RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO. Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho):
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PRODOUTOR, PIBIT E FAPESPA Período :04/2015 a 08/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Prevalência e fatores de risco para aquisição das Hepatites Virais B, C, e E em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Orientador: Luisa Caricio Martins Titulação do Orientador: Doutora Faculdade: Escola Superior da Amazônia Instituto/Núcleo: Núcleo de Medicina Tropical Laboratório: Patologia Clínica das Doenças Tropicais. Título do Plano de Trabalho: Prevalência e fatores de risco para aquisição das Hepatites Virais B e D em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Bolsista: Jaqueline Barros da Costa Tipo de Bolsa : ( x ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq AF ( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( ) PIBIC/PRODOUTOR ( ) PIBIC/PE-INTERDISCIPLINAR ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/PIBIT 1
2 INTRODUÇÃO As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo pelo tecido hepático. Agrupadas, muitas vezes, como doença única, em razão da similaridade de suas manifestações clínicas, elas compreendem entidades distintas. Existem cinco tipos de hepatites virais de importância médica: vírus da hepatite A (HAV), hepatite B (HBV), hepatite C (HCV), hepatite D (HDV) e hepatite E (HEV) da (1, 2, 3). A hepatite B apresenta distribuição mundial. A transmissão do vírus da hepatite B (HBV) se faz por via parenteral, e, sobretudo, pela via sexual, sendo considerada doença sexualmente transmissível. De maneira semelhante às outras hepatites, as infecções causadas pelo HBV são habitualmente anictéricas. Apenas 30% dos indivíduos apresentam a forma ictérica da doença, reconhecida clinicamente. Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos infectados cronificam e cerca de metade dos casos crônicos evoluem para doença hepática avançada (4). A hepatite D é causada pelo vírus da hepatite delta (HDV), podendo apresentar-se como infecção assintomática, sintomática ou com formas graves de hepatite. O HDV é um vírus que precisa do HBsAg para realizar sua replicação. A infecção delta crônica é a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens em áreas endêmicas da Itália, Inglaterra e Brasil (região amazônica) (7). Apesar do crescente reconhecimento da importância da Amazônia como fonte de recursos naturais renováveis e de biodiversidade, o caboclo continua sendo esquecido e poucas pesquisas acadêmicas, principalmente no Brasil, focam o assunto. A saúde é a maior reivindicação e a questão mais urgente das comunidades amazônicas. O sistema público de saúde local é mal aparelhado e funciona com sua capacidade esgotada, com pouco alcance na área rural em função de grandes distâncias, dificuldades de comunicação e transporte. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 5 milhões de brasileiros são portadores de hepatites e que, se não tiverem acesso efetivo ao tratamento, poderão evoluir a estágios finais da doença. A dimensão do problema torna-se maior quando sabemos que a disseminação tem aumentado significativamente em todas as classes sociais e que a maioria dos pacientes não sabe que está contaminada. 2
3 JUSTIFICATIVA: As hepatites virais constituem um dos maiores problemas de saúde pública do continente americano. A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude dos diferentes tipos varia de região para região. No Brasil, há cerca de quatro milhões de brasileiros estão contaminados por hepatites virais, tipo B ou C, segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). E também há grande variação regional na prevalência de cada um dos agentes etiológicos (9). Os contextos geográfico e social não permitem para a Amazônia Brasileira definições concisas e abrangentes sobre o padrão epidemiológico das hepatites virais, quer em relação aos diferentes tipos de hepatites, quer em relação ao seu território pelos seguintes motivos (10): 1. Ocorrência de todos os tipos de hepatites na região, com padrões epidemiológicos diversos dependendo da área; 2. Dificuldade do diagnóstico etiológico, motivada pelas grandes distâncias, nas quais predominam florestas e rios extensos e tortuosos; 3. Ocorrência na região de síndromes ictéricas de outras etiologias entre as quais se destacam a febre amarela, malária, leptospirose, hepatite alcoólica, dentre outras; 4. Necessidade de apoio laboratorial para o diagnóstico etiológico que, dependendo da complexidade tecnológica, está restrito às capitais dos Estados. Em consequência dos motivos apontados, os dados epidemiológicos sobre hepatites virais na Amazônia Brasileira ainda são limitados e não permitem definir com precisão o verdadeiro alcance do problema em toda a região. A região Norte registra o dobro de casos das demais regiões. No Pará, as grandes distâncias entre os municípios e os hábitos da população facilitam o contágio e dificultam o tratamento. E devido a essas dificuldades existem poucos estudos nessa área, principalmente avaliando populações ribeirinhas. O baixo nível de instrução, o estilo de vida e as dificuldades de acesso a essas comunidades ribeirinhas podem acabar por expor ainda mais essa população a infecções e suas consequências, sendo importante caracterizar a soroprevalência do vírus, os genótipos circulantes e as possíveis vias de transmissão (10, 11). 3
4 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Estudar as Hepatites virais HBV, HDV nas famílias ribeirinhas residentes na Ilha do Maracujá, Município do Acará, na Amazônia Oriental. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Determinar a prevalência das hepatites virais B e D na comunidade ribeirinha. Traçar o perfil epidemiológico das famílias residentes na Ilha do Maracujá participantes do estudo. Descrever os principais fatores de risco para aquisição da infecção pelos vírus HBV e HDV a que a população está exposta descrevendo as possíveis rotas. Determinar os genótipos virais do HBV circulantes. MATERIAIS E MÉTODOS: Este é um estudo transversal analítico descritivo onde todos os participantes foram esclarecidos sobre a importância do estudo, sendo sua participação permitida através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TLCE). Para tanto, realizou-se a coleta de amostras sorológicas de 239 pacientes das Ilhas do maracujá e do furo do Nazário. Foram coletados cerca de 10 ml de sangue em todos os pacientes que aceitaram participar do estudo foi realizada pesquisa de anticorpos para pesquisa sorológica do HBV E HDV. Foram utilizados questionários epidemiológicos para obtenção de como idade, sexo, uso de drogas, números de parceiros sexuais, condições de saneamento e sócio-econômica. As amostras de plasma foram testadas para anticorpos sistêmicos tipo IgG específicos através de um ensaio imunoenzimático ELISA para os seguintes marcadores (HbsAg, Anti-HBC e Anti- Hbs) e HDV. Esse teste possui caráter qualitativo, ou seja, classifica os indivíduos como reagentes e não reagentes, e realizado de acordo com as instruções de uso recomendadas pelo fabricante. Todas as amostras reagentes para HBsAg e Anti-HBc total foram testadas por biologia molecular. Para extração foi utilizado kit comercial, sendo seguida a metodologia recomendada pelo fabricante. Para a extração dos ácidos nucléicos viriais serão utilizados kits comerciais. Na extração do DNA do HBV se utilizou o kit comercial QIAamp DNA mini kit, Qiagen, Alemanha. Os procedimentos para as extrações foram realizados de acordo com as normas do fabricante. 4
5 Para a detecção do ácido nucleico viral, foi realizado a PCR. Esta técnica foi padronizada pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ (Rio de Janeiro, Brasil) e adaptada ao Laboratório de Patologia Clínica das Doenças Tropicais. Após a extração, para a realização da PCR foi utilizado 2 l de DNA, na mistura da reação: 12,5 l de Taq Green, 8,5 l de água ultapura livre de DNAse e RNAse, 1 l dos seguintes oligosnucleotideos HBVS (5 TCT GCG AGG CGA GGG AGT TCT3 - sense) e HBVA (5 TTG CCT TCT GAC TTC TTT CC 3 anti sense), para um volume final de 25 l. O protocolo para amplificação segue 94 0 C por 3 minutos, 94 0 C por 30 segundos, 55 0 C por 30 segundos, 72 0 C por 30 segundos, 72 0 C por 3 minutos para 35 ciclos, sendo utilizado o termociclador amplitherm thermalcyclers. Os produtos da PCR foram então aplicados em gel de agarose a 1,5%, corado com Brometo de Etidium e submetidos à eletroforese para a visualização das bandas com um tamanho de 417 pares de bases. Figura 1. Figura 1 Padrão de banda para detecção do DNA do HBV. 5
6 RESULTADOS Participaram deste estudo 239 ribeirinhos da Amazônia brasileira, de ambos os gêneros, maiores de 18 anos. A pesquisa de soroprevalência dos marcadores sorológicos HBsAg, Anti- HBC total, Anti-HBS e Anti HDV cujos resultados obtidos estão representados na tabela 1. Tabela 1- Prevalência do vírus da Hepatite B e D através de seus marcadores sorológicos em 239 amostras da população ribeirinha da Amazônia brasileira. Marcadores Reagente (%) Não Reagente (%) Sorológicos HBV HBSAg 0 (0%) 239 (100%) Anti-HBC Total 73 (31%) 166 (69%) Anti-HBS 69 (29%) 170 (71%) HDV Anti-HDV 0 (0%) 0 (0%) Com relação a prevalência dos marcadores sorológicos associados à interpretação diagnóstica do HBV foi observado que 52,30% (125/239) eram susceptíveis ao HBV. E também foi observado um percentual de 17,59% (42/239) de indivíduos que apresentaram um perfil de vacinação. Assim com 30,11% entram em contato com o vírus (tabela 2). Tabela 2 Prevalência dos marcadores sorológicos associados à interpretação diagnóstica do HBV. CONDIÇÃO DIAGNÓSTICA HBsAg Anti-HBc Total Anti-HBs TOTAL % Susceptível ,30 Vacinação ,59 Infecção aguda ou crônica Final da fase aguda ou janela imunológica ,65 Curada ,46 Incubação TOTAL
7 Foi observada uma maior frequência de indivíduos do sexo feminino com 65% (155/239) em relação ao masculino, com 35% (83/239), como pode ser observado na figura 2. Figura 2 - Distribuição do sexo nas comunidades do furo do Nazário e da ilha do Maracujá A análise dos questionários preenchidos pelos participantes do estudo possibilitou a identificação dos principais fatores de risco como: não uso de preservativos, compartilhamento de material perfurocortantes, consumo de drogas ilícitas, tatuagens para a infecção pelo vírus da hepatite B e D na população em estudo. A tabela 3 abaixo apresenta os principais fatores de risco observados nesta população. 7
8 Tabela 3- Frequência dos principais fatores de risco observados na população ribeirinha estudada. Fatores de Risco Números % Uso de preservativos Sim Não % 88% Consumo de drogas ilícitas Sim Não Tatuagem Sim Não Materiais perfuro cortantes Sim Não ,2% 90,7% 1% 24% 12% 13% Quanto as fatores socio epidemilógicos foi observado que a média da faixa etária foi de 35 anos de idade. A maioria 72% (173/239) casada e/ou união estável. Em relação a escolaridade 54% (130/239) da população estudada possuiam nível fundamental incompleto e 72%(172/239) recebiam em até 1 salário minímo (Tabela 4). Tabela 4. Disctribuição das variáveis socio econômicas observadas na população ribeirinha estudada. Variável Número % Estado Marital Solteira Casada e União estável Divorciada Viúva Escolaridade Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior incompleto Ensino superior completo Renda Familiar Até 1 salário mínimo 2 salários mínimos 3-5 salários mínimos > 5 salários mínimos % 72% 2% 4% 54% 8% 20% 16% 1% 1% 72% 20% 7% 1% 8
9 Os testes de biologia molecular foram realizados nos pacientes que foram reagentes somente para pesquisa do marcador anti-hbc total. Porém o DNA viral do HBV não foi isolado em nenhuma dessas amostras. PUBLICAÇÕES: Devido ao curto tempo de desenvolvimento deste projeto ainda não ocorreu nenhuma publicação. Porém foi submetido um trabalho para o 51 Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical que ocorrerá em Junho de CONCLUSÃO: Dos 239 pacientes que realizam a sorologia para hepatite B, 52,30%(125/239) apresentam-se susceptíveis ao vírus e também foi observado um percentual de 17,59% (42/239) de indivíduos que apresentaram um perfil de vacinação. Assim com 30,11% entram em contato com o vírus. A amostra foi caracterizada com predomínio de indivíduos do sexo feminino, e idade media de 35 anos, onde a maioria eram casados ou mantinham união estável e baixo nível de escolaridade assim como a renda familiar era de no máximo 1 salario mínimo. Quantos aos fatores de risco para aquisição viral destacaram-se o não uso de preservativos em relações sexuais. O estudo realizado proporcionou um melhor conhecimento das hepatites virais B e D. Sendo de fundamental importância o planejamento de campanhas nessa população para o controle e acompanhamento além de informar sobre a vacinação, que tem sido de extrema importância no combate das hepatites virais B e D na população ribeirinha da Amazônia brasileira. 9
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, C. Hepatites víricas em viajantes. Acta Med Port v. 20, p , AGUILERA, G.A.; ROMERO, Y.S.; REGUEIRO, B.J. Epidemiology and clinical manifestations of viral hepatitis. Enferm Infecc Microbiol Clin. v.24, n. 4, p , AQUINO, J.A; PEGADO, K.A; BARROS, L.P; MACHADO, L.F.A. Soroprevalência de infecções por virus da hepatite B e virus da hepatite C em indivíduos do Estado do Pará. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 45, n. 4, p , jul/ago BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 6ª ed. Brasília, DF, BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Hepatites virais: o Brasil está atento. Brasília, DF, BRASILEIRO FILHO, G. Luigi Bogliolo Patologia Geral 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p MARQUESINI, G; GONÇALES, N.S.L; GONÇALES JÚNIOR, F.L. Prevalência dos marcadores sorológicos dos vírus da hepatite B (VHB) e da hepatite C (VHC) em hemodialisados. Revista Panamericana de Infectologia. v. 10, n. 1, p ,
11 PARECER DO ORIENTADOR: A discente desenvolveu suas atividades com responsabilidade, assiduidade e demonstra interesse no aprendizado e bom relacionamento com o grupo de pesquisa. DATA : / / ASSINATURA DO ORIENTADOR ASSINATURA DO ALUNO 11
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