Acidentes com materiais perfurocortantes
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- Giovanna Silva Diegues
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1 Acidentes com materiais perfurocortantes
2 Forma de transmissão: Oral-fecal Via respiratória (gotículas ou aérea) Contato Via sanguínea Alto risco Risco Intermediário Sem risco Sangue e fluidos contendo sangue Líquidos de cavidades serosas (pleural, peritoneal, pericárdico) lágrima, secreções nasais, escarro, suor Sêmen e secreção vaginal Líquido amniótico, líquor urina, fezes, vômito Materiais de culturas ou concentrados de vírus Líquido articular saliva (em ambientes não-odontológicos)
3 CDC estima que anualmente ocorram aproximadamente 236 mil acidentes com materiais perfurocortantes envolvendo trabalhadores de saúde que atuam em hospitais (GAO-01-60R Needlestick Prevention, 2000) Os acidentes percutâneos com exposição a material biológico são capazes de transmitir mais de 50 tipos depatógenosdiferentes Uma revisão da literatura feita por Tarantola (2006) descreveu que já foi identificada a transmissão de 60 diferentes patógenos (26 vírus, 18 bactérias ou riquétsias, 13 parasitas e 3 fungos) após exposição a sangue ou outros materiais biológicos entre trabalhadores da saúde
4 Infecções transmitidas por meio de acidentes percutâneos durante atividades de assistência ao paciente e/ou no Laboratório/Autópsia Infecção Paciente Laboratório/Autopsia Ebola Herpes Malária Tuberculose Os agentes mais frequentemente relatados são: vírus da hepatite B (HBV) vírus da hepatite C (HCV) vírus da imunodeficiência humana (HIV)
5 Rota de exposição a sangue e fluidos corporais: 82%percutâneo, 14% membrana mucosa, 3% pele não integra, 1% mordedura Local: 36% dos acidentes ocorrem em unidade de internação: enfermarias clinica/cirúrgica(19%) e CTI (12%). Centro cirúrgico é responsável por 29% Quando: 27% durante a inserção ou retirada da agulha Profissionais: enfermagem(42%), médicos (30%), técnicos (15%), estudantes (4%), serviços gerais (3%) Dispositivos: agulhas de sutura (36%), seringas (14%) Agulhas com lúmen são responsáveis por 64% dos acidentes Fonte:NaSH-THE NATIONAL SURVEILLANCE SYSTEM. FOR HEALTHCARE WORKERS (Junho 1995 a dezembro 2007)
6 O risco de adquirir infecção pós exposição évariável e depende de diversos fatores: Tipo de acidente Tamanho e gravidade da lesão Presença e volume de sangue envolvido Condição clínica do paciente fonte Seguimento adequado pós exposição Tipos de exposição envolvendo material biológico consideradas de risco: Exposição percutâneas Exposição de mucosas Exposição de pele não íntegra Arranhaduras e/ou mordedura
7 CDC: 1985 estimativa de infecções por HBV entre trabalhadores da saúde 2014 das 1550 notificações de exposição ocupacional, 5 eram entre trabalhadores de saúde (0,3%) Declínio nos casos de hepatite B ocupacional mais de 95% Por quê? Risco estimado para exposiçãopercutâneadepende da replicação viral (maior se o paciente fonte forhbeagpositivo). Éum marcador de infectividade elevada No Brasil, a proporção de vacinação contra hepatite B, especialmente com esquemas completos de três doses de vacina, éinferior a 50%
8 Estado sorológico do paciente fonte Acidente com material perfuro cortante Exposição de mucosas e de pele não íntegra HBsAg e HBeAg positivos Soroconversão: 37 a 62% desconhecido HBsAg positivo e HBeAg negativo Soroconversão: 23 a 37% desconhecido
9 Período de incubação: 30 a 180 dias 1% forma aguda grave 10% forma crônica 1 a 2% evoluem para hepatite crônica ativa Hepatite aguda édefinida como: 1-uma doença com aparecimento de sintomas como febre, cefaléia, mal estar, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal, e; 2- icterícia ou aumento da transaminase pirúvica(tgp/alt) > 100 IU/L Critérios laboratoriais: 1-Antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg) positivo, e; 2- Anticorpo para o antígeno do core da hepatite B (IgM anti-hbc) positivo (se feito)
10 Hepatite crônica édefinida como: 1- sintomatologia pode ser ausente 2-infecção crônica por HBV pode não ter doença hepática ou variar entre hepatite crônica, cirrose até neoplasia; Critérios laboratoriais: 1- Anticorpos IgM anti-hbc negativo E o resultado positivo para um dos seguintes testes: HBsAg, HBeAg, or teste para DNA do vírus da hepatite B (incluindo qualitativo, quantitativo and teste do genótipo), OU 2-HBsAg positivo ou teste para HBV DNA positivo (incluindo qualitativo, quantitativo and teste do genótipo) ou HBeAg positivo por 2 vezes com intervalo de 6 meses
11 O número exato de trabalhadores da saúde que adquirem HCV ocupacional não é conhecido Os trabalhadores da saúde expostos a sangue no local de trabalho representam de 2% a 4% do total de novas infecções por HCV que ocorrem anualmente nos Estados Unidos, um total que declinou de em 1991 para em Em 2014 dos 858 notificados por exposição ocupacional, 9 (1%) estava relacionado aos trabalhadores de saúde l Risco estimado: l Após acidentes percutâneos com agulhas com lúmen: 1,8% (0 a 7%) l após exposição de mucosas: < 1% l após acidentes com agulhas sem lúmen (?) Um estudo caso-controle sobre hepatite C ocupacional demonstrou que o risco de contaminação esteve relacionado principalmente com exposições envolvendo agulhas com lúmen e previamente utilizadas em veias ou artérias dos pacientes-fonte, mas também houve relato de soroconversão com agulha de sutura e outros perfurocortantes
12 Período de incubação de 2 semanas a 6 meses Hepatite C aguda é rara. 84% é assintomática 70 a 85% -hepatite crônica 20 a 30% dos casos de hepatite crônica desenvolvem cirrose após 10 a 20 anos de infecção Após a infecção o exame se torna positivo entre 20 e 150 dias (média de 50 dias)
13 O primeiro caso de transmissão de um paciente para um trabalhador da área de saúde foi relatado em 1986 Do início da epidemia até 2001 o CDC recebeu notificação de 57 casos documentados e 140 casos prováveis de transmissão ocupacional do HIV Risco estimado: 0,09%(exposição de membrana mucosa) 0,3% (exposição percutânea envolvendo sangue) O risco de transmissão pelo HIV foi considerado como elevado em exposições que envolveram uma grande quantidade de sangue indicado por: Dispositivo visualmente contaminado com sangue do paciente fonte Um procedimento que envolveu agulhas previamente usadas na veia ou artéria do paciente fonte Lesão profunda
14 Definição de caso Soroconversãoou evidênciavirológicadocumentada e associada de forma temporal com uma exposição ocupacional a sangue ou outro material potencialmente contaminado com o HIV Período de incubação (infecção pelo HIV fase aguda da infecção ou o surgimento de anticorpos): algumas semanas a 3 meses
15 Portaria MS 777 de 28/04/2004 Art 1º-Regulamenta a notificação compulsória de agravos àsaúde do trabalhador acidentes e doenças relacionadas ao trabalho em redes de serviço sentinela 1º - São agravos de notificação compulsória, para efeito desta portaria: Acidentes com exposição a Material Biológico
16 Todos os casos de acidente com material biológico devem ser comunicados ao seu respectivo órgão previdenciário (OP) e ao Ministério da Saúde: OP: INSS CAT OP: Perícia do Serviço público e Militares Documento próprio Ministério da Saúde SINAN A instituição deve manter um registro interno com os dados do acidente, setor, data, hora, tipo, material biológico, função que exerce, circunstância, EPI, condições,etc
17 Medidas Gerais Aconselhar o profissional de saúde Cuidados com a área da lesão (lavar com água e sabão o ferimento ou a pele exposta/ lavar as mucosas expostas com água) Avaliação do risco do acidente (material biológico, lesão profunda, agulha de grosso calibre, agulha retirada de artéria ou veia de paciente) Não esquecer de notificar OP e MS
18 Medidas específicas Solicitar sorologias para o profissional acidentado e para o paciente fonte (HIV teste rápido, HbsAg e anti-hcv) Estabelecer a conduta profilática para HIV Estabelecer a conduta profilática para HBV Estabelecer o acompanhamento para HCV
19 PROFISSIONAL EXPOSTO FONTEHBsAg+ ou alto risco não testado FONTE HBsAg desconhecido ou não testado e baixo risco FONTE HBsAg negativa NÃO VACINADO Imunoglobulina e iniciar vacinação Iniciar vacinação Iniciar vacinação VACINAÇÃO INCOMPLETA Imunoglobulina e iniciar vacinação Completar vacinação Completar vacinação VACINADO E ANTI HBs+ Sem terapia Sem terapia Sem terapia VACINADO E ANTI HBs- Imunoglobulina e reiniciar vacinação Reniciar vacinação Reiniciar vacinação VACINADO E COM RESPOSTA SOROLÓGICA DESCONHECIDA Testar antihbspara definir conduta Testar antihbspara definir conduta Testar antihbspara definir conduta
20 Imunoglobulinahiperimunepara VHB (HBIG): dose única intramuscular, administrada o mais precocemente possível, aténo máximo 7 dias após o acidente. Acompanhamento sorológico HBsAgem 6 meses
21 Acompanhamento laboratorial e sorológico: 6 semanas TGP(ALT) 6meses antihcv
22 A profilaxia comantirretroviraisestáindicada apenas se forem preenchidos TODOS os seguintes critérios: 1.O acidente envolveu material biológico com risco de transmissão do HIV 2.O tipo de exposição ocorrido representa risco de transmissão do HIV (percutânea, mucosa, pele não íntegra) 3.O atendimento ocorreu dentro de 72 horas após a exposição 4.A pessoa exposta apresenta exame de HIV negativo 5.A pessoa fonte apresenta exame de HIV positivo ou desconhecido
23 Quando indicada, a profilaxia com antirretrovirais deve ser iniciada o quanto antes, idealmente nas primeiras 2 horas após a exposição, tendo como limite as 72 horassubsequentesàexposição. O esquema preferencial é: Tenofovir/Lamivudina (TDF+3TC) 300/300mg VO uma vez ao dia por 28 dias + Atazanavir(ATV) 300mg VO uma vez ao dia por 28 dias + Ritonavir(r) 100mg VO uma vez ao dia por 28 dias
24 Acompanhamento clínico laboratorial e sorológico: Exame clínico semanal + hemograma + TGP + amilase (antirretroviral) Em 6 semanas: anti-hiv 3 meses: anti-hiv 6meses: anti-hiv 1 ano: anti-hiv em condições especiais
25 Objetivo do seguimento ambulatorial: 1- verificar toxicidade dos antirretrovirais 2-acompanhar as sorologias para HBV, HCV e HIV 3- manter as medidas de prevenção de transmissão sexual dos mesmos Éindicado também para os indivíduos que não receberam vacina ou medicação profilática.
26 Medidas de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, quando há manipulação de sangue, secreções e excreções e contato com mucosas e pele não íntegra. Isto independe do diagnóstico definido ou presumido de doença infecciosa. Equipamento de Proteção Individual Luvas possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções com mucosas ou pele não íntegra. Máscaras, Gorros e Óculos de proteção possibilidade de respingo de sangue ou outros fluidos corpóreos nas mucosas da boca, nariz e olhos. Capotes possibilidade de contato com material biológico. Botas proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante. Manipulação e descarte de material pérfuro-cortante
27 1. RAPPARINI, C.; REINHARDT, E.L. Programa de Prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes em serviços de saúde. Disponível em: Acesso em 22 jul pdf 1. The Nationatl Surveillance System for Healthcare Workers Acidentes Ocupacionais com Material Biológico Orientações para o atendimento no PS Atualizado por CCIH/HU-USP. Material-Bio2016.pdf. Acesso em 02 fev Surveillance for Viral Hepatitis United States, CDC- Viral Hepatitis: Surveillance and Statistics Acesso em 02 fev. 2017
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