COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
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- Maria Luiza Farinha Quintanilha
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1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ROTINA PARA O CONTROLE DE INFECÇÃO EM RECÉM NASCIDOS: BERÇÁRIO E ALOJAMENTO CONJUNTO Elaboração: SCIH Aprovada pela CCIH em Março de 2006
2 I. INTRODUÇÃO A infecção hospitalar em recém nascidos (RN) deve ser uma preocupação em todos os hospitais envolvidos na assistência ao RN embora os maiores problemas estejam relacionados à assistência aos neonatos em berçário de alto risco ou UTI neonatal. As taxas de IH são significativamente mais altas nos RNs de baixo peso (<1.500g) do que no restante dos pacientes hospitalizados, sendo fator determinante do aumento da mortalidade nesta faixa etária. A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (SCMG) ainda não dispõe de Berçário de Alto Risco ou UTI neonatal, mas de um berçário de cuidados intermediários (CI) e do alojamento conjunto (AC), unidades de menor risco para IH. Ainda assim devemos estar atentos e estabelecermos todas as medidas necessárias para os cuidados com o RN visando evitar a transmissão de infecção no ambiente hospitalar, o que relativamente aos RNs pode ser uma situação explosiva. As medidas de prevenção e controle devem considerar os fatores predisponentes e prováveis fontes de infecção para o RN. I- FATORES PREDISPONENTES PARA IH NO RN 1. Condições maternas: Doença hipertensiva da gravidez (DHG); Diabetes melitus (DM); Descolamento prematuro de placenta (DPP); Ruptura prematura de membranas (RPM); Vulvovaginites; Incontinência istmo cervical e corioamnionite (relacionada à RPM); ITU no 3º trimestre (relacionada à RPM). Estas situações acima podem levar a partos prematuros e, no RN a condições altamente predisponentes à infecção. 2.Condições do RN: Idade gestacional <34 semanas (prematuridade) Peso <1500g; Anóxia fetal grave; Síndrome de aspiração do mecônio;
3 Prematuridade- que torna o RN mais vulnerável à infecção em decorrência da imaturidade de diversos sistemas como: a-barreira mecânica- a pele ainda não é uma barreira efetiva contra a invasão de microorganismos em RNs<37 semanas; b-sistema imunológico- a deficiência imunológica inerente ao RN é mais acentuada de acordo com a imaturidade gestacional. 3.Condições Inerentes aos Cuidados ou Serviços de Saúde Procedimentos invasivos e cuidados intensivos interferem com as barreiras naturais contra as infecções; Falhas dos serviços de saúde tais como UTIs com excesso de pacientes; problemas de adesão da equipe às medidas de controle, como a lavagem das mãos; rodízio excessivo de pessoal, falta de planejamento para realização de exames resultando em múltiplas coletas; A permanência hospitalar aumentada e o uso de antibióticos nos RNs de alto risco favorecem a infecção por organismos multirresistentes. 4.Fontes de Infecção Microbiota exógena do RN: veiculação pelas mãos, equipamentos, fluidos, cateteres, que geralmente são responsáveis por surtos; Microbiota endógena do RN: pressão seletiva dos antimicrobianos; Uso de leite do Banco de Leite Humano Pasteurizado que apesar dos benefícios não contém anticorpos maternos e se não preparado adequadamente pode ser fonte de infecção; Uso de fórmulas de nutrição enteral com preparo e ou armazenamento inadequado; Uso de fórmulas convencionais favorece a colonização do TGI principalmente por enterobactérias; Uso de NPP é o principal fator de risco para bacteremia por estafilococo e fungos; Uso de Hemocomponentes uma vez que o concentrado de hemácias irradiado e filtrado não repõe imunoglobulinas perdidas, além do risco de transmissão do vírus da Hepatite B e C, HIV, HTLV1, D. Chagas e CMV.
4 II- MEDIDAS DE CONTROLE 1.Meio Ambiente Na Santa Casa o Berçário tem características mistas, sendo unidade de recepção e cuidados intermediários (CI) e a maior parte dos RNs fica em alojamento conjunto (AC). Assim sendo de acordo com a RDC Nº50 são os seguintes os parâmetros a serem obedecidos: a- Espaço físico e número de leitos: Berçário e CI 2,2m 2 por berço com distância mínima de 0,6m entre os berços (RN sadio) e paredes e 4,5m 2 por berço com distância de 1m entre berços para os demais; Os berços só podem estar junto à parede na cabeceira. Na Unidade Berçário/CI deve ser reservado área para prescrição médica relativa aos pacientes da Unidade de no mínimo 2m 2 ; Máximo de 3 berços na Unidade da SCMG; No Alojamento Conjunto (AC) o berço deve ser localizado ao lado do leito da mãe e afastado 0,6m de outro berço.os berços só podem estar junto à parede na cabeceira; Cada enfermaria deve abrigar no máximo seis binômios (leito da mãe e berço); O Posto de Enfermagem contíguo ao berçário deve ser compartilhado com o da unidade de internação (AC/Maternidade) e neste setor devem ser armazenados medicamentos, e outros insumos necessários ao atendimento dos RNs; Não são necessários leitos de isolamento no berçário desde que para a maioria das doenças as incubadoras representam o ambiente adequado para evitar a transmissão de infecções. b- Pias: Nas unidades Berçário/CI/AC é obrigatória a presença de pia com bancada e água quente para cuidados do RN; Nas Unidades Berçário/CI/AC é obrigatória a presença de pia exclusiva para lavagem das mãos; 2.Equipe de Saúde e Equipamentos de Proteção Individual a- Avental: Indicado no Berçário para quem entrar em contato com o RN, devendo ser trocado entre manuseio de um RN e outro.
5 b- Gorros, Propés e Máscara: Não é necessário o uso indiscriminado de propés, gorros e máscara. c- Luvas: O uso de luvas está indicado em situações onde está previsto contato com sangue e secreções. Observação: Profissionais com infecção de vias aéreas superiores, gastroenterite, dermatite, herpes e contactantes de varicela devem evitar contato com o RN. 3.Cuidados com o RN: a- Prevenção de Oftalmia Gonocócica: Recomenda-se o uso na Santa Casa do Vitelinato de Prata (ARGIROL 10%) 1 gota no saco conjuntival, ainda no Centro Obstétrico, como profilaxia tópica da infecção da oftalmia gonocócica. Este colírio entretanto não é efetivo para prevenção de infecção por Clamydia trachomatis. b- Banho: O banho deve ser dado, após a estabilização do RN (1-6H), com água e sabão liquido neutro (ou em barra individual); A genitália externa deve ser higienizada antes do banho; Não é necessária água estéril; A bacia para o banho é de uso único e será processada na CME; O uso de anti-sépticos no banho só deve ser utilizado em caso de surtos de impetigo no berçário - e neste caso o anti-séptico a ser utilizado é a Clorhexidina degermante; Iodóforos não devem ser usados face à toxicidade sobre a tireóide; c- Exame Físico Diário: Lavagem criteriosa das mãos retirando anéis pulseiras e relógios, em seguida antisepsia com álcool glicerinado 2%, a cada RN; Usar máscara descartável; Usar luvas de procedimento nas primeiras 12H dos RNs na Unidade de CI ou se houver presença de sangue ou secreções; Examinar o RN no próprio berço preferencialmente; Limpar com água e sabão e desinfetar estetoscópios com álcool a 70% a cada uso. d- Coto umbilical: Após cortar o cordão este deve ser fixado em condições estéreis e o curativo deve ser feito com álcool a 70% e permanecer descoberto; Iodóforos não devem ser usados face à toxicidade sobre a tireóide. e- Acesso venoso central:
6 O acesso venoso central deve ser incomum em nossa realidade atual, mas se necessário deverá ser feito utilizando-se técnica asséptica, com uso de avental, máscaras e luvas cirúrgicas estéreis. Deve ser requisitada bandeja específica para procedimento à CME. A troca de curativos deve ser diária e a limpeza deve ser feita com soro fisiológico e álcool a 70%; A flebotomia deve ser evitada pois é procedimento de alto risco de infecção. A via umbilical deve ser reservada para exosanguíneo transfusão; (Veja também Rotina de Prevenção de Infecção em Corrente Sanguínea e Acesso Vascular) f- Acesso venoso periférico: Usar álcool a 70% para anti-sepsia do local a ser puncionado. Não palpar a veia após anti-sepsia; No preparo dos medicamentos fazer desinfecção das ampolas com álcool a 70% antes de quebrá-las, bem como das borrachas dos frascos antes de inserir agulha para aspirar; Fazer a desinfecção do frasco de soro com álcool 70% antes de romper o lacre; Não desconectar o equipo para infusão; Não perfurar o frasco de soro para retirar o ar. g- Assistência ventilatória: A assistência ventilatória com uso de respiradores não será rotina na SCMG; Os líquidos de nebulização e umidificação devem ser estéreis e trocados a cada 24H; O líquido condensado nos circuitos deve ser desprezado; A aspiração deve ser realizada com luva estéril para a mão que entra em contato com a sonda; 4.Equipamentos a- Estetoscópios e termômetros: Devem ser limpos com água e sabão e sofrer desinfecção com fricção de álcool a 70% a cada uso. b- Esfigmomanômetro: Se houver contaminação com matéria orgânica encaminhar à lavanderia para lavagem térmica. c- Berços comuns e aquecidos: Devem ser limpos diariamente com água e sabão. A desinfecção deve ser semanal e por ocasião da alta com hipoclorito de sódio a 0,02%na parte acrílica e álcool a 70% na parte metálica. d- Incubadoras: Devem ser limpos diariamente com água e sabão;
7 A desinfecção deve ser semanal e por ocasião da alta com hipoclorito de sódio a 0,02%na parte acrílica e álcool a 70% na parte metálica; Os filtros de ar localizado na parte posterior esquerda da incubadora devem ser trocados de acordo com a recomendação dos fabricantes (em geral a cada 90 dias). Para tanto basta retirar os dois parafusos de fixação da tampa do respectivo compartimento, remover o filtro usado e instalar novo. Após a troca datar e assinar utilizando fita adesiva, afixar na incubadora para controle da troca. Observação: Se a incubadora for usada por alguma criança com doença infecto contagiosa, o filtro deverá ser trocado após o uso. e- Bacias: Deverão ser encaminhadas para CME que deverá lavar e esterilizar após cada uso. f- Balanças: Limpar diariamente com água e sabão; Se houver contaminação com matéria orgânica remover com papel absorvente, limpar com água e sabão,enxugar e friccionar com álcool a 70% por 30 ; g- Bancadas: Limpar diariamente com água e sabão e aplicar Hipoclorito a 1% em toda superfície por 30 ; Secar naturalmente; Se houver contaminação com matéria orgânica remover com papel absorvente, limpar com água e sabão, enxugar e aplicar Hipoclorito a 1% por 30. h- Laringoscópios e lâminas: Lâmina : Devem ser enviados para CME para processamento. Cabo: Limpar com água e sabão após cada uso, secar e logo após friccionar álcool a 70% em toda extensão por 30. i- Ambú, máscaras, conjuntos de nebulização, aspirador (vidros e tubo de látex e silicone), cânulas de guedel : Devem ser enviados para CME para processamento. j- Gabinete do Aspirador: Após cada uso limpar com água e sabão e secar. k- Umidificador de Oxigênio e ar comprimido: Enviar para CME para processamento diariamente ou após o uso. l- Fototerapia: Semanalmente ou após o uso; Desligar o aparelho, limpar com água e sabão neutro, secar, friccionar com álcool a 70% por 30. As lâmpadas devem ser friccionadas com álcool a 70% por 30.
8 m- Oxihood: Limpar com água e sabão após cada uso,enxaguar e secar; Aplicar solução de hipoclorito de sódio a 1% em toda a superfície da tenda e aguardar 30. Enxaguar com água corrente e secar; Guardar em local apropriado por no máximo 24H. 5.Limpeza e Desinfecção de Ambientes A limpeza de piso, paredes, pias, banheiros, mesas e cadeiras devem obedecer a Rotina de Higienização e Limpeza já padronizada para toda a SCMG e para o setor em particular. 6.Visitas Visitantes devem ter as mesmas restrições que os profissionais de saúde para contato com o RN ou seja aqueles indivíduos com infecção de vias aéreas superiores, gastroenterite, dermatite, herpes e contactantes de varicela devem evitar contato com o RN. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves Filho, MB; Ferrari, ACS; Zaroni, SEM. Berçário.In Rodrigues EAC et al. Infecções hospitalares: prevenção e controle, 1ª Edição, São Paulo: Savier, Oliveira, LA; Matos, JC; Martins, MA.; Neonatatologia. In Martins, MA. Manual de Infecção Hospitalar: Epidemiologia, Prevenção e Controle. 2ª Edição, Rio de Janeiro: MEDSI, 2001, Protocolo sobre limpeza, desinfecção e esterilização em berçário.secretaria Municipal de Saúde, Departamento de Epidemiologia, Coordenação Municipal de Controle de Infecção nos estabelecimentos de Saúde/COMCIES. Mimeo, janeiro Dra. Flávia Valério de L. Gomes Enfermeira SCIH / CCIH Dra. Luciana Augusta A. Mariano Enfermeira SCIH / CCIH Dra. Mônica Ribeiro Costa Infectologista da C.C.I.H. /S.C.I.H.
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