Maria Helena Primon lema Pes-graduaCao/USP
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- Artur Edson Penha Barata
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1 Maria Helena Primon lema Pes-graduaCao/USP 1. lntroducao Embora a lingua inglesa seja amplamente difundida a ponto de "respirarmos ingles por todas as partes, de inumerros estudos terem e estarem sendo feitos, de as gramaticas s~ rem cada vez mais completas, da variedade de dicionarios, alguns aspectos lingaisticos merecem ainda urnestudo mais aprofundado, seja para sua melhor compreensao, para a facilitacao da vida do usuario da lingua, seja porque tais estudos ainda nao esgotaram 0 tema. Urndesses aspectos diz respeito aos phrasal verbs, pae te essencial da lingua inglesa, em especial da modalidade oral constituida de uma base verbal e uma particula, que pode ser adverbial (make up, give in, put down), preposicional (look after, go for) ou ambas (put up with / away with). Sao consideradas unidades por assim se comportarem tanto sintatica / quanta semanticamente. Sintaticamente, pois pedem complemen - tos como qualquer outro verbo da lingua; semanticamente, porque seu significado nao pode ser depreendido a partir do significado das partes, mas da unidade como urntodo. sao, portag to, unidades complexas. Nesta perspectiva, pretendemos estudar problemas q~~ I estas estruturas acarretam para 0 ensino, propor alternativas possiveis e, urnobjetivo mais ambicioso, comparar duas lin guas de acordo com os procedimentos da Teoria Gramatical. Entretanto, este trabalho, dados os limites, restringir-se-a a revisar 0 tratamento de tais unidades em algumas gramaticas / pedagegicas disponiveis, e na gramatica de Quirk (1985). 2. AS GRAMATlCAS PEDAGeGlCAS E 0 MODELO DE QUIRK As gramaticas pedagegicas do ingles pouco fazem alem de dar algumas definicoes e regras de uso. Thomson (1986) detem-se em dizer que colocar preposicoes ou adverbios apes alguns verbos se faz para obter uma va riedade de significados, mas nao vai alem disso. Divide as combinacoes em transitivas e intransitivas e faz uma listagem de alguns exemplos.
2 Uma das mais difundidas grmaticas, a de Swan (1984) classifica os phrasal verbs em transitivos e intransitivos,nao mencionando que tipo de verba ou de particula seria mais adequada. Sobre 0 significado, diz aoenas que em alguns casos 0 verbo mantern seu sentido e que a particu1a funciona como urn intensificador (break up, tire out, etc). Em outros casos, a combinacao ternurnsignificado bastante diferente do de suas / partes: ~ive up (; surrender), ou seja, combinacoes cujo significado e literal e outras cujo significado e idiomatico. De qualquer forma, diz sobre os idiomaticos: 0 unico modo de depreender seu significado e consu1tando 0 dicionario. Graver (1989), em poucas limhas, refere-se ao significado dos phrasal verbs como nao podendo ser previsto partin - do-se dos constituintes. Sobre sua sintaxe, 0 autor nada diz; o que, alias, as tres gramaticas vistas tambem nao fazem: nao levam em conta as relacoes sintaticas qundo buscam defunir / tais unidades. t neste ponto que Quirk (1985) se diferencia. Ele se apoiara em conceitos como complementacao e coesao para explicar tal fenomeno da lingua Para 0 autor, esta e amis urnaquestao de complementa - cao, a qual define como sendo "a parte de urnsintagma ou oracao que segue a palavra e completa a especificacao da relacao de sentido que implica tal pa1avra" (id.ibid: 1150) - item lexical. Para e1e, tal nocao e fundamental para se entender a lingua, tanto que os verbos sac c1assificados de acordo com sua complementacao (transitivo, intransitivo, copular, etc). Sobre coesao, 0 autor se vale do conceito proposto por Halliday & Hasan (1976); embora os autores considerem tal co ceito como semantico, Quirk afirma que existem sinais sintaticos de coesao. para aqueles, a coesao "ocorre quando a in - terpretacao de a1gum elemento no discurso e dependente de outro e1emento" (1976:4); para Quirk coesao e sinonimo de idiomaticidade, pois 0 significado da forma nao pode ser previsto das partes. Quando se terna forma give up, 0 que a diferencia de outras possibilidades da lingua e que nao adianta quebrarmos a unidade, nao depreenderemos seu significado assim, ou seja, give + up isolados nao resultam em give up (;surrender). t, portanto, uma forma coesa, logo, idiomatica. Quanto aos phrasal verbs, Quirk divide-os em intransi-, tivos (Tipo I) e transitivos (Tipo II). A respeito do Tipo I,
3 823 e formado de um verbo mais uma particula adverbial; seu uso e normalmente informal, com a particula funcionando como um adjunto do predicado. (Ex.: The plane has taken off). Sobre 0 Tipo II, sao assim chamados transitivos por pedirem um objeto direto como complementador; podendo a particula preceder ou nao 0 objeto direto (Ex.: They turned on the light ou They turned the light off). Quirk baseia suas comparacoes sobremaneira nas free / combinations, combinacoes livres da lingua que nao funcionam como multi-word verbs. Diz ele que os phrasal verbs devem ser distintos lexicalmente das free combinations sintaticas. segundo 0 autor uma expressao altamente idiomatica (coesa) nao suporta tal v~ riacao, pois as duas unidades fundem-se numa so que nao permi te substituicoes individuais. Entretanto, ha casos nao muito claros entre os dois extremos (free combinations e phrasal verbs), mas apenas um numero limitado, do qual e possivel ex trair-se um exemplo semi-idiomatico (Turn on the light). Com 0 Tipo II dos phrasal verbs nao ha metodo totalmente eficaz de se testar a coesao (idiomaticidade) atraves da colocacao da particula antes do sujeito, algo que nem sempre e possivel com as free combinations. Urnoutro teste de inde - pendencia (nao-coesao = nao-idiomatico), e a insercao de urn adverbio antes da particula. Este ultimo e um teste que pode selecionar a combinacao nao-idiomatica, embora algumas combin~ coes deste grupo nao permitam facilmente a possibilidade de c locacao de uma particula apos 0 objeto, exceto se ele for urn pronome. A fixacao da ordem SVAO (sujeito-verbo-adjunto-objeto) tende a ocorrer onde ha forte idiomaticidade (freqden~emente estabelecendo a diferenca entre metaforico e literal) entre 0 phrasal verb e 0 objeto. Em adicao, a particula nao pode ser colocada normalmente apos uma oracao-objeto (clausal object), tal como a oracao em -ing, mesmo quando reduzida. (*She gave trying up). Paralelamente, alguns phrasal verbs nao permitem a colocacao da particula antes do objeto. Em alguns casos, a ordem SVAO e provavelmente evitada por causa da ambigdidade pois tambem a ordem tende a ser fixrda pela convencao idiom! tica. Propoe, ainda alguns meios de reconhimento dos phrasal verbs: - a inabilidade de movimento da particula para uma posicao an
4 terior ao sintagma nominal (She called her friends on). - tonicidade (The light was switched ON). Entretanto, tal c~~ terio nao e confiavel, pois preposicoes como across, over e without recebem a tonicidade, e outros fatores podem afetar 0 posicionamento do nucleo. - quando 0 sintagma nominal precedente ao verbo e urnpronome pessoal, 0 objeto direto segue a particula (They called him up) - urn adverbio (funcionando como adjunto) nao pode ser inserido entre 0 verba e a particula (* They called anqrily the dea~ - a particula do phrasal verb nao pode preceder urn pronome relativo no inicio de uma oracao relativa (*The man up whom they called) - da mesma forma, a particula do phrasal verb nao pode preceder urna palav~a interrogativa no inicio de uma.oracao-wh (*Up which man did they call?). Quirk ainda agrupa urnoutro tipo, 0 dos phrasal / prepositional verbs, assim chamados por serem combinacoes de verba + particula adverbial + particula preposicional (put up with tolerate, 100 in on = visit). Propoes, ainda, alguns criterios sintiticos para 0 estabelecimento do status idiomitico: A- A unidade semantica dos multi-word verbs pode freqdentemea te ser manifestada pela substituicao por urnverba de urna so palavra (visit call on ). Todavia, este criterio nio e sempre confiivel: primeiro porque hi multi-word verbs como qet away with, que nao possuem equivalente de urna so palavra/ segundo, hi combinacoes nao-idiomiticas, como qo across ( cros~ que possuem tal equivalente. B- 0 fato de que 0 significado de certa construcio nao pode ser previsto das partes pode ser verificado pelo fato ~o significado do verba ou da particula nao permanecer constante / quando outras partes dela sac substituidas. Este criterio nos leva a reconhecer tres categorias principais: (i) combinacoes livres, nao-idiomaticas, em que 0 significado individual dos componentes se mantenha mesmo quando das substituicoes. (ii) construcoes "semi-idiomiticas" que sac variaveis, mas de urnmodo mais limitado. A relacao entre 0 verbo e a particula e similar aquela entre a raiz e 0 afixo na formacao de palavra, em que a substituicao de urnverbo. por outro, ou de urna
5 825 particula po~outra, implica limitacao da produtividade. Em phrasal verbs como find out 0 verba man tern seu significado enquanto que 0 significado da particula e menos facil de se isolar. (iii) construcoes altamente idiomaticas como bring up. Sao a solutamente idi~maticas porque nao ha possibilidade de substi tuicao contrastiva: bring up/ down, etc. 3. CONSIOERACoES FINAlS Feitos estes comentarios, 0 que vale ressaltar e que embora Quirk nao 0 diga explicitamente utiliza criterios da Teoria Gramatical, como posicionamento e complementacao pa ra explicar os phrasal verbs como parte da categoria, se assim podemos chamar, dos multi-word verbs. Quanto a questao pedagogica, e sabido que tais es - truturas representam dificuldades tanto para 0 professor / quanta para 0 aluno. 0 ensino dessas construcoes, acreditamo~ podera ser facilitado relacionando-se os aspectos da coesao / com a Teoria Gramatical no que diz respeito a aproximacao dos sistemas do ingles e do portugues, por meio das nocoes de PrincIpios e Parametros. PALAVRAS-CHAVES: phrasal verbs, complementacao, coesao sintatica, idiomaticidade. BIBLIOGRAFIA GRAVER,B.D. An advanced English grammar. London, &ongman,1989 HALLIDAY,M.A.K. & HASAN, R. Cohesion in English.London,Longman QUIRK,R, et alii. A comprehensive grammar of the English language. London, Longman, SWAN,M. A practical English usage. Oxford, Oxford University Press, THOMSOM, A.J. et al. A practical English grammar. London Oxford University Press, 1986.
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