VIII Jornada de Estágio de Serviço Social.

Transcrição

1 CARACTERIZAÇÃO DA PRATICA DO SERVIÇO SOCIAL NO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL REGIONAL DE PONTA GROSSA-WALLACE THADEU DE MELLO E SILVA CARRIEL, Maria Cristina 1 SANTOS, Elaine Ferreira 2 VRIESMAN, Melissa Paula Santos Mozachi 3 MEDEIROS, Julia Dalcol 4 WERNER, Rosiléa Clara 5 RESUMO O Hospital Regional de Ponta Grossa foi inaugurado em março de 2010, com vista a se tornar um hospital escola e proporcionar estágio para graduações na área da saúde. O Hospital atende exclusivamente pacientes usuários do Sistema Único de Saúde - SUS, tendo como mantenedora a Secretaria Estadual da Saúde. O Serviço Social é uma profissão da saúde, reconhecida através da resolução nº 218, de 6/03/1997 do Conselho Nacional de Saúde. É uma profissão que atua com fenômenos socioculturais e econômicos, no atendimento das demandas imediatas da população. Viabiliza acesso às informações e ações educativas, para que a saúde possa ser percebida como produto das condições de vida e da dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas. O objetivo do presente texto é caracterizar a prática do Serviço Social no ambulatório de especialidades do Hospital Regional de Ponta Grossa Wallace Thadeu de Mello e Silva, espaço de formação para estagiários de Serviço Social. O Estágio permite a relação teoria-prática ao realizar a reflexão das atividades desenvolvidas de forma articulada ao conhecimento teórico, e, através dos projetos de intervenção propicia aos pacientes, experiências, orientações e informações adequadas que o auxiliem na conquista de sua autonomia em termos de promoção, proteção e recuperação da saúde e estimular a participação destes na busca pela efetivação de seu direito à saúde. Palavras-chave: educação em saúde, direito à saúde, ambulatório 1 Acadêmica de quarto ano de Serviço Social da UEPG, estagiária no Ambulatório de Especialidades do Hospital Regional de Ponta Grossa. 2 Acadêmica de Terceiro ano de Serviço Social da UEPG, estagiária no Ambulatório de Especialidades do Hospital Regional de Ponta Grossa 3 Assistente Social do Hospital Regional de Ponta Grossa 4 Assistente Social do Hospital Regional de Ponta Grossa 5 Doutora em Serviço Social, professora do curso de Serviço Social da UEPG e

2 INTRODUÇÃO A partir das novas configurações no âmbito da saúde, tornando-a direito do cidadão e dever do Estado, seguido do conceito ampliado da relação saúde-doença, trazido pela 8ª Conferência Nacional de Saúde e da 10º Conferencia Nacional que reafirma a necessidade de consolidar o SUS e que as ações devem se dar na perspectiva interdisciplinar, o Conselho Federal de Serviço Social na resolução nº 383, de 29/03/1999 caracteriza o assistente social como profissional da saúde. A resolução nº 218, de 6/03/1997 do Conselho Nacional de Saúde estabelece o assistente social como profissional da Saúde, sendo este capaz de intervir em fenômenos socioculturais e econômicos, contribuindo para o atendimento das demandas imediatas da população, além de facilitar o acesso às informações e ações educativas para que a saúde possa ser percebida como produto das condições de vida e da dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas. O presente artigo tem por finalidade, caracterizar a prática do Serviço Social no Ambulatório do Hospital Regional de Ponta Grossa. O ambulatório tem duas assistentes sociais e duas estagiárias do curso de Serviço Social. Destaca-se que os demais setores do hospital, sendo a clinica cirúrgica, médica e unidade de terapia intensiva - UTI, contam com o trabalho de uma assistente social e uma estagiária. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO O Hospital Regional de Ponta Grossa HRPG foi inaugurado em 31 de março de 2010, recebendo a denominação de Wallace Thadeu de Mello e Silva. Atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde. Tem como mantenedora a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná, de acordo com a Portaria nº 2.224/GM 5/12/2002 caracteriza-se como Hospital de Média e Alta complexidade, no entanto, desde sua inauguração até o presente momento seus serviços estão sendo ofertados de forma gradativa realizando hoje somente assistência de média complexidade. Presta atendimentos para os municípios da 3.ª Regional de Saúde, sendo: Arapoti, Carambeí, Castro, Ipiranga, Ivaí, Jaguariaíva, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta Grossa, Porto Amazonas, São João do Triunfo e Sengés.

3 OBJETIVO DO ESTÁGIO Possibilitar a relação teoria-prática, realizando a reflexão das atividades desenvolvidas de forma articulada ao conhecimento teórico adquirido na academia para contribuir à formação profissional e através dos projetos de intervenção propiciar aos pacientes experiências, orientações e informações adequadas que o auxiliem na conquista de sua autonomia em termos de promoção, proteção e recuperação da saúde e estimular a participação destes na busca pela efetivação de seu direito à saúde. METODOLOGIA DOS TRABALHOS REALIZADOS. No cotidiano de trabalho do Serviço Social, tem-se priorizado as ações socioassistenciais junto aos usuários dos serviços de saúde, essa intervenção reflete como, solução por atendimento, como o agendamento de consultas, reclamações de pacientes devido a falta ou qualidade do atendimento, desigualdade nos serviços, agravamento de algumas situações, solicitação de orientações previdenciárias O trabalho desenvolvido pelas estagiárias de Serviço Social no âmbito do ambulatório de especialidades consiste por um lado, acompanhar as atividades das assistentes sociais que atuam no HRPG, entre elas, o atendimento direto a pacientes e acompanhantes e/ou familiares, através da realização de orientações como forma de acesso aos serviços prestados no HRPG, orientações previdenciárias, articulação com recursos da comunidade com vistas à garantia de direitos, orientações sobre direitos relativos ao Tratamento Fora do Domicílio TFD. E por outro lado desenvolver atividades de educação em saúde, socializando informações com as pacientes de ginecologia com o tema climatério e menopausa e demais assuntos relacionados a saúde da mulher, o acompanhamento de caso dos pacientes do ambulatório de dor crônica juntamente com a neurologia onde se desenvolve atividades de educação em saúde a partir de temas comuns (identificado pelas demandas) levantados a partir do acompanhamento das consultas.

4 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS As ações desenvolvidas pelas estagiárias visam garantia do atendimento dos usuários do SUS, as informações socializadas objetivam a luta e mobilização dos usuários quanto aos seus direitos. No cotidiano do Serviço Social na unidade percebemos que as demandas mais comuns eram advindas do ambulatório de neurologia e ginecologia, e a partir disso juntamente com as supervisoras de estágio realizamos parceria com o ambulatório de ginecologia e neurologia, desenvolvendo atividades de educação em saúde de acordo com as demandas comuns dos usuários e no caso da neurologia, é realizado o acompanhamento de caso de pacientes. O debate teórico do serviço social acerca da política de saúde tem como base o movimento de reforma sanitária, onde se expressam as lutas da sociedade civil organizada em prol da conquista de uma verdadeira democracia voltada às necessidades da população. O projeto ético-político da profissão se volta ao compromisso com os interesses da classe trabalhadora em seus mais diferentes segmentos, fomentando a busca por uma sociedade mais justa e igualitária, verdadeiramente democrática. Dessa forma, de acordo com Vasconcelos: [...] aos assistentes sociais que objetivem romper com práticas conservadoras, não cabe reproduzir o processo de trabalho capitalista alienante. Há então que, historicamente, buscarmos a ruptura- através do trabalho e das relações sociais-, com as formas capitalistas de trabalhar e pensar e buscar um trabalho que, além de prestar assistência, resulte num processo educativo; num bem e não num produto a ser consumido. Um trabalho, desse modo, consciente que exige a capacidade de antecipar, de projetar, capacidade que não está dada, mas é um fim a alcançar, algo a construir (VASCONCELOS, 2002, P.114) O serviço social deve ir além dos encaminhamentos e plantões desempenhando uma prática reflexiva, propositiva, desempenhando além de funções burocráticas, ações voltadas a viabilização do acesso ao direito e conquistas para o campo da saúde visando a emancipação dos sujeitos, a mobilização para qualidade dos serviços, autonomia do usuário e que este efetue o controle social tornando-se responsável também pela política de saúde, utilizando os meios de participação e reivindicação dos seus direitos para que, através do conselhos de saúde as demandas sejam levantadas afim de que as necessidades

5 prioritárias dos cidadãos sejam atendidas e a condição de saúde da população seja elevada, juntamente com as condições de vida. Que o foco do atendimento seja além da cura, a promoção da saúde, da qualidade de vida considerando os aspectos sociais e econômicos que interferem na condição de saúde do paciente. As atividades educativas voltadas à socialização das informações que possibilitem o empoderamento dos pacientes para participarem do processo de recuperação de sua saúde podem ser desenvolvidas a partir de demandas levantadas no atendimento individual no plantão, para tanto é preciso considerar que: O assistente social realiza atividades que incidem sobre comportamentos e atitudes da população e tem na linguagem seu principal instrumento privilegiado de ação. Isso lhe permite trabalhar nas expressões concretas das relações sociais, no cotidiano da vida dos sujeitos e faz com que disponha de relativa autonomia na condução do exercício de suas funções institucionais (Iamamoto, 2007 apud Sodré, 2010 p.471) O Serviço Social do ambulatório de especialidades do HRPG, está atendo no seu cotidiano, as demandas trazidas pelos usuários e pelos profissionais que atuam no ambulatório como, médicos e equipe de enfermagem, e busca orientar os usuários para o acesso aos serviços de saúde de qualidade e estimular o controle social. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. (Org) Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. São Paulo: Saraiva, 29.ed. atual e ampliada 2002 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.224/GM em 5 de dezembro de Disponível em: htm. acesso dia 20 de setembro de 2012, CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE - CNS. Resolução n 218 reconhece o assistente social, juntamente com outras categorias, como profissional de saúde de nível superior. Brasília, 06 de março de1997. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Série: Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais. Brasília, p. 42

6 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução CFESS nº 383, de 29 de março de Caracteriza o assistente social como profissional de saúde. Disponível em: acesso em: 18 de setembro de COSTA, Maria Dalva Horácio da. O Trabalho nos Serviços de Saúde e a Inserção dos(as) Assistentes Sociais Disponível em:< Acesso em: 18 de setembro de MIOTO, Regina Célia Tamaso; NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro. Sistematização, planejamento e avaliação das ações dos assistentes sociais no campo da s aúde. In: MOTA, Ana Elisabete [et al.], (Org). Serviço Social e saúde. Formação e trabalho profissional. 2 ed. São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, P OLIVAR. Mônica S.P. O campo político da saúde do trabalhador. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 102, p , abr./jun SODRÉ. Francis. Serviço Social e o Campo da Saúde: para além dos encaminhamentos e plantões. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 103, p , jul./set OLIVEIRA. Raimunda. N.C. O agir comunicativo nas práticas de educação em saúde em saúde pública. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 106, p , abr./jun VASCONCELOS. Ana Maria. Serviço Social e Práticas Democráticas, in: BRAVO. Maria I.S (org); PEREIRA. Potyara A.P. Política Social e Democracia. 2ªed. Cortez. São Paulo, 2002.