FBHA proibida de atuar na Bahia e condenada a pagar indenização por Danos Morais à FeBHA

Transcrição

1 FBHA proibida de atuar na Bahia e condenada a pagar indenização por Danos Morais à FeBHA A FBHA (Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares), com sede no Rio de Janeiro, foi condenada por sentença do Tribunal Regional da 5ª Região, 20ª Vara do Trabalho de Salvador. A decisão judicial a proíbe de qualquer tipo de atuação no Estado da Bahia junto aos sindicatos da categoria, além de condená-la ao pagamento de indenização por Danos Morais à FeBHA Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação. O juiz Hugo Nunes de Morais acatou reclamação da FeBHA contra atuação predatória da Federação condenada junto aos sindicatos da base baiana. A FeBHA ajuizou ação ordinária contra a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FBHA), alegando que essa entidade vem constante e habitualmente divulgando seja em mídia local Estadual e Nacional, campanha contra a legalidade e legitimidade da Federação baiana, quando a abrangência de sua representatividade no Estado da Bahia, levando não só aos seus filiados e aos demais sindicatos, bem como aos empresários em geral do setor a sérias dúvidas quanto a legalidade ou não da requerente, causando desta forma sérios transtornos frente a sociedade em geral. Em sua analise disse o Juiz A Constituição da República de 1988 consagrou a unicidade sindical no nosso ordenamento pátrio ao dispor que é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município (grifei).a previsão constitucional ora transcrita estabeleceu obediência à unicidade sindical não somente aos sindicatos, referindose enfaticamente a organização sindical em qualquer grau na mesma base territorial. Por sua vez, as organizações sindicais vigentes no nosso país estão especificadas na CLT que, além dos sindicatos, prevê que Constituem associações sindicais de grau

2 superior as federações e confederações organizadas nos termos desta Lei (art. 533). Portanto, a organização sindical pátria está organizada em sindicatos, federações e confederações. Base Territorial Prossegue o Juiz Pois bem. A base territorial mínima de uma Federação consiste em um Estado Federativo, dispondo assim o art. 534, 2º da CLT ao enunciar que As federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio autorizar a constituição de federações interestaduais ou nacionais. Não pode, com isso, uma Federação ter base territorial inferior a um Estado Federativo do Brasil. Tal parágrafo, mesmo porque derivado dele, convive harmonicamente com o caput do artigo que estabelece para formação de uma Federação o mínimo de cinco Sindicatos. Deste modo, falta qualquer razão à parte ré ao afirmar que a base territorial do Estado da Bahia continua com ela uma vez que o Ministério do Trabalho e Emprego, na data de 27/10/2014, como se infere no documento de ID 6b9ae09 Pág. 1 (sequência 191 dos autos), CONCEDEU o registro sindical à parte autora, para Coordenação das entidades a ela filiadas que tenha representação da Categoria econômica dos Hotéis, Restaurantes, Bares, Aparthoteis, Resorts, Hotéis Fazendas, Pousadas, Pensões, Motéis, Cafeterias, Sorveterias, Casas de Chás, Casas de Repouso, Albergues, Lanchonetes, Casas de Festas, Buffets, Pizzarias, Boates, Camping, Hospedarias, Churrascarias, Cantinas, Cervejarias, Fast-Foods, Casas de Lazer e Diversão, na base territorial do Estado da Bahia BA nos termos do art. 14, inciso II, da Portaria 186/08 (grifei). Legitimidade representativa A partir desta concessão pelo órgão competente para registro (nos termos do art. 8º, inciso I da Constituição Federal), a parte ré ficou impedida de atuar no Estado da Bahia sob pena de reduzir e retirar da parte autora a base territorial mínima fixada no art. 534, 2º da CLT. O fato de constar na autorização de registro a expressão para Coordenação das entidades a ela filiadas não quer dizer que os Sindicatos do Estado da Bahia da mesma categoria econômica possam se filiar a outra Federação (à parte ré, por exemplo), mas apenas que

3 não são obrigadas a se filiarem à Federação do seu Estado. Acaso queiram, devem assim proceder na Federação autora, mas não em outra por clara ausência de representatividade. Há prova inequívoca nos autos das ilicitudes cometidas pela demandada. Aliás, por ela própria admitida ao afirmar em sua contestação que apenas tenta esclarecer às empresas representadas por seus sindicatos os limites impostos pelo próprio registro sindical da federação reclamante. Ameaças continuadas O dano, bem como continuadas ameaças, são, de fato, iminentes, havendo urgência nos pleitos da parte autora. O direito, como delineado acima, está amplamente demonstrado. Deste modo, ACOLHO as pretensões da parte autora para: Determinar que a parte ré se abstenha, independentemente do trânsito em julgado, de realizar qualquer ato que atente contra a legitimidade e representatividade da parte autora, a exemplo do envio de s a Sindicatos do Estado Bahia, publicações de Notas em Jornais (a exemplo do documento de ID d60f387 Pág. 1, sequência 33 dos autos), Revistas ou outros meios de comunicação que venha a induzir a erro os Sindicatos do Estado da Bahia quanto à correta representatividade federativa da categoria econômica à qual pertencem, conforme acima decidido, sob pena de pagamento de uma multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por ato praticado; Determinar que a parte ré se abstenha, independentemente do trânsito em julgado, de emitir guias de recolhimento de contribuição sindical em relação a qualquer sindicato do Estado da Bahia, sob pena de pagamento de uma multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por guia emitida. DANOS MORAIS O dano moral pode ser conceituado como o constrangimento que uma pessoa, física ou jurídica, experimenta em consequência de uma lesão em seu direito personalíssimo, causado ilicitamente por outrem. Desse modo, pode-se dizer que, ao contrário do dano material, o dano moral não afeta bens materiais, nem comercialmente redutíveis a dinheiro, mas é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa

4 (intimidade, vida privada, honra, imagem etc.).no caso da pessoa jurídica, tais lesões limitam-se à sua imagem perante a sociedade. Preceitua o inciso X, artigo 5º, da Constituição Federal Brasileira, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem da pessoa, sendo assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. De acordo com a jurisprudência pacífica, o que se exige é a prova dos fatos que ensejam o pedido de indenização por danos morais (arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC), e não a prova dos danos imateriais, esta, de resto, impossível. Portanto, o dano moral verifica-se in re ipsa (a coisa fala por si). No caso, os s e notas publicados pela parte ré (documentos acostados aos autos), colocando em dúvida a representatividade da parte autora, sem sombra de dúvidas trouxe a esta prejuízos à sua imagem perante a sociedade. INDENIZAÇÃO Quanto ao valor do dano moral, cabe ao juiz sopesar critérios como a condição econômica das partes, a gravidade da lesão e o caráter pedagógico para, a partir de tais parâmetros, arbitrar o quantumindenizatório. Levando-se em conta referidos parâmetros, arbitro uma indenização por dano moral no valor de R$ ,00 (vinte mil reais). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Por força da IN 27, art. 5º do C. TST, que dispõe que Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência, DEFIRO o pagamento de honorários no importe de 20% sobre o valor da condenação. CONDENAÇÃO Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a ação movida por pela FEDERACAO BAIANA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTACAO DO ESTADO DA BAHIA contra a FEDERACAO NACIONAL DE HOTEIS RESTAURANTES BARES ESIMILARES, para condenar a demandada nas obrigações de não

5 fazer e de pagar determinadas na fundamentação supra, que passa a integrar o presente dispositivo, como se nele estivesse transcrita. No que tange à correção monetária, deve ser observada a aplicação da Súmula n. 381 do TST e, quanto aos juros de mora, a diretriz do art. 39, 1º, da Lei n /1991. UGO NUNES DE MORAIS Juiz(a) do Trabalho Substituto(a) Fonte: