Faculdade de Letras UFRJ Rio de Janeiro - Brasil
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- Luiz Felipe Clementino de Escobar
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1 02 a 05 setembro 2013 Faculdade de Letras UFRJ Rio de Janeiro - Brasil SIMPÓSIO - Diálogos entre saberes: os estudos culturais na formação profissional do tradutor
2 INDÍCE DE TRABALHOS (em ordem alfabética) A formação do Tradutor como especialista em tradução: implicações sobre o ensino da teoria e da prática tradutória no curso de pós-graduação Simone Vieira Resende Página 03 A (in) traduzibilidade na obra El público de Federico García Lorca Angela dos Santos Página 04 A responsabilidade social do tradutor enquanto mediador inter e transcultural André Luiz Ming García Página 05 As Traduções de Tristessa Para a Língua Portuguesa: Um Estudo Comparativo e Reflexivo Sobre Duas Traduções Divergentes Neuton Vieira Martins Filho Página 07
3 A formação do Tradutor como especialista em tradução: implicações sobre o ensino da teoria e da prática tradutória no curso de pós-graduação Simone Vieira Resende Diferente do aluno que presta o vestibular para um curso de graduação em tradução e que sonha com a profissão de tradutor como seu primeiro emprego, o especialista em tradução já possui um curso de graduação e uma carreira, que na maioria das vezes é muito distante da área tradutória. Contudo, tanto um quanto outro sonham com uma carreira lucrativa e promissora como tradutores. Investigações a respeito do ensino de tradução na universidade já existem (DARIN, 2008; MARTINS, 2008; PAGANO & VASCONCELLOS, 2003; FROMM, 2010; KRIEGER, 2006). Contudo, grande parte dessas pesquisas se baseiam em investigações a respeito dos curso de graduação e consequentemente traçam o perfil de um futuro tradutor diferente daqueles interessados no curso de especialização latu senso. Esse artigo vem ajudar a preencher essa laguna abordando o ensino da tradução no curso de pós-graduação com base na minha experiência como professora de Terminologia e Tradução Técnica na UGF. Essa investigação corrobora o levantamento do perfil desse tradutor em formação, seus objetivos, expectativas e experiências. O objetivo é investigar as implicações para a formação do tradutor no curso de pós-graduação com base na articulação entre os estudos teóricos e a prática de tradução, a partir do relato de experiências a respeito do panorama atual da formação de tradutores em um curso de pós-graduação em tradução. Esse trabalho procura refletir sobre o desafio de equilibrar estudos teóricos e práticos na formação tradutória e trazer contribuições sobre formação do futuro tradutor. O Estudo se divide em quatro partes: a primeira descreve o perfil do aluno, por meio de um relato de suas características, suas expectativas e formação. Esse futuro tradutor, muitas vezes já tem muita experiência em tradução, alguns já têm clientes, alguns já são juramentados e outros ainda têm dificuldades para usar um editor de texto. Essas informações são essenciais para auxiliar nas escolhas e estratégias que o professor de tradução vai abordar no decorrer de seu curso. A segunda parte da pesquisa trata da articulação entre a teoria dos Estudos da Tradução e a prática tradutória durante as aulas, que por sua vez nos conduz a terceira parte a respeito das experiências com o ensino de Terminologia e Tradução Técnica. A quarta e última parte da pesquisa trata das questões fundamentais que o educador pode abordar durante o curso, tais como a gestão terminológica, o culto da pobreza, as dificuldades tecnológicas e os desafios da profissão. Palavras-chave: ensino, tradução, pós-graduação, tradutor em formação. 3
4 A (in) traduzibilidade na obra El público de Federico García Lorca Angela dos Santos Em 1930, García Lorca escreve a obra teatral El público. Em 1975 é publicado o manuscrito completo. Com esta peça ele inaugura uma nova fase de sua produção literária. É avaliada como obra impossível por muitos teóricos, devido a sua complexidade que pode ser explicada não só pelos símbolos e máscaras, mas também pela estrutura fragmentada.a história do texto está envolvida em uma polêmica quanto à sua completude se foi concluída ou não, já que o manuscrito foi encontrado anos depois de sua prematura morte no início da guerra civil espanhola. O texto já era conhecido por alguns amigos de Lorca através de leituras feitas pelo próprio autor. A partir de lembranças dessas leituras é que foi possível organizar a peça em quadros, mas há controvérsias, pois para alguns faltam quadros que completam a obra. Pouco conhecida por parte do público brasileiro, e pode-se dizer que também pelo público espanhol, é uma obra que traz uma carga poética e discute a essência do teatro. Há três traduções de El público. Uma publicada em 1975 pela editora José Aguilar e traduzida por Oscar Mendes. A edição reúne outros textos de Lorca, Diálogos e quatro peças teatrais, dentre elas El público, mas somente dois quadros foram traduzidos, os que foram publicados pela editora Aguilar espanhola. A segunda de 1998 registrada na SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) de Mario García Guillén, tradução e adaptação ao português. A outra tradução é uma dissertação de mestrado que defendi em 2001 pela USP. Tradução anotada e comentada de El público do autor Federico García Lorca. Neste sentido pretendo apresentar parte do estudo desta dissertação e discutir qual a melhor maneira de apresentar uma obra tão complexa para o público brasileiro; os problemas encontrados para traduzir o texto teatral e alguns critérios utilizados na tradução. 4
5 A responsabilidade social do tradutor enquanto mediador inter e transcultural André Luiz Ming García Em sua icônica novela gráfica Sandman, o cultuado escritor Neil Gaiman denomina vórtex a abertura que eventualmente ocorre entre duas dimensões sobrepostas e que, a priori, não estão interligadas, possibilitando, assim, o contato entre ambas. É dest e modo que se pode considerar a tradução, ou o texto resultante de um processo de recodificação textual mediante a evocação de outro sistema linguístico-semiótico- cultural, como um vórtex intercultural, i.e., uma janela a partir da qual aos integrantes de uma dada esfera sociocultural e semiótica é permitido observar o que ocorre no seio de outra. Esse processo exige do tradutor o desenvolvimento de uma competência transcultural, de um saber-fazer que vai muito além da aplicação de seus conhecimentos formais acerca do funcionamento da língua estrangeira em que se sustenta o texto - origem. Não lhe é facultada a possibilidade de conduzir investigações profundas acerca da cultura própria da comunidade do texto original: essa é uma obrigação, e uma responsabilidade indissociável de sua práxis tradutológica. Por esse motivo, urge a necessidade de que, em cursos de formação de tradutores, tanto no ensino médio profissionalizante quanto em nível de graduação e pós-graduação, sejam incluídas disciplinas voltadas ao desenvolvimento da habilidade de mediação intercultural, por meio do ensino e da discussão de aspectos das duas culturas em diálogo: a do texto - origem e a do texto-meta. Analisando traduções espanholas de Gabriela, cravo e canela (Jorge Amado) ao espanhol peninsular e ao catalão, observamos a necessidade de debater o que denominamos responsabilidade social do tradutor, uma vez que este, ao viabilizar o vórtex intercultural, projeta, por meio de seus textos em estado de vir-a-ser (à espera do leitor decodificador que ative as semioses nele contidas), imagens da cultura do outro que serão apresentadas ao membro da cultura estrangeira. No caso das obras em questão, impregnadas de referentes culturais (culturemas) de grande especificidade e representantes da cultura de partes da Bahia, é instigante verificar quais forma tradutores de todo o mundo deram a esses lexemas e imagens em suas (re)composições textuais. Termos como éguas da noite, orixá, abará, bolinhos de puba e siri assumem novas roupagens, não sem um evidente depósito de conteúdos de cunho ideológico que, no caso destas traduções, denunciam o reforço de preconceitos acerca das culturas brasileira e sul-americana tão presentes no imaginário do espanhol médio. Expondo, através desta comunicação, o corpus que construímos de culturemas e suas traduções nos campos gastronômico e religioso, demonstraremos, mediante 5
6 a análise dos dados obtidos, que a desinformação dos tradutores em questão e o peso de sua própria estereotipagem da cultura baiana/brasileira aponta, como mencionamos, para a necessidade de que a sua formação inclua fortemente o estudo da cultura do outro, estimule a valorização da alteridade e permita que se faça jus à sua responsabilidade social enquanto mediador intercultural, capaz de estabelecer laços entre esferas culturais e de auxiliar na criação de novos conceitos, em vez de reforçar preconceitos e desavenças, sobretudo no caso de um país (Espanha) que vem atraindo, desde a última década, um considerável volume de imigrantes e estudantes brasileiros. 6 6
7 As Traduções de Tristessa Para a Língua Portuguesa: Um Estudo Comparativo ereflexivo Sobre Duas Traduções Divergentes Neuton Vieira Martins O presente trabalho consiste em uma análise comparativa de duas traduções feitas para língua portuguesa do romance, de língua inglesa, Tristessa do escritor Jack Kerouac. Trabalhamos com uma tradução promovida por uma editora brasileira e outra por uma editora portuguesa; considerando que as duas traduções apresentam considerável afastamento em todo o corpo do texto, partimos da hipótese de que uma das traduções é mais fiel ao texto em inglês, enquanto a outra vem atender outros interesses quaisquer. Primeiramente foi realizado um levantamento sobre os Tradutores, considerando sua formação acadêmica e experiência com as obras do escritor Jack Kerouac. Também consideramos todo o processo editorial de cada tradução. Em seguida analisamos as duas traduções em paralelo com o texto em inglês, destacando trechos que muito se afastassem deste, no tocante a ideias, e coerência com o contexto geral da obra. O estudo foi complementado por uma análise reflexiva sobre a tarefa do tradutor, e como esta foi exercida no caso em questão. Observamos que ambas as obras apresentam falhas peculiares, assim como elementos que lhe proporcionam destaque como tradução. Porém, a tradução da editora portuguesa apresenta maior número de falhas, as quais deixam incoerentes algumas construções, além de formalizar muitas expressões, as quais foram construídas de forma coloquial em língua inglesa, deixando assim, de reproduzir o estilo próprio do autor traduzido. Os resultados indicam a tradução brasileira como mais próxima do texto em inglês. Ao passo que a tradução portuguesa apresenta um texto, o qual está consideravelmente afastado das ideias e efeitos estéticos trabalhados por Jack Kerouac. Concluímos que a tradução brasileira proporciona ao leitor uma melhor compreensão sobre o texto escrito por Kerouac, tanto no tocante às ideias, efeitos estéticos, e até mesmo a proposta editorial. A edição portuguesa deixa a desejar, por pouco representar o que é peculiar da obra traduzida, e do contexto cultural no qual esta está inserida. 7
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