História. Crise da Lavoura canavieira. Professor Cássio Albernaz.
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- Leonor Aranha Caires
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1 História Crise da Lavoura canavieira Professor Cássio Albernaz
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3 História CRISE DA LAVOURA CANAVIEIRA Durante várias décadas, até meados do século XX, quando foi suplantado por São Paulo, Pernambuco foi o principal produtor nacional de açúcar. Até então, seus concorrentes mais importantes - Bahia e Rio de Janeiro - não conseguiram ultrapassá-lo. Na segunda metade do século XVII, o triunfo alcançado pelo açúcar já não era mais o mesmo. Nessa época, os holandeses foram expulsos da região Nordeste principal polo de fabricação do açúcar brasileiro para empreender o cultivo de cana-de-açúcar nas Antilhas. Nesse contexto, Portugal não conseguiu fazer frente ao preço e à qualidade mais competitiva do açúcar antilhano. De tal modo, a produção açucareira entrara em crise. Podemos citar como principais causas da crise do açúcar: - A União Ibérica (1580 a 1640), que estabeleceu o domínio da Espanha sobre Portugal e suas colônias. Este fato fez com que os espanhóis tirassem os holandeses da lucrativa atividade açucareira brasileira, expulsando-os do Nordeste brasileiro. Após este fato os holandeses passaram a produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas. - Os holandeses conheciam o processo de fabricação de açúcar e tinham o controle sobre a distribuição e comercialização deste produto. Logo, conseguiram conquistar os grandes mercados consumidores rapidamente, deixando o açúcar produzido no Brasil em segundo plano no mercado internacional. A concorrência holandesa foi, portanto, uma das principais causas da crise do açúcar brasileiro no período colonial, pois eles conseguiram produzir açúcar mais barato e de melhor qualidade do que o brasileiro. A crise do açúcar reduziu drasticamente os lucros dos senhores de engenho do Nordeste e também diminuiu a arrecadação de impostos, provocando uma crise financeira em Portugal. A coroa portuguesa rapidamente agiu em busca de uma nova forma de exploração colonial. Neste sentido, a coroa portuguesa estimulou a produção de outros gêneros agrícolas no Brasil como, por exemplo, tabaco e algodão. 3
4 Vale ressaltar que, apesar da crise, a produção e exportação de açúcar permaneceram como principais atividades econômicas até o apogeu do Ciclo do Ouro (segunda metade do século XVIII). Essa não seria a primeira e nem a última vez que a produção de açúcar brasileira viria a entrar em crise. A falta de condições para investimento e as várias oscilações experimentadas no mercado externo acabavam por deflagrar esses tempos de crise da economia açucareira. Apesar disso, não podemos nos esquecer que tal atividade econômica sempre figurou entre as mais importantes de nossa economia colonial. E, por isso, nunca chegou a entrar em uma crise definitiva que viesse a encerrar o negócio. Engenho Espadas, em Pernambuco, no Brasil: um exemplo de engenho banguê em funcionamento na década de As inovações em escala internacional introduzidas no século XIX determinaram a necessidade de modernização da indústria açucareira, dando margem ao programa imperial de implantação de engenhos de maior produção. Assim, a partir de 1874 foram implementadas melhorias nos banguês, visando à produção de açúcar branco e demerara, surgindo então as fábricas de maior capacidade de produção. Quando eram de propriedade particular, chamavam-se usinas; quando de empresas comerciais, geralmente estrangeiras, denominavam-se engenhos centrais. O que distinguia umas das outras era que as usinas, sendo de propriedade de antigos senhores de engenho e de parentes e vizinhos associados, não separavam a produção da industrialização da cana e utilizavam a mãode-obra escrava, enquanto os engenhos centrais, subsidiados e com garantias de juros do capital aplicado pelo governo, tinham restrições quanto à posse de terras para a cultura da cana e à utilização da mão-de-obra escrava. A produção da cana a ser industrializada nos engenhos centrais era feita por proprietários de terra, antigos senhores de engenho que a vendiam ao engenho central, comprometendo-se a fornecer cotas anuais. Esses proprietários de engenho que desmontavam a sua indústria, eram chamados de fornecedores de cana, substituindo os banguezeiros. ad12d85970a7dc302.jpg 4
5 História Crise da Lavoura Canavieira Prof. Cássio Albernaz Os engenhos centrais instalados em Pernambuco a partir de 1884 tiveram pequena duração. Muitos deles foram vendidos a usineiros, sobretudo após a proclamação da República, face ao poder político que os chefes regionais passaram a exercer após a descentralização promovida pelo 15 de novembro. O processo de extinção dos engenhos banguês e a sua substituição por usinas e engenhos centrais iniciado no último quarto do século XIX foi lento a princípio. Posteriormente houve uma tal aceleração, que em 1914 já colocara em funcionamento cerca de 56 usinas. Os engenhos centrais foram fechados ou transformados em usinas após a proclamação da República. Do século XVIII ao XIX o açúcar continuou a ter importância na economia do nosso país, embora o café viesse a se tornar o principal produto brasileiro. Mas pouco a pouco o açúcar perdeu mercado e foi deixando de ser a base de sustentação da nossa economia. Outros acontecimentos que prejudicaram o açúcar brasileiro, já no século XIX, foram o Bloqueio de Napoleão Bonaparte contra os navios ingleses transportadores de açúcar do nosso continente para o mercado consumidor europeu e o aparecimento do açúcar de beterraba, o chamado açúcar alemão. Esse novo produto foi utilizado pelos países consumidores como um produto substituto ao açúcar da cana, ocorrendo o agravamento da crise do nosso açúcar e os maus efeitos decorrentes da monocultura latifundiária em nossa economia. Assim, a partir de meados do século XVIII e durante todo o século XIX, o preço do açúcar permaneceu reduzido à metade. Sem recursos próprios para conter a desvalorização do açúcar o Governo de Portugal e os produtores portugueses mudam atenção para o café, no século XIX. %252520MUNDO%252520EDUCACAO.jpg Dessa forma houve no próprio funcionamento do ciclo do açúcar, elementos negativos que impediram sua viabilidade ao progresso. Ocorrendo, então, o encerramento do monopólio da economia açucareira que manteve sua importância, porém deixou de ser o principal produto e a base de sustentação da economia brasileira. 5
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