Consultório na Rua Compartilhando experiências
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- Amanda Chaplin Arantes
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1 Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade Consultório na Rua Compartilhando experiências Teias Escola Manguinhos, 2012 Valeska Holst Antunes
2 Consultório na Rua (...)os Consultórios na Rua deverão desenvolver ações integrais de saúde in locu, visando a serem resolutivos frente às necessidades da população em situação de rua como serviços de atenção básica, que devem seguir os atributos desse ponto de atenção: ser acessível e porta de entrada preferencial, propiciar atenção integral abrangente, lidando com diferentes tipos de problemas e necessidades de saúde e longitudinal, e coordenar o cuidado. BRASIL, 2012
3 CR no cenário político Iniciativas desde a década de 70; Formação dos fóruns de população de rua; Acúmulo de experiências institucionais da saúde em diversos municípios (Consultórios de Rua e ESF Rua); 2009: Plano Nacional para População em Situação de Rua / VER PLANO CRACK 2011: Nova PNAB e Portaria de regulamentação do CR na AB. Belém, 29 de maio 2013
4 Histórico do CR Manguinhos Iniciou os trabalhos no final de outubro de 2011, sediado e vinculado à Clinica da Família Victor Valla TEIAS Manguinhos ENSP-FIOCRUZ/SMSDC A iniciativa foi motivada pelas reivindicações da população na conferência local de saúde (ver a data) Equipe composta por: 01 médico, 01 enfermeiro, 01 técnico de enfermagem, 01 psicóloga, 01 assistente social, 01 dentista, 01 TSB, 03 agentes sociais
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6 Território Definição dos limites territoriais não é muito clara; Grande mobilidade das pessoas; Ferramentas: diário de campo, contagem estimada, coleta de informação com os próprios usuários; Mapa social: fundação leão XIII, rede da assistência social, 7ª DP, serviços de referência para álcool e drogas, CRJ, abrigos, comunidades terapêuticas, ONG s,...
7 Mudanças de percursos Apesar da mobilidade populacional ser uma característica sempre presente, a entrada da UPP em Manguinhos traz uma mudança drástica, com dispersão da concentração dos moradores de rua; Logo identificamos um grande fluxo de realocação nas comunidades do Complexo da Maré. Foi necessário um novo esforço de mapeamento, que segue se repetindo.
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9 População Total de cadastrados: 645 pessoas; Estimativa de pessoas na área de abrangência atual: cerca de 1500 em situação de rua e 130 em abrigamento provisório
10 Perfil populacional Faixa Etária Masculino Feminino Total < e mais
11 Problemas de saúde mais frequentes Afecções de pele; Dependência de álcool e outras drogas; Problemas psiquiátricos; Tuberculose; Doenças sexualmente transmissíveis.
12 Porque a Rua?? De forma geral, a permanência na rua sinaliza uma história de diversas rupturas: familiares, afetivas, laborais,...; Ainda assim, muitas vezes estas rupturas não são completas. Cerca de um terço permanece com um vínculo domiciliar de origem e/ou alternam períodos de permanência na rua com o aluguel por meios próprios; Particularmente em Manguinhos, o consumo intenso de drogas (em especial o crack) é um fator importante de agregação à situação de rua em locais próximos á possibilidade de aquisição das drogas. Independente do uso ou não de drogas, a rua oferece riscos, mas também atrativos por si só.
13 Olhares sobre a rua e o crack Reportagens, editoriais, blogs, comentários em redes sociais trazem de maneira corriqueira termos como massa de zumbis, lixo humano, vagabundos,... Por Drauzio Varella Sou a favor da internação compulsória dos usuários de crack que perambulam pelas ruas feito zumbis. Por defender a adoção dessa medida extrema para casos graves já fui chamado de autoritário e fascista, mas não me importo. A você que considera essa solução higienista e antidemocrática, comparável àquela dos manicômios medievais, pergunto: se sua filha estivesse maltrapilha e sem banho numa sarjeta da Cracolândia, você a deixaria lá em nome do respeito à cidadania, até que ela decidisse pedir ajuda? Para lidar com dependentes de crack, é preciso conhecer a natureza da enfermidade que os aflige. Crack é droga de uso compulsivo causadora de uma doença crônica caracterizada pelo risco de recaídas.de minha parte, posso adiantar que fosse minha a filha, eu a retiraria dali nem que atada a uma camisa de força.
14 Impressões nossas sobre este mesmo local Riscos diversos: má alimentação, exposição à chuva, água contaminada, inexistência de local apropriado para higiene pessoal, ocorrência comum de atos violentos; Grande diversidade de perfis, de histórias, de motivos para estar ali ; Existência de agregados, vínculos, famílias substitutas; Organizações, regras, hierarquias; Apesar de tudo, um espaço que também é de produção de vida!
15 Cardápio de ofertas No território: divulgação, Materiais educativos, Distribuição de insumos Redução de danos, coleta de baar, Atendimentos, curativos, transporte para a clínica Na clínica: atendimentos médicos, de enfermagem, psicologia, serviço social, curativos, exames complementares (inclusive testagem rápida), coleta baar, dispensação de medicação, possibilidadede internação clínica e para tratamento da dependência química e outros
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17 Organização do trabalho Acolhimento em tempo integral; Presença diária no território; Atendimento interdisciplinar e longitudinal; Apoio cotidiano do NASF e das outras equipes; Reuniões de equipe semanais; Reuniões com a coordenação do município; Apoio institucional mensal;
18 PRINCÍPIOS NORTEADORES Atributos da Atenção Básica; Redução de Danos: estratégias/metodologia que têm como finalidade minimizar as conseqüências adversas do uso prejudicial de drogas, tanto para o indivíduo como para a sociedade, o que não implica necessariamente em abstinência. Pautase nos princípios de respeito à liberdade de escolha e da co-responsabilidade do usuário em seu tratamento.
19 Desafios ainda colocados... Deslocamento (afastamento geográfico) do território; Casos complexos necessidade de PTS quase o tempo todo; Perigo de se tornar um ambulátório do crack; Dificuldade de desvincular e a articulação com a própria rede de AB; Deficiências de políticas sociais mais amplas; Modelo de cuidado em disputa (não apenas o cuidado em saúde)
20 Conquistas Confiança e vínculo com os usuários; Quebra de resistências dentro da própria clínica; Fortalecimento de parcerias; Alguns resultados de efetividade, exemplo tratamento para tuberculose. São cotidianas, singulares, em cada história, sujeitas a recaídas.
21 NÃO SOMOS LIXO Não somos lixo. Não somos lixo e nem bicho. Somos humanos. Se na rua estamos é porque nos desencontramos. Não somos bicho e nem lixo. Nós somos anjos, não somos o mal. Nós somos arcanjos no juízo final. Nós pensamos e agimos, calamos e gritamos. Ouvimos o silêncio cortante dos que afirmam serem santos. Não somos lixo. Será que temos alegria? Às vezes sim... Temos com certeza o pranto, a embriaguez, Não somos profanos, somos humanos. A lucidez dos sonhos da filosofia. Somos filósofos que escrevem Suas memórias nos universos diversos urbanos. A selva capitalista joga seus chacais sobre nós. Não somos bicho nem lixo, temos voz. Por dentro da caótica selva, somos vistos como fantasmas. Existem aqueles que se assustam. Não somos mortos, estamos vivos. Andamos em labirintos. Depende de nossos instintos. Somos humanos nas ruas, não somos lixo. Carlos Eduardo (Cadu), Morador de rua em Salvador.
Consultório na Rua de Manguinhos: Compartilhando experiências
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