Serviço social na área da saúde e reabilitação: aspectos teóricos e práticos
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- Leonor Palha Castanho
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1 Universidade de São Paulo Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC Comunicações em Eventos - HRAC Serviço social na área da saúde e reabilitação: aspectos teóricos e práticos Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas, 44, 2011, Bauru. Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo
2 Serviço Social na área da saúde e reabilitação: Aspectos teóricos e práticos Regina Célia Meira GARCIA Diretora Técnica do Serviço Social, HRAC-USP A saúde, entendida como um direito universal e dever do Estado, foi um dos principais pontos aprovados na Constituição de 1988, cabendo ao SUS Sistema Único de Saúde integrar todos os serviços públicos em uma rede hierarquizada, regionalizada, descentralizada e de atendimento integral com participação da comunidade. Para se estabelecer à regionalização, foi proposto pelo SUS a hierarquização das instituições de saúde em atenção primária (unidades básicas de saúde), secundária (ambulatórios especializados) e terciárias (hospitais especializados), filosofia esta que visa racionalizar a duplicação e melhorar o aproveitamento de recursos e investimento, que a sociedade direta ou indiretamente aplica na área da saúde. O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo- HRAC/USP é um serviço de atenção terciária, constituindo-se em um subsistema público de alta tecnologia especializado no tratamento das pessoas com anomalias craniofaciais, síndromes relacionadas e/ou distúrbios da audição. O tratamento envolve a ação de uma equipe interdisciplinar definida como a interação de várias disciplinas, numa relação de reciprocidade, mutualidade e diálogo. Segundo Rodrigues ON, o Serviço Social é uma profissão interdisciplinar por excelência, uma vez que articula diferentes conhecimentos de modo próprio, num movimento crítico entre prática e teoria e teoria-prática. Na prática profissional, segundo Baptista as mediações entre a elaboração teórica, a projeção e a intervenção se dão de maneira complexa: tem que responder a questões muito concretas socioeconômicas e políticas de uma sociedade extremamente diversificada colocando-se diante de problemas muito específicos. Nesse espaço, o profissional não tem apenas que analisar o que acontece, mas tem que estabelecer uma crítica, tomar uma posição e decidir por um determinado tipo de intervenção. O Serviço Social tem como desafio construir alternativas profissionais que superem as atividades técnico-burocráticos e focalizem a ação técnico-política viabilizando a participação popular, democratização das instituições, elevação da consciência sanitária e ampliação dos direitos sociais. Bravo (1996)
3 O assistente social em uma equipe de saúde, segundo SILVA, LESSA é o profissional que identifica as necessidades dos usuários e as condições sociais em que ele está inserido. A partir desta visão de totalidade, passa a interpretar junto à equipe aspectos relevantes no âmbito social. Dentro desta perspectiva, deverá estar sempre bem informado quanto aos objetivos e normas da instituição, reconhecer as necessidades dos usuários e disponibilizar os recursos existentes, além de identificar falhas e deficiências a serem corrigidas. No HRAC/USP, o objetivo principal do Serviço Social é viabilizar o acesso e a continuidade do tratamento de pessoas com anomalias craniofaciais, visando sua inclusão numa política de saúde em interface com a de assistência social. Tem como eixo fundamental às questões sociais que interferem no processo de reabilitação prevenindo casos de abandono de tratamento por meio de diferentes programas. Dentre seus objetivos específicos temos: identificar a emancipação e inclusão social; interpretar instituição e o processo de reabilitação; identificar os aspectos sociais, econômicos e culturais relacionados ao processo de reabilitação; prevenir e/o intervir junto às dificuldades sociais, econômicas ou culturais que possam interferir no processo de reabilitação; mobilizar recursos institucionais e comunitários; fornecer à equipe uma visão da realidade socioeconômica e cultural; viabilizar a efetivação dos direitos básicos de cidadania a partir da inclusão em políticas públicas. O Serviço Social no HRAC/USP constitui-se em uma Diretoria Técnica de Serviço ligado à Divisão de Apoio Hospitalar e compreende três seções: Serviço Social Ambulatorial, Serviço Social de Internação e Serviço Social de Projetos Comunitários. Conta com vários programas de prestação de serviços, ensino, pesquisa e gestão desenvolvidas em cada seção. Os programas de prestação de serviços referem-se ao atendimento ao paciente e família nas questões sociais entendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade atual. Destacamos alguns dos Programas de Prestação de Serviços: Acolhimento e atendimento a casos novos; Assistência contínua aos pacientes e familiares; Integração e dinamização hospitalar; Mobilização de recursos institucionais e comunitários; Agentes multiplicadores; Parcerias com Prefeituras Municipais; Carona Amiga; Mobilização do tratamento fora do Domicílio TDF SUS; Parceria com promotorias públicas; Prevenção e controle de abandono de tratamento; Assessoria às associações e núcleos regionais; Parceria entre Serviço Social de Projetos Comunitários e programas de descentralização; Acolhimento e assistência contínua a casos de Bauru e Adoção nacional e internacional. Os programas de ensino e pesquisa do Serviço Social referem-se a sua participação tanto na produção de conhecimentos como na formação de recursos humanos. Os de gestão, visam administrar as atividades do Serviço Social assegurando a qualidade dos programas pautados no exercício de uma prática, competente e comprometida com os usuários do HRAC.
4 Esses programas abrangem as dimensões política, educativa e assistencial. Na política o assistente social viabiliza a garantia dos direitos sociais acionando e criando fluxos de informação e participação contínua. Na educativa o assistente social é o agente de socialização de conhecimentos e propulsor de prática educativa e na assistencial, aciona, articula, e otimiza o uso de recursos comunitários e institucionais disponíveis, visando o enfrentamento das questões sociais. Na área de prestação de serviços, temos o apoio da Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal PROFIS, que é uma entidade com fins filantrópicos, destinada a prestar assistência as pessoas com anomalias craniofaciais em tratamento no HRAC/USP, com o qual é conveniada e mantém constante intercâmbio de idéias e programas. O tratamento demanda vários anos e as dificuldades enfrentadas pelas famílias são muitas (financeiras, geográficas, familiares, etc.). No entanto, a maior parte dos pacientes encontra-se comprometida com a realização do tratamento (70%) ou em alta (11%), com uma minoria em condição de abandono (5,6%), interrupção (1,0%), ignorado (2,4%) e suspenso (4,4%), avaliação inicial (2,6%), além dos casos de óbito (2,5%) e não caracterizados (09,5%). Verifica-se então, 81% de casos em situação regular de tratamento para 16% em situação irregular e 3,0% de não caracterizados e óbitos. Portanto é evidente a importância da atuação do Serviço Social frente a esta situação, por meio de seus diferentes programas que se articulam numa perspectiva de totalidade e cidadania, viabilizando a inclusão social. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BAPTISTA, M.V.A Ação profissional no cotidiano. In: MARTINELLI. M.L.; RODRIGUES ON, M.L.; MUCHAIL, S.T. O uno e o múltiplo nas relações entre as áreas do saber. São Paulo, Cortez, p BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Humaniza SUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização ed. - Brasília : Editora do Ministério da Saúde, p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRAVO, M.I.S. Da distinção política à transição democrática: a questão da saúde e o serviço social. In: BRAVO, M.I.S. Serviço social e reforma sanitária: lutas sociais e práticas profissionais. São Paulo: Cortez, 1996, p GRACIANO, M.I.G. Desafios do Serviço Social no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais USP: assistência, ensino e pesquisa. Serv. Soc. Hosp., v.6-7, p , 1999/2000. GRACIANO, M.I.G.; CUSTÓDIO, S.A.M.; BLATTNER, S.H.B.; GARCIA, R.C.M. Os programas do serviço social do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais/USP na atualidade. Rev. Construindo o Serviço Social. v.8, p.43-50, out GRACIANO, M.I.G.; TAVANO, L.D.A.; BACHEGA, M.I. Aspectos psicossociais da reabilitação. In: TRINDADE, I.E.K.; SILVA FILHO, O.G. da (Coord). Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Editora Santos, p RODRIGUES ON, M.L. O serviço social e a perspectiva interdisciplinar. In: MARTINELLI. M.L.; RODRIGUES
5 ON, M.L.; MUCHAIL, S.T. O uno e o múltiplo nas relações entre as áreas do saber. São Paulo, Cortez, p SILVA, M.L.; LESSA, S.Z.G. Práticas do serviço social na área hospitalar o que mudou. In: SILVA, J.º (org.) Práticas do serviço social: espaços tradicionais e emergentes. Porto Alegre, Da Casa Editora, 1998, p Contato: reginag@usp.br
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