmente fosfato e nitrato, ocasiona um aumento significativo na população de algas e de microrganismos decompositores na água, levando a uma brusca redução do teor de oxigênio dissolvido. Esse processo é denominado eutrofização, ocorre de forma natural, mas é potencializado na medida em que se incrementa substancialmente a quantia de efluentes despejados nos rios, oriundos do comércio, indústria e residências. A eutrofização provoca a mortalidade de organismos aeróbios maiores como os peixes, podendo causar também epidemias (VECCHIA, 2012).

57 Impacto ambiental sobre o meio biótico Antes do funcionamento de uma usina é necessário desviar o curso do rio para formar um grande reservatório. A formação da represa afeta fortemente a fauna e flora local, pois, de uma hora para outra, a floresta formada durante centenas de anos vira lago. Muitas espécies acabam submersas e, consequentemente, morrem, criando uma espécie de limbo, que compromete o funcionamento das turbinas (VECHHIA, 2012). Isso se dá logo ao término da construção, após às etapas de inventário, viabilidade e projeto básico, e antes do início de sua operação (ELETROBRAS, 1999). Segundo a ELETROBRAS (1999), a dimensão do impacto depende de características do empreendimento, como o tamanho do reservatório, e do ambiente, como a composição, estrutura e situação da fauna (e da vegetação) na área do reservatório. Na medida em que o Brasil é um dos líderes mundiais de biodiversidade, abrigando grande quantidade de biomas com características peculiares, o impacto terá também grande variação espacial. De acordo com Vecchia (2012), a formação de um reservatório provoca mudanças na estrutura dos ambientes aquáticos ao transformar um rio de águas rápidas (lóticas) em um sistema de águas paradas (lêntico) e também ao inundar ambientes terrestres e/ou várzeas e lagoas marginais. Estas mudanças causam alterações nas estruturas da fauna aquática (ictiofauna), principalmente por meio da substituição ou extinção local de espécies. Segundo Sousa (2000), para avaliar os impactos de implantação de hidrelétricas sobre a fauna da região é necessário conhecimento sobre espécies e costumes, rotas migratórias e reprodutivas, identificação das áreas de maior produtividade pesqueira, entre outros. Para avaliar os impactos sobre a cobertura vegetal e uso do solo na bacia são necessários mapeamentos das fitoformações naturais da bacia com auxílio de sensoriamento remoto e outros recursos cartográficos. Para avaliar os impactos sobre o ecossistema é necessária sua caracterização, avaliando-se espécies importantes na manutenção da diversidade biológica ou em extinção, e a capacidade da área para manter espécies da fauna e o nível geral de insularização da cobertura vegetal nativa.

58 58 A construção de Usinas Hidrelétricas provoca perda de biodiversidade, perda de volume útil, eleva a concentração de matéria orgânica e causa consequente diminuição do oxigênio, produz gás sulfídrico e metano provocando odores e elevação de carbono na atmosfera, e eutrofiza as águas. Na fauna provoca perda da biodiversidade, implica em resgate e realocação de animais, somente animais de grande porte conseguem ser salvos, aves e invertebrados dificilmente são incluídos nos resgates, e provoca a migração de peixes e o comprometimento de locais de desova de peixes (FAVARETTO, 1999). Cortez (2005) coloca que o desmatamento é o principal fator da redução pluviométrica nas áreas de recarga (cabeceiras) dos rios que abastecem as represas. E cita o rio São Francisco como exemplo: o desmatamento de sua cabeceira e afluentes, a perda das matas ciliares, a retirada sem controle de grandes volumes de água para irrigação e consumo rebaixaram o seu nível, assorearam o seu leito e causaram a salinização de sua foz. E, consequentemente, perda de volume nos reservatórios das suas hidrelétricas.

59 59 3 METODOLOGIA Para chegar aos objetivos aspirados neste trabalho, a metodologia foi dividida em duas partes: revisão bibliográfica e parte prática, comentadas nos itens a seguir. 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A parte teórica foi desenvolvida através da consulta de normas, leis, EIA/RIMA da UH Itá, trabalhos de graduação, teses de doutorado, e mestrado, artigos científicos, livros e publicações em sites da ANA, ANEEL, BEN, BIG, BRCACTACEAE, ELETROBRAS, GERAÇÃO ENERGISA, IBGE, MME, PROCEL, SANTO ANTÔNIO ENERGIA, SANTUR e da TRACTEBE abordando sobre as usinas hidrelétricas e os impactos ambientais gerados pelas mesmas. 3.2 PARTE PRÁTICA A parte prática baseou-se na visita técnica à UH Itá realizada entre os dias 10 a 13 de setembro de Esta UH está situada na bacia hidrográfica do Rio Uruguai superior (Bacia Platina), como mostra a figura 7. Nesta visita conseguiu-se realizar um número de 20 entrevistas, tomando como base, um questionário (Apêndice A), onde a prioridade era analisar a opinião da população que tivesse convivido com as transformações ocorridas pela implantação da UH. A escolha dos respondentes foi aleatória, visando abordar as pessoas com mais idade, por haver maior chance de terem presenciado a construção da usina. A seguir foi realizada uma análise comparativa entre o resultado das entrevistas e o EIA/RIMA da UH, além de se analisar visualmente o local e a usina durante a visita feita. As respostas dos questionários foram analisadas frente ao que foi pesquisado na literatura e ao que foi encontrado na visita técnica realizada.

60 60 Figura 7 Mapa das Bacias Hidrográficas Brasileiras. Fonte: BrCactaceae (2012).

61 61 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Localização da Usina Hidrelétrica de Itá (UH Itá) As Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. (ELETROSUL) em parceria com a iniciativa privada, implantaram a Usina Hidrelétrica de Itá (UH Itá), cuja localização se encontra na figura 8, no rio Uruguai, entre os municípios de Itá, no Estado de Santa Catarina, e Aratiba, no Estado do Rio Grande do Sul, exatamente onde se desenvolve a chamada volta do Uvá- curva extensa do rio. A potência instalada da usina é de 1450 MW e o reservatório formado tem superfície total de 141 km², com alagamento de 102 km² e afeta os municípios de Itá, Concórdia, Peritiba, Ipira, Aratubã, Alto Bela Vista, e Piratuba no lado catarinense e Aratiba, Mariano Moro, Severiano de Almeida e Marcelino Ramos no lado gaúcho (BIANCO, 1997). Figura 8 Mapa da UH Itá. Fonte: BIANCO (1997). O objetivo principal da UH Itá é a geração de energia elétrica para o atendimento das demandas das Regiões Sul e Sudeste do Brasil, através da transmissão interligada. A sua concessão, para fins de aproveitamento de energia

62 62 elétrica, foi outorgada, à ELETROSUL, pelo Presidente da República através do Decreto número de 03/01/1983 (RIMA da UH Itá). As principais estruturas físicas atingidas pela UH Itá, são 1 sede municipal (Itá), 4 sedes distritais, 31 núcleos rurais, onde estão localizadas 33 escolas, 31 igrejas, 1 hospital, 3 unidades básicas de saúde, 24 cemitérios, 22 campos de futebol, 360 km de rodovias (locais e principais), 23 km de ferrovia e 260 km de linhas de distribuição de energia. (BIANCO, 1997). 4.2 Bacia do Rio Uruguai O rio Uruguai, de domínio federal, origina-se da confluência dos rios Pelotas e Peixe na Serra Geral. Seu trecho em território nacional serve de limite entre os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Fronteiriço, delimita a fronteira entre o Brasil e a Argentina depois de sua confluência com o rio Peperi-Guaçu. Após receber a afluência do rio Quaraí, que limita o Brasil e o Uruguai, marca a fronteira entre a Argentina e o Uruguai, desaguando no rio da Prata. No Brasil seus principais afluentes são os rios Canoas, Pelotas, Passo Fundo, Chapecó, Ijuí, Ibicuí e Quaraí. Seu curso, com 2.200km² de extensão, é dividido em três partes: alto rio Uruguai, onde se caracteriza por um forte gradiente topográfico, o que propicia alto potencial de geração hidrelétrica; médio rio Uruguai, assumindo a condição de fronteiriço, com economia local baseada em suinocultura e agricultura de soja e milho; e médio baixo rio Uruguai, que se desenvolve pela Campanha Gaúcha, com aproveitamento de suas águas para irrigação da rizicultura. A Bacia do Rio Uruguai caracteriza-se por ser um dos mais importantes corredores de biodiversidade do Cone Sul, apresentando em sua fauna diversas espécies endêmicas ou em vias de extinção (PAIM & ORTIZ, 2006). Em território brasileiro a bacia possui remanescentes de 17% do total de sua cobertura florestal original. Em média, possui baixas concentrações de poluentes, exceto em trechos de rios próximos de grandes cidades (ZANIBONI FILHO & SHULTZ, 2003). A bacia é apontada como pioneira no Brasil em projetos de aproveitamento integral das águas para hidroenergia e atividades agroindustriais. Com potencial hidrelétrico estimado em mais de MW (ANA, 2002; ANEEL, 2008).

63 63 Onde, só na calha principal, diversos empreendimentos se encontram em distintas fases que vão do estudo preliminar à operação (PAIM & ORTIZ, 2006; GONÇALVES, 2010). No entanto, novas infraestruturas de navegação e a construção de barramentos são as ameaças-chave da bacia Uruguai (WONG et al., 2007). Correspondentemente, a Região Hidrográfica do Uruguai, é delimitada ao norte e nordeste pela Serra Geral, ao sul pela fronteira com a República Oriental do Uruguai, a leste pela Depressão Central Rio-grandense e a oeste pela Argentina. Abrange uma área de aproximadamente km², dos quais cerca de km² situam-se no Brasil. Sua porção brasileira é formada por km² no Estado de Santa Catarina (27%) e km² (73%) no Estado do Rio Grande do Sul. A figura 9 representa a localização da Região Hidrográfica do Uruguai, e a figura 10 a influência da UH Itá sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai. Figura 9 Região Hidrográfica do Uruguai Rede Hidrográfica. Fonte: Panorama da qualidade das águas superficiais no Brasil / ANA, SPR, (2005).

64 64 Figura 10 Área de influência da UH Itá em relação à Bacia Hidrográfica do Uruguai. Fonte: Tractebel (2009). 4.3 Histórico da UH Itá 5 Uma UH como Itá, exigiu muitos anos de estudos para ser implantada, e sua construção levou mais tempo que o previsto, seja por motivos técnicos, econômicos ou mesmo institucionais. O Comitê de Estudos Energéticos da Região Sul (ENERSUL) desenvolveu, de 1966 a 1969, estudos visando caracterizar os recursos hidroenergéticos da bacia do rio Uruguai e planejar a sua utilização racional e eficiente, através de um programa de construção de novas usinas hidrelétricas. Este estudo foi revisado pela ELETROSUL, entre 1971 e 1979, levando-se em conta não só o melhor aproveitamento energético dos rios, mas também aspectos socioeconômicos, físico-territoriais e ecológicos envolvidos na construção das usinas. A alternativa selecionada nesses Estudos de Inventário se apresentou como o esquema de divisão de queda de maiores méritos sendo uma das mais vantajosas do ponto de vista energético, e sensivelmente melhor nos aspectos socioeconômicos em relação a alternativas energeticamente semelhantes. 5 Capítulo baseado no RIMA da UH Itá publicado por ELETROSUL-CNEC (1990).

65 65 Consequentemente, identificou-se um potencial de aproveitamento energético através de 22 usinas distribuídas por toda a bacia do rio Uruguai, onde a UH Itá figurava entre as prioritárias para continuação dos estudos, tendo em vista o seu porte e menos custo unitário de energia firme. A localização exata e a solução técnica proposta para a UH Itá foram definidas após os Estudos de Viabilidade deste empreendimento. Estes estudos foram desenvolvidos entre 1979 e 1981 e revistos em Como conclusão dessa fase tem-se que: - a UH Itá revelou-se bastante favorável para a implantação das estruturas da usina, foi feita considerando critérios técnicos e socioeconômicos, evitando-se inundar o vale do rio Uvá, o que acarretou uma pequena redução de potencial de energia a ser gerada; - a escolha do local para a barragem, bastante favorável para a implantação das estruturas da usina, foi feita considerando uma pequena redução do potencial de energia a ser gerada; - os efeitos socioeconômicos sobre a população rural e urbana foram analisados e as possibilidades de equacionamento verificadas. A ELETROSUL já iniciara, naquela época, algumas providências, principalmente em relação à relocação da cidade de Itá. A fase de Projeto Básico onde são detalhados os estudos de engenharia, tanto das estruturas como dos equipamentos, foi desenvolvida em 1986/87, e o projeto aprovado pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) em 16/06/87. Nessa época, então se iniciou também o aprofundamento dos estudos ambientais, dentro da estratégia de Inserção Regional. Esses estudos, que visam a viabilização social, política e ambiental do aproveitamento de Itá, resultaram em um planejamento detalhado de programas de controle ambiental. 4.4 Projeto da UH Itá Na construção de UH s o desvio de um rio é um evento comum, mas nem por isso simples. Na prática o desvio do rio é o momento mais dramático e arriscado da

66 66 construção de uma usina, principalmente quando o rio é nervoso e instável como o rio Uruguai (CONSÓRCIO ITÁ, 2004). Segundo o Consórcio Itá (2004), na altura dos municípios de Itá e Aratiba, o rio faz uma enorme volta em forma de ferradura, conhecida como Volta do Uvá. Conforme a figura 11, este foi o sítio escolhido para a construção da UH Itá. Do lado de fora da ferradura, o território catarinense. Dentro, terras gaúchas. No interior da volta fica propriamente a usina: a casa de força com os geradores de energia elétrica movidos pela força das águas. A água que move as turbinas é armazenada em um imenso reservatório, formado a partir de uma barragem. Como a construção da barragem precisa ser feita em terreno seco surge à necessidade de desviar o rio. Nos casos em que o curso do rio faz uma ferradura, melhor ainda: em sua base podem ser escavados túneis, fazendo com que o rio, assim desviado, se encontre como seu próprio leito a jusante, ou rio abaixo. Uma barragem provisória, denominada ensecadeira, erguida logo após a boca dos túneis, estanca o fluxo de água, que é todo escoado pelos túneis. Foi assim, a partir desta concepção, que quase toda a Volta do Uvá ficou à disposição dos construtores para se erguer a colossal barragem de 125 metros de altura e 880 metros de comprimento da UH Itá. Figura 11 - Volta do Uvá Itá/Aratiba, Fonte: Consórcio Itá (2004). O planejamento foi meticuloso. A abertura dos cinco túneis de mais de 500 metros de comprimento e até 17 metros de altura, escavados em rocha em dois níveis diferentes, obedeceu a um rigoroso cronograma. O mesmo vale para as ensecadeiras, erguidas ao mesmo tempo. Nesta etapa, até mesmo as laterais da barragem principal foram confeccionadas.

67 67 O número de unidades geradoras ficou definido em cinco, com capacidade de geração de 290 megawatts cada. Para chegar até as turbinas, a água percorre uma queda de 105 metros, através de túneis de 8 metros de diâmetro. Três diques próximos ao coração da usina foram erguidos para ajudar na formação do lago. Dois vertedouros garantem a estabilidade do lago. Eles têm que ser muito grandes, com capacidade para escoar praticamente 50 mil metros cúbicos de água por segundo, capacidade semelhante à de Itaipu, apesar de a usina binacional ser muito maior em capacidade de geração. O motivo é a característica encaixada e a volatilidade do rio Uruguai, que, em períodos de cheia, sobe muito rápido. O lago ocupa uma área de 141 Km², armazena um volume de água tão grande que, se fosse distribuído entre todos os brasileiros, cada um teria direito a mais de 30 litros. A pleno vapor, Itá tem condições de gerar 1450 MW (CONSÓRCIO ITÁ, 2004). As figuras 12 e 13 mostram a visa frontal do vertedouro 1 e da barragem, e nos dá uma ideia da dimensão da Obra da UH Itá. Figura 12 - Vista frontal do vertedouro 1. Fonte: Consórcio Itá (2004).

68 68 Figura 13 - Vista frontal do vertedouro 1 e da barragem. Fonte: Consórcio Itá (2004). De acordo com o Consórcio Itá (2004), a subestação de alta tensão da usina, único item importado, é do tipo isolada a gás SF6. Normalmente, o isolamento dos cabos de alta tensão é feito pelo próprio ar, o que exige uma grande distância entre eles. Com a solução SF6, a subestação pôde ser abrigada em uma galeria, numa área 30 vezes menor. Então a energia percorre, finalmente, através de cabos, uma distância de 1800 metros até chegar a uma subestação de distribuição da ELETROSUL. Dali é conectada ao sistema elétrico interligado Sul/Sudeste/Centro- Oeste do Brasil. Se o concreto utilizado fosse aplicado na edificação de prédios, seria possível erguer 400 edifícios de 20 andares. Se todo o volume de rocha escavado pudesse ser carregado simultaneamente em caminhões fora-de-estrada equipamentos com nove metros e meio de comprimento, a fila formada seria de 8000 Km. A figura 14 mostra a quantidade de aço e concreto usado para concretar a face da barragem da UH Itá (CONSÓRCIO ITÁ, 2004).

69 69 Figura 14 - Concretagem da face da barragem Fonte: Consórcio Itá (2004). Quase 2 milhões de m² foram desmatados ou raspados no canteiro de obras, parte deles recompostos após a conclusão das obras. As estruturas consumiram mais de 30 milhões de quilos de ferro. No total, foram utilizados 504 mil m³ de concreto, escavados 12 milhões de m³ de solo e 9 milhões de m³ de rocha. A montagem eletromecânica envolveu peças que somam 21 mil toneladas. Com exceção de Itaipu, até então, nenhuma outra obra envolveu tantas pessoas e materiais ao mesmo tempo (CONSÓRCIO ITÁ, 2004). A tabela 6 mostra os dados técnicos da UH Itá.

70 70 Tabela 6- Dados técnicos da UH Itá Fonte: CDA (2000). 4.5 Fases da obra, ano a ano 6 Entre 1966 e 1969: O comitê de Estudos Energéticos da Região Sul desenvolveu estudos para caracterizar os recursos hidroenergéticos da bacia do rio Uruguai e montar um programa de construção de usinas hidrelétricas. Entre 1977 e 1979: Os estudos foram revisados levando em conta não apenas o melhor aproveitamento energético do rio, mas também aspectos socioeconômicos, culturais, físico-territoriais e ecológicos. Deste inventário saiu um projeto dimensionado com 22 usinas em toda a bacia. Itá figurou entra as prioritárias, devido ao seu porte e ao custo relativamente baixo da energia firme gerada. Entre 1979 e 1981: Foram realizados os estudos de viabilidade, mais tarde revistos (entre 1984 e 1985), devido a mudanças hidrológicas da bacia causadas por enchentes. Nesta fase, alterou-se o posicionamento da barragem, que passou a ficar 6 Capítulo baseado no livro: Itá Memória de uma Usina (CONSÓRCIO ITÁ, 2004).

71 71 a montante da foz do rio Uvá. Com isso perdeu-se um pouco de área de reservatório, mas a região, habitada, foi poupada do alagamento. Nesta época, começaram as providências com relação à relocação da cidade de Itá. Entre 1986 e 1987: Desenvolvimento e revisão do projeto básico, aprovado pelo Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica. Em 1989: O Brasil decretou moratória e o financiamento acordado com o Banco Mundial para a construção da usina foi suspenso. Em 1993: A publicação de dois decretos federais autorizava a parceria entre estatais e iniciativa privada para a finalização de obras de hidrelétrica que estavam paradas, passando as empresas privadas a ter o direito de explorar economicamente a energia gerada. Em 1994: Lançado em 10 de Junho o edital de licitação para a escolha do consórcio que se associaria à ELETROSUL. A Associação de Autoprodutores Independentes formada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), PPH, Poliolefinas (ambas pertencentes à Odebrecht Química) e Cia. de Cimento Itambé, saiu vitoriosa. Em 1995: Em janeiro o resultado da licitação foi homologado. O Consórcio Itá foi formado por uma sociedade entre ELETROSUL, hoje Gerasul, e a Itasa, hoje Tractebel. Mas um recurso judicial movido pelo grupo perdedor acabou atrasando novamente o início da obra. Em 1996: No dia 1 de março as máquinas começaram o lançamento de material rochoso no leito do rio Uruguai para a construção de ensecadeiras. A figura 15 mostra a ensecadeira com o material rochoso lançado. Figura 15- Ensecadeira, barragem principal e ponte de serviço. Fonte: Consórcio Itá (2004).

72 72 Em 1997: No dia 15 de maio a casa de força começou a ser concretada, como mostra a figura 16. Um mês e meio depois se iniciou a montagem dos equipamentos eletromecânicos. Em 24 de setembro, o rio Uruguai foi desviado através de cinco túneis escavados em rocha, como mostra a figura 17. Figura 16- Concretagem da casa de força. Fonte: Consórcio Itá (2004). Figura 17 - Túneis de desvio. Fonte: Consórcio Itá (2004). Em 1998: A Gerasul, estatal constituída a partir da cisão da ELETROSUL para a geração de energia elétrica, foi privatizada em setembro. O comprador foi o grupo belga Tractebel, que por US$ 801 milhões adquiriu 68,63% de sua estrutura acionária.

73 73 Em 1999: No dia 15 de dezembro o último túnel de desvio do rio foi lacrado, e começou o enchimento do reservatório, que em pouco tempo ocupou uma área de 141 km². Em 2000: No mês de Junho, a Gerasul adquiriu a fatia que a Odebrecht possuía na Itasa, e passou a controlar 70% da usina. Em 8 de Julho, depois de meses de testes realizados, a primeira das cinco unidades geradoras entrou na chamada geração comercial. A UH Itá começou a gerar de fato. A segunda máquina entra em geração comercial no dia 28 de agosto, um mês antes do que o estipulado em contrato. A entrada em operação das outras máquinas também foi adiantada substancialmente. Em 2001: A obra terminou e a UH Itá passou a funcionar plenamente. 4.6 Programas Ambientais Segundo o Consórcio Itá (2004), a preocupação com o meio ambiente esteve presente em todas as fases do projeto. Quando foram fechadas as primeiras comportas da usina, na madrugada de 16 de dezembro de 1999, e começou o enchimento do reservatório, dez equipes formadas por biólogos e veterinários, além de técnicos, entraram em ação com o objetivo de resgatar os animais que, sem ajuda, poderiam morrer. No caso dos animais terrestres foi deflagrada a Operação Graxaim, que contou com a participação de 42 pessoas e parcerias com a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, de Erechim, e com a Universidade do Contestado, de Concórdia. Conforme a água ia subindo, os animais procuravam abrigo nas dezenas de ilhas temporárias que se formavam e na copa das árvores mais altas. Trabalhando das 7h às 20h, as equipes percorreram de barco toda a extensão do novo lago que se formaria até o final de maio de 2000, vistoriando margens, ilhas e copas de árvores. Os animais recolhidos recebiam atendimento adequado, e depois eram reconduzidos para áreas próximas ao lago. Aqueles que não conseguiam se adaptar à mudança eram enviados para zoológicos. No total foram resgatados em torno de 6000 animais: 3,2 mil anfíbios, 815 mamíferos, além de muitos répteis, invertebrados e aves, entre eles roedores de pequeno porte, cobras de diversas espécies, macacos, graxains, lagartos e saracuras.

74 74 Por outro lado, o enchimento do reservatório exigiu também a realização de uma operação de salvamento de peixes. A principal preocupação era com a parte do rio a jusante da barragem, que no período da formação do lago teria seu nível reduzido consideravelmente, formando pequenas lagoas nas partes mais rasas, onde peixes poderiam ficar presos. Diante deste fato, equipes se dividiram e nas primeiras semanas chegaram a recolher em torno de 4000 peixes por dia, devolvidos ao rio em outras parte, onde a situação era normal. Os biólogos também instalaram aparelhos chamados de aeradores, que tinham como função oxigenar a água do rio nos locais onde o nível ficou baixo (CONSÓRCIO ITÁ, 2004). A fim de minimizar os impactos provocados pela construção da UH Itá, o PBA da UH Itá, desenvolveu 23 Programas socioambientais. Os estudos de impacto relacionados com a construção da UH Itá e com o meio ambiente foram iniciados formalmente com a elaboração do EIA/RIMA em Porém, antes dessa data, ocorriam alguns projetos, como por exemplo, o de relocação da cidade de Itá de Além disso, alguns projetos foram finalizados e outros como: a observação das condições climatológicas (Programa 1) e, das condições hidrossedimentológicas (Programa 2), a monitorização de controle da estabilidade dos taludes marginais (Programa 3), a observação das condições sismológicas (Programa 4), a monitorização das condições do aquífero basáltico (Programa 5), o manejo e conservação da flora e da fauna (Programas 8.1, 8.2, 9.1, 9.2, 9.4 e 9.5), a monitorização da qualidade das águas (Programa 8.3), o fomento às atividades agropecuárias/conservação do solo e saneamento rural (Programas 15 e 16), os usos múltiplos do reservatório e seu entorno (Programa 22), a educação ambiental (Programas 23.1, 23.2 e 23.3), são permanentes (Centro de Divulgação Ambiental CDA, 2000). 1 Observação das Condições Climatológicas: A presença de um espelho d água com superfície maior que a calha original do rio Uruguai, poderia acarretar pequenas alterações no microclima na área do entorno do reservatório em variáveis como a umidade relativa do ar, temperatura e regime de ventos, entre outras. Portanto, este programa é um conjunto de medições e estudos que objetiva ampliar e aprofundar o conhecimento climatológico da área de influência, registrar o comportamento do clima antes e após a formação do lago e detectar eventuais alterações no microclima.

75 75 Como as variações climáticas só são constatadas em períodos bastante longos, acima de 10 anos, foi assinado, em agosto/99, o Termo de Cooperação Técnico-científica com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), com a interveniência/anuência da Fundação de Apoio ao desenvolvimento Rural e Sustentável de Santa Catarina (FUNDAGRO) para a realização dos serviços de instalação, operação, manutenção, coleta de dados e elaboração de relatório de análise climática das estações meteorológicas. O trabalho que está sendo desenvolvido pela equipe do Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina (CLIMERH) adota uma análise dos dados coletados nas estações de Itá, Chapecó, Campos Novos e Marcelino Ramos. O objetivo principal é identificar possíveis anomalias climáticas na área de abrangência da UH Itá, e sua relação com a formação do lago. Os dados coletados são testados quanto à sua consistência, analisados e os eventos climatológicos documentados. Estão sendo monitorados: Temperatura máxima, temperatura média, temperatura mínima, umidade relativa do ar, umidade absoluta, radiação solar, insolação, evaporação, precipitação pluviométrica e, direção e velocidade do vento. 2 Observação das Condições Hidrossedimentológicas: A qualidade da água de um rio está diretamente ligada ao nível de conservação ou degradação da área de sua bacia e esta pode ser conhecida através da quantidade de solo perdido e das demais substâncias carregadas por seus afluentes. Portanto, este programa é um conjunto de estudos que objetiva acompanhar a evolução do assoreamento do reservatório e do processo erosivo da sua bacia de distribuição através da medição dos sólidos que são transportados pela água e pela porção que é depositada no fundo do lago. Para tal, foi implantada e está sendo operada uma rede de estações hidrossedimentológicas em cinco afluentes do rio Uruguai para a medição da descarga sólida (sedimentos) e líquida (vazão), sendo elas: Estação 1 Machadinho Jusante Rio Pelotas, Estação 2- Passo Colombelli Rio Ligeiro, Estação 3 Ouro Rio do Peixe, Estação 4 Aratubã Rio Jacutinga, Estação 5 Itá Jusante Rio Uruguai. 3 Monitorização e Controle da Estabilidade dos Taludes Marginais: Com a formação do reservatório, a subida do nível da água causa uma elevação do nível freático na região e o consequente aumento das pressões e

76 76 interações das massas solo/água. Quando o reservatório está no seu nível normal, a diminuição na resistência do solo pode ser equilibrada pelo suporte lateral exercido pela água, mas se o nível d água é rebaixado rapidamente, a água do solo tenta acompanhar, numa movimentação muito mais lenta, que pode desagregar a massa de solo e instabilizar o talude em vista disto, este programa é um conjunto de medições e estudos que objetiva: caracterizar as encostas na área das margens do lago em relação ao potencial de risco de deslizamento e acompanhar o seu comportamento após o enchimento, a fim de evitar riscos para as propriedades rurais e elementos de infraestrutura existentes nestes locais. Além disso, o programa visa evitar o aumento dos processos erosivos e de assoreamento do lago e, dependendo de seus resultados, poderá recomendar a execução de obras para corrigir qualquer problema. O estudo geomorfológico dos taludes adjacentes ao reservatório da UH Itá teve início em setembro de 1989, quando foram identificados e classificados, quanto a estabilidade, 183 pontos de interesse, em três classes: Estáveis, Intermediários, Potencialmente instáveis. Foram utilizados como critérios para classificação a declividade das encostas, as características geológicas da área e os parâmetros geotécnicos do solo. Na fase de construção da usina foram realizadas inspeções das margens visando adquirir áreas instáveis, identificadas através da existência de trincas, rastejos, inclinação de árvores, etc. 4 Acompanhamento das Condições Sismológicas: O nível da atividade sísmica na área é considerado baixo e relevou um quadro de estabilidade, porém, face a ocorrência de sismos induzidos em outros empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Paraná, a insuficiência de dados sismológicos na região sul e as características de altura (125m) e volume armazenado do lago da UH Itá, fez-se necessária a implementação de um monitoramento específico. Este programa é um conjunto de medições e estudos sobre tremores de terra antes, durante e depois do enchimento do lago. Objetiva verificar possíveis alterações no nível de sismicidade local coincidente com o enchimento do reservatório da usina e conduzir estudos de sismicidade induzida para definição do risco sísmico da região. 5 Monitoramento das Condições do Aquífero Basáltico:

77 77 O lento movimento das águas infiltrando-se no solo propicia um íntimo e demorado processo com os minerais que formam a crosta terrestre e nela vão se dissolvendo em maior ou menor proporção, até que o equilíbrio seja alcançado. Muitos fatores do meio influem nestes processos químicos, assim sendo, resulta que a criação do lago, elevando a superfície piezométrica, poderá exercer influência direta sobre o aquífero e acarretar modificações no nível e na qualidade das águas subterrâneas. Principalmente porque estudos geológicos na região revelam uma predominância de rochas basálticas, distribuídas verticalmente segundo sucessivos derrames, em geral fraturados. Portanto este programa objetiva revelar eventuais alterações nas características das águas de poço durante e depois do enchimento do lago como, por exemplo, a alteração da profundidade em que ela é encontrada e sua qualidade para o consumo humano, entre outros usos. 6 Controle de Degradação e Recomposição das Áreas da Obra: As obras de grande porte não são executadas sem causarem algum tipo de degradação nas áreas de apoio ao meio ambiente em que se inserem. Para minimizar danos cada uma das atividades necessárias à construção da usina (abertura de estradas, escavações, pavimentações de pátios, instalações de edificações e equipamentos, entre outras) devem ser planejadas de forma a causar a menor agressão possível ao meio ambiente. Portanto, este programa foi um conjunto de diretrizes, critérios ambientais, medidas e ações que visavam prevenir que as áreas utilizadas pelo canteiro de obras da UH Itá sofressem a menor danificação possível. A metodologia adotada foi modelada sobre dois pressupostos básicos: Evitar causar danos e/ou reduzi-los ao menor possível, reverter o dano causado. Este projeto teve continuidade por mais 4 anos a partir da implantação da UH. 7.1 Desmatamento: A qualidade da água do lago da UH Itá está diretamente ligada à quantidade de matéria orgânica submersa, pois a vegetação afogada reduz o oxigênio e aumenta os teores de nitrogênio e fósforo dissolvidos. A fertilização excessiva das águas pode resultar no desenvolvimento descontrolado e indesejável de algas e plantas aquáticas. Portanto, este programa foi um conjunto de ações e medidas com o objetivo de limpar a área que foi inundada de todos os materiais e resíduos que

78 78 pudessem causar efeitos negativos sobre a qualidade da água. Foi composto de dois programas sendo que o de desmatamento visou também o aproveitamento da madeira e atenuou os efeitos do alagamento sobre a fauna. Apesar de estar inserido numa região de grande ação antrópica, o reservatório da UHE Itá teve todo o processo de desmatamento compatibilizado com os programas relacionados à fauna silvestre, buscando garantir o refúgio natural dos animais ou o resgate dos mesmos. Este trabalho foi monitorado pela URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões) e pela UNC (Universidade do Contestado). Das áreas inundadas, 83,5% foram desmatadas e limpas, totalizando 8600 ha. Aproximadamente 30% correspondia à mata leve e pesada, o restante era composta de capoeirão, capoeira e vegetação rasteira. 7.2 Demolição, Desinfecção e Desinfestação: Este programa teve por objetivo evitar a contaminação da água do reservatório e consequente, transmissão de doenças e eliminar obstáculos que pudessem causar prejuízos ou acidentes na utilização do reservatório por atividades pesqueiras ou de lazer. As principais situações enfrentadas por este programa foram as áreas urbanizadas, as instalações de propriedades rurais, os equipamentos isolados constituídos basicamente por escolas, igrejas, salões comunitários, campos de futebol e canchas de bocha, trechos de sistema viário e ferroviário, pontes e balsas, redes de energia elétrica e telefonia de lixo e cemitérios. Adotou-se, como metodologia geral, a execução em duas etapas. A primeira etapa, quando da desocupação da área, em desenvolvimento desde o início dos procedimentos de remanejamento das populações e relocação das estruturas físicas. A segunda etapa foi iniciada dezoito meses antes do fechamento da barragem e início do enchimento do lago, para o tratamento final da área e de eventuais usos e ocupações tardias e indevidas. 8.1 Rede de Monitoramento das Condições Limnológicas: A área de influência da UH Itá recebe poluentes gerados por cargas pontuais, geralmente associadas aos efluentes industriais e sistemas de esgotos, e/ou dispersas, incluindo esgotos domésticos e contaminantes da atividade agropecuária,

79 79 que são carregados para os cursos d água por escoamento superficial ou infiltração e contaminação de águas subterrâneas. Neste contexto, este programa é um conjunto de estudos e ações que visa conhecer os fatores que condicionam a qualidade da água do reservatório da UH Itá, acompanhar a evolução das alterações no sistema ao longo de todas as fases do empreendimento (construção, préenchimento, enchimento, estabilização e operação) e definir intervenções necessárias à manutenção da qualidade desejada. 8.2 Acompanhamento e Controle de Macrófitas Aquáticas: Em ambientes naturalmente equilibrados o fenômeno de proliferação descontrolada de uma ou mais espécie vegetal foi impraticável pela alta competição entre as muitas espécies existentes No entanto, isto é usual em ambientes alterados pelo homem, onde o fenômeno de infestação nada mais é do que um processo de cicatrização ambiental realizado pelas espécies que apresentam maior tolerância genética e ambiental. Portanto este programa é um conjunto de estudos botânicos que visa aumentar o conhecimento sobre as plantas aquáticas normalmente denominadas de aguapés e sua influência na área de abrangência do lago da UH Itá, contemplando principalmente a identificação taxonômica, as consequências que geradas na área pelo seu desenvolvimento e as ações recomendadas. 8.3 Controle e Melhoria da Qualidade da Água: A utilização dos recursos naturais vem exigindo a implantação de novos recursos técnicos para a garantia da perenidade dos mesmos. Dentre estes recursos, a água merece especial cuidado por ser essencial à vida Nas últimas décadas tem sido eleita como fonte de geração de energia e, assim, confinada em um grande número de reservatórios espalhados pelo país. Os lagos artificiais têm apresentado alterações na qualidade de suas águas, principalmente em função do uso do solo, do lançamento indiscriminado dos mais diversos tipos de efluentes e em razão da própria mudança na dinâmica do sistema hídrico, que altera significativamente o processo de autodepuração dos cursos d água. Portanto este programa é um conjunto de ações que visa o controle das cargas poluentes e das condições da qualidade da água no reservatório de Itá e a jusante. Compreende também o acompanhamento dos resultados dos estudos e

80 80 medições realizadas nos demais projetos que compõem o Programa de Monitoramento e Controle da Qualidade da Água. 9.1 Formação da Faixa de Vegetação Ciliar e Proteção as Áreas Críticas: Originalmente a região onde se insere o reservatório era coberta por uma Floresta Estacional Decidual. Um acelerado processo de ocupação agrícola, baseado em culturas de subsistência, suinocultura e avicultura, a partir dos anos 40, reduziu a floresta natural a remanescentes dispersos em pequenas manchas descontínuas. Portanto este p programa é um conjunto de ações que visa preservar e/ou implantar uma faixa de vegetação nativa em todo o contorno do reservatório, incorporando a ela os remanescentes florestais e capoeiras contíguas. Pretende, também, juntamente com os Programas de fomento a Atividades Agropecuárias, Conservação do Solo e Educação Ambiental (Programas 15,16 e 23), fomentar o reflorestamento das áreas de preservação permanente nas propriedades lindeiras. 9.2 Implantação de Unidade de Conservação: A criação de Unidades de Conservação proporcionou condições de pesquisa, monitoramento e educação ambiental e é uma das medidas mitigadoras mais eficientes para a reparação dos danos causados sobre a flora e a fauna locais. Por isso, este programa visa destinar uma área com características florestais voltadas à recuperação natural dos ambientes alterados pelo homem, à preservação dos ecossistemas regionais, à proteção da flora e da fauna, à proteção das espécies raras, à pesquisa científica e à educação ambiental e estabelecer gestão da mesma, como compensação as modificações ambientais causadas pela UH Itá. 9.4 Conservação e Resgate da Fauna: A forte pressão da ocupação humana imposta ao longo dos anos através do processo de colonização como a extração da madeira, a expansão das áreas de cultivo e de urbanização, reduziram as florestas originais a fragmentos. Com elas, perdeu-se de forma desastrosa muito do patrimônio biológico original. A implantação da UH Itá, responsável por desmatamentos e alagamentos, não pretende potencializar outras perdas. Portanto, este programa é um conjunto de estudos e ações que visa complementar o conhecimento da fauna da área de influência do

81 81 empreendimento, identificado, resgatando e encaminhando as espécies encontradas para novos habitats ou à formação de coleções científicas. Foi desenvolvido também o estudo das espécies vegetais associadas, com fins de revegetação, que induzam o reaparecimento ou repovoamento da fauna. 9.5 Monitoramento e Manejo da Ictiofauna: A construção de barragens provoca a alteração do regime hídrico de rio para lago, com implicações decisivas sobre a fauna, em especial sobre a população de peixes. Portanto, este programa é um conjunto de ações e medidas para conhecer as espécies de peixes do rio Uruguai e afluentes, implementar as atividades de salvamento durante as fases da obra, avaliar o impacto do enchimento do reservatório sobre as comunidades de peixes, manter a diversidade genética das espécies migradoras ameaçadas de extinção e desenvolver tecnologia de cultivo dessas espécies, possibilitando a implantação de programas de repovoamento em ambientes naturais. 9.6 Salvamento e Aproveitamento Científico da Flora: A alteração causada pela ação do homem sobre as florestas deu-se de forma tão intensa que restaram apenas remanescentes semi-devastados, formando pequenas manchas entre as capoeiras ou isoladas por lavouras, caracterizando a área do entorno do reservatório, hoje alagada. Portanto, este programa foi um conjunto de estudos e ações que visou complementar o conhecimento da flora da área de abrangência da UH Itá, identificando, salvando e encaminhando a mesma a novos habitats ou à formação de coleções científicas. 10 Salvamento do Patrimônio Arqueológico: O programa Salvamento Arqueológico do Uruguai destaca-se dentre os projetos arqueológicos de salvamento no Brasil por percorrer todo o processo de preservação dos bens patrimoniais: pesquisa, salvaguarda e comunicação. Como um dos resultados da exploração dos recursos hidroenergéticos na região do Alto Vale do Rio Uruguai, este projeto teve seu início a partir de 1980 e buscou a preservação dos vestígios arqueológicos das populações pré-históricas que ocuparam esta região.

82 82 11 Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Paisagístico: No EIA/RIMA foram definidos para o programa os seguintes objetivos básicos: Resgatar de forma sistemática os elementos histórico-culturais da área inundada, tomando como expressão tangível os bens naturais e os construídos, as suas formas de apropriação e a sua inserção no contexto das relações socioeconômicas, assim como as manifestações que expressem o fazer e o pensar dos grupos sociais ao longo do tempo; criar espaços voltados para a valorização da história e da cultura da região. Para alcançar esses objetivos, foram recomendadas as seguintes ações: - Levantamento das peças e documentos representativos da história e da cultura local; - Coleta, seleção, identificação e organização do material recolhido; - Apoio à criação de espaços permanentes, em nível municipal para divulgação do acervo local; - Implantação de um processo dinâmico de retroalimentação do acervo; - Registro dos sítios paisagísticos e de valor cênico; - Registro sonoro e visual das atividades técnicas agrícolas, hábitos, costumes e manifestações culturais e artísticas das comunidades; - Cadastro dos bens construídos, identificando suas formas de apropriação e sua inserção no contexto das relações socioeconômicas; - Remoção das edificações notáveis; - Viabilização de mecanismos financeiros e institucionais para implantação do Programa. 12 Reorganização de Áreas Remanescentes O programa abrange o conjunto das áreas remanescentes das propriedades atingidas pelo reservatório que consistem nas parcelas de propriedades externas à poligonal de desapropriação, a partir da cota 370,00 m (cota a ser atingida pelo espelho d'água). Ou seja, a área restante da propriedade que não foi inundada e não fez parte da faixa de proteção ciliar de 30 m de largura ao redor do reservatório. A seleção e o destino dessas áreas adquiridas deram-se a partir de critérios técnico-econômicos tais como: - características físicas, condições de acesso viário, cobertura vegetal existente, necessidades de áreas para a implantação de outros programas e projetos

83 83 ambientais (relocação dos núcleos rurais, reestruturação dos sistemas de infraestrutura, faixa de proteção ciliar do reservatório, reorganização dos equipamentos e serviços), e a identificação de outros usos para as áreas inadequadas ou insuficientes à exploração agropecuária Relocação de Núcleos de Apoio à População: A relocação de Núcleos de Apoio à População esteve contida em um trabalho maior de Recomposição Físico-Territorial da região atingida pelo reservatório, onde recompor não foi somente refazer o existente, mas atender à nova realidade, resguardando as polarizações, no intuito de restabelecer o equilíbrio regional e introduzir o conceito de melhoria na qualidade de vida das populações afetadas, com a intenção de ressarcir, na forma de indenização social, aquelas perdas irreversíveis que fatalmente ocorreram. A recomposição de todo o território, compreendeu a relocação das cidades, vilas, núcleos rurais e equipamentos isolados atingidos que, para manterem suas funções preservadas, com um conceito de melhoria na qualidade de vida das populações, tiveram seus equipamentos indiretamente atingidos ou readequados e rearticulados de forma a propiciar a recomposição da região afetada pelo empreendimento. Estabeleceu-se, inicialmente, uma abordagem em três escalas: - Recomposição global do território; - Relocação de cidades, sedes distritais, núcleos rurais e equipamentos isolados, enquanto unidades de apoio à população; - Relocação das edificações e infraestrutura necessárias às novas relações emergentes Relocação da Cidade de Itá: A relocação da cidade de Itá foi à primeira atividade concreta de obras visando à recomposição do território afetado pela construção da Usina. Embora a construção da hidrelétrica só tenha iniciado em 1996, já em 1980, com as notícias da inevitável inundação de Itá, as autoridades municipais e as lideranças locais, preocupadas com o destino da cidade, pressionaram o Governo Federal para mudá-la o mais rápido possível.

84 84 Neste sentido, em 1981 foram iniciados os estudos para a relocação de Itá pela equipe de arquitetos da Empresa. Esses, somados a outros profissionais da empresa e a consultores de diversas especialidades, constituíram uma equipe multidisciplinar que definiu as diretrizes para a relocação, após a realização de pesquisas na velha cidade e na região, visando conhecer a realidade local e envolver a população no processo de relocação. 14 Monitorização do remanejamento da população: O processo de remanejamento da população atingida exigiu um acompanhamento e uma avaliação das ações desencadeadas a partir da implantação dos projetos. Para tanto, o Programa de Monitorização veio acompanhando o desenvolvimento de todo o processo. Objetivos: - Avaliação das alterações no quadro de vida da população, devido ao processo de remanejamento; - Acompanhamento do processo de remanejamento da população, com a identificação de desvios entre o planejado e o executado, em momentos chave do processo, propondo correções de rumo, instrumentos e diretrizes para viabilização do processo; - Avaliação da eficiência e eficácia dos programas de remanejamento. 15 Fomento das Atividades Agropecuárias: Este programa tem por objetivo buscar a compensação da produção agropecuária renunciada pelo enchimento do reservatório, isto é, produzir mais, na área que não foi inundada, por meio da melhoria da produtividade, diversificação da produção e busca de novas alternativas econômicas dentro do setor primário, que permitirão, como conseqüência, a fixação da população rural no espaço reorganizado e sua viabilização socioeconômica. 16 Conservação do Solo e Saneamento Rural: Este programa visa promover a minimização dos processos de perda de solos evitando o assoreamento do reservatório, a atenuação da poluição de origem rural nas sub-bacias contribuintes da área de influência, visando à melhoria da qualidade das águas do reservatório, por meio da prevenção do uso indiscriminado dos

85 85 agrotóxicos e do reflorestamento das áreas degradadas, áreas de preservação ou aquelas com aptidão agrícola restrita a outros usos. 17 Recomposição e Melhoria dos Sistemas de Infraestrutura: Este programa teve por objetivo recompor e promover melhorias nos sistemas viários, de eletrificação, telefonia e abastecimento de água e esgotos na área direta e indiretamente atingida. 18 Recomposição e Adequação do Sistema de Saúde: Este programa teve por objetivo relocar e promover melhorias nos equipamentos de saúde, levando em consideração o conjunto de equipamentos existentes na área de abrangência, maximizando o nível de assistência em cada comunidade. Controlando também, de forma sistemática, os agravos nos serviços de saúde gerados pela construção do empreendimento na região. 19 Recomposição e Melhoria dos Serviços de Educação: O objetivo deste programa foi recompor os serviços de ensino, em sintonia com as administrações municipais e estaduais e as suas diretrizes de atendimento escolar, relocando as escolas atingidas que continuaram necessárias, com melhorias das instalações físicas, sempre tendo em vista a rede regional de ensino. 20 Apoio aos Municípios: A implantação de um empreendimento do porte da UH Itá traz impactos bastante variados, só passíveis de minimização através de estudos e projetos específicos. Este programa objetivou a promoção de intervenções complementares nos municípios atingidos, buscando minimizar os impactos negativos da implantação do empreendimento, bem como o desenvolvimento de articulações com as parcerias institucionais que fossem necessárias para a viabilização das intervenções concebidas em parceria Centro de Apoio ao Migrante: A obra da Usina Hidrelétrica Itá, com seu grande porte, atraiu um contingente populacional significativo, dividido entre o grupo diretamente vinculado à construção

86 86 e o grupo atraído pela expectativa de usufruir das oportunidades que a circulação de uma massa salarial significativa gera. O primeiro grupo tem acesso às prerrogativas que o vínculo empregatício garante e que, para que o atendimento a este tipo de migrante fosse satisfatório, foi importante estabelecer uma fiscalização constante e eficiente. O outro grupo, denominado população induzida, sem as possibilidades do primeiro, vivia de subemprego e, sem se adequar à nova realidade, resolvia de forma precária o que se refere às suas necessidades básicas. Portanto, foram objetivos deste programa: - Triagem e encaminhamento do contingente populacional com possibilidade de vínculo empregatício em qualquer atividade da obra principal; - Acompanhamento, orientação e assistência (saúde, social, etc.) à população atraída para a região sem possibilidade de vínculo com a obra; - Mobilização dos organismos com atribuição específica no atendimento à população de baixa renda; - Estabelecimento de um programa preventivo para redução do afluxo excessivo de migrantes espontâneos à região do entorno da obra; - Encaminhamento da população para treinamento e desenvolvimento de formação pessoal em cursos profissionais e habilitação para o mercado de trabalho, que estejam sendo ministrados pelo município Formação de Mão-de-Obra: Foram objetivos do programa: -A formação e aperfeiçoamento de mão-de-obra objetivando suprir as possíveis demandas de trabalho do mercado regional e local, incluindo-se as necessidades de qualificação profissional geradas pelas obras de construção da UH Itá; -Qualificação da população atraída visando proporcionar-lhe condições de integração no mercado de trabalho local e regional durante as obras da UH Itá e após a sua conclusão. 22 Usos Múltiplos do Reservatório: Este programa tem por objetivo a exploração integrada do reservatório, utilizando não só as potencialidades do lago, mas também do seu entorno, induzindo

87 87 um desenvolvimento sustentado da região da bacia de acumulação, bem como a qualidade do corpo d'água e a preservação ambiental. Tais procedimentos visam aparelhar e preparar as comunidades lindeiras ao lago com instrumentos de planejamento de modo que o impacto gerado pelo lago passe a ser fator positivo e de alavanca financeira aos municípios envolvidos. Para tanto, a partir dos resultados dos 23 Programas Ambientais foram analisados os usos possíveis e recomendáveis no reservatório e seu entorno, tais como: turismo e lazer náutico, piscicultura, navegação, irrigação e controle de cheias Centro de Divulgação Ambiental: Os trabalhos do CDA são direcionados especialmente para os 11 municípios atingidos pelo reservatório da Usina Hidrelétrica Itá (em Santa Catarina: Itá, Concórdia, Alto Bela Vista, Arabutã, Ipira, Piratuba, Peritiba e no Rio Grande do Sul: Aratiba, Marcelino Ramos, Severiano de Almeida e Mariano Moro). O CDA trabalha com atendimentos diferenciados. Realiza palestras, visita interna e externa à UHE Itá e ao Horto Botânico da UH Itá. Além disso, desenvolve projetos de extensão em educação ambiental, sensibilizando, principalmente, a comunidade escolar da importância da preservação ambiental Centro de Divulgação Ambiental: Educação Ambiental é o processo de transformação do indivíduo com vistas à formação de uma consciência social e ecológica, voltada para a preservação ambiental. Estas modificações só ocorrem através de processo educativo amplo, contínuo, com fatos concretos vivenciados em todas as etapas da vida. A conscientização para a mudança de atitudes é eficaz quando desenvolvida paralelamente à educação formal, envolvendo toda a comunidade, ou seja, quando feita em todo lugar: em casa, na rua, no parque, no trabalho, no campo etc. Neste contexto, voltado à continuidade dos estudos e ações já implantados no âmbito do reservatório da UH Itá, este projeto tem por objetivo: - A conscientização da população para a importância da manutenção do equilíbrio ambiental para a melhoria da qualidade de vida;

88 88 - A motivação de uma atitude ecológica individual e coletiva, através da compreensão do papel que a comunidade desempenha na preservação e na conservação ambiental; - A compreensão do ambiente e das relações dinâmicas entre ecossistemas naturais e sistemas sociais; - As Ações preservacionistas que se relacionem com a realidade da região, associadas à formação do reservatório Atividades Práticas de Educação Ambiental: Este programa pretende estimular e incentivar o desenvolvimento de atividades práticas de Educação Ambiental na Estação Ecológica Estadual Barra dos Queimados, no Parque Municipal Teixeira Soares e demais locais da região onde estiver presente a preocupação com o desenvolvimento de tecnologias alternativas para o uso sustentado dos seus recursos naturais. Também tem, portanto, caráter permanente e, objetiva a conscientização da população local sobre a importância dos processos ecológicos na manutenção do equilíbrio ambiental, através do desenvolvimento de atividades práticas em ecologia com alunos das escolas regionais, para o conhecimento dos elementos da flora e fauna regional mediante observações in loco. 4.7 Impactos ambientais provocados pela UH Itá A implantação de um empreendimento do porte e com as características da UH Itá provoca, inevitavelmente, uma série de impactos no ambiente natural e na organização físico-territorial e socioeconômica. É importante ressaltar que esses impactos se manifestam em diferentes áreas e de acordo com as diversas fases de implantação do empreendimento, desde a época do anúncio de intenção da instalação da UH, passando pela construção da infraestrutura de apoio e das obras principais, enchimento do lago, até a operação da Usina (ELETROSUL-CNEC, 1990). No Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da UH Itá, a avaliação dos impactos foi realizada obedecendo a uma metodologia para a identificação e avaliação dos efeitos causados pelo empreendimento. O primeiro passo foi a compreensão do processo de construção da usina, identificando as diversas atividades

89 89 potencialmente geradoras de alterações ambientais. Como resultado chegou-se a 12 atividades do empreendimento, organizadas em 4 fases principais: implantação de infraestrutura de apoio, obras principais, enchimento e operação. A partir da definição dessas ações e dos elementos que compõem o ambiente da região estudada foi construída a matriz de interação que permite a sua correlação, identificando os efeitos diretos que cada ação provoca nos elementos do ambiente (ELETROSUL-CNEC, 1990). De acordo com a ELETROSUL-CNEC (1990), como esses efeitos provocam, por sua vez, outros efeitos ambientais indiretos, foram montadas, para cada ação as redes de interação de efeitos. Estas redes são diagramas que, mostrando a reação em cadeia que as ações podem provocar, permitem a identificação de todos os efeitos ambientais diretos e indiretos. Os impactos ambientais foram selecionados enquanto efeitos significativos, segundo um conjunto de valores estabelecidos pelos técnicos, como: chance de ocorrência, abrangência, os aspectos ambientais atingidos e a relevância social. Nesse sentido, também foram considerados os questionamentos e expectativas declarados no contato com os diversos setores da sociedade envolvida. Através da análise dos impactos quanto à abrangência, magnitude ou intensidade, e a importância relativa, chegou-se aos impactos mais relevantes, que efetivamente alteraram os elementos que estruturam a Área de Influência, ou seja, esses impactos foram: as relações socioeconômicas e culturais, o tipo de uso e ocupação do solo, os sistemas de infraestrutura e o remanescente dos ecossistemas naturais (ELETROSUL-CNEC, 1990). A figura 18, mostra a vista panorâmica do lago da UH Itá e da Volta do Uvá e a figura 19, mostra a vista panorâmica da barragem, do vertedouro 1 e do lago da UH Itá. Ao analisar as mesmas, percebe-se o quanto a região foi desmatada e a área que as águas do rio Uruguai invadiram.

90 90 Figura 18- Vista panorâmica do lago da UH Itá e da Volta do Uvá. Fonte: Consórcio Itá (2004). Figura 19 - Vista panorâmica do vertedouro 1 e da barragem da UH Itá. Fonte: Consórcio Itá (2004).

91 91 Com base no questionário do Apêndice A, foram registradas as opiniões de 20 moradores residentes na área de influência da UH Itá. As perguntas foram dirigidas a pessoas que pudessem ter presenciado todas as mudanças que a UH Itá trouxe à região. No gráfico 1, vê-se que 45 % dos entrevistados moram há mais de 16 anos no local, ou seja, pelo histórico das fases da obra narrado no item 4.5, estava em 1996 sendo iniciada efetivamente a construção da UH Itá. Esses moradores são testemunhas das transformações sofridas na região. Gráfico 1 - Tempo de moradia dos entrevistados. Fonte: A autora (2012) Impactos ambientais que efetivamente afetaram o meio antrópico Alterações na base populacional A implantação da UH Itá, constituiu-se num fator de expulsão e atração da população. Em termos socioeconômicos, os espaços e a base econômica sofreram alterações significativas, pois o alagamento de áreas agrícolas significou perda potencial de produção agropecuária. A rede de apoio à população e as áreas de infraestrutura foram modificadas. A base populacional e o quadro de vida sofreram alterações, em função da saída de pessoas e ao mesmo tempo da chegada de

92 92 novos moradores Este fato alterou padrões de renda, educação, alimentação, saúde e habitação (CONSÓRCIO ITÁ, 2004). A chegada destas pessoas à área foi de forma gradativa em função do volume de empregos criados em cada etapa do empreendimento. Os municípios de Itá, Concórdia, Aratiba e Erechim constituíram os principais focos de fixação desta população e, dada a proximidade do local das obras civis, os municípios de Itá e Aratiba absorveram a maior proporção da população afluente. Concórdia e Erechim como pólos regionais constituíram-se em locais de passagem, sofrendo incremento populacional, particularmente após a desmobilização da mão-de-obra ocupada na construção da usina. Houve ainda um movimento com sentido inverso. Trata-se da população rural e urbana residente na área onde foi formado o reservatório. Estima-se que três mil e duzentas famílias (aproximadamente treze mil pessoas) viviam nesta área. A saída desta população da área atingida pela UH, representou uma perda líquida de 10% da população total dos municípios diretamente afetados pela UH. Deste total habitavam propriedades rurais, 568 núcleos de linha e sedes distritais e 363 as sedes dos municípios de Itá e Marcelino Ramos Alterações nas atividades econômicas A área era bastante homogênea no que se refere a organização socioeconômica e físico territorial. O setor agropecuário era à base da economia da região, referindo-se principalmente à suinocultura e avicultura integradas às grandes agroindústrias regionais e ao cultivo do milho, encontrando seu primeiro ponto de apoio nos denominados núcleos de linha, disseminados por todo o território. As sedes distritais com as sedes dos municípios complementam a rede urbana de apoio (BIANCO, 1997). A ocorrência de um empreendimento do porte e tipo da UH Itá resulta em interferência, mesmo que temporárias, no nível de atividades econômicas e perfil de emprego da área onde é implantado. Para a execução das obras foram gerados, uma média de empregos diretos, chegando nos 10 meses de picos, a absorver trabalhadores, e ainda a gerar empregos indiretos. A mão de obra utilizada para a construção da UH Itá

93 93 era composta principalmente pela população que migrou à região em busca de melhores condições. A atração de uma população migrante em número incompatível com a capacidade de absorção em empregos diretos e indiretos, gerados com a construção do empreendimento, criou um contingente de subempregados e desempregados, que exerceu pressão sobre o mercado de trabalho local. A presença dessa população, associada à movimentação econômica que se instalou na área devido às obras, acarretou a ampliação de um conjunto de atividades econômicas informais, com a instalação do pequeno comércio ambulante e prestação de serviços, que se disseminou principalmente nas áreas próximas ao acampamento de operários situados tanto no município de Aratiba quando de Itá. Todo o processo de dinamização das atividades econômicas decorrente da construção da UH Itá, ainda que temporário, trouxe reflexo positivo na base geradora de tributos, com o aumento de arrecadações de INSS, ICMS, etc. Outro fator que ampliou os recursos municipais refere-se ao direito de todas as prefeituras dos municípios diretamente atingidos cobrarem royalties, pela exploração de seus recursos hídricos. Quando se menciona que usinas hidrelétricas apresentam inúmeras vantagens, algumas pessoas não acreditam devido a proporção dos impactos que estes empreendimentos causam. No entanto, como apresentando no item mencionado por Vecchia (2012), e comprovado no gráfico 2, 100% dos entrevistados afirmam que houve melhora na região após a construção da UH Itá. Gráfico 2 - Opinião dos entrevistados a respeito das melhorias ocorridas na região. Fonte: A autora (2012).

94 94 Na pergunta seguinte, conforme o Apêndice A, os entrevistados afirmaram que a principal melhoria verificada na região foi no aspecto de lazer, seguido da melhora das estradas e das comunicações (Gráfico 3). Gráfico 3 - Melhorias verificadas na região. Fonte: A autora (2012) Alteração no uso e ocupação do solo rural O alagamento de terras produtivas, a redução da área das propriedades rurais, bem como a presença de população atraída não absorvida pela obra, causaram alterações no uso e ocupação do solo rural que foram sentidas principalmente próximo à área da barragem, na porção alagada e no entorno próximo do futuro lago. Um desses impactos refere-se à substituição do uso rural por usos típicos urbanos. A construção da hidrelétrica interferiu, significativamente numa determinada comunidade, alterou a paisagem da área situada à margem do rio Uruguai e de alguns de seus afluentes, bem como causou impacto social e econômico na cidade de Itá e em municípios vizinhos. Atribui-se a esses impactos à interferência humana. No rio Uruguai, limite dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a construção da UH Itá, ao mudar a paisagem, abriu possibilidades múltiplas para a agricultura, indústria, comércio e lazer (SARTORETTO, 2005). A redução excessiva do tamanho de algumas propriedades, a formação de novos acidentes geográficos (ilhas, penínsulas, baías) e a presença do lago

95 95 favoreceram o desenvolvimento de atividades de lazer. A construção da UH Itá impulsionou o turismo na região, devido ao parque aquático aberto nas proximidades do lago e as atividades de tirolesa presentes na região. A paisagem do lago e seu entorno cristalizou todas essas mudanças. Novos referenciais passaram a fazer parte do cotidiano; a barragem, suas obras de apoio e o lago marcaram o novo panorama paisagístico local Desestruturação da rede de núcleos de apoio à população Para que a construção da UH se tornasse realidade foi preciso atingir 1 sede municipal, 4 sedes distritais e 31 núcleos rurais. Os municípios atingidos foram Itá, Concórdia, Alto Bela Vista, Aratubã, Peritiba, Ipira e Piratuba no lado catarinense e Aratiba, Mariano Moro, Severiano de Almeida e Marcelino Ramos no lado gaúcho. A tabela 7 mostra a área inundada por município. Tabela 7 - Área inundada por município. Fonte: ANEEL (2005). Apesar de a maior área inundada ter sido a do município de Aratiba, o munícipio mais atingido foi o de Itá, cuja cidade teve que ser totalmente relocada. Inaugurada em 1996, a cidade foi construída para receber os moradores da antiga Itá, fundada por migrantes gaúchos meio século antes e inundada com a edificação da Usina Hidrelétrica Itá, cujo lago se estende por uma área de 141 km² (SANTUR, 2000). A figura 20 mostra o que restou da cidade de Itá, após a inundação da região.

96 96 Figura 20 - Torres da igreja da cidade Submersa, Itá. Fonte: Consórcio Itá (2004). A cidade de Itá, em Santa Catarina, foi relocada sofrendo significativos impactos sociais, políticos e econômicos. A comunidade, compulsoriamente, deixou seu espaço socialmente construído, tendo de se adaptar a um novo lugar, a nova Itá. A construção da UH iniciou-se em 1978 e foi concluída em 2002 (SARTORETTO, 2005). Itá está localizada no extremo oeste catarinense, e suas principais atividades econômicas, atualmente, são o comércio, a indústria, serviços turísticos em fase de implantação, porém trata-se, essencialmente, de uma cidade de cultura agrícola, que transformou significativamente os movimentos econômicos, sociais e políticos oriundos das colônias do Rio Grande do Sul (TEDESCO & SANDER, 2002). As figuras 21 e 22 mostram respectivamente a antiga e a nova cidade de Itá, e a figura 23 o esquema de localização da UH, da antiga e da nova cidade de Itá.

97 97 Figura 21 - Antiga cidade de Itá. Fonte: Consórcio Itá (2004). Figura 22- Nova cidade de Itá. Fonte: Consórcio Itá (2004).

98 98 Figura 23 - Esquema de localização da UH Itá e do sítio da nova e da velha cidade. Fonte: ELETROSUL CNEC (1990). Além da perda da identidade e do seu espaço socialmente construído, os moradores de Itá perderam suas relações com o ambiente físico e entre membros da mesma família e com a vizinhança. A alienação do tempo pode levar ao subjetivismo, que se preserva do confronto com a realidade, sobretudo, da necessidade de mudanças. É assim que eles tentam se convencer de que as coisas sempre foram assim e que isso faz parte da própria lei da vida. Portanto, pouco haveria a se fazer, além do cuidado que cada um deve ter com sua própria vida. A omissão esconde-se na sua naturalização do histórico, protegidos do tempo, assim como se preocupa em proteger o espaço, o lar, de tudo o que acontece do lado de fora (HOBSBAWN, 1998). No entanto, apesar da perda da identidade e do espaço socialmente construído, atualmente a cidade de Itá oferece melhores condições de vida à população local, visto que a nova cidade tem todas as suas ruas asfaltadas e oferece saneamento básico à população. Houve ainda um reassentamento de pequenos produtores rurais quando da reconstrução e recriação dos espaços. Segundo Reis & Bloemer (2001), no momento em que veio a público a notícia da construção de uma hidrelétrica, teve início uma forte mobilização popular, liderada por diferentes agentes sociais, como membros da Igreja Católica e Evangélica de Confissão Luterana, professores da

99 99 Fundação do Alto Uruguai e sindicatos de trabalhadores rurais, os quais constituíram uma Comissão Regional de Atingidos pelas Barragens (CRAB), que buscava mobilizar os produtores familiares a fim de organizá-los para a nova vida nos reassentamentos. Diante da realidade do alagamento da sede, a população em geral começou a viver momentos de angústia e incerteza. O progresso tão almejado passava a ter um custo mais alto do que o esperado; então, as expectativas para o futuro do local, nesse momento, foram engolidas pelas águas. Desespero, desânimo, decepção, medo foram palavras que passaram a fazer parte do cotidiano da comunidade (SARTORETTO, 2005). A base de toda a reestruturação da relocação da cidade de Itá e os reassentamentos foram criados em 1987 pela ELETROSUL. Para cada reassentamento houve um tipo de indenização. O processo envolvendo a cidade de Itá foi mais fácil que o dos núcleos na visão dos moradores, por ser mais simples e se tratar de relocar apenas um bloco. Já os atingidos dos núcleos rurais foram reassentados nos municípios de Chopinzinho (71 famílias), Mangueirinha (81 famílias), Honório Serpa (38 famílias), Marmeleiro (32 famílias) todos no Estado do Paraná e, Campo-Erê (50 famílias), Campos Novos (28 famílias) em Santa Catarina e Chapeta (66 famílias) no Estado do Rio Grande do Sul, como mostra a figura 24 (SARTORETTO, 2005). Figura 24 - Relocação das famílias dos municípios atingidos. Fonte: Consórcio Itá (2004).

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