Democracia presidencialista multipartidária: a difícil combinação ( ) Prof. Sérgio Braga Aula sobre o texto de Scott Mainwaring
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1 Democracia presidencialista multipartidária: a difícil combinação ( ) Prof. Sérgio Braga Aula sobre o texto de Scott Mainwaring
2 Sumário da aula Objetivos do curso: apresentar alguns conceitos básicos para o estudo das instituições políticas brasileiras de uma perspectiva histórica. Referências básicas: Scott Mainwaring (1993); Sérgio Abranches (1988); Fabiano Santos (1997) Filme: Os anos JK (Sílvio Tendler)
3 Quatro conceitos básicos Democracia presidencialista multipartidária (Mainwaring, 1993) Presidencialismo de coalizão (Sérgio Abranches, 1988) Patronagem e poder de agenda (Fabiano Santos, 1997) Crise de paralisia decisória (Wanderley Guilherme Santos, 2003)
4 Problema central: A democracia presidencialista pluripartidária brasileira é compatível com a estabilidade democrática? Sim, não e por quê? Quais os problemas que ela gera? Várias respostas...
5 Aqui começa nossa história...
6 Objetivos do Mainwaring: Caracterizar algumas singularidades morfológicas do sistema político brasileiro (democracia presidencialista) Apreender os efeitos políticos dessa combinação em sucessivos governos, procurando demonstrar que ela causa vários problemas para a estabilidade democrática e para a governabilidade (diagnóstico pessimista)
7
8 O ex-ditador agora candidato...
9 Tópicos abordados: Presidentes em minoria ; Prerrogativas e limites Partidos frouxos, presidencialismo e instabilidade institucional Presidentes contra partidos Coalizões partidárias Passar por cima do Congresso
10 A constituinte e a redemocratização de
11 A estrutura do argumento: As características do sistema eleitoral brasileiro ( proporcional de lista aberta ) geram um sistema partidário fragmentado com partidos fracos, fadado a coexistir com um presidente da República eleito plebiscitariamente ; Isso gera vários problemas, tais como: a) presidentes em minoria; b) bases sociais distintas do Executivo e Legislativo; c) crises que podem ir do imobilismo à paralisia...
12 How tru you tru, Truman? ( )
13 Q U A D R O 1 R e s u lta d o s d a s e le iç õ e s p re s id e n c ia is v o to s % d e v o to s v á lid o s % d e c a d e ira s n a C â m a ra d a c o a liz a ç ã o e le ito ra l d o p re s id e n te % d e c a d e ira s n a C â m a ra d o p a rtid o d o p re s id e n te E u ric o G a s p a r D u tra, ,7 0 P S D = 5 2,8 ( ) P S D /P T B E d u a rd o C o m e s, U D N ,7 0 Y e d d o F iu z a, P C B , G e tú lio V a rg a s, P T B /P S P , ,7 0 P T B = 1 6,8 ( ) E d u a rd o G o m e s, U D N ,7 0 C ris tia n o M a c h a d o,p S D , J u s c e lin o K u b is ts c h e k, , ,2 0 P S D = 3 5,0 ( ) P S D /P T B J u a re z T á v o ra, P D C /U D N /P L ,3 0 A d h e m a r d e B a rro s, P S P ,8 0 P lín io S a lg a d o, , J a n io Q u a d ro s, , ,6 0 U D N = 2 1,5 *( ) U D N /P D C /P L /P T N H e n riq u e T e ix e ira L o tt, ,9 0 P T B /P S D A d h e m a r d e B a rro s, P S P , : P rim e iro T u rn o F e rn a n d o C o llo r d e M e llo, ,5 0 6,4 0 P R N = 8,0 ( ) P R N L u is In á c io L u la d a S ilv a, P T ,2 0 L e o n e l B riz o la, P D T ,5 0 M á rio C o v a s, P S D B ,5 0 P a u lo M a lu f, P D S G u ilh e rm e A fif D o m in g o s, P L ,8 0 U ly s s e s G u im a rã e s, P M D B ,7 0 R o ls e n o F re ire, P C B l,1 A u re lia n o C h a v e s P F L ,9 0 R o n a ld o C a ia d o, P S D ,8 0 A ffo n s o C a m a rg o, P T B ,6 0 O u tro s , S e g. T u rn o F e rn a n d o C o llo rd e M e llo, ,0 0 P R N = 8,0 % ( ) P R N L u is In á c io L u la d a S ilv a, P T ,0 0 *Q u a d ro s n ã o e ra m e m b ro d e n e n h u m p a rtid o F o n te : T rib u n a l S u p e rio r E le ito ra l
14 Presidentes em minoria Dutra: foi o único presidente majoritário do período; Vargas (2): seu partido era claramente minoritário e montou uma coalizão precária. Suicídio! Juscelino Kubitschek: quase não toma posse, embora lograsse montar uma coalizão Jânio Quadros: renunciou!! João Goulart: golpe de Estado!!! Collor: impeachment e renúncia!!!!
15 Vargas ( ): um suicídio para a história...
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17 Prerrogativas e limites: Constituição dos EUA Carta de 1946 Constituição de ) Veto parcial - Não - Sim (2/3 sessão conjunta para derrubada); - Sim (maioria simples para derrubada); 2) Iniciativa legislativa - Prerrogativa exclusiva do Congresso; - São prerrogativas exclusivas do presidente: - São prerrogativas exclusivas do presidente: tamanho das Forças Armadas; criação de empregos etc. 3) Poder de Decreto - Baixo - Sim; - Sim + Medida Provisória; 4) Orçamento - O Congresso e as Comissões têm alto poder propositivo; 5) Veto total - Sim; pode ser derrubado com maioria de 2/3 nas duas casas; - Parlamentares tinham prerrogativa de iniciar proposta orçamentária; - Sim; pode ser derrubado com uma maioria de 2/3 em sessão conjunta; - O presidente prepara o orçamento anual e o Congresso tem certas restrições em propor emendas; - Sim;maioria simples em sessão conjunta; 6) Nomeação do ministério - Nomeações sujeitas à aprovação do Senado; - Não depende de aprovação do Senado; - Não depende de aprovação do Senado;
18 Prerrogativas e limites (2) Conclusão: apesar dos poderes constitucionais dos presidentes brasileiros serem grandes, seus poderes partidários são pequenos Apesar dessas prerrogativas constitucionais formidáveis, os presidentes precisam de sustentação parlamentar para aprovar a legislação ordinária (p. 35)
19 Jânio Quadros (1961): Fui!
20 Presidentes contra partidos Grande número de candidatos presidenciais supra ou antipartidários (p. 43) Os presidentes são impelidos a montar coalizões fisiológicas para governar, e cooptar parlamentares que, anteriormente, eram adversários políticos; Isso contribui para enfraquecer os partidos aos olhos do eleitor e desprestigiar o órgãos legislativos
21 Passar por cima do Congresso Para contornar as dificuldades de funcionamento da base governista, os presidentes utilizam de vários recursos, conforme o estilo político de cada um: a) formar coalizões partidárias com partidos mais conservadores; b) insulamento burocrático ; c) liberação de emendas no orçamento etc.. Em suma: os presidentes contam com uma caixa de ferramentas para obter governabilidade => quando essa caixa de ferramentas falha, há as crises de governabilidade no sentido fraco e forte do termo.
22 Comício da Central do Brasil (13/03/1964)
23 Conclusões: Tendência do formato institucional brasileiro a dificultar a consolidação dos partidos; O paradoxo é que os presidentes também são fracos, especialmente quando em baixa popularidade; Quanto mais baixa a popularidade do presidente, maior os riscos de crise de imobilismo e paralisia decisória. Em suma: Os sistemas presidencialistas multipartidários predispõe à ocorrência de impasses entre Executivo/Legislativo e tornam mais prováveis os golpes de Estado
24 Esq p/dir: ministro do Exército, general Artur da Costa e Silva, ministro da Marinha, Almirante Augusto Rademaker e ministro da Aeronáutica, brigadeiro Francisco Correia e Melo, assinando o Ato Institucional nº1 (AI-1). 09 de abril de 1964.
25 Até a próxima!
26 Referências bibliográficas: ABRANCHES, S. Presidencialismo de coalizão: dilema institucional brasileiro. In: TAVARES, J. A. G. (Org.). O sistema partidário na consolidação da democracia brasileira. Brasília: Fundação Teotônio Vilela, Cap. 1. p MAINWARING, S. Democracia presidencialista multipartidária: o caso do Brasil. Lua Nova - Revista de Cultura Política, São Paulo, n. 28/29, p , mai./jun SANTOS, W. G. O cálculo do conflito. Estabilidade e crise na política brasileira. Belo Horizonte: UFMG, SANTOS, F. O poder legislativo no presidencialismo de coalizão. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: UFMG/IUPERJ, p.
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