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1 Cognitio Juris Revista Jurídica Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Imagem: Palácio da Justiça do Estado da Paraíba - João Pessoa - Brasil

2 2 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014

3 Cognitio Juris 3 Cognitio Juris

4 4 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014

5 Cognitio Juris 5 Cognitio Juris Revista Jurídica Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril

6 6 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril by Cognitio Juris Revista Científica Jurídica 2014 by Markus Samuel Leite Norat Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Cognitio Juris Revista Científica Jurídica Cognitio Juris / Markus Samuel Leite Norat. João Pessoa: Ano IV, Número 9 Edição Especial, abril Semestral. 282 p. 1. Direito I. Cognitio Juris. Índice para catálogo sistemático: 1. Direito 34 (05) CDU-34 (05) ISSN TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a reprodução desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio, sem a devida autorização do Conselho Editorial da Cognitio Juris. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n /98 e artigo 184 do Código Penal. A Revista Cognitio Juris não se responsabiliza pelos ideários, conceitos, apreciações, julgamentos, opiniões e considerações lançados nos textos dos artigos. Os textos são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores. Cognitio Juris Impresso no Brasil Printed in Brazil

7 Cognitio Juris 7 SUMÁRIO Sobre a Revista Conselho Científico Diretrizes Enviar Artigos Apresentação A EVOLUÇÃO DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS E SUA APLICAÇÃO MORAL NO DECORRER DOS TEMPOS Jonatan Lappa de Lima A TUTELA JURÍDICA DO AFETO E SUA IMPLICAÇÃO NA RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DAS FAMÍLIAS Roberta Alves Bello BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE O TRABALHO RURAL NO BRASIL Markus Samuel Leite Norat ESTATUTO DO IDOSO E OS MEIOS DE CONCRETIZAÇÃO Raphael Pereira dos Santos e Sitia Marcia Costa da Silva LOS DERECHOS HUMANOS UNIVERSALES EN UN MUNDO DE DIVERSIDADES David José Geraldes Falcão VALORES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO Maria do Socorro Lucena Gomes (Orientadora) e José Elyselton Adelino Alves Farias

8 8 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ Apresentação dos Anais REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DO NOVO CPC PALESTRA: Sérgio Cabral dos Reis DEBATE: Prof. Alexandre Targino Gomes Falcão DEBATE: Prof. Felipe Viana de Mello POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÃO DE CONSUMO PALESTRA: Anrafel de Medeiros Lustosa O PODER DE FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA X DIREITOS DO CONTRIBUINTE PALESTRA: Glauber de Lucena Cordeiro FICHA LIMPA, JOGO SUJO PALESTRA: Renato César Carneiro DEBATE: Ulisses Leite Crispim PREVIDÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE SEGURANÇA PARA O TRABALHADOR PALESTRA: José Antonio Coelho Cavalcanti O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A PRISÃO DE GUANTÂNAMO PALESTRA: Monica Lucia Cavalcanti de Albuquerque Duarte Mariz- Nóbrega PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO DIREITO DO CONSUMIDOR PALESTRA: Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho DEPOIMENTO DE CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL PALESTRA: Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima

9 Cognitio Juris 9 ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ Apresentação dos Anais A NATUREZA DISCRIMINATÓRIA DA LEI MARIA DA PENHA PALESTRA: Sheyla Cristina Ferreira dos Santos Queiroz DEBATE: Ulisses Leite Crispim INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL E DIREITO IMOBILIÁRIO PALESTRA: Rodrigo Azevedo Toscano de Brito DEBATE: Felipe Viana de Mello REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PALESTRA: Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo DEBATE: Ulisses Leite Crispim DEBATE: Sheyla Cristina Ferreira dos Santos Queiroz QUEM TEM MEDO DA MONOGRAFIA? PALESTRA: Márcia Amélia de Oliveira Bicalho A PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL PALESTRA: José Antônio Coelho PACOTES TURÍSTICOS PALESTRA: Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E CIDADANIA PALESTRA: Armando Albuquerque de Oliveira A MONOGRAFIA NO CURSO JURÍDICO PALESTRA: Maria do Socorro Lucena Gomes DEBATE: José Orlando de Farias ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A LEI MARIA DA PENHA PALESTRA: Arthur Heinstein Apolinário Souto

10 10 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 DEBATE: Cristina Maria Costa Garcez ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ Apresentação dos Anais O CRIME DE TRÁFICO DE PESSOAS PALESTRA: Felipe Augusto Forte de Negreiros Deodato DEBATE: Yordan Moreira Delgado O DIREITO ROMANO E A CODIFICAÇÃO CÍVEL BRASILEIRA PALESTRA: Severino Augusto dos Santos DIREITOS INERENTES AOS PORTADORES DE CÂNCER PALESTRA: Lucilene Solano de Freitas Martins DEBATE: Vlademir Antonio Cousseau PRÁTICA JURÍDICA TRIBUTÁRIA PALESTRA: Manuel Carlos de Jesus Maria RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC PALESTRA: Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho DEBATE: Alfredo Rangel Ribeiro DEBATE: Alexandre Targino Gomes Falcão A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PALESTRA: Rogério Magnus Varela Gonçalves NOVAS TENDÊNCIAS DO DIREITO DO TRABALHO PALESTRA: Julian Nogueira de Queiroz ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DA TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO PALESTRA: Maria do Socorro de Lucena Gomes

11 Cognitio Juris 11 ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ Apresentação dos Anais ASPECTOS FORMAIS PARA ELABORAÇÃO DO TCC PALESTRA: Márcia Amélia de Oliveira Bicalho PRINCIPAIS INOVAÇÕES NA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO TST PALESTRA: Julian Nogueira de Queiroz QUESTÕES PROCESSUAIS QUE NÃO SE APRENDE EM SALA DE AULA PALESTRA: Lucilene Solano de Freitas Martins OS DEZ MANDAMENTOS DA MONOGRAFIA JURÍDICA PALESTRA: Maria do Socorro de Lucena Gomes LAVAGEM DE CAPITAIS: ADMINISTRAÇÃO DE JUSTIÇA E ORDEM SOCIOECONÔMICA COMO BENS JURÍDICOS TUTELADOS PALESTRA: Arthur Heinstein Apolinário Souto O DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL E NO MUNDO PALESTRA: Markus Samuel Leite Norat RETÓRICA: A BASE DO DIREITO PALESTRA: Alessandra de Carvalho Barbosa DEBATE: Petronio Bismarck Tenório Barros DIREITO FUNDAMENTAL À EFETIVIDADE DO PROCESSO NA JUSTIÇA DO TRABALHO PALESTRA: Sérgio Cabral dos Reis DEBATE: Paulo Roberto Vieira Rocha

12 12 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 SISTEMAS DE PREVIDÊNCIA COMO MEIO DE SEGURANÇA SOCIAL PALESTRA: José Antonio Coelho Cavalcanti RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO PALESTRA: Waleska Bezerra de Carvalho Vasconcelos DEBATE: Otto Rodrigo Araújo Melo Cruz POLÍTICA NACIONAL DA RELAÇÃO DE CONSUMO: OBJETIVOS, PRINCÍPIOS E MECANISMOS PALESTRA: Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho SUCESSÃO DO CÔNJUGE E DO COMPANHEIRO PALESTRA: Rodrigo Azevedo Toscano de Brito DEBATE: Felipe Viana de Mello

13 Cognitio Juris 13 SOBRE A REVISTA A Revista Cognitio Juris é uma publicação científica da área jurídica, sem fins lucrativos, com periodicidade semestral. A Revista compreende artigos escritos na língua portuguesa e espanhola, de todos os ramos do Direito e áreas afins. São textos que primam pela apresentação de um estudo completo e didático dos assuntos abordados em cada matéria. Os Juristas-Membros do Conselho Editorial da Revista Cognitio Juris foram judiciosamente selecionados, de acordo com a experiência profissional de cada um em suas respectivas áreas: são mestres, doutores, docentes de diversas universidades e profissionais de perfil equiparável, de forma que, essencialmente, cumprem os requisitos para engrandecer, com excelência, a produção científica. O conteúdo do(s) artigo(s) publicados na Revista Jurídica Científica Cognitio Juris, inclusive quanto a veridicidade, atualização e precisão dos subsídios e artifícios, é de única e exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). A Revista Cognitio Juris não se responsabiliza pelos ideários, conceitos, apreciações, julgamentos, opiniões e considerações lançados nos textos dos artigos. Os textos são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores. A Cognitio Juris é indexada: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT - ISSN ; Periódicos CAPES - Brasil; Bibliothekssystem der Justus-Liebig-Universität Giessen - Regensburg, Alemanha; Bibliothekssystem Universität Hamburg, Alemanha; Directorio de Publicaciones científicas españolas e hispanoamericanas - Universidad de La Rioja - Fundación Dialnet;

14 14 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Directory of Open Access Journals - DOAJ, Lund University Libraries - Lund, Suécia; ebibliothek E-Zeitschriften - Rheinischen Friedrich-Wilhelms- Universität Bonn, Alemanha; Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal - LATINDEX; Staatsbibliothek zu Berlin; The Social Science Research Center Berlin - The WZB Wissenschaftszentrum Berlin für Sozialforschung; Universitätsbibliothek Clausthal - Technischen Universität Clausthal. Anuncie na Revista Cognitio Juris: A Revista Jurídica Cognitio Juris é um periódico distribuído eletronicamente cujo acesso é totalmente gratuito. A Revista não tem fins lucrativos, deste modo, disponibiliza espaços publicitários em suas páginas apenas para cobrir os custos de manutenção. Eventuais valores remanescentes poderão ser doados. Anuncie na Revista Cognitio Juris entrando em CONTATO conosco através do site Cognitio Juris - Revista Jurídica. - Ano IV. Número 9 Edição Especial. João Pessoa, Abril Periodicidade Semestral (Publicação nos meses de junho e dezembro) Direito - Periódico CDU 34(05) Revista Cognitio Juris cognitiojuris@cognitiojuris.com URL:

15 Cognitio Juris 15 CONSELHO CIENTÍFICO Markus Samuel Leite Norat Brasil Membro-Diretor Geral e Editorial Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais; Pós-Graduação em Direito Eletrônico; Pós-Graduação em Direito Civil, Processo Civil e Direito do Consumidor pela UNIASSELVI - Centro Universitário Leonardo da Vinci - ICPG - Instituto Catarinense de Pós Graduação; Pós-Graduação em Direito de Família; Pós-Graduação em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela ESA-PB - Escola Superior da Advocacia da Paraíba - Faculdade Maurício de Nassau; Pós-Graduação em Direito Ambiental pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; Extensão universitária em Direito Digital pela Escola Paulista da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo; Extensão universitária em Didática Aplicada pela UGF; Extensão universitária em Novas Tecnologias da Aprendizagem: Novas Plataformas pela UGF; Extensão universitária em Políticas Educacionais pela Universidade Gama Filho; Extensão universitária em Aspectos Filosóficos pela UGF; Curso de Capacitação em Direito do Consumidor VA pela Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC-DPDC- SENACON-Ministério da Justiça; Curso de Proteção de Dados Pessoais pela ENDC; Curso de Defesa da Concorrência VA pela ENDC; Curso de Crimes Contra as Relações de Consumo pela ENDC; Curso para o Jovem Consumidor pela ENDC; Curso de Formação de Tutores 1 DC pela ENDC; Curso de Formação de Tutores 2 DC pela ENDC; Curso de Práticas Eleitorais pela Escola Superior de Advocacia da OAB PB; Advogado; Coordenador do Departamento de Pós-Graduação das Faculdades de Ensino Superior da Paraíba - FESP Faculdades; Professor do Departamento de Pós- Graduação da Fundação Escola Superior do Ministério Público da Paraíba; Professor da Escola Nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça; Membro Coordenador Editorial de Livros Jurídicos da Editora Edijur (São Paulo); Membro-Diretor Geral e Editorial da Revista Científica Jurídica Cognitio Juris, ISSN , Membro Coordenador Editorial da Revista Ciência Jurídica, ISSN ; Membro do Conselho Editorial da Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, ISSN ; Membro do Conselho Científico da Revista da FESP: Periódico de Diálogos Científicos, ISSN ; Autor de livros e artigos jurídicos.

16 16 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Petronio Bismarck Tenorio Barros Brasil Membro-Coordenador Acadêmico Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais; Pós-Graduação em Direito Processual Civil; Professor e Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; Advogado. Adriano Marteleto Godinho Brasil Membro do Conselho Científico Professor de Direito Civil na Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Mestre em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2005). Doutorando em Ciências Jurídicas pela Universidade de Lisboa. Autor do livro A Lesão no Novo Código Civil Brasileiro. Possui diversos artigos científicos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior. Palestrante e conferencista em eventos realizados no Brasil e no exterior. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Civil. Membro-fundador do Instituto de Direito Civil-Constitucional. Membro do Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Parecerista de Revistas Jurídicas editadas no Brasil e no exterior. Advogado. Tem experiência na área de Direito Privado, com ênfase em Direito Civil. Ângela Maria Marini Simão Portugal Frota Portugal Membro do Conselho Científico Curso Superior de Pedagogia (Coimbra); Pós-Graduação pela Universidade de Angola, Sá da Bandeira; Especialista em Educação para o Consumo e em Segurança Alimentar; Professora efectiva da Escola Professora Preparatória Marquês da Bandeira - Angola; Professora efectivada do ensino secundário em Coimbra Portugal; Co-fundadora da apdc - sociedade portuguesa de Direito do Consumo, sediada em Coimbra; Cofundadora da ACOP - Associação de Consumidores de Portugal e membro da direcção; Directora do Centro de Formação para o Consumo, adstrito à apdc, desde 1989; Dirigiu o Secretariado Técnico-Científico de inúmeras manifestações científicas Nacionais e Internacionais; Presidente da Comissão Executiva da I Conferência Europeia de Educação do Consumidor (1989), sob a égide da Comunidade Europeia, que houve lugar em Coimbra; Presidente do Instituto Nacional de Educação do Consumidor (1989); Conferencista nacional e internacional; Autora de livros e artigos

17 Cognitio Juris 17 jurídicos. Antonio Baptista Gonçalves Brasil Membro do Conselho Científico Pós-Doutor em Ciências Jurídicas pela Universidad de La Matanza; Pós- Doutorando em Ciências da Religião pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo; Mestre e Doutor em Filosofia do Direito pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo; Pós-Graduação em Direitos Fundamentais pela Universidade de Coimbra; Especialista em International Criminal Law: Terrorism's New Wars and ICL'S Responses pelo Istituto Superiore Internazionale di Scienze Criminali; Especialista em Direito Penal Econômico Europeu pela Universidade de Coimbra; Pós-Graduação em Direito Penal - Teoria dos Delitos pela Universidad de Salamanca; Pós- Graduação em Direito Penal Econômico pela Fundação Getúlio Vargas; Pós-Graduação em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas; Advogado. Belinda Pereira da Cunha Brasil Membro do Conselho Científico Doutora em Direito pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo; Mestre em Direito pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo; Doutorado sanduíche na Universidade de Roma, La Sapienza, através da CAPES; Coordenadora do Grupo de Pesquisa Impacto, Sustentabilidade e Gestão Ambiental UFPB/CNPq; Professora do Programa de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade Federal da Paraíba, Mestrado e Doutorado; Coordenadora Acadêmica da Área de Direito Econômico; Professora do Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente em Rede - PRODEMA. Professora da Escola Superior da Magistratura da Paraíba. Professora da Escola Superior da Magistratura da Bahia. Professora Concursada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, dos Cursos de Especialização da COGEAE; da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo; Professora convidada da Universidade Metropolitana de Santos; Foi assessora executiva do IDEC e coordenadora jurídica da mesma instituição. Foi coordenadora do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba; Autora de livros e artigos jurídicos.

18 18 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Diego Germán Mejía-Lemos França Membro do Conselho Científico Doutor em Filosofia pela Faculty of Law - National University of Singapore; Mestre em Derecho Internacional y Comparado pela Faculty of Law - National University of Singapore; Mestre em Business Law pela New York University School of Law (EUA); Pós-Graduação em Derecho Administrativo pela Faculdad de Derecho da Universidad Nacional de Colombia; Investigador; Professor Universitário; Advogado. Eduardo Ramalho Rabenhorst Brasil Membro do Conselho Científico Curso de mestrado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba em 1990 na área de filosofia da história com a aprovação de uma dissertação sobre a Estética de Hegel. No ano seguinte, bolsista da CAPES, realizou seu D.E.A (Diploma de Estudos Aprofundados) em filosofia na Université de Strasbourg I (França) defendendo uma dissertação sobre A Teoria dos Atos de Linguagem e o Direito, obtendo grau máximo. No ano de 1996 obteve seu diploma de Doutorado na mesma instituição francesa com uma tese sobre o Descritivo e o Normativo, elaborada sob oientação do Prof. Dr. Jean-Luc Petit. Docente da Universidade Federal da Paraíba desde o ano de 1990, ele é hoje Professor Associado nível 4, lotado no Centro de Ciênciais Jurídicas da UFPB, instituição por ele também dirigida entre os anos de 2004 e Na mesma instituição criou e coordenou o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e direito. Tem experiência acadêmica nas áreas de filosofia do direito, filosofia política, sociologia jurídica, direitos humanos, hermenêutica jurídica e bioética. Como gestor público exerceu os cargos de coordenador do Programa de Pós-graduação em Direito da UFPB e de Ouvidor Geral da UFPB. Atuou como colaborador em diversas instituições de ensino, dentre elas as Universidades Federais de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, e as Escolas das magistraturas da Paraíba e Rio Grande do Norte. No plano internacional é membro do Jura Gentium, Centro de Filosofia do direito internacional da Universidade de Florença (Itália). É também Membro Honorário da Associação de Juízes para a Democracia - Secção Pernambuco. Desde 2013 é vice-reitor da Universidade Federal da Paraíba.

19 Cognitio Juris 19 Edvaldo Carvalho Alves Brasil Membro do Conselho Científico Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2007); Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2002); Professor Adjunto II do Departamento de Ciência da Informação - DCI/ UFPB; Vice Coordenador do Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação - PPGCI/UFPB e Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Sociologia e Informação (GEPSI). Fernando Antônio de Vasconcelos Brasil Membro do Conselho Científico Mestre e Doutor em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco; Pós-Graduação em Direito Civil pela Universidade Federal da Paraíba; Professor de Direito Civil e Direito do Consumidor da Universidade Federal da Paraíba e do Centro Universitário de João Pessoa; Autor e Coautor de livros e artigos jurídicos. Frederico Franco Alvim Brasil Membro do Conselho Científico Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais; Pós-Graduação em Direito e Processo Eleitoral; Analista Judiciário; Professor do Curso de Extensão em Direito Eleitoral da Escola Judiciária Eleitoral do TRE-MT; Membro da Comissão Permanente de Estudos do TRE-MT; autor de livros jurídicos. Guilherme Costa Câmara Brasil Membro do Conselho Científico Doutor em Ciências Jurídico-Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Pós-Graduação em Ciências Jurídico-Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Professor do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ; Promotor de Justiça; Professor das Pós-Graduações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais; Autor de livros e artigos jurídicos.

20 20 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Gustavo Rabay Guerra Brasil Membro do Conselho Científico Doutor em Direito, Estado e Constituição pela da Universidade de Brasília (UNB, 2010). Mestre em Direito Público pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE, 2002). Professor Adjunto do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (CCJ-UFPB). Vice-Diretor da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção da Paraíba (OAB-PB). Membro Honorário da Escuela Judicial de América Latina (EJAL). Colaborador da Coordenação de Pós-Graduação do Instituto dos Magistrados do Distrito Federal (IMAG-DF) e da Escola Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (ESMA-TJPB). Membro do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI) e da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst). José Farias de Souza Filho Brasil Membro do Conselho Científico Doutorando em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba; Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA/UFPB; Pós-Graduação em Direito pela UFPB; Pós-Graduação em Curso de Preparação à Magistratura de Carreira pela ESMA-PB; Membro do Ministério Público do Estado da Paraíba; Professor Adjunto do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ e da Fundação Escola Superior do Ministério Público da Paraíba (FESMIP). José Geraldo Brito Filomeno Brasil Membro do Conselho Científico Mestrado (créditos) em Direito Civil ( ) pela Faculdade de Direito da USP; Advogado; Professor e Consultor Jurídico em Direito do Consumidor; Gestor do curso de Direito da Universidade de Mogi das Cruzes - SP; Professor de Teoria Geral do Estado e Ciência Política na Universidade de Mogi das Cruzes - SP; Membro da Academia Paulista de Direito; Membro da comissão de juristas que assessora o Comitê nº 7 do Mercosul, para normas do Direito do Consumidor; Procurador-geral de justiça do Estado de São Paulo ( ); Primeiro Promotor de justiça a exercer funções de Curadoria do Consumidor; Implementou as Promotorias

21 Cognitio Juris 21 de Justiça do Consumidor do Estado e o seu Centro de Apoio Operacional, coordenando-o por 13 anos; Coordenador-adjunto da comissão do conselho Nacional de Defesa do Consumidor que elaborou o anteprojeto de Código de Defesa do Consumidor; Integrante da Comissão do Ministério da Justiça que elaborou o anteprojeto da "lei antitruste" (Lei nº 8.884/94); Autor de diversos livros jurídicos. Katia Fach Gómez Espanha Membro do Conselho Científico Doutorado Europeu por la Universidad de Zaragoza (España), con estancias investigadoras en el Instituto Max Planck de Derecho Internacional Privado y Comparado de Hamburgo (Alemanhã); Master em Derecho Internacional- Comércio Internacional-Arbitragem Internacional (International Business & Trade Law) pela Fordham University de Nova York (EUA); Professora Títular de Derecho Internacional Privado da Universidad de Zaragoza; Participação em diversos projetos de investigação da União Europeia, projetos do Ministério da Educação e Cultura da Espanha e projetos da Universidad de Zaragoza; Tradutora de obras jurídicas do idioma alemão para o espanhol; Autora de diversos livros e artigos jurídicos. Leonardo de Medeiros Garcia Brasil Membro do Conselho Científico Procurador do Estado do Espírito Santo; Ex-Procurador Federal com exercício no Gabinete do Advogado-Geral da União (AGU) com atuação específica perante o STF; Pós-Graduação em Derecho del Consumo y Economia pela Universidad de Castilla la Mancha de Espanha; Professor da Escola da Magistratura do Estado do Espírito Santo EMES; Professor da Escola Superior do Ministério Público do Estado do Espírito Santo - ESMP; Professor do Curso Praetorium (Rede Sat e Presencial); Professor do Curso CERS - Complexo de Ensino Renato Saraiva (PE); Professor do Curso Alcance (RJ) - preparatório para o MPF; Professor do Curso Juspodivm (BA); Professor do Curso Fórum (RJ); Professor e palestrante da Escola Superior da OAB/ES; Autor de diversos livros jurídicos. Lucilene Solano de Freitas Martins Brasil Membro do Conselho Científico

22 22 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Pós-Graduação em Ciências Jurídicas pela Universidade Potiguar; Pós- Graduação pela Escola Superior da Magistratura - ESMA; Pós-Graduação em Processo Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa; Professora do Centro Universitário de João Pessoa; Funcionária do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba; Autora de livros jurídicos. Luis Daniel Crovi Argentina Membro do Conselho Científico Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais; Professor Regular de Derecho Civil na Universidad de Buenos Aires - UBA (Argentina); Professor de Derecho Civil III e do Doctorado en Ciencias Jurídicas y Sociales da Universidad del Museo Social Argentino - UMSA (Argentina); Professor do Doctorado en Derecho da UCA sede Rosario; Professor da Carrera de Posgrado en Administración de Justicia na Universidad de Buenos Aires - UBA (Argentina); Professor de Contrato na Universidad de San Andrés (Argentina); Diretor e professor do Curso de Derecho de Daños en la Defensoría General de la Nación. Autor e coautor de vários livros a artigos jurídicos; Diretor da seção Temas de Derecho Civil-Parte General, da Revista "Jurisprudencia Argentina", Editorial Abeledo Perrot; Conferencista, membro titular e autoridade de vários congressos e jornadas, realizados na Argentina, Uruguai e Bolívia. Manoel Alexandre Cavalcante Belo Brasil Membro do Conselho Científico Doutorado de Estado em Ciência Política - Université Des Sciences Sociales de Toulouse (1984), Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1977), Mestrado em Ciência Política (DEA) - Université Des Sciences Sociales de Toulouse (1981). Fundador e primeiro Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Jurídicas da UFPB. Exerceu os cargos de Vice-Diretor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB. Atualmente é professor titular e Coordenador de Pós- Graduação em Direito do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba. Ex-Professor Visitante da UFPB ( ). Membro colaborador do Programa de Pósgraduação em Ciências Jurídicas da UFPB (mestrado e doutorado). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional, atuando principalmente nos seguintes temas: sistemas políticos, direitos

23 Cognitio Juris 23 fundamentais, administração pública, ciência política, direito administrativo, regulação, empresas públicas, intervenção no domínio econômico. Márcia Amélia de Oliveira Bicalho Brasil Membro do Conselho Científico Doutora em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB; Mestrado em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB; Pós-Graduação em Criminologia e Psicologia Criminal pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; Professora do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; Tutora à distância da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Maria do Socorro de Lucena Gomes Brasil Membro do Conselho Científico Doutoranda em Direito da Integração; Mestra em Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Ceará - UFC; Pós-Graduação em Ciências Criminais pelo IBCCRIM; Professora Universitária de Antropologia Jurídica e Monografia Jurídica. María Isolina Dabove Argentina Membro do Conselho Científico Doutora em Direito pela Universidad Carlos III de Madrid (Espanha); Investigadora Adjunta do CONICET na Facultad de Derecho da Universidad de Buenos Aires; Docente Investigadora cat. I do Programa de Incentivos de la Secretaría de Políticas Universitarias. Diretora do Centro de Investigaciones en Derecho de la Ancianidad (Universidad Nacional de Rosario). Docente de graduação e pós-graduação da Facultad de Derecho da UBA (Argentina), Facultad de Derecho da Universidad Nacional de Rosario (Argentina), Facultad de Derecho da UNICEN (Argentina, Facultad de Psicología da Universidad Nacional de Mar del Plata (Argentina), Facultad de Derecho da Universidad del Museo Social Argentino (Argentina); Tem sido professora de pós-graduação no Brasil, Argentina, Nicaragua, Australia, Chile, Panamá e España; Dirige bolsas de doutorado do CONICET e teses e dissertações de doutorado e mestrado; Advogada; Autora de livros jurídicos.

24 24 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Mário Ângelo Leitão Frota Portugal Membro do Conselho Científico Doutoramento em Lovaina (Université Catholique à Louvain-la-Neuve) e Montpellier (Centre de Droit de la Consommation de la Faculté de Droit à l Université de Montpellier et IRETIJ Institut de Recherches et Traitement de l Information Juridique à l Université de Montpellier); Desempenhou funções docentes no ensino secundário no Lubango (Angola); Docente no ensino superior em Lisboa, Coimbra, Porto e Paris, nas seguintes instituições de ensino: Universidade de Lisboa anos académicos de 1978/79 a 1980/81, Universidade de Coimbra / Faculdade de Direito anos académicos de 1981/82 a 1992/93, Universidade Livre / Porto ano académico de 1986/87, Universidade de Coimbra / Faculdade de Farmácia anos académicos de 1981/82 a 1988/89, Universidade Lusíada / Porto anos académicos de 1988/89 a 2002/2003, Universidade Nova de Lisboa Nova Fórum (master de direito das empresas e gestão de negócios) - anos académicos 2003/2004 e 2004/2005, Universidade de Paris XII anos académicos 1991/92 a 2005/2006, Escola Superior do Ministério Público do Pará de 1998/99 a 2004/2005; Sub-director do Instituto Universitário de Coimbra Instituto Superior de Serviço Social Bissaya Barreto, por nomeação do Governador Civil de Coimbra, nos anos académicos de 1988/89 a 1991/92; Secretário do Conselho Científico da Universidade Lusíada, Porto, de 1993/94 a 2001/2002; Membro Correspondente da ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO, do Brasil; Membro da ACADEMIA DE LETRAS JOSÉ DE ALENCAR, Curitiba, Brasil; Conselheiro da Comissão do Direito na Sociedade da Informação da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de S. Paulo, desde Setembro de 2008; Fundador e primeiro presidente da sociedade científica internacional a AIDC - Associação Internacional de Direito do Consumo / Association Internationale de Droit de la Consommation-, criada em Coimbra em 21 de Maio de 1988, ora com sede em Bruxelas; Fundador e primeiro vice-presidente do Instituto Ibero-Latino-Americano de Direito do Consumidor (Buenos Aires/São Paulo); Fundador e primeiro vicepresidente da Association Européenne de Droit et Économie Pharmaceutiques (Paris) ; Fundador e presidente da apdc Associação Portuguesa de Direito do Consumo, sociedade científica de intervenção, sediada em Coimbra, desde a sua fundação (1989); Fundador e director do CEDC Centro de Estudos de Direito do Consumo de Coimbra, desde o

25 Cognitio Juris 25 ano académico de 1989/90; Fundador e primeiro director do Instituto Lusíada de Direito do Consumo, no Porto, de 1994/95 a 2002/2003; Fundador da DATAJURIS a primeira base de dados jurídicos de Portugal e seu primeiro director-geral (1988/92); Fundador e primeiro director do CEDIC Centro de Estudos de Direito & Informática de Coimbra (1988/92); Membro correspondente do Centre de Droit de la Consommation da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica) e do instituto análogo da Universidade de Montpellier (França) de 1990/91 a 1995/96; Fundador e presidente da Comissão de Instalação do Instituto de Direito do Consumidor da Comunidade de Povos de Língua Portuguesa; Fundador e presidente do Instituto Luso-Brasileiro de Direito do Consumo (2011); Fundador e director da Escola Superior de Ciências de Consumo (2011); Conselheiro do Conselho de Prevenção do Tabagismo, em representação do Ministro-Adjunto de Agosto de 2002 a Dezembro de 2007; Presidente do Conselho de Administração do Centro de Arbitragem de Conflitos do Consumo do Porto, em representação da Câmara Municipal do Porto, desde 2002; Membro do Conselho de Administração da Associação de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Coimbra em representação da APDC Associação Portuguesa de Direito do Consumo; Antigo conselheiro jurídico da Ordem dos Farmacêuticos (Coimbra); Antigo conselheiro jurídico da Associação Nacional dos Municípios Portugueses; Sócio honorário da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (Coimbra); Sócio honorário da ELSA European Law Students Association (Associação Europeia de Estudantes de Direito) (Porto); Sócio honorário do Rotaract Porto; Coordenou o Guia do Consumidor, Meribérica, Ldª, Lisboa; Dirige a RC Revista do Consumidor, editada em Coimbra, de que é fundador; Dirige a RPDC Revista Portuguesa de Direito do Consumo, revista científica, editada em Coimbra (de que é fundador); Dirige o NETCONSUMO Jornal Virtual da apdc, editado de Coimbra (de que é fundador); Presidente do Conselho Diretor da REVISTA LUSO-BRASILEIRA DE DIREITO DO CONSUMO, revista científica, editada em Curitiba (de que é fundador); Colaborador permanente da RTP / Canal 1, em programas de promoção dos interesses e de protecção dos direitos dos consumidores, de 1990 a 1998; Colaborador permanente de mais de uma centena de publicações periódicas, em Portugal e no Brasil, para além de revistas científicas nacionais e internacionais; Conferencista nacional e internacional; Autor de livros e artigos jurídicos.

26 26 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Paula Costanza Sardegna Argentina Membro do Conselho Científico Pós-Doutorado do CONICET; Doutora em Direito pela Universidad de Buenos Aires; Doutora em Direito do Trabalho, Assistência Social e Direitos Humanos pela Universidad de San Carlos de Guatemala; Mestre em Direito e Economia pela Universidad de Buenos Aires; Professora Titular de Direito do Trabalho e Segurança Social da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidad de Buenos Aires; Professora do Doutorado na Faculdade de Direito da Universidad de Buenos Aires; Professora de Pós- Graduação no Mestrado em Direito do Trabalho e Relações Internacionais da Universidad Nacional de Tres de Febrero; Professora da Universidad Abierta Interamericana; Investigadora Categorizada pelo Conselho Interuniversitario Nacional pela Faculdade de Direito da UBA; Diretora de Projetos de Pesquisa do CONICET; Investigadora projetos Programação Científica UBACYT; Jurado e tutora de teses de doutorado na Universidad de Buenos Aires; Jurado em concursos de professores de Direito do Trabalho e Assistência Social em universidades nacionais; Ex-Diretora Geral do Emprego, Governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires; Autora e coautora de diversos livros e artigos jurídicos ( Lexis Nexis Laboral, Anales de Legislación Argentina, Legislación Laboral, Antecedentes Parlamentarios, Diario La Ley entre outros). Paulo Antônio Maia e Silva Brasil Membro do Conselho Científico Mestre em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Professor Adjunto das Disciplinas Direito do Trabalho I e II do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ; Advogado Sócio Fundador do escritório Paulo Maia Sociedade de Advogados; Autor de livros jurídicos. Rafael Câmara Norat Brasil Membro do Conselho Científico Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino; Especialista em Assédio Moral no Direito do Trabalho; Advogado.

27 Cognitio Juris 27 Ramiro Anzit Guerrero Argentina Membro do Conselho Científico Pós-Doutor em Direito Penal e Garantias Constitucionais pela UNLAM; Doutor em Direito Penal e Ciências Penais pela USAL; Mestre em Estudos Estratégicos pela INUN; Professor Titular de Graduação e Pós-graduação da Universidade jesuíta del Salvador; Professor da Escola da Magistratura dos Estados do Pará, Paraíba e Rio Grande do Norte; Membro da Association for the Study of Middle East & Africa (USA); Membro da Sociedade Argentina de Análises Políticas; Autor de diversos artigos científicos e de 14 livros jurídicos, entre eles: Criminología, evolución y análisis (2007); Realidades y Perspectivas del Derecho Penal en el Siglo XXI (2011); Derecho Informático (2011); Derecho Penal y Paradigma Criminológico en America Latina (2012). Ramiro José Prieto Molinero Argentina Membro do Conselho Científico Doutor em Direito pela Universidad de Deusto, País Vasco, Espanha; Diplomatura de estudios avanzados en Derecho Civil pela Universidad de Deusto, Espanha; Licenciado em Direito pela Universidad de Buenos Aires; Professor da Faculdad de Derecho de la Universidad del Salvador; Professor en la Universidad de San Andrés; Professor do Doutorado da Universidad del Salvador - USAL; Professor do Doutorado da Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales - UCES; Professor do Doutorado em Ciencias Juridicas e Sociais da Universidad del Museo Social Argentino; Advogado; Autor de diversos livros e artigos jurídicos. Rodolfo Rubén Salassa Boix Argentina Membro do Conselho Científico Doutorado Europeu em Direito pela Facultad de Ciencias Jurídicas de la Universidad Rovira i Virgili de Tarragona, Espanha; Mestre em (Máster Oficial) Derecho de la Empresa y la Contratación pela Facultad de Ciencias Jurídicas de la Universidad Rovira i Virgili de Tarragona, Espanha; Professor de Direito Financeiro e Tributário na graduação e na Pósgraduação da Universidad Rovira i Virgili de Tarragona, Espanha; Investigador; Advogado; Autor de diversos livros e artigos jurídicos.

28 28 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Romulo Rhemo Palitot Braga Brasil Membro do Conselho Científico Doutor em Direito Penal Universitat de Valéncia - Espanha (2006), Título de Doutor em Direito legalmente reconhecido no âmbito nacional pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE. Mestre em Direito (DEA) - Universitat de València - Espanha (2004), Título de Mestre legalmente reconhecido no âmbito nacional pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Especialização em Direito Empresarial - Universidade Federal da Paraíba - UFPB (1998). Graduado em Direito - Centro Universitário de João Pessoa (1995). Professor Adjunto de Direito Penal da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Professor Permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da mesma instituição e do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE). Advogado atuante desde Coordenador Regional Adjunto (PB e RN) do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM. ATUAÇÃO PROFISSIONAL E ACADÊMICA: Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE); Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); Universitat de Valéncia (Espanha) (2002/2006); Universitá Degli Studi di Milano (Itália) (2006); Universit degli Studi di Parma (Itália) (2006); Oxford University (Inglaterra) (2006). Sérgio Cabral dos Reis Brasil Membro do Conselho Científico Master em "Teoria Crítica en Derechos Humanos y Globalización" pela Universidad Pablo de Olavide, Sevilla - Espanha; Mestre em Direito Processual e Cidadania pela UNIPAR/PR; Professor da Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba ESMAT 13; Professor da graduação e da pós-graduação latu sensu do curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ; Juiz do Trabalho no Estado da Paraíba. Sergio Cavalieri Filho Brasil Membro do Conselho Científico Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro; Procurador Geral do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro; Diretor geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) no período 2001 a 2004; Professor do curso de Direito da

29 Cognitio Juris 29 Universidade Estácio de Sá; Palestrante; Conferencista; Autor de livros jurídicos. Taciana Meira Barreto Brasil Membro do Conselho Científico Doutoranda em Direito Internacional; Pós-graduação em Direito dos Tratados pelo Centro de Direito Internacional - CEDIN, Membro da Academia Brasileira de Direito Internacional - ABDI; Membro da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-PB; Advogada; Professora do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ. Talden Queiroz Farias Brasil Membro do Conselho Científico Doutor em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Direito da Cidade pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba; Pós-Graduação em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Pernambuco; Professor universitário; Advogado; Membro da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do Conselho Nacional do Meio Ambiente; autor de livros e artigos Jurídicos. Terçália Suassuna Vaz Lira Brasil Membro do Conselho Científico Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco. Possui graduação e mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba. É professora titular da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB. Tem experiência em docência, pesquisa e gestão na área de políticas sociais, especialmente na área da criança e do adolescente, atuando principalmente nos seguintes temas: criança/adolescente, direitos e trabalhol. Foi membro fundador e Coordenador do Fórum Estadual de Erradicação do trabalho Infantil e Proteção ao adolescente trabalhador - FEPETI e Fórum Estadual Lixo e Cidadania. Foi Conselheira Estadual da Assistência Social. Atua também como consultora na área de diagnóstico e planejamento social na gestão da politica nacional em resíduos sólidos. Atualmente coordena o Núcleo de estudo, pesquisa e extensão comunitária infanto-juvenil- NUPECIJ da Universidade Estadual da Paraíba.

30 30 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Ulisses Leite Crispim Brasil Membro do Conselho Científico Doutorando em Direito Público pela Universidad del Museo Social Argentino; Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário de João Pessoa; Professor Universitário de Direito Eleitoral e História do Direito; Advogado.

31 Cognitio Juris 31 DIRETRIZES Normas de Submissão 1. A Revista Cognitio Juris recebe artigos jurídicos de caráter científico, que tratem de qualquer área do Direito. 2. Somente serão aceitos artigos jurídicos inéditos. 3. O artigo deverá ter um mínimo de 10 (dez) laudas, escrito na língua portuguesa ou espanhola, em fonte Arial, tamanho 12, espaçamento 1,5 para o texto e 1,0 para citações recuadas, e ser enviado em qualquer dos seguintes formatos:.doc,.txt ou.odt. 4. O artigo de autoria múltipla deverá ser enviado com a ordem de apresentação dos autores estabelecida. 5. O artigo - escrito em português ou espanhol - deverá ter pelo menos 10 laudas e apresentar a seguinte estrutura: I Título; II Autor(es), com currículo resumido em nota de rodapé; III Resumo de até 500 palavras; IV Palavras-chave (de 3 a 5 palavras-chave); V Tradução do resumo (summary) e das palavras-chave (keywords) para o idioma inglês; VI Texto do artigo; VII Referências bibliográficas (no final do texto e em ordem alfabética). 6. O(s) autor(es) não receberá qualquer remuneração pela cessão e publicação do(s) artigo(s). Avaliação Os artigos serão avaliados em duas etapas: Na primeira etapa, os artigos serão meticulosamente avaliados pelo Membro-Coordenador da revista, que observará se as exigências de submissão foram observados pelo(s) autor(es). Se for aprovado, o artigo será submetido à segunda etapa da avaliação, que será a análise do texto pelos Membros do Conselho Editorial. A aprovação ou reprovação do artigo caberá ao Membro avaliador.

32 32 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Direitos Autorais Ao enviar artigo(s) à Revista Cognitio Juris, o(s) autor(es) declara(m) ser(em) titular(es) dos direitos autorais do(s) artigo(s) submetido(s) à publicação, de acordo com a Lei nº 9.610/98; concorda(m) em ceder os direitos de publicação do(s) artigo(s) à Revista Cognitio Juris; autoriza(m) que o(s) referido(s) artigo(s) seja(m) publicado(s) de forma gratuita (sem ônus) pela Revista Cognitio Juris, em qualquer meio e forma, sem qualquer limitação quanto ao prazo ou qualquer outra. A Revista Cognitio Juris fica autorizada, também, a modificar e adequar o texto do(s) artigo(s) a seus formatos de publicação e, caso necessário, efetuar alterações de caráter ortográfico, normativo e gramatical, para garantir o respeito da norma culta da língua. O(s) autor(es) respondem exclusivamente por qualquer reclamação relacionada ao direito autoral do(s) artigo(s) submetido(s) à Revista Cognitio Juris. Responsabilidade O conteúdo do(s) artigo(s) publicados na Revista Jurídica Científica Cognitio Juris, inclusive quanto a veridicidade, atualização e precisão dos subsídios e artifícios, é de única e exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). A Revista Cognitio Juris não se responsabiliza pelos ideários, conceitos, apreciações, julgamentos, opiniões e considerações lançados nos textos dos artigos. Os textos são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores. ENVIAR ARTIGOS A Cognitio Juris aceita a submissão de artigos científicos jurídicos apenas através do formulário da página:

33 Cognitio Juris 33 APRESENTAÇÃO Após deliberação entre os membros da Revista Científica Jurídica Cognitio Juris, chegou-se à conclusão de que existia uma grande necessidade de publicar uma edição especial da nossa revista, em razão da enormíssima quantidade de material, com vasto e variado conteúdo jurídico de absoluta qualidade que foi recebido pelo website da revista. Decidimos, pois, apresentar já agora, em abril de 2014, essa nona edição, que é especial no que se refere à data e também ao conteúdo, já que os artigos selecionados são trabalhos grandiosos, de juristas nacionais e internacionais, voltados para assuntos atuais, pertinentes e de caráter multidisciplinar. Além dos tradicionais artigos jurídicos, trazemos ainda, pela primeira vez, o riquíssimo material apresentado nos Anais dos Ciclos de Palestras e Debates Jurídicos: Direito e Desenvolvimento do Centro Universitário de João Pessoa (Instituição de Ensino Superior sediada na Paraíba Brasil), dos anos de 2011 e São palestras dos mais variados temas, com ênfase na área socioeconômica e jurídica da contemporaneidade, que foram amplamente debatidos pela comunidade jurídica, de maneira a permitir uma justaposição da realidade vivenciada pela sociedade brasileira à ordem jurídica. O material contido nesta nona edição da Cognitio Juris foi minuciosamente elaborado, possuindo extraordinária qualidade e excelência. Por conseguinte, temos a certeza do engrandecimento que este periódico trará à comunidade científica, bem como ocorreu nas edições anteriores.

34 34 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Ressaltamos que, em que pese esta edição esteja sendo publicada no mês de abril, a Cognitio Juris continua sendo publicada com periodicidade semestral, nos meses de junho e dezembro; daí o motivo de estarmos diante de uma edição especial. Nossos votos são de um proveitoso estudo, quando da leitura da nona edição da Cognitio Juris. Markus Samuel Leite Norat Membro-Diretor Editorial

35 Cognitio Juris 35 A EVOLUÇÃO DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS E SUA APLICAÇÃO MORAL NO DECORRER DOS TEMPOS Jonatan Lappa de Lima 1 RESUMO: O presente artigo busca explicar como ocorreu o surgimento dos princípios jurídicos, o percurso pelo qual passaram e o que representam na contemporaneidade. A preparação é detalhada em etapas: Direito natural, Positivismo, Pós-Positivismo e os seus reflexos nos dias atuais. O roteiro contempla desmistificar os princípios e demonstrar a aplicabilidade destes nas diversas áreas da Ciência Jurídica. Vale ressaltar que, a compreensão dos axiomas permite a sua adequada aplicação, o que, por via de consequência, em muito contribuirá para a materialização da justiça em um caso concreto. Palavras-Chave: Princípios, Jus Naturalismo, Positivismo, Pós- Positivismo, Neoconstitucinalismo. THE EVOLUTION OF LEGAL PRINCIPLES AND THEIR APPLICATION OF MORAL DURING TIMES ABSTRACT: This paper seeks to explain how he caused the principles, the route through which they passed and what they represent in contemporary society. The preparation is detailed in steps: natural law, positivism, post-positivism and its consequences today. The schedule included demystify the principles and demonstrate their applicability in various areas of Legal Science. It is noteworthy that the understanding of axioms allows the proper application of these, which, by consequence, greatly contribute to the realization of justice in a case. Keywords: Principles, Jus naturalism, positivism, post-positivism, Neoconstitucinalismo. 1 Jonatan Lappa de Lima: estudante de Direito de sétimo período da faculdade do Espírito Santo (UNES). Estagiário de Direito da Promotoria de Justiça do Município de Iconha/ES. Foi monitor de Direito civil III (teoria geral dos contratos e Responsabilidade Civil), Direito Penal I (parte geral) e atualmente exerce a monitoria de Processo Penal I na mencionada instituição de ensino.

36 36 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril INTRODUÇÃO Ao se pensar em princípios, tem-se a leve percepção de que estes são mecanismos do Direito que estão acima da lei, ou que promovem a moral. Mas além dessas características, tais postulados são, também, elementos integrantes e fundamentais do sistema jurídico brasileiro, que não necessitam necessariamente de estar codificados, mais que devido a sua força normativa, e os valores sociais que comportam, servem como alicerces de promoção da justiça. A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, os princípios vêm tendo respeitosa aplicação no Direito, sendo possível observá-los facilmente em diversos campos, como a boa-fé objetiva no direito contratual, in dúbio pro reo no direito penal, juiz natural no direito processual, entre outros. Bem como na jurisprudência, orientando e vinculando o juiz na prolação de suas sentenças, e nas omissões legislativas. Nesse compasso, é impossível pensarmos em um Direito sem princípios, um está intrínseco ao outro. O que nos remete a pensar: por que os princípios são tão importantes? De onde vieram? O que são? E o que passaram para hoje serem tão expressivos para o Direito? Esses questionamentos são mais profundos do que se parece, podendo ser explicado apenas com o estudo da matéria, o que doravante será exposto. 2. EVOLUÇÃO DOS PRINCÍPIOS 2.1. Direito arcaico, onde tudo começou Com o nascimento das primeiras civilizações, o homem deixou de ser sedentário e passou a viver em comunidade. A partir de então, o indivíduo compreendeu que, para viver, seria necessária uma organização, sendo este o intuito pelo qual surgiu o Direito e, com ele, os princípios. No início, os postulados estavam inexoravelmente ligados ao Direito e as normas mandamentais que representavam os anseios culturais de cada clã. Conforme bem assegura Wolkmer, nos primórdios da civilização, dos costumes vigentes em determinado

37 Cognitio Juris 37 grupo é que sobrevinham as regras destinadas a manter a organização e a união do grupo social (2008, p. 1). Isso demonstra que o direito consuetudinário foi à primeira espécie de manifestação jurídica. Cumpra-se mencionar, que a sociedade arcaica era regida pelo princípio do parentesco e dos laços consanguíneos. Nesta feita, a partir da prática familiar, os costumes foram tomando formas, e cada clã constituiu a sua norma mandamental. Outro fator que influenciou a cultura fora a religião. Através do mito, o homem explicou o que lhes era desconhecido e atribuiu aos deuses à culpa de muitos fenômenos naturais. Tais circunstâncias esclarecem as duras sansões que eram atribuídas àqueles que descumpriam as leis. Diante do pensamento mitológico, o castigo divino não caía, apenas, sobre réu, mas, também, em toda tribo. Com a evolução dos clãs, apareceram as primeiras sociedades do mundo antigo, como a mesopotâmia e o Egito, por exemplo. Destarte, o direito passou a tomar formas escritas e uns dos principais marcos dessa nova roupagem foram a famosa pena de talião, fundamentada na premissa olho por olho dente por dente, a qual pressupunha que o ofensor seria punido com o mesmo mal que fizera ao seu semelhante; mais tarde surgiram também os primeiros compilados escritos como Código de Manú e o Direito Hebreu Antiguidade clássica Na Grécia Antiga, os princípios começaram a tomar formas e a serem desraigados das regras que prevaleciam no direito arcaico e antigo. Nessa conjuntura, grandes filósofos, os quais serão tratados posteriormente, desmistificaram muitos dos mitos que envolviam o pensamento grego, fato que contribuiu para o progresso da Filosofia, e produziram os primeiros escritos sobre os direitos naturais. Apesar do conceito de direitos naturais ser, dialeticamente, construído ao longo do texto, para o entendimento dos conteúdos a serem desenvolvidos, é muito importante a compreensão dos Direitos Naturais. Nesta feita, em célebres palavras, Sahid Maluf aduz que: Direito natural é o que emana da própria natureza, independente da vontade do homem

38 38 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 (Cícero). É invariável no espaço e no tempo, insuscetível de variação pelas opiniões individuais ou pela vontade do homem (Aristóteles). Ele reflete a natureza como foi criada. É anterior e superior ao Estado, portanto, conceituando a origem divina. (1981, p.23). Este direito prevalecia sobre sociedade grega, sobretudo, no campo do pensamento e nas ações do cotidiano. Como amostra disso, tem-se a famosa tensão sofrida na história de Antígona, filha de Édipo e Jocasta, a qual descumpriu uma lei promulgada por seu tio, o rei de Tebas, Creonte. A ordem proibia o sepultamento do irmão de Antígona, Polinices, sob pena de morte. Por entender que o sepultamento era um direito, um princípio maior que qualquer lei humana, Antígona descumpriu a norma, o que a fez ser presa. Interrogada a respeito do por que transgrediu a lei, ela responde: [...] Mais não foi o arauto delas para mim, nem essas leis são ditadas entre os homens pela justiça, companheira de morada dos deuses infernais; e não me pareceu que tuas determinações tivessem força para impor aos mortais até a obrigação de transgredir normas divinas, não escritas, inevitáveis; não é de hoje, não é de ontem, é de os tempos mais remotos que elas vigem, sem que ninguém possa dizer quando surgiram (SÓFOCLES, 1998, p.214). Antígona é morta, contudo, com o seu exemplo, pode-se vislumbrar como os princípios naturais, que incluem a religião, a vida e o respeito aos mortos, eram tão importantes para a sociedade grega. Vale ressaltar que, apesar de não serem escritos, os axiomas eram ordens divinas que sempre estiveram presentes com os homens, eram ideias de vida e não poderiam ser violados por nenhuma ordem humana, nem mesmo de um soberano como o rei de Tebas. Como salientado anteriormente, a Grécia foi palco de grandes discussões políticas e filosóficas. Os filósofos estavam ligados à natureza e à existência humana, aspectos dos quais buscavam desenvolver suas teses. Cumpre-se registrar que por meio deles, o

39 Cognitio Juris 39 mundo teve as primeiras noções do que seriam os direitos naturais, principalmente no período socrático que foi composto por três grandes filósofos, quais sejam: Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates, o primeiro deles, pregava a filosofia do autoconhecimento e não estava empenhado em construir um sistema filosófico, mas, em fazer com que as inteligências trabalhassem (SOARES, 2003, p.419). Ele não foi um grande pensador do Direito, ao contrário de muitas outras matérias afins, porém, deixou claro o princípio da segurança jurídica em expressões, tais como: Eu digo que o que é legal é justo, quem obedece às leis do Estado obra justamente, quem as desobedece, injustamente (NADER, 2010, p.152). Tal entendimento reforça-se no fato de que Sócrates, apesar de ser acusado por corromper jovens com seus pensamentos, não fugiu e aceitou a sua sentença de morte. Para o filósofo, era preciso que os homens bons cumprissem as leis más, para que os homens maus respeitassem as leis sábias (NADER, 2010, p.153). Discípulo de Sócrates, Platão era considerado um filósofo idealista, e ficou famoso por deixar escritos sobre diversas áreas do conhecimento, dentre elas a política, a ética, a psicologia, e pelo seu famoso Mito da Caverna. Neste, o filósofo demonstra que o homem, ao sair da caverna, poderia ter a verdadeira razão e, com isso, pode controlar as emoções, as manifestações do irracional e, portanto desenvolver e liberar intelecto (SOARES, 2003, p.420). Platão trouxe à tona uma ideia de democracia, a qual seria embasada na liberdade, em que todo indivíduo é livre para agir como bem lhe aprouver (PLATÃO, apud. MORRISON, 2006, p.41). Esse ideal democrático seria criado dentro de um Estado idealizado por Platão, findado na justiça e felicidade (MORRISON, 2006, p.41). Esse prisma seria a base da formação dos direitos sociais para a boa convivência. Salienta-se, ainda, que nesse Estado, era assegurado o direito à ação coletiva e, através da justiça, seria promovido o bem comum. Aristóteles foi quem mais contribuiu para Filosofia do Direito, principalmente, quanto à justiça e à equidade. Para ele, a justiça estava ligada à igualdade e à proporcionalidade. Com esses pensamentos,

40 40 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 criou o principio da igualdade que estudamos até os dias atuais, o qual pressupõe que, deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade (LENZA, 2011, p. 875). Consoante os ensinamentos de Nader, para Aristóteles, a justiça seria distribuída, proporcional ao mérito de cada pessoa, bens, recompensas e honra (2010, p.156). Hoje, esse princípio é à base da igualdade proposta pelo Direito e pode ser observado, explicitamente, em diversas leis como, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso. Em relação à equidade, Nader também explica que Aristóteles a trouxe como uma forma de correção à falta da lei, sendo que, na omissão legislativa, o juiz deveria adaptar a lei aos fatos concretos, o que seria uma espécie de analogia (2010, p.156). Assim como a igualdade, a equidade, também, é usada no Direito atual, e esta somada aos princípios gerais do Direito e à analogia, integra os principais métodos usados pela hermenêutica para omissões legislativas. Além disso, em sua obra Política, Aristóteles traz pela primeira vez, a noção de tripartição dos poderes, que para ele seriam distintos, contudo exercidas por um único representante que teria a autonomia de julgar, executar e administrar os demais poderes. Passados alguns anos, esse mesmo estudo foi aprofundado por Montesquieu, filósofo que descreveu o atual modelo tripartido Idade média A Idade Média foi um período marcado pela Igreja Católica. O Cristianismo se difundiu por toda a Europa e, com isso, a Igreja passou a exercer papel fundamental na vida, na religião, na cultura e na política de toda a sociedade. Devido ao comando exercido pelo Catolicismo, as universidades e os centros de estudo foram dominados por ensinamentos religiosos, que buscavam responder as exigências da fé, o que tornou este período conhecido como escolástico. Com o campo jurídico não foi diferente. O Direito Natural deixou de ser visto pelo viés da razão humana para ser contemplado como uma emanação

41 Cognitio Juris 41 divina. Vale sublinhar que todo o pensamento do Direito estava envolto deste princípio, no qual Deus era o início, meio e o fim de todas as coisas. Dois foram os pensadores no campo do Direito Escolástico, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. São Tomás de Aquino foi influenciado pelas ideias aristotélicas e testificava o direito natural com a razão humana voltada às revelações divinas. Consoante Morrison, o seu grande feito foi ter dividido leis criadas a partir do estado ideal do homem em eternas, divinas, naturais e humanas (2006, p.80-81) que tinham como fim, preservação a vida, propagação da espécie, formada sobre leis humanas pertencentes ao estado natural (MORRISON, 2006, p.79). Para santo Agostinho, Deus seria o princípio de todas as coisas, e o direito positivo se fundaria na lei eterna que a lei de Deus (NADER, 2010, p.164). Cumpre-se esclarecer, que a lei eterna deveria ser imutável, universal, conservaria a ordem natural do universo e, por sua essência divina, não poderia ser violada Idade moderna e escola clássica de direito natural A Idade Moderna iniciou-se com o Renascimento, período marcado pela saída da era medieval e a renascença dos ideais da Antiguidade Clássica, que estavam adormecidos. Nessa época, grandes transformações ocorreram. Primeiramente, a influência exercida pela Igreja Católica nas relações humanas começara a enfraquecer e o campo do estudo da Medicina, da Filosofia, das Ciências e das Artes emergiu. Paulatinamente, o Teocentrismo foi substituído pelo Antropocentrismo, e uma nova forma de enxergar o Estado e a soberania foi encontrada nas obras O Príncipe, de Maquiavel, e De la République, de Jean Bodin. Mais a frente, a Escola Clássica de Direito Natural trouxe à tona o Jusnaturalismo, movimento que voltava à Antiguidade Clássica com a busca da natureza para a promoção de direitos. Insta salientar, que a teoria jusnaturalista consistia no reconhecimento de que há na sociedade, um conjunto de valores e pretensões humanas legítimas que não decorriam de norma jurídica emanada do Estado

42 42 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 (BARROSO, 2009, p. 235). É relevante esclarecer, que essas pretensões seriam os direitos universais e imutáveis que os homens reconheciam como verdadeiros e que existiam independente de qualquer vontade. Pode-se dizer que foi com o Jusnaturalismo que a noção de princípio foi refeita, pois, seus ideais deixaram de serem obras divinas para terem, verdadeiramente, essência principiológica como obra humana. Urge registrar que esses direitos superiores ao Estado, imutáveis e universais, são os princípios que a sociedade aspirava como verdadeiros e necessários à sobrevivência humana, tais como a vida, a igualdade e a liberdade. Grandes foram os defensores da Escola Clássica de Direito Natural. Um dos estudiosos foi Hugo Grócio, que destituiu o Direito Natural da Divindade. Ele acreditava que o Direito existia independente de Deus. Grócio atribuía grande valor à natureza humana e, também, acreditava na ideia de Estado surgida através de um contrato. Posteriormente, vieram Hobbes, Puffebdorf, Tomásio, Spinoza e Locke. Mas, o apogeu do Jusnaturalismo se deu com Rousseau e sua obra O contrato social, a qual explica que para o homem sair do estado de natureza e ir ao estado social, era necessário um contrato entre ambos, o qual deveria respeitar os princípios da igualdade e da liberdade e ser criado a partir da vontade geral. O estado de natureza seria um momento em que os homens viveriam bem e gozariam dos direitos naturais sem nenhum tipo de corrupção. Todavia, a desarmonia teria surgido quando alguns homens, prevalecendo de sua força, impuseram o domínio (NADER, 2010, p.179). Por esta razão, seria necessária uma força maior, o Estado, que surgiria para garantir os direitos dos homens. Com fundamento nesta premissa, nasceu a ideia de pacto social em que o homem cedia parte dos seus direitos e o Estado resguardava a paz e a harmonia de toda a comunidade. Releva-se pontuar, que os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, defendidos por Rousseau, formaram o emblema da Revolução Francesa. Estes são princípios que resumiam os anseios do

43 Cognitio Juris 43 povo francês, sobretudo, em proteger os direitos naturais e vencer a monarquia absolutista. As ideias do iluminista, também, repercutiram no campo da democracia, pois, sustentou-se que a predominância da vontade popular, com o reconhecimento de uma liberdade natural e com a busca de uma igualdade que se reflete inclusive na aceitação da maioria como critério para obrigar o todo [...] (DALLARI, 2010, p.18). No entanto, o Jusnaturalismo foi alvo diversas críticas feitas pelos positivistas. O modelo proposto pela Escola Clássica de Direito Natural era falho, principalmente, pela falta de organização. Importa mencionar que, por não serem codificados, seus ideais ficavam no campo abstrato, dificultando sua aplicabilidade. Foi em contraposição a estas falhas que o Jusnaturalismo entrou em decadência e uma nova forma de ideologia surgiu para o Direito, o Positivismo POSITIVISMO JURÍDICO O Positivismo Jurídico foi um movimento que surgiu na Europa, no século XIX, em reação aos excessos do Jusnaturalismo. Ele refletia a busca pela razão pura, tema de grandes discussões na época, toda sua matriz estava envolta dos ideais de objetividade, empirismo e ciência, o que, de certa monta, desprezou a moral, a metafísica e o abstrativismo. De acordo com Barroso, o movimento positivista fundamentou-se na aproximação do Direito à norma. A lei era considerada a única fonte do direito e, também, obra de uma emanação do estado, a qual respeitaria um processo de criação e, por tanto, seria aplicada independente do seu conteúdo. Ela teria conceitos e instrumentos suficientes para solucionar qualquer caso, o que evitaria a existência de lacunas (2009, p.240). Com isso, não seria necessário nenhum tipo de interpretação e, nem mesmo, a ponderação dos princípios. Nesse diapasão, pode-se observar que o Direito estava restringido, apenas, à vontade do legislador. Nesta época, foi evidente a prevalência do Direito Positivo sobre o Natural, isto por que:

44 44 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Por obra do positivismo jurídico ocorre à redução de todo o direito a direito positivo, e o direito natural é excluído da categoria de direito: o direito positivo é direito, e o direito natural não é direito. A partir deste momento o acréscimo do adjetivo positivo ao termo direito torna-se um pleonasmo mesmo porque, se quisermos usar uma fórmula sintética (BOBBIO, 1996, p.26). O Direito Positivo se distinguia do Direito Natural por diversos fatores, dentre os quais, destaca Bobbio: por esse ser particular, promulgado, passível de modificações e por estar relacionado àquilo que é útil. Outra discrepância, é que o Direito Positivista tem o ideal de Justiça pautado na positivação das leis, ao contrário do Direito Natural, que demonstra-se, como universal, imutável e estabelece aquilo que é bom através do racionalismo ético e dos deveres morais (1996, p.22-23) Ponto alto do positivismo Primeiramente, importa salientar que, ao se pensar em Positivismo Jurídico, um dos nomes mais importantes a ser lembrado é o de Hans Kelsen, pois, este jus filósofo marcou o movimento positivista com sua obra Teoria Pura do direito. Nesta, Kelsen buscou lançar os alicerces do Direito e, para isso, dissociou a matéria (Direito) de qualquer outro campo de estudo ou matérias afins, tais como, a Filosofia, a Sociologia, a Axiologia e, também, os princípios. Por esta razão é que se denominou teoria pura. Para o filósofo, as normas jurídicas seriam um meio para o Estado manifestar sua imposição e autoridade sobre um país. No mais, as normas não seriam nem boas nem más e carregariam consigo a legitimidade para a sua própria existência. Vale frisar, ainda, que Kelsen adotou um sistema de lei fundamental em que uma norma seria superior às demais. Tratava-se do sistema piramidal, destinado a 2. Os presentes critérios de diferenciação entre direito natural e positivo foram trazidos por Norberto Bobbio em sua obra O positivismo jurídico, e encontram-se nas p.22-23, contudo foi parafraseado e retirado de sua ordem natural para melhor encaixe neste trabalho.

45 Cognitio Juris 45 organizar o ordenamento jurídico por meio da hierarquia das leis, sendo que umas regulamentariam a validade das outras. Consoante os ensinamentos do jus filósofo, [...] uma norma jurídica não vale porque têm um determinado conteúdo [...] mas, porque é criada por uma forma determinada, em última análise, por uma forma fixada por uma norma fundamental pressuposta (KELSEN, 2009.p.221). Nesta toada, restou esclarecido que a norma fundamental e sua eficácia traziam, à tona, a validade das leis. Para o presente trabalho, o estudo a respeito da moralidade é o que mais importa. As ideias de Kelsen relacionavam-se ao cientificismo, pois, era o objetivo do doutrinador, a diferenciação do Direito das outras matérias. Estas eram consideradas análogas à incipiente Ciência Jurídica e, portanto, eram estudadas no campo da Ética. Ressalta-se que o filósofo adotou os ideais de Weber, sobretudo, quanto à separação dos valores dos deveres científicos, somado a este fato, os momentos vividos pela ausência de valores na Alemanha contribuíram para que muitos estudiosos criticassem a separação entre os preceitos morais e as leis. Nesse contexto, pontua Kelsen: [...] então a exigência de separar o direito da moral e a ciência jurídica da ética significa que a validade das normas jurídicas positivas não depende do fato de corresponderem á ordem moral, que do ponto de vista de um conhecimento dirigido ao Direito positivo, uma norma jurídica pode ser considerada como válida ainda que contrarie a ordem moral. (2009, p. 77). A separação da moral e do Direito trouxe um impacto fulminante nos princípios morais, que além de fundamentaram-se na moralidade, eram instrumentos para as interpretações axiológicas da Ciência Jurídica. Ademais, Kelsen adotou um sistema positivo, no qual a validade de uma ordem jurídica positiva é independente de sua concordância ou discordância com qualquer sistema moral (KELSEN, 2009, p.76). Com isso, o jus filósofo esqueceu que a Justiça, o principal fim do Direito, depende de um mínimo de

46 46 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 ponderação, de legitimidade, de valores morais e de princípios para ser consumada. Outro grande positivista foi o inglês Herbert L. A. Hart, o qual criou um novo sistema de regras por meio de sua obra O Conceito de Direito. Com base nessa ideia, Mariana Candido e Rosivaldo Junior explicam que o sistema jurídico de Hart seria uma união complexa de regras primárias e secundárias, sendo que as primárias impõem um comportamento ou abstenção e as secundárias criam modificam regulamentam e extinguem as regras primárias (Acesso em 07 dez. 2011). Cumpre salientar, que o jurista inglês acredita que nos casos em que não há legislação a ser aplicada, o tribunal tem o poder discricionário de escolher as medidas cabíveis, pautadas em padrões dogmáticos, postulados e princípios, e aplicá-las ao caso concreto a fim de materializar o Direito. Contudo, Hart se contradiz, pois para ele, o magistrado, ao exercer o poder discricionário, não deve fazer isso de forma arbitrária: isto é, ele deve sempre ter certas razões para justificar a sua decisão e deve agir como um legislador consciencioso agiria decidindo de acordo com suas próprias crenças e valores (HART, 2005, p. 336). E é aqui que grande parte da doutrina o critica, por que, ao mesmo tempo em que o juiz não deve ser arbitrário agir de forma consciente a padrões pré-estabelecido ele pode resolver o conflito com suas próprias crenças e valores, ou seja, a decisão do conflito ficaria a mercê da compreensão dos juízes e suas convicções pessoais, sem apreciação dos princípios e dos costumes, ou até mesmo da analogia empregadas hoje no direito (NADER, 2010, p.231) 3. 3 Na referida citação, ante exposta, Paulo Nader corrobora a afirmação feita no texto, de que a doutrina critica o posicionamento de Hart, quando afirma que: [...] Hart foi objeto de severas críticas de Dworkin, especialmente o tocante ao poder discricionário dos juízes diante da omissão legal. Como o Direito se manifestaria somente nas normas, os juízes não contariam com outras fontes para o julgamento em questão. Para Dworkin como o direito se compõe de normas, diretrizes e princípios, a tese do poder discricionário resta sem fundamento. A prática judicial, por outro lado, ao se orientar pelos precedentes, que exercem forma gravitacional nas decisões, se contrapõe a tese positivista do poder discricionário dos juízes [...].

47 Cognitio Juris Positivismo e o Holocausto Com base no que fora abordado anteriormente, pode-se observar que o movimento positivista foi extremista, em consequência disto, as matérias humanas foram deixadas de lado. Neste diapasão, vale lembrar que o Positivismo surgiu com o intuito de organizar o sistema jurídico, no mais, ao engrandecer as leis e adotá-las como o único parâmetro de aplicação do Direito, repercutiu esta ação, de forma drástica no mundo. Os ideais positivistas tomaram proporções grandiosas e, em parte, contribuíram para que o mundo sofresse o maior ataque aos direitos humanos na segunda Guerra mundial. Neste período, o nazismo alemão e o fascismo italiano se difundiram como partidos autocráticos e agiram de forma inconsequente e desumana para com a humanidade. Hitler, o principal ditador nazista, embasado pelos ideais do Positivismo no que condiz à aplicação das leis, expedia dispositivos legais de forma ardilosa, e que aos poucos, restringiram a liberdade dos judeus. Posteriormente, mais do que tal cerceamento, as leis impostas pelo regime nazista legitimaram o extermínio do referido povo. No período compreendido como Holocausto, milhares de judeus foram torturados e cruelmente mortos, sem que lhes fossem respeitados os seus direitos enquanto seres humanos. Com o término da Segunda Guerra Mundial, instaurou-se, em sede de exceção, o Tribunal de Nuremberg para ser procedido o julgamento dos militares nazistas pelos crimes cometidos durante o conflito. Interrogados sobre suas ações, os nazistas fundamentaram sua tese de defesa no estrito cumprimento do dever legal. Com o Holocausto, o Positivismo Jurídico perdeu o seu poderio e mostrou ao mundo o problema da aplicação da lei seca, sem valores, sem moral e sem princípios nos contextos jurídicos. Os axiomas refletem aquilo que é correto, justo, probo, se atém à moralidade, portanto, sua aplicação estabelece por via reflexa um estado equânime a ser buscado. Além disso, também mandam tomar medidas para proteção dos direitos de liberdade, [...] Ao Estado não

48 48 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 cabe apenas respeitar os direitos fundamentais, senão também o dever de promovê-los por meio da adoção de medidas que realizam da melhor forma possível (AVILA, 2011, p.102). Essa é a razão para que tais postulados tenham grande esplendor no novo sistema jurídico conhecido como Pós Positivismo PÓS POSITIVISMO: A ASCÊNÇÃO DOS PRINCÍPIOS NA MODERNIDADE Após a Segunda Grande Guerra, o mundo, sobretudo a Europa, estava em cacos. As torturas, as mortes e a falta de liberdade trouxeram o medo de uma nova guerra à população. O mundo perguntava-se até que ponto chegariam as atrocidades humanas, e até onde o Direito iria legitimar tal situação. É imperioso lembrar que, no Positivismo, os direitos fundamentais e os princípios morais foram, completamente, violados por leis arbitrárias. Diante desta conjuntura, coube à Ciência Jurídica mudar o caos instalado e dizer ao mundo que iria protegê-lo, bem como assegurar os direitos naturais intrínsecos ao ser humano e necessários a sua sobrevivência. Com esses intuitos de proteção ao homem, surgiu o movimento conhecido como Pós-Positivismo, ou Neoconstitucionalismo, (LENZA, 2011, p. 59) 4. A corrente Pós- Positivista acompanhava as transformações vividas na época, as quais caracterizaram o período de redemocratização. Com a queda do Positivismo Jurídico, chegou-se à conclusão de que a lei não poderia ser a única fonte do direito, pois, a moral e a Ética, também, eram necessárias para a preservação da justiça. 4 Para este trabalho chamaremos o movimento de Pós- positivismo, nome comumente empregado nas obras de Luis Roberto Barroso e outros autores, por enquadrar e ampliar os acontecimentos ocorridos e as modificações vividas pelo direito no período pós-guerra em todo mundo. O nome neoconstitucionalismo está atrelado a nova retórica vivida pelo direito constitucional contemporâneo, que adota os princípios, valores, regras e outros fatores que serão tratados mais a frente para garantir a eficácia constitucional.

49 Cognitio Juris 49 Para obter os valores acima mencionados, o movimento Pós- Positivista buscou as raízes da Ciência Jurídica, principalmente, o Direito Natural. Sob este viés, os ideais de igualdade, liberdade e dignidade humana passaram a ser vistos como princípios para promoção do que é bom para o homem. Dessa forma, os postulados morais deixaram de ser meros atributos para nortearem e fundamentarem decisões, o que proporcionou a eles o status de fontes legítimas do Direito. No entanto, os princípios deveriam estar legitimados para não serem, facilmente, perdidos ou cancelados como ocorreu na Segunda Guerra Mundial. Dentre as principais características do Pós-Positivismo, encontra-se a legalidade dos direitos naturais. Esta, nas célebres palavras de Nader, é: A criação de novos institutos ou a modernização de antigos códigos é previdência a ser tomada em consonância com a vontade popular, de que os detentores do poder devem ser intérpretes, respeitados sempre aqueles princípios majoritários, verdadeiras matrizes do direito universal. (2010, p.195). Neste ínterim, a criação das leis submeteu-se a um processo para que, ao final, as normas fossem semeadas no mundo jurídico. Assim, além do respeito ao princípio da legalidade, visou-se resguardar a legitimidade das normas. Por meio deste pressuposto, fortaleceu-se a confiança da população nas leis, haja vista estas serem reflexos da coletividade e inspiradas nos axiomas promotores da Justiça. Com esse intuito de redemocratização, o qual visou conceder segurança, liberdade, democracia e paz à população, os princípios emergiram de forma respeitosa no Direito Moderno. Tamanha importância resultou na consagração dos axiomas em famosos Códigos e Constituições, tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Constituição Italiana (1947) a Lei Fundamental de Bonn (Constituição Alemã-1949) e, também, nos tratados e instituições de direitos humanos, como a ONU e as Cortes

50 50 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Internacionais. No Brasil, a adoção dos princípios morais foi consagrada na Constituição de 1988, principalmente, no que se refere aos direitos individuais dispostos no artigo quinto (cláusulas pétreas), os quais serão estudados doravante. Com o ímpeto de modernização, o movimento Pós-Positivista surgiu como uma doutrina bem sucedida para o Direito Contemporâneo. Emaranhado de ideias ricas e heterogêneas que buscavam abrigo no paradigma de reconstrução, ele reintroduziu os valores na interpretação jurídica por meio do reconhecimento da força normativa dos princípios e de sua diferença quanto às regras. Insta acrescer que, nas celebres palavras de Barroso o Pós Positivismo trouxe a reabilitação da razão prática da argumentação jurídica, o que auxiliou na formação de uma nova hermenêutica e no desenvolvimento das teorias dos direitos fundamentais, erguida sobre o pilar da dignidade humana, o movimento reaproximou o Direito e a Ética. (2009, p ) Princípios e Regras Conforme fora visto alhures, no Pós-Positivismo, os princípios tomaram proporções grandiosas e foram dissociados das regras. Essa temática de identificação de regras e de axiomas encontra-se em diversos livros de Direito Constitucional, mas, tal dicotomia obteve grande repercussão com as obras de Ronald Dworkin, em Levando os Direitos a Sério, e, posteriormente, com Robert Alexy, em Teoria dos Direitos Fundamentais. Para que se entenda a distinção entre regras e princípios, primeiramente, é necessário conhecer a natureza de cada um. Por regra pode-se ter a ideia de um comando restrito à aplicabilidade de determinadas situações, uma indicação de como fazer e por que fazer, a qual ocorre por meio da subsunção, isto é, pelo encaixe do fato à norma. De tal premissa adveio à ideia de Dworkin de que as regras são aplicadas no modo tudo ou nada. Dados os fatos que uma regra estipula, então ou a regra é válida, e neste caso a reposta que ela fornece deve ser aceita, ou não é válida, e neste caso nada contribui

51 Cognitio Juris 51 para decisão (DWORKIN, 2002, p. 39). A guisa de exemplo, pode-se citar alguns dispositivos da Constituição Federal de 1988, como o artigo 61, parágrafo 2º, referente às regras que dispõem para o projeto de lei criado por iniciativa popular, e o artigo 93, inciso I, referente às regras para que um candidato seja investido pela magistratura. Os princípios, por sua vez, são mais amplos, maleáveis, podendo ser aplicados em um número indeterminado de fatos. Por esta razão, eles fazem uma compreensão axiológica da sociedade e do Direito, bem como uma interpretação teleológica (ao fim que a ser almejado) para melhor aplicação possível ao caso. Figurativamente, o princípio é o núcleo celular que contém o material genético de parâmetros éticos e morais de um sistema normativo. Para fixação do conteúdo, pode-se ter como exemplo o princípio da legalidade, previsto no artigo 5º, inciso II da Carta Magna, o qual produz efeitos em todas as áreas do Direito, como por exemplo, no âmbito do Penal, civil e recursal com a proibição da criação de tipos penais, direitos reais e recursos, além daqueles descritos na lei. Assim, por serem amplos, os postulados refletem em diversos outros campos da Ciência Jurídica, diferentemente das regras que são restritas. Outros critérios, utilizados pela Doutrina majoritária para a diferenciação dos princípios e das regras, são o caráter hipotéticocondicional, o modo final de aplicação e os conflitos normativos pertinentes a cada um. Quanto ao caráter hipotético-condicional, observa-se que as regras possuem uma hipótese e uma consequência que predeterminam a decisão, sendo aplicadas de modo se, então (ÁVILA, 2011, p. 40). Para exemplificar, observa-se um caso de excludente de ilicitude, como o estado de necessidade, disposto no artigo 23, inciso I, do Código Penal. Por este artigo, se o agente estava, no momento do crime, em estado de necessidade, então, será agraciado com a excludente de ilicitude. De maneira distinta, os princípios fundamentam a decisão do jurista e não são aplicados de modo inexequível. Para a aplicabilidade

52 52 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 desses aos casos concretos, é necessária uma maior atenção por parte do intérprete jurídico. Ainda concernente à aplicação das regras e dos princípios, importa retomar que as regras são aplicadas no modo tudo ou nada, isto é, se houve subsunção, o encaixe do fato à norma, será procedido uma decisão objetiva (eficácia da regra) ao autor do fato. Ao reverso, os princípios não são empregados em situações específicas, pois, embasam outras hipóteses além das previstas positivamente, e visam a alcançar uma solução final. Destarte, subtende-se que os axiomas são normas finalísticas e as regras normas imediatas. No mais, a maior diferença entre ambos os institutos reside no critério do conflito normativo. Primeiramente, as regras são normas que só podem ser cumpridas ou não. Se uma regra é válida, então deve fazer exatamente o que ela exige, nem mais nem menos, portanto as regras contêm determinações no Âmbito do que é fático e juridicamente possível (ALEXY, 1993, p. 87, tradução nossa). Vale ressaltar que elas atuam conforme a sua validade e, em caso de antinomia, deve ser declarada a invalidade de uma delas. Diferentemente das regras, os princípios, diante de uma antinomia jurídica, não podem ser solucionados invalidando um ao outro. Isso porque, peculiarmente, possuem uma dimensão que as normas não têm - a dimensão de peso ou importância (DWORKIN, 2002, p.42). Não restam dúvidas de que todos os princípios são importantes, porém, há casos em que devem ser aplicados na maior medida do possível, dentro de possibilidades jurídicas reais e existentes (DWORKIN, 2002, p.86). Neste sentido, em uma hipótese em que dois princípios colidentes podem ser aplicados, o que possui maior peso, maior relevância, sobressairá e será aplicado. Com isso, o que possui menor importância será descartado ou exercerá uma pequena contribuição para o caso. A título de exemplo, pode-se citar o caso em que um repórter desrespeita a vida privada de um telespectador, fato que põe em choque os princípios da liberdade de informação e da intimidade. Nesta circunstância, o aplicador do Direito deve observar o fato e os

53 Cognitio Juris 53 princípios que a ele se relacionam, para que possa aplicar o axioma mais condizente. No caso em tela, possivelmente a intimidade sobressairia à liberdade de informação. A técnica que indica qual o maior peso dos princípios é chamada de Ponderação, a qual tem sido comumente empregada na jurisprudência, principalmente, no que dispõe acerca das normas constitucionais. Devido à aplicação do princípio da unidade normativa, todas as normas constitucionais têm a mesma importância, sejam elas princípios ou regras. Para Luis Roberto Barroso a ponderação consiste em três fases. A primeira destina-se a detectar as normas relevantes ao caso e a identificar os conflitos entre elas. A segunda refere-se ao exame dos fatos em circunstâncias concretas e à interação dos princípios com outros elementos normativos. A terceira consiste na junção dos diferentes grupos de normas e na repercussão dos fatos concretos até se chegar ao peso dessas. Assim, torna-se possível determinar as que prevalecerão ao caso, bem como graduar a solução escolhida e a intensidade da aplicação das normas. Todo o processo deve transcorrer observando o postulado normativo da razoabilidade, ou proporcionalidade (2009, p ) Consagração dos princípios no Direito Constitucional Contemporâneo Expostas as diferenças entre princípios e regras, é importante conhecer o papel que os postulados axiológicos exercem no sistema jurídico contemporâneo. Como restou demonstrado, eles passaram por um árduo processo para, hoje, serem tidos como normas do Direito. Não obstante, a crescente aplicação dos princípios se desmistifica por suas mutações no decorrer dos tempos. Os princípios, após o período moderno, deixaram de ser, apenas, uma emanação divina e, até, reestruturou-se a ideia de busca na razão humana do Jusnaturalismo. Entretanto, para Barroso almejou-se uma razão que não ficasse nos planos teóricos, mas sim, de maneira sucinta; que reconhecesse os valores compartilhados por toda comunidade (BARROSO, Acesso em 25 jan ). No Brasil, a

54 54 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 verdadeira consagração dos princípios ocorreu com a promulgação da Constituição Federal de Após o período de redemocratização do país, a Carta Magna abraçou os princípios e deu-lhes o seu devido papel de nortear as diversas atribuições jurídicas. Neste patamar de relevância, os axiomas poderiam sujeitar outros mecanismos do Direito a obedecê-los e, assim, exercerem a força normativa a eles inata. Nesta sorte, tornaram-se parâmetro para o jurista e para o legislador, o que expandiu sua importância para todo tipo de relação jurídica. Como característica do Pós-Positivismo de proteção aos direitos humanos, o artigo 5º da Lei Máxima, que assegura os direitos individuais, cuidou de proteger os princípios, e o artigo 60, parágrafo 4, inciso IV, do mesmo diploma legal, intitulou-os como pétreos, o que resguardou a imutabilidade e a impossibilidade de serem abolidos por qualquer tipo de lei infraconstitucional ou projeto de emenda. Nós últimos tempos, o Direito Constitucional adaptou-se a um novo modelo, que não busca, apenas, o seu contexto material de limitação do poder do Estado e preservação dos direitos fundamentais, mas, também, que busca a verdadeira aproximação do Direito à Ética. Este movimento, conhecido como Neoconstitucionalismo, tem como o seu principal fim [...] a eficácia constitucional, deixando o texto de ter um caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo especialmente diante da expectativa de concretização dos direitos fundamentais ( LENZA, 2011, p. 59). Nestes termos, entende-se que a Constituição Federal de 1988 busca a sua verdadeira aplicação, pois, pretende sair dos bancos acadêmicos, dos fóruns, dos tribunais e ir ao Brasil verdadeiro com o propósito de construir uma sociedade justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza, a marginalização e o preconceito, enfim, aplicar os ideais de um estado social e democrático de direito. Não que ela já não faça isso, mas, almeja aplicá-los e concretizá-los em todos os tipos de relações sociais de maneira sucinta e duradoura. Para promover os fins supracitados, o novo modelo Constitucional levantou algumas ferramentas, as quais, segundo

55 Cognitio Juris 55 Walber de Moura Agra, citado por Pedro Lenza, consistem na: [...] a) positivação e concretização de um catálogo de Direitos fundamentais; b) onipresença dos princípios e das regras; c) inovações hermenêuticas; d) densificação da força normativa do Estado; d) desenvolvimento da justiça distributiva. (2011, p.60). No mais, a principal diferença entre o novo e o antigo constitucionalismo reside na busca dos valores intrínsecos aos contextos constitucionais: No constitucionalismo moderno a diferença entre as normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no Neoconstitucionalismo a diferença é também axiológica. A Constituição como um valor em si. O caráter ideológico do constitucionalismo moderno era apenas o de limitar o poder, o caráter ideológico do Neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos fundamentais. (AGRA, apud LENZA, 2011, p.60). O neoconstitucionalismo adota a axiologia para o respeito e a promoção da dignidade da pessoa humana. Neste grande país, as pessoas possuem culturas e valores diferentes e a Constituição, também, é fruto da cultura humana. Nestes lindes, a adoção dos valores é um meio em que o Direito Constitucional diminui os atritos políticos e culturais servindo também como um norte para aplicação dos direitos constitucionais inerentes ao homem. Para alcançar tal objetivo, a Constituição deve ser una, centrada e quando o legislador observá-la, para criação de uma norma, deve encarar não apenas o texto em si, mas também seu caráter axiológico. Essa singela explicação do que vem a ser o Neoconstitucionalismo, foi proposital para a demonstração de tamanha importância da incorporação dos princípios no texto constitucional. Como visto, esse modelo busca sempre aproximar a Ciência Jurídica da Ética e, para tal façanha, é imprescindível a incorporação dos princípios. Ressalta-se que além de fazer uma leitura moral do Direito, para Barroso os princípios condensam valores, dão unidade ao sistema e condicionam a atividade do intérprete (Acesso em 25 jan. 2011). Em síntese, o Neocostitucionalismo procura

56 56 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 elaborar um sistema único sem desigualdade, prestar modelos ao aplicador do Direito, diminuir os atritos e as tensões normativas e, verdadeiramente, aproximar os valores no cotidiano e promover o Direito, não como sinônimo de lei, mas, como justiça e igualdade. 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em análise ao que fora mencionado, observa-se que os princípios surgiram com o Direito Natural e com as primeiras civilizações, as quais passaram por processos históricos até chegarem à Antiguidade Clássica. Nesse tempo, os axiomas foram aplicados como frutos da natureza humana e na Idade Média, como dons divinos. Os princípios saíram desses dois períodos fortificados com a imutabilidade e enaltecidos pela onipotência, reflexo dos princípios divinos. Durante todo o percurso, chegou ao Positivismo, em que os princípios humanos foram, totalmente, descartados por um sistema que adotava a lei como o único método de aplicação do Direito. A derrota do movimento positivista com a queda do nazismo e do fascismo, e o desatino do holocausto trouxeram à tona a importância dos axiomas morais para aplicação do Direito. No entanto, é no Pós-Positivismo e no período de redemocratização que os princípios se consagram como normas do Direito, concretas e aplicadas com grande força normativa. Nesse período, os princípios se consagram em diversos códigos, tratados e, gradualmente, se espalharam pelo mundo. Em suma, pode-se observar que os princípios passaram por um longo processo histórico, filosófico e cultural para hoje serem parte integrante de qualquer ordenamento jurídico que busca a igualdade, a liberdade e a proteção dos direitos fundamentais para o seu povo. No Brasil, a consagração dos princípios se obteve com a Constituição Federal de Abrigados pela Lei Maior, são comumente usados como modelos, e aplicados em todo ordenamento jurídico brasileiro. No Neoconstitucionalismo, aos axiomas coube a missão de preservar os valores sociais, bem como de fazer a leitura do Direito e dar unidade constitucional.

57 Cognitio Juris 57 Nesse sentido, observa-se a tamanha importância dos princípios para nosso sistema jurídico, bem como os de todo mundo. Esses mecanismos do direito cresceram esporadicamente nos ordenamentos jurídicos. Tal prerrogativa se explica, pela busca do direito em promover seu bem maior, a justiça, e não existe outro meio mais simples e eficaz para promoção deste fim, se não a verdadeira aplicação dos princípios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madri: Centro de estudos Constitucionales, ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição a aplicação dos princípios jurídicos. 12. ed. São Paulo: Malheiros, BARCELOS, Ana Paula. Neocosntitucionalismo, direitos fundamentais e controle das políticas públicas. Mundo jurídico, 28 julho Disponível em: < Acessado em: 24 jan BARROSO, Luis Roberto. Direito Constitucional Contemporâneo: Os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, Fundamentos teóricos e filosóficos do novo Direito Constitucional brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 59, 1 out Disponível em: < Acesso em: 27 jan Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito. O triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 851, 1 nov Disponível em: < Acesso em: 25 jan BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. Tradução e notas.márcio Pluguesi, Edson Bini, Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

58 58 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípios. Trad. Luis Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, HART, Herbert L. A. O conceito de Direito. Trad. Armindo Ribeiro Mendes. 4. ed. Lisboa: fundação Caulouste Gulbenkian, KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Trad. João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, MARCONI, Marina de Andrade; Lakatos, Eva Maria. Técnica de Pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas, MASCARO, Alysson Leandro. Introdução à Filosofia do Direito: dos modernos aos contemporâneos. São Paulo: Atlas, MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 12. ed. São Paulo: Sugestões literárias, MORRISON, Wayne. Filosofia do Direito: dos gregos ao pósmodernismo. Traduzido e revisado. Jefferson Luiz Camargo, Gildo Rios. São Paulo: Martins fontes, NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, PLATÃO. The Republic. 2. ed. trad. Ingl. Desmond Lee. Harmondsworth: penguin books, SILVA, Mariana; JUNIOR, Rosivando. Regras, princípios, valores e postulados para bem aplicar o Direito. Acessado em: 07/12/2011. <Disponível em: SOARES, Orlando. Curso de filosofia Geral e filosofia do Direito. 4. ed. Rio de janeiro: Forense,2003. SÓFOCLES. A Trilogia Tebana. Trad. Mário da Gama kury. 8. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1998. WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da história do Direito.4. ed. Belo Horizonte: Del Ray,

59 Cognitio Juris 59 A TUTELA JURÍDICA DO AFETO E SUA IMPLICAÇÃO NA RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DAS FAMÍLIAS Roberta Alves Bello Resumo: Trata-se de breve análise sobre a plausibilidade de indenização por danos morais oriundo do chamado abandono afetivo paterno, o principio da afetividade e suas implicações no ordenamento juridico brasileiro. Os avanços tecnológicos, culturais e biopsicossociais da humanidade, bem como as novas definições e formas de constituição das famílias possíveis, fizeram com que o afeto tomasse um novo prisma, ocupando um espaço cada vez mais significante nas possibilidades de efetivação do constitucional direito à convivência familiar. De inicio, faz-se uma análise da família e sua evolução histórica, explicitando sobre a evolução da tutela jurídica do afeto em nosso ordenamento constitucional e infraconstitucional. Em seguida, buscou-se discutir a paternidade e a chamada figura paterna, tentando enfatizar a diferença existente entre esses dois conceitos e a importância da figura paterna para o desenvolvimento do infante. Após, discorreu-se sobre alguns direitos e princípios aos quais fazem jus a criança e o adolescente, decorrentes dessa nova concepção jurídica após a constitucionalização do direito e sua positivação em nosso ordenamento pátrio. Na secção seguinte tratou-se exclusivamente da responsabilidade civil no direito de família, explicitando sobre todos os pressupostos para a sua caracterização. Com o intuito de melhor credibilidade ao estudo, organizou-se na quinta secção um breve estudo de caso. Por último, elaborou-se as considerações finais, em que constatou-se que, com a dinâmica na sociedade e nos costumes, nada é definitivo. Palavras Chave: Indenização; Abandono Afetivo; Dano Moral; Possibilidade. A LEGAL CUSTODY OF AFFECTION AND ITS IMPLICATIONS IN TORT LAW IN HOUSEHOLD Abstract: This is a brief analysis of plausibbilidade of punitive damages arising from the so-called affective paternal abandonment. The principle of affectivity and their implications in the Brazilian legal system. Technological advances, cultural and biopsychosocial of humanity bono as new definitions and forms of possible formation of families, caused the affection took a new light, occupying a space increasingly significant in the possibilities of

60 60 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 realization of the constitutional right to family. Initially, it is an analysis of the family and its historical evolution, explaining about the evolution of legal guardianship of affection in our constitutional and infra. Then we tried to discuss fatherhood and called father figure, trying to emphasize the difference between these two concepts, and the importance of father figure to the development of the infant. After, spoke up about some principles and rights to which they are entitled children and adolescents, resulting from this legal conception after the constitutionalization of law and order in our positivization his patriotism. In the following section dealt exclusively civil liability in family law, explaining about all the assumptions for its characterization. In order to better credibility to the study, was organized in the fifth section a brief case study. Finally, we prepared the final considerations, where it was found that with the dynamics in society and customs, nothing is final Keywords: Alternating Guard, shared custody, child's interests. INTRODUÇÃO O referido estudo trata-se de uma breve análise da plausibilidade da existência do fenômeno denominado abandono afetivo paterno 5 e a problemática da indenização de dano moral decorrente de sua configuração. Apesar de, ainda, muitos refutarem a possibilidade da referida reparação pecuniária, o Superior Tribunal de Justiça inovou ao negar provimento ao Recurso Especial de nº , mantendo a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que reconheceu o abandono afetivo praticado pelo genitor em detrimento de sua filha. Tal decisão já serve de precedente para algumas demandas, como um recente julgado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro 6, em que o relator fundamentou sua decisão no recurso 5 Há diversas formas de abandono afetivo. No estudo em questão, a autora ateve-se ao abandono afetivo paterno. 6 Apelação nº TJ/RJ. Julgada em 03/05/2012, 12ª Camara Civil. Relator: Desembargador Cherubin Helcias Schwartz. ABANDONO AFETIVO. GENITOR. DANOS MORAIS. DEVER DE INDENIZAR. Inobstante as controvérsias existentes sobre o tema, inclusive no âmbito do STJ, o abandono afetivo por parte do genitor, capaz de gerar dor, vergonha e sofrimento, caracteriza dano moral passível de indenização. O valor arbitrado a título de indenização, deve

61 Cognitio Juris 61 especial supra citado e no voto da relatora do processo, a ministra Nancy Andrioghi. Carinho, zelo, atenção e solidariedade com os filhos são elementos que transcedem o Direito e que incorporam a dignidade da pessoa humana, direito de todos e tutelada na jurisdição brasileira. Atualmente, a ciência do direito entende como bens juridicamente tutelaveis outros elementos além do direito positivado, princípios e valores que habitam o universo antropológico, social e cultural. Há os que alegam que, pelo fato do amor e o afeto serem subjetivos, não podem ser quantificados ou indenizados 7. Alegam ainda ser incongruente o reconhecimento da afetividade como algo a ser tutelado juridicamente. Outros, a veem apenas como algo relevante pra o chamado direito das famílias 8. Fernando Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça, é um dos que defende a impossibilidade da indenização pecuniária por abandono afetivo, tendo em vista que o ordenamento pátrio prevê, tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 24 9, quanto no Código Civil em seu artigo 1638, inciso II 10, ser a perda do poder familiar a punição mais grave na esfera civil aplicada aos genitores que descumprem o dever de cuidado para com a sua prole 11. O presente estudo foi dividido em quatro capítulos atender aos parâmetros do razoável e proporcional. Recursos aos quais se nega provimento. 7 \São partidários desta corrente: Alberto Senise Lisboa, Francisco Alejandro Horne, Marco Tulio de Carvalho Rocha, dentre outros. 8 Fabio Ulhôa Coelho, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Arando Rizardo, Carlos Alberto Bittar são alguns dos doutrinadores partidários desse entendimento. 9 Art.24: A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificados dos deveres e obrigações a que alude o art Art.1638, II: Perderá por ato ou poder judicial o pai ou a mãe que:[ ] II deixar o filho em abandono. 11 Voto emanado pelo ministro no Resp nº ,muito utilizado como fundamento por aqueles contrários a referida indenização.

62 62 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 objetivando uma melhor discussão acerca da temática analisada. Primeiramente, faz-se um breve estudo sobre a evolução histórica da família brasileira até os dias contemporâneos e uma analise sobre a relevância do afeto no mundo jurídico atual bem como sobre a existência do principio da afetividade. O capítulo seguinte é dedicado a paternidade e a filiação. Aborda-se os conceitos e diferenças entre paternidade e figura paterna, bem como o chamado posse de estado de filho. No terceiro, é feita uma abordagem sobre alguns direitos da criança e do adolescente tutelados no ordenamento pátrio. O quarto é dedicado exclusivamente a responsabilização civil no direito de família, discorrendo sobre as correntes que falam sobre a plausibilidade ou não da indenização pecuniária decorrente de dano moral oriundo de abandono afetivo paterno. Na sessão seguinte é apresentado um breve estudo de casos, desde a primeira ação ocorrida no Brasil até o ultimo posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal de Justiça, além do posicionamento adotado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Por fim, serão apresentadas na quinta sessão as considerações finais sobre o referido tema em discussão. 1. O AFETO E O DIREITO DAS FAMILIAS: UMA BREVE ANÁLISE HISTORICA A entidade familiar no inicio do século passado era tutelada pelo Código Civil de O direito de família regulado pelo antigo código civil em vigor teve como função principal regular a transmissão dos bens e do patrimônio das famílias daqueles que se uniam por meio do casamento civil, atendendo assim a uma minoria privilegiada da população. Somente a entidade familiar matrimonializada era reconhecida pelo referido código. Havia distinção entre os seus membros. A indissolubilidade do casamento era a regra e o único modo existente para solucionar um matrimônio que não havia dado certo era o desquite, que punha fim a comunhão de vida, mas não ao vinculo juridico. A discriminação a pessoas unidas sem os laços

63 Cognitio Juris 63 matrimoniais e aos filhos oriundos dessa união era positivada 12. Cabia ao marido a chefia e a administração destas famílias. Os filhos e esposas tinham posição inferior a ele. A função da mulher era restrita a cuidar do lar, educar e criar os filhos. Era o esposo quem ocupava o espaço no mercado de trabalho. Não havia preocupação com a subjetividade entre os seus componentes. Consequentemente, não se tratava da afetividade, tema este sequer ventilado no direito positivo de então. Para Silvana Maria Carbonera 13, o affectio na família patriarcal positivada no código de Berviláqua: tinha sua existência presumida e condicionada à existência de uma situação juridicamente reconhecida. Desta forma, o casamento já trazia consigo a affectio maritalis, justificando previamente a necessidade de continuidade da relação. Não se questionava tal elemento, uma vez que ele fazia parte da estrutura do matrimonio. (...) O compromisso de manter a vida em comum não revela necessariamente a existência do afeto. A continuidade da relação podia ser motivada por outros elementos, como por exemplo, a impossibilidade da dissolução do vinculo: neste caso a affectio presumida se fazia presente. A noção de afeto representa uma forma de se dar visibilidade as relações de família uma vez que é em sua função que elas se forma e se desfazem. Inúmeras transformações surgidas na passagem do século XIX ao século XX e deste ao XXI fizeram com que o Direito mudasse a sua epistemologia 14, direcionando paulatinamente o foco de sua preocupação do patrimônio à pessoa humana. 12 Eram chamados de ilegítimos os filhos havidos fora do casamento. 13 CARBONERA, Silvia Maria. O papel jurídico do afeto nas relações de família. In: FACHINI, Luiz Edson (Coordenador) Repensando fundamentos do direito civil brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1998, p A epistemologia, também chamada ciência do conhecimento, é o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento.

64 64 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 A industrialização ocorrida no Brasil, bem como o ingresso da mulher no mercado de trabalho, além do aumento de sua esfera de atuação social, política e jurídica na primeira metade do século passado foram grandes contribuidores para a evolução das relações familiares. Outro fator merecedor de destaque foi a chamada revolução feminina, ou seja, a independência da mulher ante o marido, que foi conquistada com a igualdade de direitos e deveres( tanto perante o vínculo matrimonial, como na educação dos filhos, bem como o seu desenvolvimento e crescimento no mercado de trabalho). Luciana Faísca Nahas 15 afirma que: a independência feminina refletiu diretamente na transformação. As mulheres saíram do seio domestico para o trabalho externo, propulsionaram também alteração na questão da subordinação ao marido e da educação dos filhos. Alias o número de filhos do casal também foi afetado pela mudança na divisão de tarefas do casal, sendo imperativa sua redução. Com o fim da Segunda Guerra, observou-se de forma mais nítida alterações na estrutura da família brasileira: há o crescimento da família nuclear e consequente aproximação entre seus integrantes, começando assim a abrir espaço para o aumento do aspecto subjetivo das relações. Inicia-se uma valorização afetiva nos relacionamentos, tanto entre os cônjuges como entre pais e filhos. Face a essas mudanças, foram aprovadas algumas disposições legais com o intuito de atenuar o rigor do Código Civil de 1916, tais como: o Estatuto da Mulher Casada 16 ; a Lei do Divórcio; o Estatuto da Criança e do Adolescente e as leis que admitiam o reconhecimento da união estável. Porém ainda havia uma distancia 15 NAHAS, Luciana Faísca. União homossexual proteção constitucional. Curitiba: Juruá, 2007, p.103. Disponível em: < Acesso em: 18 de novembro de Lei nº de 1964 devolve a plena capacidade a mulher pois garantia a ela a propriedade dos bens adquiridos com o seu trabalho.

65 Cognitio Juris 65 considerável entre a realidade da sociedade brasileira da época e o Código Civil vigente. Nas três ultimas décadas ocorreram grandes transformações nos costumes e na redefinição da entidade familiar. A proclamação da Carta Magna de 1988 positivou inúmeras delas. Um exemplo disso foi o reconhecimento de outras entidades familiares além da matrimonializada. Paralelo a isso, reconhece-se também que as relações familiares podem se configurar com diversos liames e não apenas com base em um ou outro modelo: laços biológicos, afetivos, registrais, jurídicos e matrimoniais. A afetividade torna-se assim, elemento presente em diversas relações familiares contemporâneas, sendo cada vez mais percebida tanto pelo direito como pelas outras ciências humanas. Mesmo sem regulação expressa, a sociedade adotou o vínculo afetivo como relevante no trato relativo aos relacionamentos familiares O afeto e o princípio da afetividade A palavra afeto vem do latim affectus. Consiste num estado, em uma disposição de alma produzida por influência exterior, sentimento, amizade, paixão e simpatia. Para Nicola Abagnamo 17 o termo afeto deve ser entendido como emoções positivas a que se refere o caráter das pessoas e que não tem o caráter dominante e totalitário da paixão. (...) Constituem classe restrita de emoções que acompanham algumas relações interpessoais(entre pais e filhos, entre amigos, entre parentes) ( ). Jean Piaget, epistemólogo suíço, afirma que é incontestável que o afeto desempenha papel essencial no desenvolvimento e funcionamento da inteligência. Sem ele, não haveria necessidade, interesse, motivação. A afetividade é uma 17 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes p.21.

66 66 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 condição necessária na constituição da inteligência. 18 O constitucionalismo contemporâneo dá à afetividade as vestes de principio norteador do direito das famílias, passando a chamar-se princípio da afetividade. A repersonalização deste ramo do direito dar-se ia a partir da adoção do referido princípio. Tal princípio não tem previsão expressa em nosso ordenamento jurídico. Entretanto, pode ser visualizado implicitamente em inúmeras disposições já positivadas em nossa Constituição Federal: na igualdade de filhos, independente de origem ( artigo 227 6º), na adoção; não reconhecimento da união estável( artigo 226 3º), na família homoafetiva ( artigo 2º da lei 11340/2006), na liberdade de decisão sobre o planejamento familiar(artigo 226 7º), dentre outros. Eros Grau 19 é um renomado autor brasileiro defensor da existência dos princípios implícitos. Em sua concepção, a ordem axiológica ou teleológica que o direito é, compreende os princípios implícitos e explícitos. ( ) Os implícitos são descobertos em textos normativos do direito posto ou no direito pressuposto de uma determinada sociedade. Paulo Luiz Netto Lôbo 20 esclarece que é o principio que fundamenta o direito de família na estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida. Na concepção do autor, o principio teve como impulso os valores consagrados na constituição brasileira atual, esclarecendo ainda que o mesmo especializa, no âmbito familiar, os princípios constitucionais fundamentais da dignidade da pessoa humana e da solidariedade. 2. PATERNIDADE E A CHAMADA FIGURA PATERNA Conceituada como qualidade ou condição de pai, ou 18 PIAGET, Jean. The relation of affetivity to intelligence in the mental development of the child. Disponível em:< Acesso em 20 de setembro de GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a Interpretação/Aplicação do Direito. São Paulo: Malheiros, 2009, p LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito Civil: Familias. São Paulo: Saraiva, 2010, p.48.

67 Cognitio Juris 67 ainda como a relação de parentesco que vincula o pai a seus filhos, a palavra paternidade tem a sua origem gramatica no latim paternitate. Uma vez reconhecida, gera responsabilidade ao genitor, que passará a assumir todos os encargos inerentes atribuídos ao exercício da paternidade, tais como: prestar alimentos aos filhos, o dever de educação, dentre outros. Até poucos tempos atrás, ser pai era considerado algo da ordem natural, tendo em vista que a finalidade da família era justamente a procriação, logo, era consequência natural e logica para aqueles que constituíam família através dos enlaces matrimoniais. Na família patriarcal, a figura paterna estava ligada à autoridade, poder, sendo taxativamente separadas as funções desempenhadas pelo homem e pela mulher em relação ao filho, cabendo ao pai, às relativas ao provento das necessidades materiais. Jaques Lacan 21, tendo como base pesquisas e estudos realizados, evidencia que tanto o pai como a mãe biológicas poderem vir a ter dificuldades ou até mesmo não ocuparem o lugar de pai ou mãe, exercendo dessa forma as chamadas figuras paterna e materna, tão necessárias a estruturação psíquicas e formação dos seres humanos. Entretanto, a função paterna necessariamente precisa ser ministrada, seja pelo pai biológico ou não, pois qualquer um pode ser o chamado pai: o genitor, o marido da mãe, o tio, o avô, aquele que cria, enfim, aquele que exerce a função de pai. Inês Hennifen 22 esclarece que a paternidade é uma experiência humana profundamente implicada com propósitos sociais e institucionais que a legítima, ou seja, uma construção que deve ser compreendia face ao contexto sociocultural de um tempo. A compreensão da paternidade passa a ser além do vínculo jurídico, ou seja, sob o viés biológico e sociológico. Para a psicanálise, o pai representa função e, neste sentido, poderá ser 21 LACAN, Jacques. Os complexos familiares. Rio de Janeiro: Zahar, p HENNIFEN, Inês; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima. A Paternidade na Contemporaneidade: um estudo de mídia sob a perspectiva dos estudos culturais. Psicologia & Sociedade: Revista da Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO, v. 14, n,1, p.44, janeiro/junho,2002.

68 68 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 compreendido como pai qualquer membro da família, ou seja, está desvinculado da função biológica. 3. DA PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE: 3.1 O direito à dignidade Os legisladores brasileiros consagraram como princípio constitucional a dignidade da pessoa humana. Por esse principio entende-se que todas as normas que conformam o ordenamento jurídico brasileiro, a despeito de seus traços distintivos, deverão estar em plena consonância com a dignidade da pessoa humana, sob pena inclusive de inconstitucionalidade. 3.2 O principio da paternidade responsável Com previsão no artigo 226 7º da Constituição Federal do Brasil, o principio pressupõe o cumprimento das obrigações materiais e morais para com os filhos, tendo como finalidade proporcionar-lhes o seu desenvolvimento. Nas palavras de Thiago José Pereira Pires 23, o referido principio significa responsabilidade e esta começa na concepção e se estende até que seja necessário e justificável o acompanhamento dos filhos pelos pais. Outa faceta deste princípio está relacionada ao planejamento familiar, no que diz respeito à autonomia do indivíduo para escolher quanto, não só ao aumento, mas também a diminuição ou constituição da prole. 3.3 O dever de convivência O direito a convivência familiar está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, caput, e artigo 19, bem como no artigo 227 da Constituição Federal. 23 PIRES, Thiago José Teixeira. Principio da Paternidade Responsável. Disponível em: <http//: Acesso em 24 de setembro de 2012.

69 Cognitio Juris 69 Para Paulo Lobo, 24 a convivência familiar é a duração diuturna e duradoura entretecida pelas pessoas que compõe o grupo familiar, em virtude de laços de parentesco o não, no ambiente comum. Tal convivência não se restringe ao seio familiar. Assegura-se também o direito a convivência comunitária, aquela ligada a todos aqueles que não fazem parte do convívio familiar. Tal direito objetiva proporcionar ao infante uma melhor adaptação social no futuro. 3.4 Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente Segundo tal princípio, devem-se preservar ao máximo, aqueles que se encontrem em posição de fragilidade. A criança e o adolescente encontram-se em tal posição por estarem em processo de amadurecimento e formação da personalidade. Eles tem assim o direito fundamental de chagar à condição adulta sob as melhores garantias morais e materiais, conforme o preceituado no artigo 227 da Carta Magna brasileira. Tal princípio atinge todo o sistema jurídico nacional, tornando-se o vetor axiológico a ser seguido quando postos em causa os interesses dos infantes. Sendo assim, devem ter a sua proteção jurídica maximizada. 3.5 A chamada doutrina da proteção integral A referida doutrina tem essa denominação por propor que a família, a sociedade e o Estado são obrigados a propiciar a criança e ao adolescente o respeito a todos os seus direitos fundamentais de cidadão e de pessoas em desenvolvimento. Parafraseando Antonio Carlos Gomes Costa 25, verifica-se que a referida doutrina afirma o valor intrínseco da criança como ser humano; a necessidade de especial respeito à sua condição de pessoa 24 LOBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: Famílias. Op. cit., p COSTA, Antonio Carlos Gomes. Natureza e implantação do novo direito da criança e do adolescente. In: Estatuto da criança e do adolescente Estudos Jurídicos Ed. Renovar; 1999, p.19.

70 70 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 em desenvolvimento; o valor prospectivo da infância e da juventude, como portadora da continuidade do seu povo e da espécie e o reconhecimento da sua vulnerabilidade, o que torna as crianças e adolescentes merecedores da proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado, o qual deverá atuar através de políticas específicas pra a promoção e defesa de seus direitos. 4. A RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE FAMÍLIA: 4.1 A caracterização da responsabilidade civil Define-se abandono afetivo como a privação dos filhos da convivência com seus genitores, seja pela imposição de um dos genitores que denigre a imagem do outro, seja pela vontade do pai que deixa de cumpri com o princípio da paternidade responsável ao deixar de conviver diariamente com o seu filho e fornecer todo o afeto necessário para uma sadia formação psicológica da prole, violando o principio da dignidade da pessoa humana. Essa última forma ensejará a compensação por dano moral. Na visão de Nehemias Domingos de Melo 26, o dano ocorre quando os pais faltam com o dever de assistência moral aos seus filhos, na medida em que se fazem ausentes, e, por via de consequência, não prestam a devida assistência afetiva e amorosa durante o desenvolvimento da criança. É fato que a família atual objetiva o livre desenvolvimento da personalidade de cada um de seus membros, sendo um ente funcionalizado, onde todos almejam promover o desenvolvimento dos demais membros, ou seja, tornou-se o centro de desenvolvimento de seus componentes ao incluir no rol dos direitos da criança e adolescente o direito a convivência familiar. Desta forma, a conduta do genitor que abandona a sua prole revela-se violadora dos seus direitos, uma vez que o artigo 227 da Constituição Federal do Brasil inclui no rol dos direitos dos 26 MELO, Nehemias Domingos de. Abandono Moral Fundamentos da responsabilidade civil, 2008, p.7.

71 Cognitio Juris 71 infantes a convivência familiar. Logo, o pai que deixa de prestar assistência afetiva e psicológica a sua prole, viola seus deveres paternos praticando assim uma conduta ilícita ensejadora de reparação no campo moral. Não há restrições legais quanto à aplicação das regras convenientes à responsabilidade civil e consequente dever de indenizar no direito de família. O chamado abandono moral segue as regras da responsabilidade civil subjetiva que pressupõe: violação de um dever jurídico mediante conduta omissiva voluntária; dolo ou a culpa do agente; o ano a vítima e a relação de causalidade entre a conduta do agente e o dano causado a vítima. Para Rui Stocco 27 o elemento primário de todo o ilícito é uma conduta humana e voluntária no mundo exterior. A ilicitude está condicionada à existência de uma ação ou omissão que constitui a base do ato lesivo. Não há obrigação de reparar sem determinado comportamento humano contrario a ordem jurídica. A ação ou omissão constitui o primeiro momento da responsabilidade civil. Caso o pai demandando judicialmente tenha se omitido dos seus deveres de criar, cuidar, visitar e acompanhar a vida do filho, deveres estes presentes na constituição federal e legislação infraconstitucional, incorre num dos primeiros requisitos para sua responsabilização civil: pratica de conduta omissiva em desfavor da prole. Silvio Rodrigues 28 entende que atua culposamente quem causa prejuízo a terceiro em virtude de sua imprudência, imperícia ou negligência. A imprudência é a falta de cuidado por conduta comissiva por ação. Negligência é a falta de cuidado por conduta omissiva. Imprudência decorre da falta de habilidade no exercício da atividade técnica. Para a configuração do abandono afetivo, na visão de 27 STOCCO, Rui. Responsabilidade Civil. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2007, p RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: direito das famílias. v.6. São Paulo: Saraiva, 2004, p

72 72 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Gisela Hinoraka 29, torna-se necessário a comprovação da culpa do genitor não guardião, que deve ter se ocultado da convivência com o filho e, se negado de maneira deliberada a participar do desenvolvimento de sua personalidade. Qualificam-se como morais, os danos em razão da esfera da subjetividade ou do plano valorativo da pessoa na sociedade, em que repertute o fato violador havendo-se, como tais, aqueles que atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana ou da própria valoração da pessoa no meio em que vive. Sergio Cavalieri Filho 30 entende ser a dignidade da pessoa humana a base de todos os valores morais, a essência de todos os direitos personalíssimos. Nas palavras dele, o referido dano envolve a violação dos direitos a personalidade, bem como dos chamados novos direitos da personalidade, quais sejam a imagem, o bom nome, a reputação, sentimentos, relações afetivas, aspirações, hábitos, gostos, convicções políticas, religiosas, filosóficas, e, direitos autorais. Para que haja a sua caracterização e consequente dever de repará-lo é importante a presença dos requisitos da responsabilidade civil. Sabe-se que a dor é imensurável, entretanto, a reparação do dano deve conferir certa compensação pela lesão sofrida pelo lesado e uma punição ao ofensor, de modo a inibir este de cometer novas condutas dolosas. Chama-se nexo causal o liame que une a conduta e o dano. Nosso ordenamento jurídico adota a teoria da causa adequada e direta, uma vez que para que haja responsabilidade civil é necessário que a conduta seja causa direta do dano. Porém, há casos em que ocorre a quebra desse nexo de causalidade. São as chamadas excludentes de ilicitude. Citam-se como exemplos: culpa exclusiva da vitima, força maior, legitima defesa, caso fortuito, dentre outras. 29 HINORAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Sobre peixes e afetos Um devaneio acerca da ética no direito. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Org.). Anais do V Congresso Brasileiro de Direito de Família. São Paulo: IOB Thompson, 2006, p FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Editora Atlas, 2012, p.80.

73 Cognitio Juris Indenização por abandono afetivo Não há consenso entre juristas e doutrinadores no que tange a aceitação da indenização pecuniária decorrente de dano moral originário do chamado abandono afetivo.. Questiona-se a tutela jurisdicional poderá obrigar o cumprimento de um dever moral, através da condenação pecuniária com base no abandono afetivo. Tal divergência se subdivide em três correntes. A primeira delas entende ser a afetividade um princípio do direito de família brasileiro implícito em suas normas, inclusive na constituição federal. Tal fato reflete sua centralidade nas relações familiares e deve ser observado. O seu descumprimento geraria ato ilícito e, portanto, a indenização, tendo como base o artigo 927, do Código Civil atual.. Flávio Tartuci e José Fernando Simão 31, partidários da corrente supra, afirma que o afeto talvez seja apontado, atualmente como o principal fundamento das relações familiares [,,] a afetividade é um dos principais regramentos do novo direito de família que desponta. Cita-se como exemplo, recente apelação julgada pelo Tribunal de Justiça do Paraná 32, condenando o réu a pagar uma indenização decorrente de abandono afetivo paterno no valor de R$5 31 TARTUCE, Flavio; SIMÃO, José Fernando. Principios constitucionais e direito de familia. In: SIMÃO. José Fernando et al. (orgs.) Direito de família do novo milênio: estudos em homenagem ao professor Ávaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, p TJ/PR. Apelação nº Julgado em 26 de janeiro de Relator: desembargador Jorge de Oliveira Vargas. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTE DE ABANDONO AFETIVO. SENTENÇA QUE JULGA IMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL SOB O FUNDAMENTO DE AUSÊNCIA DE ATO ILÍCITO. II - CERTIDÃO NO DISTRIBUIDOR ONDE CONSTA DIVERSAAS AÇÕES DE ALIMENTOS AJUIZADAS PELA AUTORA. III - ATO ILÍTICO CARACTERIZADO. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE À CONVIVÊNCIA FAMILIAR. ART.227 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. IV - DANO MORAL. DEVER DE INDENIZAR. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. V - VALOR DA INDENIZAÇÃO FIXADO EM R$ 5.000,00. RECURSO PROVIDO.

74 74 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril , tendo como um dos fundamentos o fato de que o desprezo do pai po ruma filha, desde a sua tenra idade, fere claramente o principio da dignidade da pessoa humana. A segunda corrente descarta qualquer tipo de indenização por abandono moral ou afetivo. Repele explicitamente a perspectiva principiológica no trato da afetividade, argumentando ainda que o afeto não deve se objeto do Direito. Seus defensores entendem que os deveres da paternidade não podem invadir o campo subjetivo do afeto. Francisco Alejandro Horne 33, partidário desta segunda corrente, afirma que não se pode quantificar o desejo e o amor, muito menos exigir que se goste ou não. Segundo ele, por mais que se configure a rejeição moral, o princípio da liberdade afetiva se sobrepõe a qualquer outro principio para a realização da dignidade, visto que não se pode exigir afeto. Existe ainda uma corrente intermediária, que classifica o afeto como um valor relevante a ser observado no direito de família. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald 34 destacam a importância do afeto na família do novo milênio, considerando-o um valor jurídico tutelável, esclarecendo que a família do novo milênio é igualitária, democrática e plural, protegido todo e qualquer modelo de vivência afetiva e compreendida como estrutura socioafetiva, forjada em laços de solidariedade. Não descartam a indenização, mas pedem cautela ao analisá-la. 5. ESTUDOS DE CASOS A primeira ação pleiteando abandono afetivo ocorreu no Rio Grande do Sul, em que um pai foi condenado a pagar uma indenização por danos morais decorrentes de abandono moral e afetivo, correspondentes duzentos salários mínimo a sua filha, a época com nove anos de idade. Esse processo já transitou em julgado 33 HORNE, Francisco Alejandro. O não cabimento de danos morais por abandono afetivo do pai. Revista Brasileira de Direito de Família. Porto Alegre, nº 8,2007, p FARIAS, Cristiano; Nelson Rosenvald. Direito das. famílias Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p.10.

75 Cognitio Juris 75 e se encontra em fase de execução. O magistrado fundamentou sua decisão no dever dos pais de sustento, guarda e educação dos filhos, e que a ausência, o descaso e a rejeição do pai em relação ao filho recém -nascido, ou em desenvolvimento, violam a sua honra e imagem. 35 O tema chegou ao Superior Tribunal de Justiça em decorrência da decisão proferida pelo tribunal de Alçada de Minas Gerais 36, reformando a sentença em primeiro grau, concedendo a um filho uma quantia em decorrência do dano moral sofrido por abandono afetivo, tendo como principal fundamento o fato de que ser pai não é só dar dinheiro para as despesas de ordem material, mas também suprir todas as necessidades do filho, uma vez que ele tem o dever de possibilitar o desenvolvimento humano da prole, com base no princípio da dignidade da pessoa humana. O STJ, entretanto, reformou a decisão, afastando qualquer possibilidade da indenização. 37 Entretanto o ultimo posicionamento da corte é realmente inovador. Com a frase: Amar é faculdade, cuidar é dever., a ministra Nancy Andrighi demonstrou ser possível exigir indenização por dano oral decorrente de abandono afetivo pelos pais. Ao dar provimento ao Resp nº SP 38, reconheceu o abandono 35 Processo nº da 2ª vara da Comarca de Capão da Canoa, RS. Juiz: Mário Romano. 36 Tribunal de Alçada de Minas Gerais.AC nº ,, 7ª Câmara Civil. Relator Unias Silva. Julgado em 01 de abril de Superior Tribunal de Justiça; Resp nº /MG. Relator: Ministro Fernando Gonçalves. Quarta turma do STJ. Julgado em 29 de novembro de 2005 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art.159 do Código Civil de 1916 o abandono afeteivo, incapaz de reparação pecuniária 2 Recurso especial conhecido e provido. 38 Ementa: Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº SP. Relatora: Ministra: Nancy Andrighi. Julgado em:28 de agosto de CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE.

76 76 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 afetivo sofrido por uma mulher por parte de seu genitor fixando a indenização por danos morais no valor de quatrocentos e quinze mil reais. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro também se manifestou recentemente sobre o tema. Em apelação 39 interposta por um pai, objetivando a reforma de sentença em primeiro grau condenando a pagamento de indenização pecuniária a sua prole por danos morais decorrentes de abandono afetivo, o mesmo teve seu pedido negado pelo desembargador relator, que manteve a decisão de primeira instancia, e fundamentou sua voto com base no voto da ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma do STJ, relatora do Resp nº1, sp. O mesmo genitor interpôs embargos de declaração 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no direito de família. 2. O cuidado como valor juridico está incorporado ao ordenamento juridico brasileiro, não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art.227, da CF/ Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em reconhecer a ocorrência da ilicitude civil sob a forma de omissão. Isso porque o non facere que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia de cuidado importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4.Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais, que para além do cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes por demandarem revolvimento de matéria fática não podem ser objetos de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a titulo de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, na hipótese em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido. 39 TJ/RJ. Apelação nº Décima Segunda Camara Civil. Relator: Desembargador Cherubin Helcias Schwartz. Julgado em 03 de maio de 2012.

77 Cognitio Juris 77 com fins de pré questionamento 40, sendo os mesmos rejeitados 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS É notória a divergência entre doutrinadores e magistrados acerca do cabimento ou não da indenização decorrente de nado moral ocasionado por abandono afetivo por parte do genitor. Questiona-se, inclusive, a tutela do afeto como valor jurídico, alegando tratar-se de um elemento subjetivo, impossível de ser tutelado pela ciência jurídica, utilizando-se da premissa de que não se pode amar ninguém. Entretanto o que se discute nas demandas judiciais é a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico e corolário das pessoas que gerarem ou adotarem filhos. O atual estágio do Direito consagra como bem juridicamente tutelável certos elementos que vão além da lei, do direito positivado; princípios e valores que não precisam ser escritos, mas que habitam o universo jurídico, social, antropológico e cultural. O cuidado, a atenção e a solidariedade com a prole são valores que transcendem o direito inserindo-se como elementos da dignidade da pessoa humana, do qual todos são credores. Destaca-se ainda a visão eudemonista da família consagrada pela atual constituição federal, e o fato de ser assegurado a criança e ao adolescente o direito a convivência familiar, demonstrando uma mudança de paradigma, em que se deixa de tutelar exclusivamente os interesses patrimoniais para se priorizar a busca da afetividade nas relações familiares. Outrossim, há os que acham inviável o dano moral decorrente do abandono afetivo. Para eles, a acepção de indenização por dano moral considera-se abusiva e por demais arbitrária, uma vez que o afeto é subjetivo e não pode ser valorado, além do fato de não ser possível obrigar a alguém sentir afeição pro outrem. Qualquer que seja o posicionamento adotado pelo julgador, o mesmo deve sempre ater-se ao caso concreto, objetivando o melhor 40 TJ/RJ. Embargo de declaração da AC nº Décima Segunda Camara Civil. Relator: Desembargador: Cherubin Helcias Schwartz. Julgado em 27 de junho de 2012.

78 78 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 interesse da criança e do adolescente. E se de fato, tal dano for demonstrado e exsurgir das omissões do genitor no exercício do seu dever de cuidado em relação a prole e de outras ações que possam contribuir para o agravamento dos prejuízos psíquicos sofridos pela prole em decorrência do abandono, caracteriza-se o dano in re ipse, sendo possível assim a compensação. REFERÊNCIAS AZAMBUJA, Maria Regina Fay et ali. A Justiça Pode Ajudar os Filhos a Ter Pai e Mãe?. Texto disponível em : < da_mariaregina.doc>. Acesso em : 22/08/2012. BARRETO, Lucas Hayne Dantas. Considerações sobre Guarda Compartilhada. Texto disponível, em : < Acesso em 20/08/2012. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de Disponível em: < Acesso em : 20/08/2012., Decreto Lei nº4567 de Lei de introdução as normas do direito brasileiro. Ementa com redação dada pela lei nº de 30 de dezembro de Disponível em: < L4657.pdf>. Acesso em: 24/08/2012., Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: < Acesso em : 24/09/2012., Lei 4121 de 27 de agosto de Estatuto da Mulher Casada. Disponivel em: < Acesso em 20 de maio de lei de dezembro de Regula o direito dos companheiros a alimentos e a sucessão. Disponível em: < Acesso em 18 de maio de 2012.

79 Cognitio Juris 79, Lei de dezembro de 1977, Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento. Disponível em : < Acesso em 22 de maio de 2012., Lei 9278 de maio de Regula o artigo 226 3º da Constituição Federal do Brasil. Disponível em: < Acesso em 19 de maio de 2012., Lei de 13 de junho de Disponível em : < Acesso em : 21/09/2012. CARBONERA, Silvia Maria. O papel juridico do afeto nas relações de família. In: FACHINI: Luiz Edson( Coordenador) Repensando fundamentos do direito civil brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar.1998,p.147. COSTA, Antonio Carlos Gomes. Natureza e implantação do novo direito da criança e do adolescente. In: Estatuto da criança e do adolescente Estudos Juridicos Ed. Renovar; 1999, p.19. CURY, Munir; SILVA, Antonio Fernando do Amaral; MENDEZ, Emilio Garcia (Coord.) Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 3ªed. São Paulo: Malheiros, 2000, p.85. DIAS, Maria Berenice. Filhos da mãe. Instituto Brasileiro de Direito de Família. SãoPaulo. 18 ago Disponível em:< em: 23 de agosto de DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Saraiva, 2011, p FILHO, Sergio Carvalieri. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Editora Atlas, 2012,p GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 5ª ed. São Paulo: Malheiros,2009,p.59. HENNIFEN, Ines; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima. A paternidade na comtemporaneidade: um estudo de mídia sob a perspectiva dos estudos culturais. Psicologia & Sociedade: Revista

80 80 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 da Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO, v.14, n.1, p.44-63, jan/jul HINORAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Sobre peixes e afetos Um devaneio acerca da ética no direito. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Org.). Anais do V Congresso Brasileiro de Direito de Família. São Paulo: IOB Thompson, 2006, p HORNE, Francico Alejandro. O não cabimento de danos morais por abandono afetivo do pai. Revista Brasileira de Direito de Familia. Porto Alegre, nº 8,2007, p LACAN, Jacques. Os complexos familiares.rio de Janeiro: Zahar,1990,p.13 LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias monoparentais: a situação jurídica de pais e mães solteiros, de pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal. São Paulo: Revista dos Tribunais, p LENFERS, Claudia Machado Wagner et ali. Da Família Substituta. Texto disponível em :< Acesso em 22/08/ LOBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: Familias.São Paulo: Saraiva, 2008, p MELO, Nehemias Domingos de. Abandono Moral Fundamentos da responsabilidade civil, 2008, p.7. MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de Direito Privado- Parte Especial. 4.ed. 2.tiragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, t. VIII, p NAHAS, Luciana Faísca. União homossexual proteção constitucional. Curitiba: Juruá,2007,p.103. Disponível em: <http// Acesso em 18 de novembro de PIAGET, Jean. The relation of affetivityto intelligence in the mental development of the child. Disponível em: http//: Acesso em 2 de setembro de PIRES, Thiago José Teixeira. Principio da Paternidada Responsável. Disponivel em: <http//:

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82 82 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE O TRABALHO RURAL NO BRASIL Markus Samuel Leite Norat 41 RESUMO: O presente trabalho traz breves considerações históricas sobre o trabalho rural no Brasil. Ora, o trabalho rural no nosso país está diretamente vinculado ao processo histórico de formação do território brasileiro; processo este que, por sua vez foi marcado inicialmente pelo regime de sesmarias e da escravatura. 41 Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais; Pós-Graduação em Direito Eletrônico; Pós-Graduação em Direito Civil, Processo Civil e Direito do Consumidor pela UNIASSELVI - Centro Universitário Leonardo da Vinci - ICPG - Instituto Catarinense de Pós Graduação; Pós-Graduação em Direito de Família; Pós-Graduação em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela ESA-PB - Escola Superior da Advocacia da Paraíba - Faculdade Maurício de Nassau; Pós-Graduação em Direito Ambiental pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; Extensão universitária em Direito Digital pela Escola Paulista da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo; Extensão universitária em Didática Aplicada pela UGF; Extensão universitária em Novas Tecnologias da Aprendizagem: Novas Plataformas pela UGF; Extensão universitária em Políticas Educacionais pela Universidade Gama Filho; Extensão universitária em Aspectos Filosóficos pela UGF; Curso de Capacitação em Direito do Consumidor VA pela Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC-DPDC-SENACON-Ministério da Justiça; Curso de Proteção de Dados Pessoais pela ENDC; Curso de Defesa da Concorrência VA pela ENDC; Curso de Crimes Contra as Relações de Consumo pela ENDC; Curso para o Jovem Consumidor pela ENDC; Curso de Formação de Tutores 1 DC pela ENDC; Curso de Formação de Tutores 2 DC pela ENDC; Curso de Práticas Eleitorais pela Escola Superior de Advocacia da OAB PB; Advogado; Coordenador do Departamento de Pós-Graduação das Faculdades de Ensino Superior da Paraíba - FESP Faculdades; Professor do Departamento de Pós-Graduação da Fundação Escola Superior do Ministério Público da Paraíba; Professor da Escola Nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça; Membro Coordenador Editorial de Livros Jurídicos da Editora Edijur (São Paulo); Membro-Diretor Geral e Editorial da Revista Científica Jurídica Cognitio Juris, ISSN , Membro Coordenador Editorial da Revista Ciência Jurídica, ISSN ; Membro do Conselho Editorial da Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, ISSN ; Membro do Conselho Científico da Revista da FESP: Periódico de Diálogos Científicos, ISSN ; Autor de livros e artigos jurídicos

83 Cognitio Juris 83 Palavras-chave: Trabalho Rural; História do Trabalho Rural no Brasil; Leis Trabalhistas. BRIEF HISTORICAL CONSIDERATIONS ON RURAL WORK IN BRAZIL ABSTRACT: This paper presents brief historical considerations on rural labor in Brazil. Now the rural labor in our country is directly linked to the history of the development of the Brazilian territory; process which in turn was initially marked by the regime of allotments and slavery. Keywords: Rural Work; History of Rural Labor in Brazil; Labor laws. Para bem entendermos o trabalho rural no Brasil, faz-se necessário buscarmos um pouco do processo histórico do mesmo. Pois bem, o trabalho rural no nosso país está inteiramente vinculado ao processo histórico de formação do território brasileiro; processo este que, por sua vez foi marcado inicialmente pelo regime de sesmarias e da escravatura. Sobre as sesmarias, conferimos os grandiosos ensinamentos de MÔNICA DINIZ 42, que assim explica: Em suas origens, o regime jurídico das sesmarias liga-se aos das terras comunais da época medieval, chamado de communalia. Antigo costume da região da Península Ibérica, as terras eram lavradas nas comunidades, divididas de acordo com o número de munícipes e sorteadas entre eles, a fim de serem cultivadas. Cada uma das partes da área dividida levava o nome de sesmo. O vocábulo sesmaria derivou-se do termo sesma, e significava 1/6 do valor estipulado para o terreno. Sesmo ou sesma também procedia do 42 Diniz, Mônica. Sesmarias e posse de terras: política fundiária para assegurar a colonização brasileira. Revista On Line do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Artigo publicado na edição nº 2 de junho de 2005.

84 84 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 verbo sesmar (avaliar, estimar, calcular) ou, ainda, poderia significar um território que era repartido em seis lotes, nos quais, durante seis dias da semana, exceto no domingo, trabalhariam seis sesmeiros. As sesmarias eram terrenos incultos e abandonados, entregues pela Monarquia portuguesa, desde o século XII, às pessoas que se comprometiam a colonizá-los dentro de um prazo previamente estabelecido. A doação dessas terras encontrava motivo na necessidade que o governo lusitano tinha de povoar os muitos territórios retomados dos muçulmanos no período conhecido como Reconquista. Essa expulsão dos árabes pelos cristãos iniciou-se no século XI e terminou por volta do século XV. Esse sistema de aquisição de terras só funcionou em regiões e épocas em que prevalecia o estado de guerra e uma baixa densidade populacional que originassem terras ociosas e com possibilidade de serem ocupadas. A partir do momento em que foi fixado o limite territorial e o Estado se fortaleceu e se reorganizou, esse processo de obtenção de terras desaparece. Porém, na Península Ibérica, as doações de sesmarias existiram até final do século XIII. Uma sesmaria media aproximadamente 6.500m2. Esta medida vigorou em Portugal e foi transplantada para as terras portuguesas ultramar, chegando ao Brasil. Sobre o tipo de colonização a que fomos sujeitos, JULIETA TERESA AIER DE OLIVEIRA 43, citando CAIO PRADO JUNIOR 44, explica que: [...] muito diferente de outras colônias que se instalaram na América do Norte no século XVII, marcou profundamente as relações de trabalho no Brasil. Diferentemente destes, nossos colonizadores vieram com o objetivo primordial de enriquecimento rápido baseado na explorando dos recursos e do trabalho servil (indígena num 43 Oliveira, Julieta Teresa Aier de. Breve História do Trabalho Rural no Brasil. Disponível em: rasil.pdf. Acesso em: 26/02/ PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. 7ª ed., São Paulo: Brasiliense, 1963.

85 Cognitio Juris 85 primeiro momento e escravo de origem africana num segundo período). Três componentes fundamentais marcaram a organização social do Brasil-Colônia: a grande propriedade fundiária (latifúndios herdados das capitanias hereditárias e sesmarias), a monocultura de exportação (voltada ao atendimento de requisitos econômicos da Metrópole portuguesa) e o trabalho escravo. Outras formas de exploração da natureza, como a pecuária extensiva nas regiões não muito distantes da costa marítima ou as pequenas lavouras de subsistência nas áreas de interstícios das grandes lavouras, constituíram-se como atividades marginais e subordinadas à economia colonial, exercendo a função primordial da produção de gêneros complementares às culturas de exportação, fundamentalmente alimentos como mandioca, milho e arroz para consumo interno. Aqui temos a gênese do que hoje conhecemos como pequena agricultura familiar. O sistema das sesmarias juntamente com a escravatura tiveram seu fim no Século XIX, JULIETA TERESA AIER DE OLIVEIRA 45, assim assevera: As duas últimas décadas do século XIX marcam o período da constituição do mercado de trabalho brasileiro com características capitalista, formado por trabalhadores livres sem posses de meios de produção, ou seja, os escravos recém libertos, os trabalhadores livres nacionais da economia de subsistência e os imigrantes europeus. A mão-de-obra imigrante europeia foi particularmente importante para o desenvolvimento da economia do Estado de São Paulo, graças a um sistema particular de parceria denominado colonato. A participação do colono na lavoura cafeeira se dava desde a sua formação recebendo para tanto um salário fixo anual e uma cota da produção colhida. Além disso, com a autorização do fazendeiro, era permitido ao colono produzir gêneros de subsistência nas faixas intercalares ao café, o que lhe propiciava além do consumo próprio uma renda extra pela venda dos excedentes. Este sistema permitiu não apenas a expansão da cafeicultura mas também de outras atividades agrícola e não-agrícolas, 45 Op. cit.

86 86 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 que somadas a esta alavancaram o crescimento e a diversificação da economia paulista. Já no Século XX, no ano de 1943, os empregados dos centros urbanos foram favorecidos pela edição da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Os preceitos constantes da Consolidação das Leis do Trabalho, salvo quando for, em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais (alínea b do artigo 7 da CLT). São aplicáveis aos trabalhadores rurais os dispositivos constantes dos Capítulos I (identificação profissional), II (duração do trabalho) e VI (férias) do Título IV (contrato individual do trabalho) da CLT. LAURA VASCONCELOS NEVES DA SILVA 46 comenta sobre o impacto da promulgação da CLT em 1943 no direito do trabalho e o que representou para os trabalhadores rurais: Com ela, o primeiro governo de Getúlio Vargas ( ) conseguiu atualizar pelo menos cem anos em relação ao atraso de cento e cinquenta anos de legislação de direito do trabalho no âmbito internacional. Várias etapas foram ultrapassadas com o objetivo de reverter a economia predominantemente rural para uma economia industrial. Entretanto, os trabalhadores rurais foram alijados da revolução proporcionada pela introdução de uma legislação trabalhista consolidada. Isto ocorreu em nome de um projeto de governo de implantar a industrialização do País, tendo em vista que a agricultura exportadora estava se tornando incapaz de produzir os bens necessários para as demandas da sociedade brasileira e, em 46 SILVA, Laura Vasconcelos Neves da. Bioética Social: Considerações sobre o Impacto Socioambiental das Plantações de Cana-de-Açúcar nas Relações de Trabalho. Aracaju: Evocati Revista n. 25, jan Disponível em: < >. Acesso em: 27/02/2013.

87 Cognitio Juris 87 consequência, não era mais capaz de sustentar o desenvolvimento do País. Ao lado disso, somaram-se o baixíssimo nível cultural em virtude do analfabetismo existente, a desqualificação e a ausência de consciência coletiva dos trabalhadores rurais. Segundo a autora supramencionada, em 1946 a Constituição Federal ampliou a proteção ao trabalhador rural e fez incluir o direito à estabilidade e à indenização resultante da dispensa imotivada, tendo a lei n.º 605/49 garantido o direito ao repouso semanal remunerado. Em seguida, a lei n.º 4.066/62, que tratava da proteção aos recibos de quitação e pedidos de demissão, e a lei n.º 4.090/62, que instituía a gratificação de natal ou 13º salário, também alcançaram os trabalhadores rurais. No ano de 1963, com a edição do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), lei nº 4.214, de 02 de março de 1963, passa-se a garantir ao homem do campo o direito ao salário mínimo, a férias e repouso remunerados, ao aviso prévio e à indenização em caso de demissão. Nesta época multiplicavam-se as reivindicações sociais e firmava-se uma mentalidade de mudanças, com destaque para a reforma agrária. A Revolução de 1964 inicia um período autoritário, onde o movimento popular do campo é totalmente reprimido. O primeiro governo militar, devido às condições do país e as pressões americanas, elaborou um projeto de reforma agrária moderado. Transformado na Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, nascia o Estatuto da Terra, criando dois órgãos: o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), para cuidar da reforma da estrutura fundiária, e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrícola (INDA), voltado para o processo de colonização 47. Em 1973 o Estatuto do Trabalhador Rural foi substituído pela Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973, regulamentada pelo Decreto a , de 12 de fevereiro de Segundo dispõe o art. 1º, da Lei nº 5.889/73, as relações de trabalho rural seriam então reguladas por esta 47 Gaspar, Lúcia. Reforma Agrária no Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: < Acesso em: 27/02/2013.

88 88 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Lei e, no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e observadas as peculiaridades do trabalho rural, a ele também se aplicariam as leis nºs 605, de 05/01/1949, 4090, de 13/07/1962; 4725, de 13/07/1965, com as alterações da Lei nº 4903, de 16/12/1965 e os Decretos-Leis nºs 15, de 29/07/1966; 17, de 22/08/1966 e 368, de 19/12/1968. Atualmente o trabalho rural está regulado pela Lei nº 5.889/73, regulamentado pelo Decreto nº /74 e no artigo 7º da Constituição Federal/88. São exemplos de direitos assegurados atualmente ao trabalhador rural: - 13º salário. O empregado rural fará jus, no mês de dezembro de cada ano, a uma gratificação natalina correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro por mês de serviço do ano correspondente; - aviso prévio; - descanso Semanal Remunerado; - escola primária; - férias; - FGTS, o trabalhador rural faz jus aos depósitos do FGTS a partir da competência outubro/88, assim como a multa rescisória de 40% em caso de rescisão sem justa causa. Isto se deu com o advento da Constituição Federal/88; - horas extraordinárias de labor com adicional de 50%; - irredutibilidade do salário; - jornada de trabalho é de 44 horas semanais e 220 horas mensais; - licença de 120 dias à gestante; - participação nos lucros da empresa rural; - salário mínimo, devendo-se observar o piso salarial da categoria a que pertencer o empregado; - salário-família, ao empregado rural com remuneração compatível ao estabelecido pela previdência social é devido na proporção do número de filhos ou equiparados até o mês em que completarem 14 (quatorze) anos, o salário-família correspondente; - segurança e higiene do trabalho; - seguro-desemprego;

89 Cognitio Juris um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre duas jornadas. REFERÊNCIAS DINIZ, Mônica. Sesmarias e posse de terras: política fundiária para assegurar a colonização brasileira. Revista On Line do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Artigo publicado na edição nº 2 de junho de GASPAR, Lúcia. Reforma Agrária no Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: < Acesso em: 27/02/2013. OLIVEIRA, Julieta Teresa Aier de. Breve História do Trabalho Rural no Brasil. Disponível em: ho_rural_no_brasil.pdf. Acesso em: 26/02/2013. PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. 7ª ed., São Paulo: Brasiliense, SILVA, Laura Vasconcelos Neves da. Bioética Social: Considerações sobre o Impacto Socioambiental das Plantações de Cana-de-Açúcar nas Relações de Trabalho. Aracaju: Evocati Revista n. 25, jan Disponível em: < >. Acesso em: 27/02/2013. SZMRECSÁNYI, Tamás. Pequena História da Agricultura no Brasil. São Paulo: Contexto,

90 90 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 ESTATUTO DO IDOSO E OS MEIOS DE CONCRETIZAÇÃO Raphael Pereira dos Santos 48 Sitia Marcia Costa da Silva 49 RESUMO: Esse artigo visa discorrer sobre os aspectos relevantes em relação aos direitos fundamentais instituídos no Estatuto do Idoso com relação à garantia de proteção social ao idoso. A Lei 8.472/93 passou à regular direitos já inseridos na Constituição Federal através dos arts. 203 e 204, com o objetivo de garantir melhores condições as necessidades básicas da população idosa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. A concretização desses direitos coloca a pessoa idosa no centro da analise com o objetivo de assegurar todos os direitos inerentes a dignidade da pessoa humana, sob a ótica proposta. O Beneficio da Prestação Continuada, BPC, contido na Lei Orgânica da Assistência Social tem uma visão mais solidária reconhecendo as desigualdades entre pessoas e a importância desse direito em coibir tais desigualdades auxiliando na manutenção da dignidade da pessoa humana. Acredita-se que dessa forma o direito alcançará o seu papel último que é amparar aqueles que de alguma forma foram excluídos, possibilitando uma sociedade mais justa, livre e solidária por ser um Estado Democrático de Direito. Palavras-chave: Estatuto do Idoso - Lei nº /03 - Beneficio Assistencial. STATUS OF THE ELDERLY AND THE MEANS OF ACHIEVING ABSTRACT: This article aims to discuss the relevant aspects in relation to the fundamental rights established in the Statute of the Elderly with respect to ensuring social protection for the elderly. The Law /93 passed to regulate rights already inserted in the Federal Constitution through the arts. 48 Mestrando pelo Programa de Mestrado em Direitos Coletivos e Cidadania da Universidade de Ribeirão Preto SP. Pós-Graduado em Direitos Difusos e Coletivos pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. 1º Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Itapetininga/SP. 49 Mestranda pelo Programa de Mestrado em Direitos Coletivos e Cidadania da Universidade de Ribeirão Preto SP. Advogada no Estado de São Paulo.

91 Cognitio Juris and 204, with the objective of ensuring better conditions the basic needs of the elderly population with age equal to or greater than 60 (sixty) years old. The realization of these rights puts the elderly person in the center of the review with the objective of ensuring all rights inherent in the dignity of the human person, from the perspective proposal. The benefit of Continued Provision, BCP, contained in the Organic Law of Social Assistance has a more cohesive vision recognizing inequalities between people and the importance of this right in curbing such inequalities helping to maintain the dignity of the human person. It is believed that in this way the law will reach its ultimate role at supporting those outside somehow deleted, allowing a more just, free and caring society by being a democratic state to. Keywords: Elderly Statute - Law nº /03 - Benefit Care. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo vem abordar os direitos inerentes à pessoa idosa, instituído no estatuto do idoso e na Politica Nacional do Idoso que tem por finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da politica nacional do idoso. A Constituição Federal de 1988 priorizou alguns dispositivos constitucionais que possibilitaram a responsabilidade tripartite. Dessa forma, é possível atribuir aos três entes a mesma responsabilidade para a concretização dos direitos fundamentais estabelecidos constitucionalmente. No artigo 3, inciso I, da Lei citada, salienta o dever da família, da sociedade e do Estado de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem estar e o direito à vida. 50 Ainda nessa perspectiva a Constituição Federal trouxe nos artigos 229 e 230, diretrizes acerca da responsabilidade dos filhos perante os pais e dos pais aos filhos. Portanto, a família, a sociedade e o Poder Público têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos 50 SILVA JÚNIOR, Ivanaldo Soares da. A inserção do art. 35 da Lei nº /2003 (Estatuto do Idoso) na política nacional de assistência social. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3477, 7 jan Disponível em: < Acesso em: 6 ago

92 92 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 conferindo sua participação na comunidade, através de boas praticas social. O artigo 230 da Constituição Federal de 1988, à luz dos princípios da solidariedade e proteção, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Observe que o art. 203 da CF, dispõe que a assistência social dever ser prestada a quem dela necessitar, ou seja, a quem não possua meios de subsistência, independentemente que tenha efetivado qualquer recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. No que tange especificamente aos idosos, a Lei nº 8.742/1993 assegura um salário-mínimo a todas as pessoas com 65 anos ou mais, desde que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. O direito ao envelhecimento é personalíssimo e sua proteção é um direito social, sendo obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. Nesse ínterim, os programas sociais de amparo ao idoso são executados preferencialmente em seus lares. A Lei 8.842/1994, que regula a Política Nacional do Idoso, considera idoso toda pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. A velhice tem proteção como direito previdenciário 51, e como direito assistencial 52. O benefício de prestação continuada (BPC), é concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O estatuto do idoso discorreu muito bem, quanto a responsabilidades do poder público e da sociedade na concretização dos direitos humanos bem como ao acesso à Justiça. A busca pela realização dos direitos e pela concretização de um direito mais justo é um retrato de lutas sociais. 51 Brasil: Constituição Federal, art. 201, inc. I. 52 Brasil: Constituição Federal, art. 203, inc. I e V.

93 Cognitio Juris A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS AO IDOSO Resta claro que seria suficiente o artigo 230 da CF, para garantir a proteção ao idoso, porque assegura a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Art A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Desta maneira o artigo acima atribuiu família, à sociedade e ao Estado o dever de amparo aos idosos, de forma a assegurar-lhes seus direitos fundamentais e atender suas principais necessidades proporcionando uma vida digna e saudável. A partir de então, os direitos fundamentais ao idoso adquire nova roupagem com a Lei /2003, que ampliou os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos e passou a ser denominada de Estatuto do Idoso. O Estatuto do Idoso é mais abrangente que a Política Nacional do Idoso Lei de nº 8.842/199453, que ampliou o rol de garantias à terceira idade, enquanto que o Estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Essa conquista se deu em razão de várias reivindicações feitas pela sociedade no sentido de se criar legislação mais protecionista que 53 Brasil: Lei nº , de 4 de janeiro de Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 4 jan Disponível em:< Acesso em: 9 julho

94 94 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 pudesse abarcar as necessidades da terceira idade impedindo que esse grupo de pessoas fosse aos poucos excluído da sociedade. É possível concluir, que as mobilizações populares foram armas poderosas para que a pessoa idosa passasse a ser valorizada e pudesse contar com um Estado mais solidário. Visando a valorização do idoso e sua proteção, o legislador regulou a atuação permissiva de o Órgão do Ministério Público instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos individuais homogêneos do idoso54. A finalidade da Politica Nacional do Idoso conforme o art.1º é inserir novamente o idoso na sociedade e proporcionar a sua ressocialização através de politicas públicas que garanta os direitos sociais ao idoso num Estado Democrático de Direito. Essa nova ideologia trazida pela Politica Nacional quebrou paradigmas e, consequentemente surge novos, de que a pessoa idosa é plenamente capaz de permanecer em sociedade como cidadão comum. A Política Nacional do Idoso tem justamente esse propósito que é permitir que o idoso tenha autonomia e que não se abstenha de exercer seus direitos de forma que iniba atos de discriminação e desrespeito por ser apenas velho. As pessoas que alcançaram a terceira idade não podem ser vistas como seres dispensáveis. O povo Japonês tem muito respeito pelos idosos e lá o idoso é visto como pessoa sabia e merecedora de respeito e atenção. Considerar direitos sociais como fundamentais, sem, contudo, existirem meios de garanti-los, é bobagem é como ter muito dinheiro e desejar comprar saúde. Dessa maneira saúde não se compra, acontece o mesmo como os direitos dos idosos, não adianta existir tutela para a concretização desses direitos, se não houver politicas públicas que viabilize a aplicação desses direitos no seio da sociedade. Contempla o artigo 5º da CF/88 o Princípio da Igualdade, estabelecendo a proibição de quaisquer distinções, porque todos são iguais perante a lei passando garantindo a todos os direitos básicos, 54 Brasil: Lei /2003, art. 74, inc. I.

95 Cognitio Juris 95 tais como à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, refletindo igualmente aos direitos do idoso. Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito avida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à p ropriedade, nos termos seguintes: [...] Art A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O Estatuto do Idoso, Lei /2003, veio resgatar os princípios constitucionais relativos à dignidade da pessoa humana, pois o idoso goza de todos os direitos fundamentais conforme depreende o artigo 2ª da Constituição Federal. Nesta oportunidade não esgotaremos todo o tema, percorreremos um caminho breve quanto ao assunto. 3 DA ASSISTENCIA SOCIAL O legislador constitucional se encarregou de responsabilizar não só o Poder Público, mas também a sociedade e a família de cuidar da pessoa idosa que se encontra em dificuldades ou em estado de abandono. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] II cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; [...] V proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; [...]

96 96 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 São muitas as garantias do idoso que poderíamos citar, mas por hora vamos a ter apenas a Assistência Social. Durante muito tempo as pessoas idosas forma excluída da sociedade por ter sido criado estigmas de que os idosos não serviriam para coisa alguma. Esse pensamento preconceituoso começou a ter um novo olhar acerca da vida dos idosos no seio da sociedade com a criação da Politica Nacional do Idoso. Essa mudança buscou assegurar direitos que antes não eram respeitados dentre os quais aquele que versa sobre a assistência social previsto no artigo 203 da Constituição Federal, prevendo que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição, para que a pessoa idosa venha a ser protegido quando necessitar. Infere-se com isso que a Lei Orgânica da Assistência Social de nº 8.742/1993, foi criada justamente para esse proposito garantir proteção ao idoso que se encontrar em estado de miserabilidade e comprove não possuir meios que garanta sua subsistência. Entretanto o art. 2º traz explicito a proteção do texto ao impor que o beneficio deve ser pago aqueles que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, ou seja, esse benefício assistencial destina-se a suprir o mínimo para subsistência de quem se encontra efetivamente em estado de miserabilidade e não tem recursos para prover seu o próprio sustento, e nem potenciais alimentantes com obrigação legal de fazêlo. Referindo-se ao direito do idoso à previdência e à assistência social, Mello conclui: O respeito à dignidade humana, estampado nos direitos sociais, é o patrimônio de suprema valia e faz parte, tanto ou mais que algum outro, do acervo histórico, moral, jurídico e cultural de um povo. O Estado, enquanto seu guardião, não pode amesquinhá-lo, corroê-lo, dilapida-lo ou dissipa-lo MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Eficácia das normas constitucionais sobre justiça social. Revista de Direito Público. São Paulo, n.57, p. 248, 1981.

97 Cognitio Juris 97 Portanto, o direito ao benefício assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a vida independente, consoante a redação original do art. 20 da Loas ou aquela pessoa que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, consoante a redação atual do referido dispositivo) ou idoso (neste caso, considerando-se, desde 1º de janeiro de 2004, a idade de 65 anos); e b) situação de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) do autor e de sua família. 56 Nesse sentido, o Estado deve disponibilizar aos idosos desprovidos de qualquer ganho, que consiga comprovar o preenchimento de todos os requisitos, a receber um beneficio no valor de um salário mínimo mensal. 57 A exigibilidade de direitos implica também ao Estado que tem a obrigação de criar mecanismos que oportunizem àqueles que sentem que seus direitos foram violados, possam exigir desse mesmo Estado a proteção, a garantia, o respeito e a proteção desses direitos. O diferencial do Beneficio da Prestação Continuada (BPC/LOAS), para os benefícios em espécie é que para aquele os dependente do idoso não terá qualquer direito ao recebimento do beneficio, por ser um beneficio intransferível, individual mas perdurará enquanto o idoso vida tiver. E claro que esse benefício de forma alguma eleva o padrão de vida do idoso ou de famílias que se encontram acima da linha de pobreza. Nem tão tem a intenção de que o Estado venha dessa forma a substituir a obrigação da família que é cuidar e zelar do idoso. Nessa perspectiva, caberá aos poderes públicos encontrarem maneiras de efetivar os direitos sociais pautados no Estatuto do Idoso 56 Brasil: Lei 8.742/ Brasil: Lei 8.742/1993, artigo 203.

98 98 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 e na Politica Nacional do Idoso para que as mesmas não venham a ser desrespeitadas ou mesmo ignoradas. O Poder Público e a sociedade deve atuar de forma altruística, com ações distributivas e solidárias, pois o direito do idoso não é apenas um direito social, mas, sim, um direito fraternal para amainar direitos tradicionalmente negligenciados. 4 CONCLUSÃO Com o aumento da população idosa, vários serviços passaram a estar mais disponíveis aos idosos. Infelizmente poucos idosos têm acesso a todas as informações necessárias a efetivação de seus direitos instituídos no Estatuto do idoso. E bem verdade que a baixa escolaridade e a pouca divulgação dos sobreditas benesses acarreta deficiência da tutela dos direitos. Dessa maneira o BPC/LOAS tem um importante papel na vida de muitos idosos que viviam na pobreza absoluta. Garantir o atendimento dessa parcela da população exigindo ações intersetoriais na elaboração e execução de políticas públicas. Nesse sentido é que o Benefício Assistencial BPC/LOAS nasceu em prol daqueles que contemplam meios de concretização desses direitos, quais seja a sociedade e o poder público. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de Brasília: Senado Federal, Lei nº , de 5 de janeiro de Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso.. Lei nº , de 1º. de outubro de Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 3 Abril BORGES, C.M.M. Gestão participativa em organizações de idosos: instrumento para a promoção da cidadania. In: FREITAS, E. V. de. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara, Cap.124, p BREDEMEIRE, S.M.L. Conselho do idoso como espaço público. Revista Serviço Social e Sociedade, ano XXIV, n.75, p , 2003.

99 Cognitio Juris 99 CAMARANO, A. A. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. In: FREITAS, E. V. de et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara, Cap.6, p CANÔAS, C.S. A condição humana do velho. São Paulo: Cortez, CARVALHO, M. do C.B. de. Programas e serviços de proteção e inclusão social dos idosos. Brasília: Secretaria da Assistência Social/MPAS, CENEVIVA, W. Estatuto do Idoso, Constituição e Código Civil: a terceira idade nas alternativas da lei. A Terceira Idade, v.15, n.30, p.7-23, COSTA, L.V.A. Política Nacional do Idoso: perspectiva governamental. In: Anais do I Seminário Internacional Envelhecimento Populacional: uma agenda para o final do século. Brasília: MPAS, SAS, p DRAIBE, S.M. As políticas sociais e o neoliberalismo. Revista da USP, n.17, p.10-17, GIDDENS, A. A Terceira via: reflexões sobre o impasse político atual e o futuro da social democracia. Rio de Janeiro: Recorde, GOLDMAN, S.N. As dimensões sociopolíticas do envelhecimento. In: PY, L. et al. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. Rio de Janeiro: Nau Editora, Cap.3, p FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Direitos difusos e coletivos. São Paulo, Revista dos Tribunais,1998. FRANCO, Paulo Alves. Estatuto do idoso: Lei n , de 1º de outubro de ed. Campinas: Servanda, MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 21º ed. revista, ampliada e atualizada, São Paulo, Saraiva, MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Eficácia das normas constitucionais sobre justiça social. Revista de Direito Público. n. 57. São Paulo, p. 248, NÈRI, A. L. As políticas de atendimento aos direitos da pessoa idosa expressa no Estatuto do Idoso. A Terceira Idade, v.16, n.34, p.7-24, SILVA JÚNIOR, Ivanaldo Soares da. A inserção do art. 35 da Lei nº /2003 (Estatuto do Idoso) na política nacional de assistência social. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3477, 7 jan Disponível em: < Acesso em: 6 ago SMANIO, Gianpaolo Poggio. Interesses difusos e coletivos. São Paulo: Atlas, VILAS BOAS, Marco Antonio. Estatuto do Idoso comentado. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense,

100 100 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 LOS DERECHOS HUMANOS UNIVERSALES EN UN MUNDO DE DIVERSIDADES David José Geraldes Falcão 58 Resumen: En este artículo se describe una propuesta para conciliar los derechos humanos con pretensiones de universalidad y la pluralidad cultural redescubierto después de la caída del Muro de Berlín y el fin de la Guerra Fría. En primer lugar, se examinaron los principales puntos argumentativos del debate actual entre los partidarios de las teorías universalistas y los defensores de las teorías relativistas, optando finalmente por presentar un enfoque más coherente. En segundo lugar, exponemos un modelo de articulación entre los derechos humanos y la diversidad cultural basado en tres puntos distintos, el primero de los cuales es rechazar el "asimilacionismo" sin caer en el relativismo; la segunda consiste en admitir la flexibilidad de las políticas de desarrollo de los derechos humanos de acuerdo con las especificidades de cada grupo cultural, pero sin desnaturalizar el contenido axiológico de los derechos humanos; la tercera consiste en un diálogo intercultural. Palabras clabe: derechos humanos, diversidad, conciliación, universalidad, relativismo, cultural. Abstract: The following article describes a proposal of conciliation between human rights, with universal pretensions, and cultural plurality found after the fall of the wall of Berlin and the final of the Cold War. First, we analyze the most important argumentative points of the debate between the defenders of the universalism and defenders of relativism theories, choosing the one which presents more coherence. Second, we present an articulation model between human rights and cultural diversity based on three different points: the first one consists on refusing assimilasionism ; the second consists on a flexibility of the development politics of human rights because of the 58 Doutor em Direitos Humanos Professor Universitário em Portugal autor de diversas comunicações e publicações. Especialista en Derechos Humanos y Derecho Laboral.

101 Cognitio Juris specificities of which cultural group without changing the axiological contents of human rights; the third one is the intercultural dialogue. Key Words: universalism, relativism, assimilasionism, human rights, reconciliation, cultural. I. Introducción Tras la caída del muro de Berlín el mundo deja de estar dividido en dos bloques ideológicamente antagónicos y se redescubre como complejo multicultural 59. El factor político preponderante no es otro que el fin de la Guerra Fría que ha diluido la necesidad de los diversos países de la tierra de alinearse detrás de una u otra de las superpotencias. De este modo, muchos pueblos redescubren sus particularidades socioculturales invisibilizadas durante muchos años por motivos estratégicos. Desde entonces, nuestro planeta ha reencontrado una pluralidad cultural que el periodo colonial había ocultado, un cambio cuyos efectos se han dejado sentir directamente en el ámbito de los Derechos Humanos. Durante el año de 1947, y mientras se preparaba la Declaración Universal de los Derechos Humanos, la American Anthropological Association envió un informe a la Comisión de Derechos Humanos donde subrayaba la necesidad de respeto por las culturas de los diversos pueblos para que la universalidad de los Derechos Humanos fuera considerada efectiva y legítima 60. Sin 59 El factor político preponderante no es otro que el fin de la guerra fría, que ha diluido la necesidad de los diversos países de la tierra de alinearse detrás de una u otra de las superpotencias; de este modo, muchos pueblos redescubren hoy sus particularidades socioculturales, ocultas durante muchos años por motivos estratégicos. Cfr. Roberto Andorno, Universalidad de los Derechos Humanos y Derecho Natural, en Persona y derecho, nº 38, 1998, p The rights of Man in the Twentieth Century cannot be circumscribed by the standards of any single culture, or be dictated by the aspirations of any single people. Such a document will lead to frustration, not realization of the personalities of vast number of human beings. Cfr. American Anthropological Association-Statement on Human Rights, en American Anthropologist, vol. 49, nº4, Outubro-Dezembro, 1947, p Traducción a castellano: Los Derechos del Hombre en el siglo veinte no pueden ser circunscritos por el standard de una sola cultura, o dictados por las

102 102 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 embargo, esta advertencia, como alguna otra recibida al respecto, no fue escuchada entonces. Las preocupaciones principales estaban centradas en las secuelas dejadas por la Segunda Guerra Mundial y se focalizarían poco después en las tensiones derivadas del inicio de la Guerra Fría. Básicamente los Derechos Humanos, consensuados no sin grandes dificultades y debates en la ONU, fueron declarados universales, tomados como verdad absoluta e incuestionable por la sociedad internacional, pero no pudieron impedirse los primeros disensos y negaciones de firma para la Declaración, documento de formidable potencial expansivo, pero no obstante incapaz de convertirse de inmediato en un documento jurídicamente vinculante (lo que obligó a recurrir la elaboración y ratificación de dos conocidos Pactos Internacionales para construir un derecho internacional de los Derechos Humanos entre los años cincuenta y setenta el siglo XX). Las polémicas que mediado dicho siglo se generaron con tal motivo derivaban sobre todo del conflicto ideológico y político internacional que había irrumpido y dominaba la realidad política. En un principio la principal oposición a resolver pareció que iba a ser la planteada entre los derechos de 1ª generación (civiles y políticos) defendidos por los países de ideología liberal occidental y los de 2ª generación (económicos, sociales y culturales) cuya inclusión fue requerida enérgicamente, y finalmente obtenida, por los países en la órbita del bloque Soviético. La problemática fundamentación de los Derechos Humanos había quedado en segundo plano, deslizándose en la Declaración de 1948 una sumaria y vaga fundamentación iusnaturalista, amparada por el horror de la reciente Contienda. Con todo, la problemática suscitada por el discurso internacional de los Derechos Humanos, fijado en su rasgos esenciales en el año 48, es actualmente muy distinta a la producida después de la gran Guerra y reside en la articulación de la universalidad de los Derechos Humanos con la diversidad cultural. En un mundo en el aspiraciones de una sola persona. Tal documento estaría condenado al fracaso, a la no realización de las personalidades de un inmenso grupo de seres humanos.

103 Cognitio Juris que la presencia de minorías étnicas, culturales, lingüísticas o nacionales se ha multiplicado, a la par que se han incrementado los flujos migratorios, la presencia no sólo de identidades` o códigos culturales diferentes, sino de muy distintas concepciones acerca de lo que debe ser exigible incluso bajo coacción, parece plantear no pocas dudas en torno de la respuesta habitual: los Derechos Humanos. Son, de verdad, universales, o varían según las diferentes culturas? En ese caso, qué debemos hacer? Cómo resolver los conflictos entre Derechos Humanos contrapuestos o, mejor, entre visiones que afirman o niegan que una determinada pretensión pueda ser calificada-y exigible eficazmente, es decir, garantizada-como un derecho? 61. Esta polémica se ha intensificado en los últimos años y se ha traducido en fuertes batallas doctrinales: por un lado, los defensores de la universalidad y, por otro sus adversarios, los relativistas están al día de hoy enzarazados en un debate interminable. Antes de hablar de mi perspectiva de conciliación entre universalidad de los Derechos Humanos y la diversidad cultural, procede que haga un breve repaso por las dos grandes doctrinas mencionadas: la universalista y la relativista, para concluir con una opción argumentada al respecto. II. Universalismo vs Relativismo En cuanto a la teoría universalista el hecho que más choca a los defensores de la universalidad de los Derechos Humanos es el relativismo ético subyacente al discurso multicultural de sesgo comunitarista. La inexistencia de criterios morales absolutos válidos para la humanidad e independientes de su marco espacio-temporal, nos impone la aceptación de un vacío ético y nos obliga en ciertos casos a pactar con la intolerancia y con el terror Cfr. Javier de Lucas, Puertas que se cierran. Europa como fortaleza, Barcelona, Icaria, 1996, pp El dilema del relativismo cultural está en no señalar los limites de lo permitido: desde dónde juzgar los crímenes contra la humanidad, si se niega la existencia de cualquier tribunal de la historia, de toda ética objetiva, de toda razón universal. Cfr. Juan José Sebreli, El Asedio a la Modernidad: Crítica del Relativismo Cultural, Barcelona, Ariel, 1992, p. 69.

104 104 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Si se rechaza una ética objetiva, una moral crítica o una razón universal, optando por el relativismo, no se tiene legitimidad para juzgar nada, pues toda la moral es cultural y relativa. De esta forma, se abre camino para aprovechamientos políticos espurios de discursos éticos particularistas y se posibilita que tiranos de cualquier parte del mundo, para ejercer su dominación, se escuden en especificidades culturales, que, a priori, de atenernos a la lógica de los relativistas, podrían ser defendidas como moralmente válidas por el hecho de existir, no pudiendo en cambio ser cuestionadas por no existir una moral crítica válida universalmente 63. Para los universalistas, deducir la validez moral de determinadas creencias específicas de un grupo o colectivo social, por el simple hecho de que sean compartidas por la mayoría de sus miembros o, en el peor de los casos, por los grupos dominantes del mismo capaces de imponerlos al colectivo, es un razonamiento perverso. La falacia lógica del relativismo, la denunciada entre muchos otros por J. J. Sebreli, es la de colocar el ser antes del deber ser, la de deducir el juicio normativo del fáctico, justificando toda norma ética por el simple hecho de ser aceptada, o seguida, por los miembros una comunidad 64. Por otro lado, el relativismo es una teoría con contradicciones, pues rechaza los valores occidentales por sus pretensiones de universalidad pero pretende la universalidad. Su paradoja es en efecto que si todo es relativo, la idea de que todo es relativo también lo es y, 63 Huelga decir que el creciente influjo del relativismo neotribalista es una excelente noticia para los tiranos y policías secretas del Tercer Mundo que, amparados por la identidad cultural, podrán cultivar sin estorbos sus respectivos hechos diferenciales en materia de derechos humanos. Cfr. Francisco J. Contreras Peláez, Tres Versiones del Relativismo Ético-Cultural, en Persona y Derecho, nº 38, 1998, p La falacia lógica del relativismo cultural consiste en deducir la validez moral de toda costumbre o tradición por el mero hecho de ser aprobada por una determinada cultura, es decir, por el mero hecho de existir: se subordina, de este modo, la ética al poder constituido (...) El relativismo cultural incurre en esta falacia de deducir el juicio normativo del juicio fáctico, el deber ser del ser, al justificar toda norma ética, cualquier que fuera, por el mero hecho de ser aceptada por la mayoría de una comunidad. Cfr. Juan José Sebreli, op. cit., p. 69.

105 Cognitio Juris por lo tanto no todo es relativo 65. Debería entonces existir una excepción: todo es relativo, menos la idea de que todo es relativo, lo que sería entonces un absoluto universal, categoría que precisamente se propondría destruir el relativismo. En cambio, a los ojos universalistas subrayar la importancia de la cultura en la conformación del individuo es importante, pero no de la forma radical planteada por el relativismo, pues por encima de la pertenencia de cada ser humano a un determinado grupo cultural, se sitúa la condición humana de ser digno y éste es el criterio empleado por los Derechos Humanos: el de considerar una identidad humana con base en la igual dignidad de toda persona, justificando así su universalidad. Privados de ésta, los Derechos Humanos no son tales, pues se les disocia de su característica fundamental y, ninguna discusión en torno a ellos sería posible ya que la noción misma de tales derechos se tornaría absurda. Every human being is born of a mother, (...) this is the common condition of all men, and (...) we cannot ignore this primary and elementary universality of man which underlines the oneness of the human race, and implies the corollary that there is a nature proper to man and identical in all men 66. El actual discurso internacional de los Derechos Humanos, según los universalistas, constituye la mejor forma que el hombre ha encontrado para materializar la dignidad humana y, al mismo tiempo, de tutelarla. Aunque antes de internacionalizarse dicho discurso, de larga y compleja trayectoria histórica, haya sido en origen una creación fundamentalmente occidental, debe de reconocerse que la noción de Derechos Humanos es la que ha tomado la delantera en el esfuerzo por expresar la dignidad de todos los hombres y, mientras no dispongamos de otro instrumento ético-discursivo más adecuado, 65 Cfr. Juan José Sebreli, op. cit., pp Cfr. Mohammed Bedjaoui, Universality of Human Rights in a Pluralistic World, Acta del Coloquio organizado por el Consejo de Europa en Abril de 1989, Estrasburgo, N. P. Engel, 1990, p. 39. Traducción a Castellano: Todo ser humano nace de una madre, esta es la condición común a todo hombre, y no podemos ignorar esta primaria y elemental universalidad del hombre que subraya la unicidad de la raza humana, e implica el corolario de que existe una naturaleza propia al hombre e idéntica en todos los hombres.

106 106 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 resulta preferible conservar el que tenemos a caer en el relativismo que puede llegar a ser fuente de injusticias hacia las personas, en particular hacia las más débiles 67. Para finalizar el análisis de la crítica universalista, resta decir que sus sostenedores afirman que el relativismo rompe o dificulta el diálogo intercultural orientado al hallazgo de un conjunto de valores transculturales, compartibles por la humanidad, pues a escala de cada colectivo atribuye una primacía ética no transferible a toda tradición cultural particular, propiciando la coexistencia de una multiplicidad de comunidades aisladas y la generación de guetos. En cuanto a los argumentos relativistas, hemos de recordar que la no negable génesis occidental del discurso de los Derechos Humanos y las características que dicho origen imprime a su formulación (no obstante su enriquecimiento actual por aportaciones múltiples) se erigen en principal argumento contra su universalidad 68. Su tesis principal consiste en la afirmación de que a diferentes culturas conciernen diversas formas de concebir la naturaleza humana y de proporcionarle una tutela adecuada 69. Por lo tanto, no existe para ellos un principio valorativo común en el mundo diversificado en el que vivimos, bajo pena de favorecer unas culturas en detrimento de otras. Si es verdad que todas las culturas, recuerdan sus mentores, son merecedoras del mismo respeto y poseedoras del mismo valor, los sostenedores de los Derechos Humanos han cometido el error al olvidarse de la dimensión cultural de la persona 70. En realidad no es 67 Cfr. Roberto Andorno, op. cit., p Cfr. Adamantia Pollis y Peter Schwab, Human Rights: A Western Construct with Limited Applicability, en Adamantia Pollis & Peter Schwab (eds.), Human Rights: Cultural and Ideological Perspectives, Nova Iorque, Praeger, 1980, pp La esencia de los derechos humanos-la dignidad humana-es universal, pero no su formulación conceptual y lingüística, que es propia de cada cultura y de cada época. Cfr. Roberto Andorno, op. cit, p El liberalismo individualista implicado por los derechos humanos, es uno de los puntos más criticados, principalmente por autores como Charles Taylor, Michael Sandel, Michael Walzer y Alasdair Macintyre, que son comunitaristas. Sostienen que la prioridad del indivíduo sobre el grupo cultural desvirtúa el hombre, y que no tiene sentido concebir el hombre como un ser anterior al grupo cultural y aislado de sus

107 Cognitio Juris cierto que la ignoren hoy los universalistas, pero la reivindica con especial énfasis el relativismo cultural, que, llevado al extremo, no se contenta con subrayar el carácter relacional de la persona y con imponer el respeto al diferente, sino que afirma que ni siquiera estamos habilitados para juzgar. En su caso, y en presencia de culturas intolerantes, impone que toleremos la intolerancia 71. Así el relativismo puede llegar a defender, en nombre de la tradición o de la costumbre, cualquier práctica brutal o bárbara llevada a cabo contra seres humanos siempre que una cultura la legitime. A través de un ejemplo podemos comprender las potenciales paradojas del relativismo: Si se me ocurriera reprocharle a un nacionalista servio el genocidio cometido contra bosnios-musulmanes, como realtivista no podría rechazar que me contestara que como occidental no puedo comprender las insondables peculiaridades de la cosmovisión servio-ortodoxa (la cual, a su parecer podría tal vez legitimar el exterminio de civiles indefensos) y que al intentar imponer mi concepción de los Derechos Humanos incurro en el pecado de imperialismo cultural. De acuerdo con el relativismo, incluso una tal cosmovisión servio-ortodoxa tendría que ser respetada y valorada, pues siendo cultura y mereciendo toda la cultura el mismo valor y respeto cómo combatirla? En realidad, defender el relativismo hasta sus últimas valores. La crítica preferencial de los comunitaristas incide sobre la Teoría de la Justicia de Rawls y, defienden que no parece verosímil la creación de una posición original en que las personas cubiertas de un velo de ignorancia, puedan pactar sobre principios universales de justicia. Para los comunitaristas esa persona abstracta no existe. Aparte de estas implicaciones, el individualismo, a los ojos comunitaristas, implica egoísmo, ausencia de escrúpulos, materialismo y violencia. Para superar la crisis actual los comunitaristas sugieren una recuperación de los sentimientos comunitarios, a través de una subordinación de los intereses individuales ante los intereses del grupo: Imponer deberes en lugar de derechos. Se comprende la incompatibilidad de las doctrinas comunitaristas con la de los derechos humanos. 71 Una de las contradicciones fundamentales del relativismo cultural consiste en el respeto a las culturas ajenas, el reconocimiento del otro, lleva inevitablemente a admitir culturas que no reconocen ni respetan al otro. Cfr. Juan José Sebreli, op. cit, p. 61.

108 108 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 consecuencias significa defender la imposibilidad de criticar cualquier patrón cultural vigente en el seno de cualquier cultura. Otro argumento, a mi parecer el más contundente, del cual podemos hacer uso frente al relativismo es el de la exigencia del propio concepto de dignidad, entendiendo por tal, en el sentido kantiano, el valor interno que permite al hombre ser tratado como un fin y no como un medio y le hace merecedor de un respeto incondicional. Tal dignidad debe imponerse y sobreponerse a la cultura, pues constituye un patrón axiológico de su legitimidad moral y, por lo tanto, las exigencias básicas (Derechos Humanos) oriundas de ese deber de respeto, deben ser respetados por toda cultura. No quiere esto decir que las culturas no deban de ser a su vez respetadas, promovidas y protegidas, pues es en el seno de ellas donde el individuo logra su desarrollo y realización y, añadiendo a esta aserción la idea primordial de dignidad humana, según la cual, como ya dije, el hombre es merecedor de un respeto incondicional, concluimos que ese respeto incondicional se extiende a la cultura donde éste logra su realización y desarrollo. Siendo así, las identidades culturales deben de ser protegidas. Pero subrayemos no obstante algo de enorme importancia: que el deber ético y jurídico de la protección de las culturas surge tan solo de un derecho de los individuos que forman el grupo social, en cuanto tienen un derecho a su cultura. Claro que si el deber de protección de las identidades culturales se fundamenta en la dignidad de todos y cada uno de los seres humanos, las pautas adversas a esa dignidad quedan excluidas de protección. De esta forma se supera la falacia relativista, pues no de deduce un deber de respeto de las diversas culturas del simple hecho de que existan patrones culturales compartidos por diversos seres humanos, se deduce ese deber de respeto a partir de un valor universal y transcultural, la dignidad individual. Como creo haber dejado claro, la teoría relativista presenta serios problemas y me parece más coherente optar por la universalista. Sin embargo, en el mundo diversificado en que vivimos no resulta fácil defender una universalidad de los derechos humanos sin más.

109 Cognitio Juris Asimismo, me parece bastante problemática la conjugación de esa pretensa universalidad con la dicha diversidad, problemática ésta que está diariamente presente en debates académicos y políticos. Por ello pretendo a continuación presentar un posible modelo de conciliación entre Derechos Humanos universales y la diversidad cultural: puede que a alguno le parezca que no pasa de una propuesta meramente teórica y que incluso la considere difícil de concretar, puesto que no son pocos los obstáculos que hoy afrontan los derechos humanos y el principio de universalidad de los mismos, pero podemos defender no obstante su plausibilidad. III- Derechos Humanos y Diversidad: Propuesta de Conciliación La primera medida conciliadora en el sentido más arriba apuntado, consiste en rechazar el asimilacionismo, postura que se basa en el predominio de una cultura sobre otra u otras, dando por supuesta la superioridad de la cultura predominante y propugnando un uniformismo social que no se coaduna con la existencia de otras culturas. El resultado sería la supresión de las diferencias. La globalización, mal orientada, podría tener una deriva de este signo, en tanto se configure como imposición de la cultura liberal occidental a todo el planeta, ignorando el principio de la igualdad axiológica de las diferentes culturas y la realidad de las propias diferencias y particularidades culturales existentes 72. Sin embargo, criticar y rechazar el asimilacionismo no significa caer en el extremo opuesto que es el relativismo. Pues, además de los peligros que he subrayado, al denegarse valores universales comunes a todos los hombres que puedan ser la base de un diálogo intercultural y posible consenso entre individuos de todas las culturas se propicia una separación entre las comunidades culturales 72 la globalización iría acompañada de una nueva forma de asimilacionismo: la expansión mundial de aspectos de una cultura sectorial que habría obtenido una especie de victoria en el mercado correspondiente y, como reverso de la misma moneda, la destrucción de las tradiciones, las costumbres, las prácticas locales, las relaciones cara a cara, la proximidad. Cfr. Encarnación Fernández, Igualdad y Derechos Humanos, Madrid, Tecnos, 2003, p. 179.

110 110 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 que conduce a una homogeneización en el interior de los grupos culturales poniendo en grave riesgo la autonomía y la libertad de los individuos que los componen. La alternativa al asimilacionismo y al relativismo consiste en la adopción de una política que promueva por un lado, la atribución de una igualdad bien entendida de derechos y la promoción y protección de la diferencia. Esta será la solución para resolver los problemas que plantean los conflictos entre grupos culturales distintos en el seno de una misma sociedad, o, con las palabras de Javier de Lucas: Un proceso guiado por el objetivo de la equiparación en el reconocimiento jurídico en la ciudadanía lo que no supone una clonación sino el reconocimiento de la igualdad en la diferencia mientras el modelo asimilacionista condiciona el reconocimiento de los derechos y una mimetización respeto a la mayoría, lo que conduce al sacrificio indiscriminado de las diferencias culturales 73. La respuesta jurídica al fenómeno multicultural tiene que pasar, por un lado, por la atribución de la igualdad a los individuos pertenecientes a los grupos sociales minoritarios en el disfrute de sus derechos humanos y, por otro, en la protección de la diferencia, tutelando jurídicamente las especificidades de cada grupo minoritario, lo que es compatible con su integración (bien entendida) en el grupo mayoritario, pero no con su asimilación. Repetimos que el límite de esa obligada protección de la diversidad cultural es la propia dignidad humana, quedando excluidas, a través de un proceso de educación y de humanización de las culturas, las prácticas que contra ella atenten. Pasando a la segunda medida de conciliación entre universalidad y diversidad, creemos que el proceso conciliador pasa por admitir una aplicación flexible de las políticas concretas de desarrollo de los derechos humanos, que han de diseñarse de acuerdo con las especificidades de cada grupo cultural. Una adaptación cuidadosa y no desnaturalizadora de los contenidos de los Derechos Humanos, permite una cristalización adaptada a los contextos 73 Cfr. Javier de Lucas, El Desafío de las Fronteras. Derechos Humanos y Xenofobia frente a una Sociedad Plural, Ensayo, Madrid, 1994, p. 127.

111 Cognitio Juris históricos, culturales y religiosos, manteniendo ileso el contenido axiológico de los mismos. Por ejemplo, la igualdad esencial entre varón y mujer es compatible con la preservación de muchas de las diferencias de hábitos y costumbres arraigadas en cada tradición cultural, siempre y cuando estas diferenciaciones no sean lesivas de las exigencias básicas de la dignidad 74. Otro ejemplo: Las políticas educativas dirigidas a hacer realidad el principio general del derecho de toda persona a la educación, serán sin duda muy distintas, tanto desde el punto de vista cualitativo, o de contenidos culturales, ideológicos o tecnológicos, como del cuantitativo (años de escolarización, características de la misma) en África, Asia, Europa etc. Aceptando las adaptaciones de los desarrollos concretos de los Derechos Humanos, sin cambiar su sentido esencial, se puede alcanzar una verdadera universalidad diferenciada a la que se puede llegar a través de un diálogo intercultural que exige que se dejen aparte cuestiones estratégicas o, sobre todo, fundamentalismos, y que éstos se sustituyan por una racionalidad comunicativa. Una contribución, sin duda a valorar por los delicados equilibrios en que se basó y por el enorme esfuerzo de conciliación que supuso, en el sentido de la universalidad diferenciada, es la de la Declaración de Viena de 1993, que aunque afirme la universalidad de los Derechos Humanos reconoce en su artículo 5º que en su aplicación debe tenerse en cuenta la importancia de las particularidades nacionales y regionales, así como los diversos patrimonios históricos, culturales y religiosos. Pasando a la tercera medida conciliadora, esta tal vez la más importante, es el diálogo intercultural. Puesto que los acuerdos basados en el diálogo no son nunca fáciles, pero son posibles, como lo demuestra la historia, es indispensable promover la comunicación entre las diversas culturas, no para llegar a una absurda e indeseable uniformidad, sino obtener un mínimo de preceptos comunes, en virtud 74 Cfr. Antonio-Luis Martínez-Pujalte, Derechos Humanos e Identidad Cultural. Una Posible Conciliación entre Interculturalidad y Universalidad, en Persona y Derecho, nº 38, 1998, p. 148.

112 112 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 de los cuales puede asegurarse, por lo menos, el respeto a los fundamentos esenciales de la dignidad humana en cualquier lugar del mundo 75. Resulta imperativo en este diálogo dejar de lado posturas fundamentalistas, pues éstas son enemigas del propio diálogo. Similar esfuerzo deberá realizarse para propiciar la difusión del mensaje de los Derechos Humanos en un lenguaje universal y transcultural, pues solo de esta forma se pueden combatir los constantes ataques a la dignidad. Tiene que buscarse un consenso que supere las lógicas de dominación. El Occidente ha de mostrarse más humilde que lo que hasta aquí se ha mostrado, porque el hecho de que el discurso inicial de los Derechos Humanos haya sido su creación no impide que a veces los haya olvidado y que hayan sido los occidentales los primeros en violarlos, desnaturalizarlos o usarlos en apoyo de políticas imperialistas inadmisibles. IV - Conclusión Es tiempo de entender que es posible compartir principios universales entre las diversas culturas sin que sea necesario igualarlas en todo. En realidad, se han efectuado algunos intentos de diálogo prometedores, como, por ejemplo, los encuentros occidentalconfucianos 76 entre pensadores canadienses y chinos y los habidos entre occidental-disidentes musulmanes, o los esfuerzos de conciliación entre valores occidentales y budistas; igualmente se han realizado estudios e intentado propuestas, en las que habrá que seguir trabajando, sobre como superar las barreras de conocimiento, aceptación e implantación de los Derechos Humanos en las culturas africanas Cfr. A. Cassese, Los Derechos Humanos en el Mundo Contemporáneo, trad. de A. Pentimalli Melacrino y B. Ribera de Madariaga, Barcelona, Ariel, 1991, p Cfr. W. T. Bary & T. Weiming, eds., Confucianism and Human Rights, Nueva York, Columbia University Press, Cfr. M. Badi Kabunda, Derechos Humanos en Africa, Universidad de Deusto, 2000.

113 Cognitio Juris La conciliación entre Derechos Humanos y la diversidad cultural no solo es posible poniendo en práctica estas medidas, u otras, sino necesaria y urgente. Concluyendo, resta decir que los Derechos Humanos son fruto de un proceso histórico dinámico; que son una conquista progresiva y no necesariamente lineal de la humanidad, y que es presumible que, en ciertos casos, la falta de sensibilidad de algunos al discurso de los Derechos Humanos resulte del hecho de que nunca hayan tenido la posibilidad de disfrutar de sus ventajas. Pero que, al mismo tiempo, es un síntoma esperanzador que pocos ya ignoren su existencia. Entendemos que por muchos que puedan ser sus denostadores, nunca es una pérdida de tiempo hablar de Derechos Humanos e insistir en su universalidad esencial, aunque no sea por más que porque es una forma de reforzarlos. En cuanto al pasado, presente y futuro de los Derechos Humanos podemos concluir que éstos pueden constituir un instrumento con imperfecciones susceptibles de desarrollos que, sin dejar por ello de preservarlo, maticen y maduren el discurso vigente, que algunos consideran inconcluso, pero, que mientras no dispongamos de otro más eficaz, vale más defenderlo y luchar por completarlo, que intentar desacreditarlo o permitir pasivamente que el relativismo posmoderno consume su demolición. Bibliografía American Anthropological Association-Statement on Human Rights, en American Anthropologist, vol. 49, nº4, Outubro- Dezembro, Andorno, Roberto, Universalidad de los Derechos Humanos y Derecho Natural, en Persona y derecho, nº 38, 1998 Bary, W. T. & Weiming, T. eds., Confucianism and Human Rights, Nueva York, Columbia University Press, Bedjaoui, Mohammed, Universality of Human Rights in a Pluralistic World, Acta del Coloquio organizado por el Consejo de Europa en Abril de 1989, Estrasburgo, N. P. Engel, 1990.

114 114 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Cassese, A., Los Derechos Humanos en el Mundo Contemporáneo, trad. de A. Pentimalli Melacrino y B. Ribera de Madariaga, Barcelona, Ariel, Contreras Peláez, Francisco J., Tres Versiones del Relativismo Ético- Cultural, en Persona y Derecho, nº 38, De Lucas, Javier, Puertas que se cierran. Europa como fortaleza, Barcelona, Icaria, El Desafío de las Fronteras. Derechos Humanos y Xenofobia frente a una Sociedad Plural, Ensayo, Madrid, Fernández, Encarnación, Igualdad y Derechos Humanos, Madrid, Tecnos, Kabunda, M. Badi, Derechos Humanos en Africa, Universidad de Deusto, Martínez-Pujalte, Antonio-Luís, Derechos Humanos e Identidad Cultural. Una Posible Conciliación entre Interculturalidad y Universalidad, en Persona y Derecho, nº 38, Pollis, Adamantia y Schwab, Peter, Human Rights: A Western Construct with Limited Applicability, en Adamantia Pollis & Peter Schwab (eds.), Human Rights: Cultural and Ideological Perspectives, Nova Iorque, Praeger, Sebreli, Juan José, El Asedio a la Modernidad: Crítica del Relativismo Cultural, Barcelona, Ariel,

115 Cognitio Juris VALORES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO Maria do Socorro Lucena Gomes (Orientadora) ** José Elyselton Adelino Alves Farias Resumo: O presente artigo busca uma análise sobre a aplicação dos valores sociais na educação, fazendo uma ponte entre o ser e o dever-ser de uma possível escola que se faz uso de valores sociais. Por fim preza-se por expor a situação escolar e uma sutil desvalorização do homem como pessoa, e a ênfase dada a este como sujeito econômico, corroborando assim com uma crise valores ideais apregoados no meio acadêmico. Palavras-chave: Valores sociais. Desvalorização do homem. Sujeito econômico SOCIAL VALUES IN EDUCATION Abstract: The present article searches analysis about the application of the social values on education, making a bridge between being and should be of a possible school that makes use of social values. Finally be appreciates by exposing the school situation and a brief devaluation of man like a person, and emphasis to this as economic subject, thus corroborating a crisis touted the ideal values in academia. Keywords: Social values. Devaluation of man. Economic subjection. 1 INTRODUÇÃO A escola é uma das formadoras principais da mentalidade humana, logo sua função na criação de opinião e caráter individual é fundamental. O Pilar dessa teoria consiste no início da vida escola ainda no ensino fundamental, e seu término na adolescência, período este que compreende o desenvolvimento cognitivo humano. Os valores portanto absolvidos nesse curto espaço de tempo serão as bases do comportamento individual. Segundo a afirmação de C. R. Brandão (1985, p.7), em o que ** Mestra em Ciências Sociais pela UEPB. Doutoranda em Direito da Integração pela UMSA. Orientadora no projeto de Pesquisa Direto e Desenvolvimento Sustentável. Bacharelando em Direito UNIPÊ. Aluno do projeto de Pesquisa Terra e Desenvolvimento Sustentável ( ).

116 116 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 é educação : Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-eensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Para tanto educar para os valores é convidar alguém a acreditar naquilo que apreciamos, como por exemplo, respeitar o próximo. Não há valor que se sustente sem bons exemplos. Em conjunto com os pais a escola vai trazer a devida fixação de conduta, pois para os jovens como se diz no jargão popular, a escola é a segunda casa, e sendo assim, deve desde muito cedo contribuir para formar o caráter dos indivíduos, com valores já arraigados em sociedade, como por exemplo os judaico- cristãos. Registra-se neste momento, na concepção de Maria Helena Diniz (2009) no âmbito do Direito Civil, as funções a serem exercidas pela família (Função Procriativa, Educativa, Emocional e Econômica) que concederão a pessoa sua base de convivência social (Solidariedade Orgânica) e limites éticos na interação social. Como função Procriativa analisa-se a responsabilidade do agente ao ampliar a família (com seus descendentes) tendo por função pensar a existência dos mesmos desde o nascimento com vida e atribuição de um nome (Art.16, CC-02). Em seguida questiona-se a função educativa, como aquela inerente a todos os atributos e necessidades, de ordem material e imaterial, que deverão ser concedidos aos filhos, no sentido moral, espiritual e patrimonial para bem conviver em sociedade, respeitando os limites do mínimo ético, o que está justaposto na lei. Por função emocional, dar-se ênfase ao mundo sentimental da pessoa, que regerá todo o controle espiritual e orgânico desta. Retratase através da educação e atenção que os pais ministram aos seus filhos, resultando na valorização subjetivista que aflora no âmago do

117 Cognitio Juris ser em função da posição que ocupará no mundo sentimental de seus ascendentes. Por fim a função econômica, que repercute em bens materiais, que são administrados pelos pais aos filhos, no sentido deste exercerem o status financeiro em face a oferta de bens e serviços, do mundo do consumo na pós- modernidade. Em suma ministrar as crianças os devidos valores sociais corroboram, em princípio, criando assim ambiente propício ao combate ao individualismo, consumismo, preconceitos e outros. A vida familiar sendo muito resumida aos pais e alguns irmãos, não estabelece o verdadeiro choque social, entre diversos grupos e opiniões, tal fato vai se dá quando a criança começa a frequentar ambientes com diversidade, que para a presente análise considerar-seá a escola. Objetivando tal viés, é de importância inicial, abranger primeiramente a formação de caráter do indivíduo, pois havendo uma devida formação do mesmo, consequentemente poderemos falar em um adulto pensante e preocupado com a cooperação dos povos e desenvolvimento sustentável. 2 VALORES Valores serão o conjunto de características arraigados em um determinado indivíduo, em suma serão as premissas morais de cada cidadão e, a partir das mesmas o indivíduo terá orientação para sua conduta. Em uma lógica mais ampla, existe o que podemos chamar de lei moral, que ao ser fixada na sociedade, ou seja, é sabido que é proibido tomar para si coisa alheia, logo, estabelece para si um valor que não deve-se tomar posse de algo de outra pessoa 78. Conforme traz Miguel Reale (2002, p ) na suas lições preliminares de Direito: Por estarem sempre na funcionalidade de forças inovadoras que pretendem subordinar a 78 Cf : A lógica de imperativos morais sociais, orienta o legislador para criação de códigos de conduta. Como exemplo citado, que corrobora com o crime de furto, previsto no Art.155, CP.

118 118 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 regularidade dos fenômenos naturais à pauta de fins almejados; por refletirem, em suma, todas as aporias da existência humana, em uma incessante experiência de estimativas, as" palavras cardeais" da cultura e da civilização (liberdade, justiça igualdade etç). Todas elas são comportam a universidade peculiar às coisas neutras para o mundo dos valores. Desde os primeiros agrupamentos sociais, os homens precisaram estabelecer alguns valores de conduta para haver uma maior organização entre eles. Valores esses, muito ligados a honra e a lealdade 79. Nas sociedades primitivas os guerreiros que melhor servissem à sua tribo ganhariam suas devidas honras. Um fiel amigo poderia fazer votos de irmandade uns com os outros, de maneira que nesse momento o vínculo entre eles se tornariam mais contrito e forte. Enfatiza-se então um vínculo de consciência grupal ou solidariedade orgânica (In: DURKHEIM, 2002). Interligar a educação em valores será portanto o ato dos pais e professores em conjunto ensinarem as crianças e jovens os benefícios de ajudar o próximo ou mesmo respeitar a todos sem distinção. Tais premissas simples poderão despertar o indivíduo, que consequentemente tornar-se-á uma pessoa melhor para o mundo e para si mesmo. Educar portanto não seria uma imposição do achismo individual de alguém, uma espécie de orientação, que consequentemente o seguir desse caminho será o elo formador de boas condutas e valores. Fazendo-se uso da premissa socrática do conhece te a ti mesmo, podemos perceber que se auto conhecer e entender o meio que está inserido é o fundamental para entender os valores. Estando uma criança inserida em um meio familiar e escolar não propicio a bons frutos, consequentemente pelo convívio ela obterá para si as condutas apresentadas naquela situação, logo a mesma estando em um meio 79 Em geral esses homens viviam em ambientes hostis de guerra e constantes traições, portanto valores como lealdade para com os outros e honra, para se manter firme em seus ideais era de total importância para um pacífico convívio social.

119 Cognitio Juris adequado e favorável a boas condutas, ela terá assim um excepcional desenvolvimento moral, fato este que estará exposto em seus gesto e condutas. Portanto é válido lembrar sempre quão importante é o papel familiar e escolar na formação de caráter. A sociedade está produzindo indivíduos que não possuem o respeito para com o próximo e foca-se no individualismo e na importância do eu em detrimento dos nós. Portanto o ensino de valores deve ser a base fundamental do processo de aprendizado, trazendo a realidade que cada pessoa possui sua particularidade e isso torna única e especial no mundo. Ensinar desde muito cedo aos discentes a importância da Igualdade, prevista no caput, art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...], é a base para um crescimento saudável entre os grupos. A educação em valores não é só uma teoria distante, ela é exigência imediata da sociedade 80, sendo esta inserida em um contexto secular cheio de mudanças e paradigmas sócio-políticos, que consequentemente levarão a um aprimoramento da consciência cidadã. Temas como Ecologia, Educação Sexual, Direitos e Deveres do Cidadão, Ética na Política e na Vida Pública, a cada dia, são pautas de congressos, seminários, encontros internacionais, nacionais, isso nos leva a crer que a educação básica atual necessita de uma reforma e desenvolvimento na divulgação de valores. A aplicação de Valores é apresentada na Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da educação Lei Darcy Ribeiro), que visa direcionar o ensino no país aos objetivos sociais, que deverão ser alcançados de forma gradual pelo Estado. Em seu Art.2, ela prevê a educação como princípio norteador para o desenvolvimento da 80 Cf: A Declaração do Milênio, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU), surgiu após o encontro de líderes de 189 países, em setembro de 2002, com o objetivo de discutir ações para promover a melhoria no padrão de vida da população mundial Dentro dessa linha foi elaborado um conjunto de oito princípios básicos para o desenvolvimento. O oitavo princípios faz-se de referência a cooperação dos povos para o desenvolvimento, que por lógica será possível quando houver uma planificação de valores, sendo os mesmos aplicados ainda na educação escolar.

120 120 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 cidadania e qualificação para o trabalho, ou seja, a plena inserção do indivíduo no meio, através da opinião e influência social e desenvolvimento de atividade laboral DESVALORIZAÇÃO DA PESSOA HUMANA NO AMBIENTE ESCOLAR Trazendo como base teórica para analogia a Constituição da República italiana, de 27 de dezembro de 1947, pareceu propender a esse respeito quando, no pórtico do seu art. 3º, inserido no espaço reservado aos Princípios Fundamentais, afirmou que "todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei". Tal preceito corrobora, com o caput, do Art.5 da Constituição Federal (1988), trazendo a igualdade entre todos. Em contraposição a tão nobre proposta constitucional a sociedade tornou-se uma grande propagadora de ideais negativos e indignificação da pessoa humana, quando muitas vezes seu valor é trocado por coisas mais fúteis. Faz-se valer o jargão popular você vale o que tem, sendo assim o consumismo fica arraigado de tal forma que, valores como caráter, respeito e amizade. São trocados por nomes mais conhecidos, como roupas, carros e celulares, entre outros produtos e serviços de consumo. Tais preceitos (do mundo do ter em detrimento do ter) vão em total desacordo com os reais princípios prezados por uma educação de qualidade, sendo os mesmos propagadores de excludência de maiorias (proletariado) em face as minorias (jovens, crianças). Essa exclusão se dá muitas vezes por determinado grupo possuir um certo item, logo os demais que por condições adversas não detém são taxados e rejeitados. Diariamente os ideais consumistas estão se fortificando, a visão social está focada no ter não no ser, a concepção consumista é trabalhada por Zygmunt Bauman (2002, p.41): 81 Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

121 Cognitio Juris Pode-se dizer que o consumismo é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros, permanentes e, por assim dizer, neutros quanto ao regime, transformando-os na principal força propulsora e operativa da sociedade, uma força que coordena a reprodução sistemática, a integração e a estratificação social [...], assim como na seleção e execução de políticas de vidas individuais. O consumismo é uma diretriz da divisão de classes, formando assim grupos específicos que compactuam de bens em comum, e com isso, rejeitam os demais que não podem possuir. Os indivíduos portanto obterão destaque pelos itens que eles possuem, é o que podemos chamar dos ideais de Ostentação. Por estar embutido na sociedade, as ideologias de consumo podem ser captadas ainda muito cedo, ou seja, crianças dos 0 a 7 anos em fase pleno aprendizado. A escola como tal detém uma função primordial, a quebrar essas ideologias contrárias, eles exercem o papel fundamental na medida que pode ensinar a criança desde cedo a valorização do próximo como ele é, não o que ele poder ter ou disponibilizar. Sendo assim a criança, crescerá fundada em ideais de amor ágape, justiça e igualdade. A interligação de atividades que promovem a conscientização e outras perspectivas seriam passos principais para início de uma caminhada em busca da valorização do ser. No relatório da Unesco, sobre os quatros pilares da educação um destes consiste em Aprender viver com os outros 82, este domínio da aprendizagem é um dos maiores desafios para os educadores, pois 82 O relatório avança numa proposta baseada em dois princípios: primeiro a descoberta progressiva do outro, logo que o desconhecido é fundamento de preconceitos, logo conhecimento a diversidade humana combate diretamente este desconhecido. Depois e sempre, a participação em projetos comuns que surge como veículo preferencial na diluição de atritos e na descoberta de pontos comuns entre povos, pois, se analisarmos a História Humana, constataremos que o Homem tende a temer o desconhecido e a aceitar o semelhante.

122 122 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 atua na área das atitudes e valores. Cai neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades. Aprender a conviver e respeitar os demais dentro de um conjunto social, tem que ser tema de pauta dos educadores contemporâneos, pois no momento que o tema da desvalorização da pessoa humana flui livremente, a verdadeira educação não é pregada. 4 VALORES SOCIAIS EM CRISE Um problema grave que a contemporaneidade nos trás é em relação a constante competição entre indivíduos, ou seja, desde a educação de base as crianças são ensinadas a serem os melhores em tudo, independente do que tenha de fazer para tal. Assim, segundo Seigel (2005, p.41): Numa educação ética, é preciso resgatar e incorporar os valores solidariedade, de fraternidade, de respeito às diferenças de crenças, culturas e conhecimentos, de respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos. Os princípios morais são denegridos, e o foco no eu é ascendido, e os centros de educação muitas vezes são comparsas dessa implantação. O Decreto-Lei n. 869, de 12 de setembro de 1969 instituiu a disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas, revogada após promulgação da Lei n , de 14 de Junho de Em 1996 houve o reconhecimento da importância do tema com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Os jovens são constantemente induzidos ao longo de sua jornada de estudo a ser o melhor da sala, independente do colega, mais tarde na prestação de provas de carreira, essa realidade se repete, onde o eu é focado, e o nós é deixado de lado, a ideologia de amor ao próximo é simplesmente excluída, uma ficção. A educação deve auxiliar a criança a descobrir-se como pessoa, desenvolver suas potencialidades para que, no futuro, possa se perceber como um agente transformador, capaz de transformar e ser transformado pelo meio. A escola é responsável por este processo. O homem precisa ser bem orientado para, a partir daí, poder intervir de

123 Cognitio Juris forma correta fazendo a distinção entre o bem e o mal, justo ou injusto, certo ou errado. Os jovens montam como trajeto o alcance de suas metas, a prioridade é crescer economicamente, ter um bom emprego ou profissão é o requisito necessário para minha satisfação, a sociedade voltada para o consumismo, traz seu efeito, e para tal o mais importante é ter. Em alguns aspectos a escola tem sido agenciadora dessa visão competitiva, o que tem seu ponto positivo se devidamente dosada, todavia a essência é formas bons profissionais que possuam consciência dos valores morais e sociais e priorizem a satisfatória e solidária convivência social. Os pais também participam desse processo de combate a valores errôneos, sendo desses um papel ainda mais importante, como diz o jargão popular educação vem de casa, e é exatamente do convívio familiar que está presente as influências principais no caráter individual 83. Para tanto isso vai ao encontro do pensamento de Nérici (1983, p.2) afirma: A educação é o processo que visa levar o indivíduo concomitantemente, a explicitar as suas virtualidades e a encontrar-se com a realidade para na mesma atuar de maneira consciente, eficiente e responsável, a fim de serem atendidas necessidades e aspirações pessoais e sociais. Educar, portanto é a chave para uma mudança social, é o eixo principal para o desenvolvimento, ou seja, no momento em que o indivíduo é educado ele estará pré-disposto para influenciar o meio, para tanto educar não consiste simplesmente em repassar um conjunto de temas e matérias, simplesmente é explanar para outros o que você acredita e está disposta a defender. Com isso o conjunto escola-família deve montar uma linha da 83 O homem vem ao mundo em condições verdadeiramente deploráveis: Incapaz de valer-se por si mesmo, está condenado a morrer em poucas horas se não valerem por ele seus progenitores, ou quem os substitui na missão tutelar. (MIRA Y LOPES, 2009)

124 124 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 melhor maneira possível para influenciar a pessoa a se desenvolver respeitando os demais, não sendo portanto conivente com a ilimitada competitividade e busca do bem próprio. Crise em valores aborda uma problemática específica que precisa ser combatida. 5 EDUCAÇÃO E VALORES Tornou-se uma tarefa árdua aborda a questão de valores na educação, por muito tempo acreditou-se que a única função da escola era exclusivamente passar conhecimentos teorizantes. Essa realidade portanto entrou em queda, e o agora a sala de aula não é simplesmente o lugar onde um professor passará uma gama de conteúdo, é um lugar onde o aluno é focado e para o mesmo, é desenvolvido um método interligando conhecimento intelectual e moral. O impulso firme para a educação com valores na escola no Brasil, veio no final do séc. XX com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.8069/ 90) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n 9.394/96) que agora traz como agentes principais na formação moral do aluno a união entre escola e família. Educar com valores seria nada mais que adentrar em um molde do processo de aprendizado com base nos Direitos Humanos 84. Falar sobre educação em direitos humanos é fazer uma ponte direta com a questão da cidadania. Promover a educação cidadã, é moldar no aluno uma espécie de amor pelo meio que ele vive, por sua pátria, sua cultura e heróis, é valorizar o Estado em que reside em todos os seus eixos. Quando se traz a educação em Direitos Humanos, busca-se em um contexto mais amplo, como a dignidade da pessoa, o não preconceito entre etnias, a fraternidade de gênero. Logo, viver a educação para cidadania necessita-se de ver a sociedade como um todo uno (homogeneidade), como uma grande comunidade cooperativa (lembrando a paz perfeita kantiana) entre si, pensando sempre em se desenvolver de maneira a não prejudicar os 84 A prática educativa que se funda no reconhecimento, na defesa e no respeito e promoção dos direitos humanos e que tem por objeto desenvolver nos indivíduos e nos povos suas máximas capacidades como sujeito de direitos e proporcionar as ferramentas e elementos para fazê-los efetivos. Magendzo (2006, p. 23)

125 Cognitio Juris demais nem as futuras gerações, para isso é fundamental a formação do indivíduo preocupado com os demais, um ser cooperativista ao invés de um individualista. 85 O não cumprimento as mediadas devidas por parte da escola, acarretará em o aluno buscar no convívio familiar, estes podem ser bem aplicados mediante um vínculo familiar saudável, mas também pode haver um meio social não tão sadio para isso, o que fará para os participantes desse grupo entender valores como nada mais que uma falácia. 86 Pode-se dizer que educar em valores é quando os alunos entram em sintonia com o meio inserido, aprender a entender a todos, a ser solidário e fraterno, é portanto o ato que o indivíduo como uno se esforça para dar o máximo para com o meio inserido, e a partir disso surgem as devidas mudanças e aplicação de valores na educação. 6 VALORES APLICÁVEIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR E FAMILIAR Educar com valores constitui-se um conceito vasto, portanto podemos fazer uso de alguns valores fundamentais, que uma educação voltada para valores sociais em suma deve possuir, logo eles serão listados abaixo: Justiça: Manifesta-se na maneira que o educando possui de perceber os aspectos gerais do que é justo e bom para si. Conduta moral de dever-ser. Igualdade: Valor pelo qual é passado para os discentes a 85 No Art.37, CF/88, traz as funções da administração pública, que tem com base principal e princípio norteador máximo, a supremacia do interesse público sobre o privado, valendo-se então o bem coletivo ao invés do individualismo. Não só no âmbito administrativo, esse princípio é visto, conforme alude Pablo Stolze, o código civil de 2002 detém em um dos seus princípios norteadores o da Socialidade, princípio este contrário ao sistema individualista e patrimonialista de Quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos, principalmente para aqueles que não os vivenciam, como simples conceitos ideais ou abstratos, sendo assim interligar o meio de convívio do discente com a prática com as ideologias ensinadas na escola seriam portanto métodos de na prática ele vivenciar a teoria até então pregada.

126 126 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 nivelação entre todos, de maneira que cada um merece respeito e consequentemente detém a função de respeitar. Solidariedade: Momento no qual as pessoas ajudam umas às outras, tendo plena consciência de sua importância para a comunidade, para os menos favorecidos e desprotegidos. Dignidade da Pessoa Humana: Valor mais importante de um ordenamento jurídico pautado em Direitos Humanos, sendo este o princípio norteador pelo qual o homem detém seu valor enquanto pessoa, não pelo o que tem, mas pelo que ela é. Autonomia: Valor que preza pela liberdade individual, no qual o ser detém certa independência moral e intelectual, ou seja é a capacidade do indivíduo ser julgador de si mesmo, mediante os critérios que ele preza por correto. Tolerância: Valor no qual o indivíduo respeitos os demais do grupo, aceitando assim ideais divergentes de suas premissas de verdade, logo, a partir deste detém-se um pacífico convívio social. Pode-se portanto citar uma gama muito vasta de valores que podem ser colocados como princípios norteadores de uma educação pautada em um convívio social pacífico. Educar com valores está em todas as disciplinas do currículo escolar, para tanto o educador deverá fazer as pontes de ligação entre o conteúdo propriamente dito e as condutas supracitados. Em suma, podemos dizer que educar em valores dar-se-á por uma série de acontecimentos comprobatórios, os alunos entenderem os demais; aprenderem a respeitar; ser solidários; trabalharem em equipe e etc. Em resumo a escola detém a função de desenvolver o aluno como pessoa humana, de maneira a efetivar todas as suas qualidades. Não existe um momento exato na aula para o desenvolvimento dos valores, geralmente a espontaneidade é a marca principal, surgem a partir das ações da turma as maiores lições, como uma discussão no intervalo, ou uma cola durante um teste. Nesses momentos o professor deve ter ciência do seu papel e aproveitar para ministrar atitudes corretas.

127 Cognitio Juris Importâncias da Educação Familiar Conforme análise de Candau (1996, p.14-15), uma proposta metodológica inspirada nesta perspectiva entende que a escola deveria exercer um papel de humanização a partir da socialização e da construção de conhecimentos e de valores necessários à conquista do exercício pleno da cidadania. A educação em valores portanto ocorre diariamente, dentro e fora do ambiente escolar, e no segundo é onde o adolescente detém as suas maiores influências, podendo estas serem boas ou más. O seio familiar 87 é o endereço principal para o aprendizado do conhecimento base de todo ser, para tanto a formação do caráter, mais do que advindo da escola, dependente dos pais, e estes devem estar prontos cada momento para educar. A família 88 tem um papel educativo essencial, dela vai depender a definição dos primeiros valores, que consequentemente serão com bases nos exemplos apresentados pelos pais ou responsáveis. O meio familiar exerce uma das mais importantes influências no desenvolvimento das capacidades cognitivas e na estruturação das características afetivas dos filhos. A família portanto vai se fundar em uma espécie de ecossistema de educação, responsável pelo desenvolvimento moral dos indivíduos dentro desse grupo. A família é a instituição mais privilegiada da educação, pois é no seu meio natural que o homem nasce e existe e onde se desperta como pessoa. Exerce enorme influência quer na integração escolar quer no desenvolvimento dos filhos. 87 A família é a instituição mais privilegiada da educação, pois é no seu meio natural que o homem nasce e existe e onde se desperta como pessoa. Exerce enorme influência quer na integração escolar quer no desenvolvimento dos filhos. 88 A família é o lugar e ao mesmo tempo o instrumento mais eficaz de humanização e de personificação da sociedade. Não obstante, em nossos tempos é possível constatarmos uma sociedade cada vez mais despersonificada, desumana e desumanizante. Observamos por exemplo: o crescimento da violência de forma assustadora, à miséria, a fome, as drogas, pornografia e tantas outras desordens que ferem a família. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO -

128 128 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 A família está fincada desde os primórdios da humanidade, e ao logo da história foi criando e aperfeiçoando seus valores e ideologias, portanto todo mudança na estrutura familiar é item de bastante atenção, pois pode a longo prazo trazer um choque de valores entre os indivíduos nela presente. Façamos alusão novamente as funções precípuas da família (Procriativa, Educativa, Emocional, e Econômica) e a importância destas no cotidiano e ajuste de pessoa em sociedade onde o papel de formação ético, inicialmente está a encargo da família posteriormente a Escola. Quando falamos em educação em valores, temos essa expressão como processo social, no meio de uma determinada sociedade, sobretudo, através da escola, que exerce o papel de levar o educando a entender os valores, através de meios existentes em sala de aula, conteúdo das matérias, atitudes e procedimentos, mas todo o processo não se resume exclusivamente a escola. A família como eixo principal do desenvolvimento, deve educar seus filhos desde a infância pautados em valores étnicos e morais. Ensinar a não jogar o lixo na rua, ou não pegar o doce do outro colega, ajudar os que precisam e etc... essas funções devem começar cedo, e de preferência partindo do seio familiar, em práticas cotidianas no ambiente do lar. 7 PRÁXIS SOCIAL: RELATÓRIO DA AULA DE CAMPO NA ESCOLA ESTADUAL DONA ALICE CARNEIRO. Por volta do mês de outubro (2013) foi realizado na Escola Estadual Dona Alice Carneiro, um conjunto de palestras e debates, visando uma conscientização maior por parte da classe estudantil relação ao uso de drogas e políticas sustentáveis, tendo como iniciativa a educadora Maria do Socorro de Lucena Gomes, e alunos do Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), ligados ao projeto de Pesquisa Direito, Cidadania e Desenvolvimento. Buscou-se através desta iniciativa atentar diante dos discentes para os perigos, da proliferação de lixo e poluição despertando para a consciência da sustentabilidade e defesa do meio ambiente. Através disso alertou-se aos presentes a importância de preservar o meio

129 Cognitio Juris ambiente para que as presentes e futuras gerações, no sentido de desfrutar, da natureza; com isso buscou-se atentar para o valor de solidariedade, mediante cuidado com a natureza, preservando-a para o futuro. Também foi explanado da maneira mais simples possível, sobre sanções legalmente descritas, diante de possíveis crimes ambientais, tendo como base o Novo Código Florestal, tema em pauta no momento dos fatos descritos. Como finalização da iniciativa, foi realizada roda de debates e tiragem de dúvidas sobre o conteúdo até então descrito. Em um segundo momento enfatizou-se a temática mais voltada para violência e drogas, buscando através de aulas dinâmicas e expositivas a conscientização dos presentes. Como método de ensino foi demonstrado os perigos para saúde humana que as substâncias ilícitas (Maconha, Cocaína, Crack...) trazem, logo após buscou-se dar exemplos reais de melhoria de vida e combate a realidade de violência. Além disso foi demonstrado a os presentes, as condutas puníveis penalmente, em decorrência do usufruto das drogas e objetos ilícitos, dando ênfase as medidas educativas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Foi analisado, que devido as condições adversas familiares, os discentes envolvidos na iniciativa, não detinham os melhores valores, ou seja, a vida familiar não propiciava uma devida experiência moral, socialmente aceitável. Para tanto a escola era uma espécie de refúgio onde verdadeiramente poderia se encontrar a paz e esperança, embora muitas vezes o mau comportamento caseiro se manifestasse no âmbito escolar, era perceptível que o único lugar onde se encontra a paz, e consequentemente os valores seriam repassados com as devidas condições, neste ambiente escolar. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento é a base de um desenvolvimento pleno, porém o simples Conhecer de fórmulas, regras, ou teorias filosóficas e jurídicas não será o único pilar para um desenvolvimento cognitivo de qualidade. Ensinar aos discentes sua importância para o mundo e seu papel nele é o fundamento de uma educação pautada em valores.

130 130 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Educação voltada para valores interligará, não um simples querer de uma minoria, é necessária uma junção, entre escola, família, amigos e governo. A união dos mesmos em pró de uma educação de qualidades e Direitos Humanos, trará consequentemente emblemáticos efeitos para a sociedade e consideráveis conquistas sociais. Logo cada segundo é um aprendizado diferente, e cabe a cada formador cognitivo de uma mente jovem a responsabilidade de formar um cidadão consciente e pensante sobre o bem estar coletivo. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei 8.069/90 (Estatuto da Crianças e do Adolescente). Disponível em: < >. Acesso em: 10 de setembro de Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei Darcy Ribeiro). Disponível em:< Acesso em: 10 de setembro de DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 26. V.5, EDUCAÇÃO E VALORES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. Disponível em: < Acesso em: 20 de agosto de 2014 LEITE, Flamarion Tavares. Manual de Filosofia Geral e Jurídica: Das origens a KANT. 3.ed- Rio de Janeiro: Forense, LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado 13.ed.rev, atual e ampl. São Paulo: Saraiva, LUCENA, Socorro; BRITO, Adjalmira (orgs). Regras de Trabalhos Científicos da Graduação. João Pessoa: UNIPÊ, MAGENDZO, Abraham. Educación en Derechos Humanos: un desafío para los docentes de hoy. Santiago: LOM Ediciones, MIRA Y LÓPEZ, Emílio, Manual de Psicologia Jurídica. São Paulo: Impactus, REALE, Miguel, Noções Preliminares De Direito. 27 Ed. Ajustada ao novo Código Civil. Saraiva: TAILLE, Yves de La; MENI, Maria Suzana de Stefano (orgs). Crise de valores ou valores em crise. Porto Alegre: Artmed,

131 Cognitio Juris ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ APRESENTAÇÃO DOS ANAIS Oswaldo Trigueiro do Valle 89 O Ciclo de Palestras e Debates Jurídicos do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ tem, semestre a semestre, despertado a atenção da comunidade acadêmica da Paraíba e do nordeste, em razão de sua temática Direito e desenvolvimento significar a possibilidade de exposição e discussão dos avanços científicos no campo jurídico. Trata-se de encontro jurídico que se afirma no cenário regional porque representa importante espaço destinado à transmissão de novos conhecimentos adquiridos através da pesquisa, como forma de produção científica. Partindo do pressuposto de que o direito não deva ser somente pensado, mas, e principalmente, discutido academicamente, esse encontro jurídico reúne docentes e discentes comprometidos com a pesquisa e o permanente estudo da ciência do direito. Nesse sentido, e como o trabalho acadêmico e a pesquisa são condições básicas para a produção de conhecimento científico, o referido ciclo de estudos jurídicos procurou desenvolver uma metodologia adequada e flexível, permitindo uma aproximação da realidade vivenciada na ordem jurídica brasileira. A temática Direito e desenvolvimento viabilizou amplo debate sobre diversas matérias em ordem de discussão socioeconômica e jurídica da contemporaneidade, favorecendo a construção de um pensamento jurídico atual e dinâmico, com ênfase nas novas relações sociais e jurídicas, contemplando toda a problemática relativa à sustentabilidade. Nele se buscou, como foco principal, estabelecer um campo de intersecção entre o mundo teorético, a crítica e a realidade 89 Mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Professor e Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa.

132 132 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 social vivenciada na atualidade. De fundamental importância para a consecução dos objetivos colimados foi a metodologia empregada durante os debates jurídicos que encerraram grande parte das palestras ministradas. Neles foi possível, por que claras e inequívocas, absorver saber científico voltado predominantemente para o desenvolvimento e o exercício da cidadania. Em razão do sucesso alcançado, pretende-se caminhar com a mesma proposta e modelo para o planejamento dos encontros jurídicos que o Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ promoverá no semestre , priorizando a efetiva troca de conhecimentos fundamentados na produção científica. Aproveitamos o ensejo para agradecer aos professores que aceitaram nosso convite para o debate, à comissão organizadora do evento e, principalmente, ao corpo discente que atendeu ao nosso chamamento, participando efetivamente dos debates, através da formulação de questões pertinentes a cada matéria em discussão. A seguir serão apresentados os resumos das palestras e dos debates.

133 Cognitio Juris PALESTRA: REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DO NOVO CPC Sérgio Cabral dos Reis 90 Palavras-chave: Novo CPC; respeito aos precedentes; fundamentação das decisões judiciais. O presente resumo, por conta de sua limitação, tem como finalidade estudar, a partir da perspectiva do novo CPC, a temática da motivação das decisões na dinâmica dos precedentes jurisprudenciais. A intenção das últimas reformas processuais, de um lado, inquestionavelmente, é dar mais celeridade à prestação jurisdicional e, de outro, aliviar a excessiva carga de causas desnecessariamente propostas, sufocando, de forma cada vez mais preocupante, o Poder Judiciário, já asfixiado com tantos feitos de variada ordem, embora em larga maioria semelhantes, em todas as instâncias. Nesse contexto, o respeito aos precedentes ganha papel de destaque no projeto do novo CPC, notadamente em relação à disciplina dos seguintes institutos: incidente de recursos repetitivos, incidente de resolução de demandas repetitivas e reclamação constitucional. Esse fato, aliado ao já adotado sistema de súmulas vinculantes do STF, permite se concluir que há, atualmente, uma significativa aproximação do sistema jurídico brasileiro ao da Common Law. A segurança e a previsibilidade são valores almejados por ambos os sistemas, pressupondo-se, no Civil Law, que tais valores seriam realizados por intermédio da legislação e da sua estrita aplicação pelos 90 Mestre em Direito Processual e Cidadania pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Máster em Teoria Crítica en Derechos Humanos y Globalización pela Universidad Pablo de Olavide (Sevilla, Espanha). Professor efetivo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Professor da graduação e da pós-graduação do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Professor da Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba (ESMAT XIII). Professor convidado da Escola da Magistratura Trabalhista de Pernambuco (ESMATRA VI). Professor convidado da Escola Superior da Advocacia da Paraíba (ESA-PB). Professor convidado da Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado da Paraíba (FESMIP-PB). Ex-juiz do trabalho no Paraná e em Sergipe. Juiz do Trabalho na Paraíba.

134 134 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 juízes, ao passo que, no Common Law, por nunca ter existido dúvida de que os juízes interpretam a lei e, por isso, podem proferir decisões diferentes, enxergou-se, na força vinculante dos precedentes, o instrumento capaz de garanti-los. Com efeito, no sistema da Common Law, em regra, a decisão judicial constitui preceito erga omnes, que se impõe aos demais casos idênticos ou assemelhados, com força de lei. Sendo assim, especialmente com o escopo de assegurar a universalidade quanto à proteção do direito material e o respeito ao princípio da isonomia, a tese jurídica, fixada em súmula ou em precedente de recurso repetitivo, deve sempre ser seguida, para que a missão constitucional dos Tribunais Superiores seja cumprida. Afinal, se a questão chegou a estes, como a matéria é de direito, não existem, em princípio, as peculiaridades do caso concreto. Impõe-se perceber, todavia, que, por força dos valores do devido processo legal, a aplicação dos precedentes e das súmulas de jurisprudência não pode ser mecânica e irrefletida. Algumas Súmulas do TST, por exemplo, permitem uma abordagem fática, de modo que a sua concretização deve ocorrer hermeneuticamente diante das circunstâncias do caso concreto, pois não vem pronta no texto normativo. A questão não é tão simples, pois, entre os textos normativos e a efetividade dos direitos, há uma série de dificuldades fáticas e jurídicas, exigindo um estudo processual multidisciplinar. Não pode perder de vista a lição de que, no Estado Constitucional, o Direito, em sua dimensão transformadora da realidade social, deve continuar comprometido com os ideais de justiça, de modo que não há apenas razões institucionais para se seguir precedentes, mas também razões morais. Essas razões morais que desempenham um papel decisivo na argumentação jurídica, a partir do momento em que se reconhece a mútua dependência entre direito e moral demandam uma reinterpretação do direito no caso concreto e o overruling (superação do precedente) de uma regra jurisprudencial que não possa mais ser moralmente justificada.

135 Cognitio Juris É incorreta, portanto, a asserção de que a técnica do precedente implica um engessamento ou uma paralisia do processo argumentativo, pois o padrão decisório (precedente) precisa ser reinterpretado e reconstruído em cada caso concreto, por meio de um processo de argumentação por princípios. É na busca da adequação da regra jurisprudencial ao caso que se concentra todo o esforço do intérprete, que tem o encargo argumentativo de buscar a solução mais acertada para cada caso que se coloca sob sua análise. Enfim, é simplesmente impossível a aplicação de qualquer precedente, súmula ou, mais genericamente, de qualquer regra ou princípio jurídico, sem atenção detalhada a todas as circunstâncias específicas para cada caso concreto, com a finalidade de realizar o ajustamento da norma à realidade, por meio da individualização do direito (distinguishing). Como se percebe, a força do precedente depende, em grande medida, da qualidade da argumentação adotada pelo juiz em sua decisão. Revela-se carente de fundamentação, nesse contexto, a decisão que se limita a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos (art. 500, 1º, V, do novo CPC). Assim, a qualidade da argumentação depende de se especificar, tanto quanto possível, cada um dos argumentos empregados na justificação jurídica e a sua coerência. Impõe-se frisar, por outro lado, que não se revela fundamentada também a decisão que deixa de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou superação do entendimento (art. 500, 1º, VI, do novo CPC). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIDIER Jr., Fredie. Sobre o conceito de conexão no NCPC. Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, v. 37, p , FUX, Luiz (Org.). O Novo Processo Civil Brasileiro Direito em Expectativa. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, v p. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 14ª ed., São Paulo: Rideel, 2011.

136 136 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 DEBATE DA PALESTRA REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DO NOVO CPC Alexandre Targino Gomes Falcão 91 O professor Sérgio Cabral dos Reis trouxe, na sua exposição, reflexões sobre o projeto do novo Código de Processo civil, no atinente à questão da motivação das decisões na dinâmica dos precedentes jurisprudenciais. Registrou, com muita propriedade, que a adoção de vários institutos que, na sua disciplina, ensejam o respeito aos precedentes, proporcionam uma aproximação do nosso sistema jurídico ao da Common Law. Porém, alertou para o fato de que a aplicação de precedentes e súmulas não pode se dar de maneira mecânica e irrefletida, pois há razões morais a impor um ajustamento do comando jurisprudencial às circunstâncias específicas do caso concreto. Dessa maneira, realçou que o projeto do novo CPC anda bem ao estabelecer que qualquer decisão que se limite a invocar o precedente ou enunciado de súmula, sem identificar sua pertinência com o caso em julgamento, deve ser considerada sem fundamentação. Igualmente desfundamentada, nos termos do referido projeto, serão as decisões que deixam de seguir os precedentes jurisprudenciais sem demonstrar a sua inadequação à situação concreta submetida a decisão. Realmente, num país em que tramitam mais de noventa milhões de processos, sendo muitos destes veículos de ações massivas em casos idênticos, a racionalização do sistema se impõe com o respeito, sobretudo, à jurisprudência dos Tribunais Superiores, na sua missão precípua de uniformização da interpretação da constituição e das leis, até mesmo por uma questão de segurança jurídica. Com efeito, os precedentes judiciais ou os enunciados de súmulas são, na verdade, normais gerais, pois, para além de traduzirem o julgamento de certa situação concreta, podem ser aplicados a inúmeros outros casos 91 Juiz de Direito no Estado da Paraíba. Mestrando em Ciências Jurídicas pela Universidade de Lisboa. Professor do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Diretor Adjunto da Escola Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça da Paraíba (ESMA).

137 Cognitio Juris análogos. Assim, controvérsias a parte, vai ganhando força a ideia de admissão da jurisprudência como fonte do direito. Nada obstante, tanto quanto se deve operar com a imposição da lei, a decisão judicial que considera um precedente ou súmula deve explicitar a sua adequação ao caso concreto, para efeito de aplicação ou afastamento de sua incidência, sob pena de nulidade. Em consonância com o pensamento do ilustre palestrante, deve-se reconhecer o avanço representado pelo projeto do novo CPC, na busca pela uniformização e estabilização da jurisprudência, o que é, inclusive, acentuado na sua exposição de motivos. Entretanto, não se pode deixar de observar que esse projeto regulou a jurisprudência, generalizadamente, de forma dispersa e sem realizar uma distinção mais apropriada entre jurisprudência, precedente, jurisprudência dominante, súmula e decisão judicial. Ademais, se ressente o projeto de uma melhor organização das técnicas de confronto e superação dos precedentes, como overrruling, overriding e distinguishing. Assim, nada obstante a salutar evolução, espera-se a correção e a melhor sistematização desse tema, no novo CPC COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DO NOVO CPC. Felipe Viana de Mello 92 PALAVRAS-CHAVE: Novo Código de Processo Civil; Precedentes; Força vinculante. COMENTÁRIO O Professor Ms. Sérgio Cabral dos Reis, em sua palestra, trouxe a abordagem sobre o projeto do novo Código de Processo Civil, 92 Mestre em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Professor do Centro Universitário de João Pessoa UNIPE. Assessor de Gabinete do Juízo de Primeiro Grau do Tribunal de Justiça da Paraíba.

138 138 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 especificamente quanto ao instituto do precedente judicial que será imposto no ordenamento jurídico brasileiro, de modo a aproximá-lo dos sistemas da common law. DEBATE Após a conclusão da palestra, teve início o debate, no qual me foi dada a palavra para tecer comentários sobre o tema exposto. O sistema processual brasileiro está em vias de uma grande modificação, pois recentemente foi aprovado na Câmara Federal o texto-base do novo Código de Processo Civil, diploma este que deverá impor uma nova visão da disciplina em nosso ordenamento, com ideias de maior efetividade jurisdicional e controle de demandas repetitivas. Neste ponto, o novo diploma processualista tem como um de seus objetivos tentar diminuir o número de processos que tramitam nos tribunais superiores, de modo a permitir que estes órgãos possam cumprir seus papeis institucionais de controle da Constituição e das leis federais, sem perder tempo com questões de baixa complexidade e que se repetem em demasia. Ora, a massificação de processos é um dos problemas de maior destaque em nosso Poder Judiciário e aglomera os tribunais de casos repetitivos, muito porque em nosso sistema há a possibilidade de cada juiz dar aos textos legais a interpretação que melhor lhe convenha, aliado ao fato do grande número de recursos existentes. Com isso, a lei projetada visa dar força aos precedentes, aproximando assim o nosso processo ao sistema da common law, onde os juízes são obrigados a decidir como é apontado pelos tribunais, permitindo assim sua utilização técnica em casos repetitivos, como apontam Dierle Nunes e Rafael Dilly Patrus NUNES, Dierle; PATRUS, Rafael Dilly. Uma breve notícia sobre o procedimento-modelo alemão e sobre as tendências brasileiras de padronização decisória: um contributo para o estudo do incidente de demandas repetitivas brasileiro. In: Novas tendências do processo civil. Salvador: JusPODIVM, 2013, p De acordo com os autores. A principal utilização desta chamada padronização decisória é de ser utilizada tecnicamente para dimensionar a chamada litigiosidade repetitiva; demandas propostas por inúmeros cidadãos com pretensões isomórficas. e Dentro deste contexto, a litigiosidade repetitiva passou a aumentar as

139 Cognitio Juris Entretanto, esta vinculação dos juízos aos argumentos dos órgãos superiores, comum nos Estados Unidos e na Inglaterra, tem sua razão: é que nestes países a maior fonte do direito é o costume, de forma que, se não houvesse os precedentes, estaria instalado o caos naqueles ordenamentos jurídicos, como aponta Bruno Dantas 94. Assim, o fato de o direito brasileiro importar tal instituto para o nosso processo civil deve ensejar um cuidado redobrado, posto que, como somos filiados ao civil law onde o texto legal tem primazia frente à jurisprudência, sua aplicação constitui um incentivo ao formalismo, à desconsideração das circunstâncias específicas de cada caso concreto e a padronização decisória que tente à inconstitucionalidade 95. Desta maneira, a proposta estabelecida no projeto do novo CPC de dar força vinculante ao precedente judicial é vista com bons olhos pela doutrina, pois irá diminuir o grande número de processos que tramita perante nossos tribunais, objetivo este que já é atingido, em menor parte, com as súmulas vinculantes e as impeditivas de recursos. Isto posto, para que a técnica surta os efeitos a que se propõe, faz mister ao operador do direito que saiba a correta distinção entre o caso que deu origem ao precedente vinculante e ao caso posterior que se deseja aplicá-lo, para que nosso ordenamento não se torne rígido ao ponto de não prestar a tutela de forma efetiva aos jurisdicionados que estão diante de circunstâncias peculiares taxas de congestionamento do Poder Judiciário brasileiro e as propostas de técnicas processuais padronizadoras e do uso de precedentes como fonte ganhou muitíssima força.. 94 DANTAS, Bruno. Concretizar o princípio da segurança jurídica: uniformização e estabilidade da jurisprudência como alicerce do CPC projetado. In: Novas tendências do processo civil. Salvador: JusPODIVM, 2013, p DERZI, Misabel de Abrel Machado; BUSTAMANTE, Thomas da Rosa. O efeito vinculante e o princípio da motivação das decisões judiciais: em que sentido pode haver precedentes vinculantes no direito brasileiro?. In: Novas tendências do processo civil. Salvador: JusPODIVM, 2013, p. 337.

140 140 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÃO DE CONSUMO Anrafel de Medeiros Lustosa 96 PALAVRAS-CHAVE: Relação de Consumo; Conjunto de ações estatais; vulnerabilidade dos consumidores. Harmonia. O assunto proposto tem como fulcro o direito fundamental de intervenção do Estado de forma direta nas relações de consumo, objetivando proteger os consumidores por meio de um microssistema composto de normas de direito privado, administrativo, penal e processual, tendente assegurar as necessidades dos consumidores, razão pela qual, os artigos 4º e 5º da lei 8.078/90 trouxe um conjunto de instrumentos condensado como política nacional de relação de consumo, capazes de colocar os consumidores em condições de igualdade perante os fornecedores, tendo em conta compatibilizar o desenvolvimento econômico e tecnológico, em face da dinâmica própria do mercado de consumo, e a imprescindibilidade da garantia do respeito à dignidade, à saúde e segurança dos consumidores, na medida em que impõe controle a produção ou prestação de serviço em massa, por meio da presença do Estado no mercado de consumo com finca em órgãos públicos promoventes de testes e fiscalizações em produtos e serviços, sob o manto da proteção dos interesses econômicos, de real sorte a coibir abusos dos fornecedores e consumidores, especialmente por aqueles, dado a garantir o efetivo ressarcimento por ofensas materiais ou morais aos consumidores, notabilizando, por outra lado, o mister da efetiva transparência na relação de consumo por meio informações claras e precisas em toda oferta ou cláusula contratual com tom na boa-fé objetiva comportamental, de compatibilizar o desenvolvimento econômico e tecnológico, em face da dinâmica própria do mercado 96 Professor no Centro Universitário de João Pessoa e na Universidade Federal de Campina Grande. Doutorando em Direito pela Universisdad del Museo Social Argentino.

141 Cognitio Juris de consumo. Partindo dessa premissa, o princípio nuclear da política nacional da relação de consumo é a presunção legal de vulnerabilidade dos consumidores a fim de proteger a parte mais frágil psicológica, técnica, científica e econômica na relação de consumo, afinal de contas, o consumidor encontra-se em uma posição de debilidade informacional e de conhecimentos técnicos e científicos dos produtos e serviços colocados no mercado. Ressaltase, ainda, que a política nacional de relação de consumo externa a presença constante do Estado nas relações de consumo também por meio de assistência judiciária gratuita aos consumidores carentes, promotorias e delegacias especializadas, como também o fomento de varas e juizados especiais dos consumidores e estímulo a criação de associações de proteção dos consumidores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOARES, Paulo Brasil Dill. Princípios Básicos de Defesa do Consumidor: institutos de proteção ao hipossuficiente. São Paulo: Direito, SOARES, Ricardo Maurício Freire. A Nova Interpretação do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. São Paulo: Saraiva, SODRÉ, Marcelo Gomes. Formação do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais,

142 142 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: PODER DE FISCALIZAÇÃO DO ESTADO X DIREITO DO CONTRIBUINTE Glauber de Lucena Cordeiro 97 Palavra-chave: Tributação; Poder Estatal; Direito do contribuinte. Não se pode negar que um dos instrumentos financeiros mais necessários a manutenção do Estado brasileiro é a instituição e cobrança de tributos. Hoje, em função das transformações econômicas que redimensionaram o papel do Estado, tornando-o mais leve ou menos diretamente interventor naquela seara, as receitas indiretas advindas da tributação são fundamentais para o custeio de toda a maquina administrativa e das políticas públicas que são desenvolvidas por aquele ente. Mas a ânsia na arrecadação tributaria estatal não pode ser desmedida ou abusiva ao ponto de usurpar direitos patrimoniais dos seus súditos que foram conquistados com o passar do tempo, e que em razão de sua importância, consagram-se como normas constitucionais fundamentais de nosso ordenamento jurídico. Nessa seara, abre-se um conflito contínuo entre aqueles sujeitos diretamente vinculados à relação obrigacional tributária, de um lado, o aparelhamento estatal, que busca cobrar o que lhe é considerado a ele devido pelos seus contribuintes. Do outro, fica o contribuinte querendo se defender do Leviatã tributário de cobranças que não são correspondentes com o que preceitua a lei ou que são calculadas a maior ao que ele (contribuinte) acredita que seja o correto. Para dar instrumentabilidade para o polo estatal em sua cobrança, a Constituição Federal, em seu art. 145, caput, autoriza a lei dotar o Fisco de poderes jurídicos que possibilitam fazer a fiscalização dos contribuintes de forma mais eficaz, como por exemplo: vistas aos livros e documentos contábeis das empresas, autuação de estabelecimentos quando cometidos atos considerados irregulares pelos seus agentes, aplicação de multas através do Poder de Polícia tributário etc. De outra forma, para equilibrar os interesses envolvidos, 97 Mestre em Direito pela UFPB, Doutorando em direito pela UERJ, Professor do UNIPE e da UERN. Advogado.

143 Cognitio Juris a Lei Maior brasileira confere aos contribuintes premissas protetivas na forma de princípios constitucionais e imunidades tributárias que para garantir ao sujeito passivo que a arrecadação e a fiscalização tributária sejam baseadas em parâmetros justos e não tão incisivos sobre o seu patrimônio. Exemplos destes são os princípios da legalidade e anterioridade tributárias, da vedação ao confisco, irretroatividade, imunidade dos partidos políticos, livros, templos religiosos etc. Além dessas proteções, a legislação infraconstitucional também traz outros instrumentos de amparo ao contribuinte frente à fiscalização desmedida por parte dos agentes estatais. Todas essas garantias se constituem como escudos dos sujeitos passivos tributários, sendo denominado pela doutrina como sendo um Estatuto do contribuinte. Para concretizar essa proteção frente ao Fisco na prática, é imprescindível o papel do Poder Judiciário, como órgão de avaliação e decisão sobre a legalidade e justeza das ações fiscalizatórias do Estado na seara tributária. Será ele a instância suprema que garantirá a harmonia das ações realizadas pelo fisco com o dever/fazer do contribuinte. Decisões judiciais como a proibição de fechamento do estabelecimento empresarial em razão da falta de pagamento de tributos, da impossibilidade do Fisco quebrar o sigilo bancário do contribuinte, sem que haja autorização judicial, para fazer a fiscalização da movimentação bancária daquele, da impossibilidade dos agentes fiscais impedirem o tráfego de caminhões que transportem mercadorias pela falha no preenchimento das guias fiscais etc. são pronunciamentos que efetivam o estatuto do contribuinte contra o abusivo poder de polícia tributária estatal. Esse conflito entre os dois polos não tem data para terminar, mas cabe ao legislador, ao Judiciário e aos próprios sujeitos envolvidos comporem ações e soluções que visem minimizar esse combate em nome da salutar e harmônica convivência entre aqueles dois polos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, Luciano. Direito Tributário. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

144 144 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 5. ed. São Paulo: Método,

145 Cognitio Juris PALESTRA: FICHA LIMPA, JOGO SUJO Renato César Carneiro 98 PALAVRAS-CHAVE: Lei Ficha Limpa ; Inelegibilidades; Inconstitucionalidades. Logo que entrou em vigor, em 04 de junho de 2010, às vésperas das eleições de outubro do mesmo ano, a Lei Complementar n. 135, popularmente denominada de LEI FICHA LIMPA causou uma grande perplexidade no meio jurídico nacional. Considerada uma das grandes conquistas da sociedade brasileira, porquanto oriunda de projeto de iniciativa popular, que recebeu o apoio de mais de 1,5 milhões de assinaturas, a referida Lei caiu no gosto do povo, que acompanhou, pari passu, a sua aplicação pela Justiça Eleitoral. A Lei Complementar n. 135, alterou substancialmente a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/90), pois relativizou o princípio da presunção de inocência; elencou novos crimes, para fins de considerar inelegíveis àqueles que tenham praticado alguns desses tipos de ilícitos; aumentou, de 3, para 8 anos, os prazos de inelegibilidades e transferiu, para outros órgãos do Poder Judiciário, que não a Justiça Eleitoral, o poder de suspender a inelegibilidade. A polêmica Lei suscitou o debate acerca do princípio constitucional da irretroatividade das leis, amplamente aplicado no campo do Direito Penal. Os Tribunais Eleitorais, inclusive o Tribunal Superior Eleitoral, tiveram dificuldade na sua interpretação, ante o princípio constitucional da anualidade da lei eleitoral, previsto no art. 16 da Constituição Federal. A decisão final sobre a aplicação da Lei 98 Possui Graduação em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (1995) e Mestrado em Direito (Direito e Desenvolvimento) pela Universidade Federal do Ceará (2001). É servidor efetivo do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, Professor- Adjunto da UFPB e Professor-Visitante do Centro Universitário de João Pessoa\UNIPÊ. Pesquisa e escreve sobre os seguintes temas: História do Voto na Paraíba; Democracia Participativa e o Poder Normativo do TSE. É sócio efetivo dos Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e da Academia Paraibana de Letras Jurídicas.

146 146 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Complementar n. 135 às eleições de outubro de 2010, coube ao Supremo Tribunal Federal que, diante dos holofotes e da grande cobertura dos meios de comunicação do país, sofreu uma das maiores pressões de que se tem notícia na sua história. O presidente da Corte, ministro Cezar Peluso, chegou a empatar a votação, mas não chegou a usar a prerrogativa regimental de emitir o seu voto de Minerva. A decisão foi adiada, de forma a aguardar-se a nomeação do 11º ministro a compor o STF. O caráter moralizador da denominada LEI FICHA LIMPA colocou em questão a influência de questões políticas na interpretação das leis eleitorais. REFERÊNCIAS CARNEIRO, R. C. ELEIÇÕES 2006: AS NOVAS REGRAS DO JOGO. 1ª. ed. JOÃO PESSOA: UFPB, v p. Lei Complementar n.º 64, de 18 de maio de 1990 Lei das Inelegibilidades. Lei Complementar n.º 135/2010, de 04 de Junho de 2010 Lei da Ficha Limpa COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA FICHA LIMPA, JOGO SUJO Ulisses Leite Crispim 99 COMENTÁRIO: O professor palestrante, Renato Cesar Carneiro, aborda sobre a Lei Complementar nº 135, conhecida como Lei da Ficha Limpa, lei complementar que gerou grande hesitação nos meios que cuidam do direito no Brasil, não obstante tenha sido refletida como de grande relevância, uma conquista da sociedade, por ter sido oriunda de projeto de iniciativa popular, amparado por mais de hum milhão e meio de pessoas. Referida Lei, tem por objetivo alterar a fundamentalmente a Lei Complementar 64, Lei das Inelegibilidades, uma vez que, de acordo com palestrante, relativizou o princípio da 99 Advogado. Especialista pelo UNIPÊ Centro Universitário de João Pessoa, Doutorando pela UMSA Universidad Del Museo Social Argentino. Professor do UNIPÊ.

147 Cognitio Juris presunção de inocência; elencou novos crimes; aumentou penas de inelegibilidades e permitiu a outros órgãos do judiciário, competência para suspender a inelegibilidade. Revela também a controvérsia gerada pela lei concernente ao princípio constitucional da irretroatividade das leis. O fato, conforme o palestrante causou dificuldades aos Tribunais, inclusive o Superior, quanto à interpretação, em razão do princípio da anualidade, ficando a sua aplicação na decisão do Supremo Tribunal Federal, tomada depois de idas e vindas. Finaliza dizendo que a missão de exemplificar que guardava a famosa Lei da Ficha Limpa, ensejou o questionamento sobre a preponderância de questionamentos políticos na interpretação das leis eleitorais. DEBATE: Encerrada a palestra, se deu início ao debate sobre o tema, tendo como contestador Professor Ulisses Leite Crispim, que concorda que a Lei da Ficha foi um projeto oriundo do anseio da sociedade, com a sua participação, em número considerável de mais de hum milhão de pessoas. Foi realmente uma grande conquista da sociedade. É evidente que não se pode olvidar que a lei trouxe consigo dilemas de sua aplicabilidade tanto material, em face da retroatividade da lei no que tange ao aspecto penal, e da lei processual no que diz respeito a aplicação imediata, ou seja, a lei mexeu com dois consagrados princípios, o da irretroatividade e anualidade. Mesmo assim, a Lei da Ficha Limpa tem também dado causa a aspectos positivos, notadamente quando se tenta e procura obstacular o registro de candidatos com impedimentos nela fundado. Entretanto, discorda do palestrante no que tange ao questionamento que a lei objeto da palestra sobre as políticas na interpretação das leis eleitorais, porquanto entende que o poder judiciário não está integralmente à disposição do poder político, não obstante possam aparecer alguns de seus membros com estas características. REFERÊNCIAS: Lei Complementar n.º 64, de 18 de maio de 1990 Lei das Inelegibilidades. Lei Complementar n.º 135/2010, de 04 de Junho de 2010 Lei da Ficha Limpa.

148 148 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: PREVIDÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE SEGURANÇA PARA O TRABALHADOR José Antonio Coêlho Cavalcanti 100 PALAVRAS-CHAVE: Constituição Federal; seguridade social; RGPS Regime Geral de Previdência Social; financiamento; segurados; contribuintes; dependentes. O tema abordado trata da previdência social e sua importância para segurança do trabalhador brasileiro e, também, para sua família que em primeira classe é tratada como dependentes previdenciários. Realizada a pesquisa bibliográfica para a exploração do tema diante dos alunos do Centro Universitário de João Pessoa/UNIPE, foi possível declinar a impossibilidade da proteção social securitária ao trabalhador não inscrito e filiado ao RGPS Regime Geral de Previdência social, que é operacionalizado pela maior Autarquia Federal do País denominada de INSS Instituto Nacional do Seguro Social. Aprofundando o assunto, ocorreu primeiramente, a apresentação do elenco normativo previdenciário brasileiro, com especial atenção para duas Leis Ordinárias, a de Custeio 8.212/1991 e, a segunda a de Benefícios 8.213/1991, culminando com o Decreto 3.048/1999, que as regulamenta. Foi abordado que a lei de custeio que na visão de MARTINS (Atlas, 2013) não é financiamento, como bem diz o autor: Na verdade, a Seguridade Social não será financiada, mas haverá seu custeio. Não se trata de financiamento, como se fosse um empréstimo bancário, em que haverá necessidade de devolver o valor com juros e correção monetária. Trata-se de custeio, o que é feito por meio de contribuição social. Abordou-se também, o entendimento de KERTZMAN (Jus Podivm, 2012), que afirma: 100 Bacharel em Administração, Contabilidade e Direito. Professor Especialista/UNIPE e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA/Argentina. Professor de Direito da Seguridade Social do UNIPE/ESMA e ESMAT/PB. Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Direito Previdenciário e Direito do Trabalho e Processo do Trabalho/UNIPE.

149 Cognitio Juris Vimos, ao tratar da tríplice forma de custeio, que a seguridade social é financiada pelo governo, empresas e trabalhadores. Comentamos que a participação do governo se dá pela contratação de trabalhadores e ainda com aportes de capital para cobrir eventuais déficits no orçamento da seguridade. Com a divergência entre os autores, declinamos a posição do palestrante que, entende ser realmente, caso de financiamento, mesmo que haja a obrigatoriedade da contribuição compulsória dos segurados pessoas físicas e contribuintes não segurados denominados de pessoas jurídicas. Se de um lado os trabalhadores e empresas estão obrigados a verterem valores mensais a título de contribuições ao sistema, perguntou-se: e quais são as obrigações do sistema previdenciário brasileiro para a cobertura e segurança social dos trabalhadores? Em resposta, foi apontado o Princípio da Reciprocidade ou da Contrapartida por força do art. 201 da CF/88, que preconiza a existência dos riscos naturais e ou sociais que deverão ser cobertos pela previdência social (RGPS). Assim, para melhor compreensão dos presentes, novamente, recorremos à pesquisa doutrinária que nas palavras de VIEIRA (Impetus, 2002), de forma clara e que não permite emergir contestação, os dois princípios se materializam da seguinte forma: Como vimos na parte II (Custeio da seguridade social), a previdência social compreende o Regime Geral de Previdência Social RGPS e os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos civis e militares. O RGPS alvo de nosso estudo garante a cobertura das seguintes situações: eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. Portanto, foi afirmado na oportunidade que, para ocorrer a proteção social previdenciária ao trabalhador e aos seus dependentes se faz necessário ocorrer a inscrição e filiação ao Regime Geral de Previdência Social RGPS. Foi aberta durante 15 minutos a fase de perguntas e respostas e, encerrada a palestra.

150 150 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 REFERÊNCIAS IBRAHIM, Fábio Zambitte. A previdência social no estado contemporâneo: fundamentos, financiamento e regulação. Niterói, Rj: Impetus, LEITÃO, André Studart. Manual de direito previdenciário. São Paulo. Saraiva, MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. São Paulo. Atlas, VIEIRA, Marco André Ramos. Manual de direito previdenciário. Rio de Janeiro. Impetus, KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. Salvador. Jus Podivm,

151 Cognitio Juris PALESTRA: O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A PRISÃO DE GUANTÂNAMO Monica Lucia Cavalcanti de Albuquerque Duarte Mariz-Nóbrega 101 Palavras-chave: Direitos humanos; Jurisdição; Tribunal Penal Internacional; Estatuto de Roma; Direito Internacional. Muito se falou dos problemas de desrespeito aos Direitos Humanos dos prisioneiros de guerra na prisão de Guantânamo e de por que o Tribunal Penal Internacional (TPI) não está investigando e julgando os supostos culpados pelos crimes contra os mesmos. Para responder a este questionamento é necessário entender tanto a função do TPI quanto os mecanismos de ativação de sua jurisdição. Isto porque somente compreendendo estes aspectos é que se pode entender devidamente a questão. Em primeiro lugar é necessário ter em mente que a jurisdição do TPI é internacional e não universal, como alguns alegam. A diferença básica reside na necessidade de que existam nexos palpáveis para a ativação da jurisdição de determinado tribunal. Um tribunal com jurisdição universal é aquele com poderes para processar e julgar condutas ocorridas em qualquer parte do globo terrestre, cujas vítimas e acusados tenham qualquer nacionalidade: o importante é o crime praticado e evitar que fique impune. Por outro lado, a jurisdição internacional é aquela que pode ser exercida hipoteticamente em qualquer lugar do planeta, no entanto, somente se existirem nexos que permitam este exercício. Por exemplo, que o crime tenha ocorrido no território de algum dos Estados parte no tratado constitutivo, ou, que vítimas ou acusados sejam nacionais de algum destes Estados. No caso do TPI, os artigos 12 e 13 do Estatuto de Roma (tratado constitutivo do TPI) assim o determinam. A exceção que leva a que o TPI exerça realmente jurisdição universal ocorre somente nos casos em que o Conselho de Segurança das Nações 101 Doutora em Direito pela Universidade de Valência (Espanha). Mestre em Direito pela Universidade de Valência e pela UFPB. Professora do Máster em Violencia de Género da Universidade de Valência; Professora da UEPB; professora titular do centro Universitário de João Pessoa Unipê. Advogada militante.

152 152 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Unidas, exercendo os poderes a ele atribuído por força do artigo 25 da carta das nações Unidas, remeta uma situação ao TPI referente a um Estado não parte e não aceitante. Isto porque a sujeição a este tribunal se vincula à determinação do CS, cujas resoluções vinculam os Estados parte nas Nações Unidas. No que se refere aos crimes sujeitos à jurisdição do TPI, são aqueles descritos no artigo 5º e seguintes do ER: o genocídio; os contra a humanidade; os de guerra; e, o de agressão. Sabendo-se se a situação está sob a égide da jurisdição do TPI é preciso saber se não existe prevenção da jurisdição original. Ou seja, se a jurisdição original está sendo exercida e a situação já está sendo investigada ou julgada, estes procedimentos impedem o exercício da jurisdição do TPI. Isto porque ela é subsidiária, ou seja, somente pode ser exercida quando o Estado que deveria estar exercendo a jurisdição sobre os crimes de sua competência não o está fazendo, ou porque não o quer o não o pode fazer. Este último somente recentemente regulamentado na primeira grande reforma do ER e que aguarda o depósito de sessenta signatários para que, passados sessenta dias deste fato, passe a exercer também jurisdição sobre eles. Diante destas premissas e observando prisão de Guantânamo é necessário avaliar alguns aspectos. Esta prisão está sob o domínio dos Estados Unidos da América e fica na baía de Guantânamo. Isto quer dizer que a jurisdição original deveria ser exercida pelos Estados Unidos da América. Os prisioneiros são tanto afegãos quando Iraquianos. Os oficiais e soldados que lá trabalham são norte americanos. Nem os Estados Unidos da América, nem o Afeganistão nem o Iraque são parte no Estatuto de Roma. Isto quer dizer que o TPI não pode exercer sua jurisdição sobre estes abusos. Ora, se sua jurisdição somente pode ser ativada sobre situações ocorridas nos territórios dos Estados parte no ER e os EUA não fazem parte dele, exclui-se sua atuação neste aspecto. No que se refere à nacionalidade de vítimas e acusados, o TPI tampouco poderá exercer sua jurisdição, uma vez que não são nacionais de Estados parte no ER. Finalmente, para que o TPI pudesse exercer sua jurisdição somente existiria a possibilidade se o Conselho de Segurança das Nações Unidas remetessem a situação. No entanto, de acordo com os dados

153 Cognitio Juris oficiais, os próprios EUA estão investigando as situações e julgando os oficiais de comando que perpetraram os crimes. Ou seja, ainda que fosse remetida a situação pelo Conselho de Segurança, estaria impedido o TPI de exercer sua jurisdição porque o Estado com jurisdição originária o está fazendo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mello, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, vol. II, Renovar. Fraga, Mirtô. Conflito entre tratado Internacional e norma de Direito Interno, Forense. BECHARA, Fábio Ramazzini. Tribunal Penal Internacional e o Princípio da Complementeriedade. Jus Navigandi, n. 234, ano 9, Teresina, 27 fev Disponível em: < Acesso em: 27 fev

154 154 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO DIREITO DO CONSUMIDOR Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho 102 Palavras-chave: Publicidade Abusiva e Enganosa; Código de Defesa do Consumidor; Constituição Federal; CONAR; Pratica Abusiva. RESUMO: O tema, previsto na norma consumerista, lei 8.078/90 é de especial atenção. Volta-se para uma forma de atração dos consumidores a adquirirem produtos e serviços utilizando uma importante ferramenta: o marketing. Busca-se ainda fazer a distinção entre publicidade e propaganda, posicionamento este adotado pela maioria dos doutrinadores brasileiros, para isso utilizando como base os conceitos (COHEN, Dorothy. Publicidad comercial. México: Diana, 1986) Também se enfoca os princípios balizadores da Publicidade no CDC, a saber: Transparência, Art. 4º caput; Identificação da mensagem publicitária, Art. 36; Vinculação Contratual, Art. 30; Veracidade, Art. 37 1º; Não abusividade, Art. 37, 2º; ônus da Prova, art. 38 e correção do Desvio Publicitário, art. 56, inciso XII. Aborda-se algumas técnicas publicitarias, a exemplo de Merchandising, Teaser, Puffing e Subliminar conceituando-as e, através de imagens áudio visuais, mostra-se cada uma, comprovando a Vulnerabilidade do consumidor no mercado de Consumo, definido nos termos do Art. 4º, I, da supramencionada norma legal, enfocando legalidade e ilegalidade. 102 Graduado em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (1986). Doutorando pela Faculdad de Derecho da Universidad de Buenos Aires - UBA; Professor convidado da Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC do Ministério da Justiça (desde 2003); Presidente do Forun Nacional de Procon`s (2002 a 2007); Coordenador Geral do Sistema Municipal de Defesa do Consumidor - PROCON/JP (1999 a 2004); Secretário Executivo do Programa Estadual de Orientação e Defesa do Consumidor na Paraíba - PROCON/PB (1993 a 1999/ 2005 a 2007).

155 Cognitio Juris Adentrando ao cerne da questão, faz-se uma abordagem do que seja Publicidade Enganosa e Publicidade Abusiva, exibindo-se comerciais nacionais e internacionais que violam a lei consumerista. Aborda-se o controle da publicidade no Brasil, fazendo-se um cotejo com a Constituição Federal, dentre outros com a liberdade de expressão Direito Fundamental (Art. 5º, IX, CF); Defesa do Consumidor Direito Fundamental (Art. 5º XXXII, CF); Principio da Ordem Econômica (Art. 170, V, CF); Dignidade da Pessoa Humana (Art. 1º CF, Art. 4º CDC); Controle Misto da Publicidade (CONAR). Por fim, mostra-se como os nossos Tribunais Superiores vêm decidindo quanto a matéria, dando-se ênfase a questão da responsabilidade civil, a empresa publicitaria, o fornecedor e os meios empregados para divulgação das peças publicitárias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUBY, Jean-Marie, ADER-DUCOS, Robert, apud, GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do anteprojeto. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 18 ed. São Paulo: Saraiva, p.40. GUERREIRO, Mário A. L., apud GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor /; Comentado pelos autores do anteprojeto. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini, apud, OLIVEIRA, Josinaldo Leal de. A função social da celebridade

156 156 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: DEPOIMENTO DE CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima 103 Palavras-chave: Criança; depoimento; forma alternativa; abuso sexual. O judiciário enfrenta uma série de dificuldades ao se deparar com casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Além da peculiaridade do tema, a formação acadêmica dos profissionais de direito e o operacionalismo jurídico são entraves na prestação jurisdicional. O abuso sexual contra criança acontece, na maioria dos casos, dentro do contexto doméstico, praticado pela figura de pessoas de sua confiança, principalmente pais e padrastos. Portanto, tem o perfil de não deixar provas materiais, sendo assim, a declaração da vítima, primordial para o desfecho processual. Frente à necessidade de levar a criança ou o adolescente para interrogatório em juízo, abordando aspectos mais íntimos e comprometedores de seu desenvolvimento, o judiciário brasileiro propõe uma forma alternativa de inquirir crianças, inicialmente chamada de Depoimento Sem Dano, nomenclatura dada a um estudo piloto, implantado em 2003, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (CEZAR, 2007). Assim sendo, o presente debate teve como proposta levantar a discussão a respeito da necessidade de levar a criança ou o adolescente para falar em juízo, levantando aspectos mais íntimos e comprometedores para a sua formação. Abordou-se ainda a dinâmica dos seus depoimentos, enfatizando a importância de se buscar procedimentos especiais que minimize os danos causados, favoreça o desfecho processual e possa romper com o ciclo de violência, que muitas vezes é reforçado na instrumentação processual. Tudo objetivando a garantia dos direitos da criança e do adolescente, inclusive o de se expressar e falar do que 103 Professora do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Doutoranda em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestra em Desenvolvimento Humano pela UFPB. Graduada em Psicologia (UFPB) e Direito (Instituto de Educação Superior - IESP).

157 Cognitio Juris somente ela vivenciou. A conversa ainda enfocou outras experiências em debates sobre o tema, abrangendo pontos divergentes dos profissionais, tanto daqueles com formação em direito como da psicologia, destacando a dicotomia axiológica existente que apenas fragmenta o diálogo, distanciando do contexto geral da demanda. Sendo assim, analisou-se os aspectos jurídicos, bem como os fatores psicossociais da inquirição das crianças e adolescentes na produção de provas em processos judiciais quando vítimas de abuso sexual. O Depoimento Sem Dano, Com Pouco Dano, Escuta Infantil Judicial e Depoimento Alternativo, entre outros, são os nomes encontrados na atualidade para a forma de inquirição da criança, em sala especial, com gravação simultânea em audiência, e por meio de uma equipe psicossocial, com a finalidade de oferecer melhores condições para a criança falar da sua experiência, sem exposições e constrangimentos, com o objetivo de chegar mais próximo da verdade infantil, para a formação da convicção dos magistrados nas tomadas de decisões judiciais. A metodologia inovadora do depoimento levou à tramitação, no Senado, de um projeto de Lei Nº 00035/2007, que tenta regulamentar a prática no sistema normativo brasileiro. O projeto trouxe opiniões divergentes a respeito dos benefícios trazidos para a criança, principalmente após posicionamento contrário dos Conselhos de Classes da Profissão de Psicologia e Serviços Sociais. Os argumentos dos defensores giram em torno da garantia de princípios constitucionais, das necessidades por parte dos juristas, bem como de reduzir a revitimização de crianças e adolescentes envolvidos no sistema judicial criminal. Por outro lado, os opositores contra argumentam os pontos levantados, indicando fatores invasivos para a criança e afronta aos direitos humanos, além de aspectos éticos de suas praticas profissionais (BRITO, 2008). Mesmo diante das inúmeras indagações e perplexidades sobre as demandas judiciais de crianças e adolescentes, não se pode negar que elas fazem parte de uma relação processual, mitigam direitos fundamentais para o seu desenvolvimento, que muitas vezes protegem a própria vida. Concluiu-se que os argumentos travados são válidos, mas entendeu-se que o maior dano para a criança seria a permanência dela no convívio

158 158 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 com o agressor, perpetuando a violência. Portanto, o Depoimento Sem Dano, com profissionais qualificados para inquirir crianças, apesar de conter falhas, seria a forma válida na contemporaneidade para o judiciário atuar de maneira mais humana, aproximando-se do mundo infantil e das reais necessidades sociais. REFERÊNCIAS BRITO, Leila Maria Torraca de. Diga-me agora... O depoimento sem dano em análise. In: Revista da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Psicologia, v. 20.2, Diga-me Agora... O depoimento sem dano em análise. In: Revista Psicologia Clínica. Rio de Janeiro: Vol..20, N.2, 2008, p CEZAR, José Antônio Daltoé - Depoimento sem dano. Uma alternativa para inquirir crianças e adolescentes nos processos Judiciais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, CONTE, Bárbara. Depoimento sem dano: uma prática em questão. Rio Grande do Sul: jornal do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do sul, ano VIII, n 39, maio/junho TABAJASKI, Betina. O depoimento especial de crianças/adolescentes vítimas de violência: um encontro entre os direitos humanos, o saber jurídico e a ciência psicológica. In: PAULO, Beatrice Marinho (Cood.) Psicologia na prática jurídica. São Paulo: Saraiva, 2012, p VOLNOVICH, Jorge. Abuso sexual na infância. Rio de Janeiro: Lacerda,

159 Cognitio Juris ANAIS DO CICLO DE PALESTRAS E DEBATES JURÍDICOS - DIREITO E DESENVOLVIMENTO DO UNIPÊ APRESENTAÇÃO DOS ANAIS Oswaldo Trigueiro do Valle 104 O curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ promoveu no segundo semestre de 2012 o Ciclo de Palestras e Debates Jurídicos , dando seguimento ao projeto que busca promover atividades complementares ao ensino curricular voltadas ao desenvolvimento de pesquisas cuja temática contemple a relação existente entre o direito e o desenvolvimento. As palestras ministradas ensejaram importantes debates sobre a temática em discussão, contando com a efetiva participação de docentes da própria instituição de ensino e juristas convidados, alcançando expressivo resultado no campo da teoria do direito. Dentre inúmeros aspectos relevantes desse encontro jurídico cumpre destacar a forma dinâmica atribuída ao evento, bem como a diversidade das matérias levadas à discussão, que obtiveram boa aceitação por parte dos discentes, que acorreu maciçamente às palestras e aos debates, sempre bastante entusiasmados e demonstrando especial motivação com os assuntos abordados. Certamente que o rigoroso critério adotado para seleção dos assuntos propostos para o encontro, resultando num elenco que atendeu a todos os discentes, não importando seu nível de conhecimento. Faz-se necessário reconhecer a dificuldade encontrada para relatar com absoluta fidelidade o clima gratificante das 104 Mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Professor e Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa.

160 160 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 discussões desenvolvidas durante o evento que manteve, durante seis dias de atividades, a participação de palestrantes, debatedores e mais de dois mil alunos inscritos provenientes tanto da UNIPÊ quanto de diversas outras instituições de ensino superior da região. Assim, entende-se mais que justificada a decisão de construir os anais sobre o evento como meio de divulgação dos resumos e debates que foram construídos durante as discussões acadêmicas suscitadas pelos participantes do referido ciclo de debates e palestras jurídicas. Ademais, a presente divulgação propicia a relevância dos assuntos apresentados, bem como representa uma contribuição à realização de novas pesquisas

161 Cognitio Juris PALESTRA: A NATUREZA DISCRIMINATÓRIA DA LEI MARIA DA PENHA Sheyla Cristina F. Santos Queiroz 105 PALAVRAS-CHAVE: Lei /06; Natureza; Discriminação; Mulher; Homem. A Lei n /06 reconhecida como Lei Maria da Penha visou a criação de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher tendo por base o 8 do art.226 da Constituição Federal, bem como, a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra mulheres e a Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, dispondo inclusive, sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Assim, a mencionada Lei, desde a sua formação objetivou proteger a mulher em observância ao principio da igualdade material onde os desiguais devem ser tratados desigualmente na forma legal. A pessoa do sexo feminino seria, então, protegida integralmente de qualquer forma de violência doméstica ou familiar seja essa violência psicológica, física, sexual, patrimonial ou moral, entendendo o legislador constitucional que o sexo feminino merecia proteção diante da sua vulnerabilidade em relação a pessoa do sexo masculino, tendo em vista, aspectos físicos, psicológicos, histórico e até mesmo, considerando os costumes de uma sociedade. Todavia, com a entrada em vigor da mencionada Lei surgiram questões sobre a natureza discriminatória da Lei Maria da Penha, uma vez que, as relações familiares e pessoais não são estáticas, mas dinâmicas, bem como, a sociedade evolui a cada instante requerendo respostas e adequação legal. Assim, foram levantadas situações 105 Possui graduação em Ciencias Juridicas e Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (2003). Especialista em Ciências Criminais pela Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. Mestranda na area de concentração em Direito Econômico pela Universidade Federal da Paraiba - UFPB. Professora do Curso de Direito do Centro Universitário de João Pessoa- UNIPÊ. Advogada, com inscrição na Ordem dos Advogados da Paraiba - OAB/PB.

162 162 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 especiais como a de casais homossexuais, e ainda, a situação em que o homem se torna vítima da violência doméstica praticada por uma mulher, ou ainda, nos casos de violência doméstica de pais contra filho do sexo masculino, e nesses casos, discute-se sobre quais repostas poderiam ser encontradas para aplicação da Lei Maria da Penha, ou até mesmo se diante dessas situações seria aplicada a mencionada Lei ou o Código Penal de Tais questões foram objeto de debate jurídico que ocorreu no Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ, em data de 24 de Outubro de 2011, onde os discentes puderam expor seus posicionamentos sobre a natureza discriminatória, ou não, da Lei Maria da Penha. Sendo uma questão polêmica e não havendo unanimidade sobre o assunto, parte dos discentes sustentaram a aplicação da Lei Maria da Penha apenas às pessoas do sexo feminino, tendo em vista, a vulnerabilidade feminina e o objetivo da Lei especial, enquanto, outra parte dos discentes sustentou aspectos negativos da natureza discriminatória da Lei n /06, devendo a mesma ser interpretada e aplicada também aos casos especiais supracitados, uma vez que, as Leis devem ser interpretadas para alcançar seus reais objetivos, além de que, a discriminação legal pode gerar injustiças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEAL, João José. A violência Doméstica contra Mulher: Breves Comentários à Lei N /2006. Disponível em: < 4>. Acesso em: 03 mar.340/2006 SOUZA, S. R. Comentários à Lei de Combate à Violência Contra a Mulher. Curitiba: Juruá, TELES, M. A. A. Por que criar um Juizado Especial para crimes de violência de gênero? DHnet Militantes Brasileiros dos Direitos Humanos. 19 set Disponível em: < Acesso em 15 de abri de

163 Cognitio Juris COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA A NATUREZA DISCRIMINATÓRIA DA LEI MARIA DA PENHA Ulisses Leite Crispim 106 COMENTÁRIO: A professora palestrante trata da Lei Maria da Penha (Lei /06), que tem por objetivo principal, o combate e proibição da violência doméstica e familiar contra a mulher, cuja lei encontra fundamentos básicos no 8º do artigo 226 de nossa Constituição Federal. Assevera que a norma objeto da palestra também tem por objetivo a eliminação de todas as formas discriminatórias contra as mulheres, mencionando, também, a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, como meio de dar garantias às mulheres. Na verdade, a palestrante traz à baila, o principal objetivo da Lei Maria da Penha, qual seja, o da proteção da mulher em respeito ao princípio da igualdade material na forma legal. A mulher deve ser protegida integralmente de qualquer forma de violência doméstica ou familiar, quer seja ela, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Em seguida, a palestrante trata de questões de questões discriminatórias decorrentes da criação da Lei Maria da Penha, em face da evolução social, que modificou e tem modificado o status da família brasileira. Afirma que há famílias formadas por casais homossexuais e há violência, outras, nas quais é o homem quem sofre a violência e, como o debate fala em violência familiar, a palestrante aborda acerca da violência sofrida por filhos, 106 Advogado. Especialista pelo UNIPÊ Centro Universitário de João Pessoa, Doutorando pela UMSA Universidad Del Museo Social Argentino. Professor de História do Direito e Direito Eleitoral do UNIPÊ Centro Universitário de João Pessoa. ulissescrispim@oi.com.br

164 164 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 praticada pelos pais. Para a palestrante, é urgente que a sociedade promova real adequação da norma à realidade. DEBATE: Concluída a palestra, se deu início ao debate sobre o tema, tendo como contestador Professor Ulisses Leite Crispim, que inicialmente parabenizou a palestrante sobre a escolha do tema, que embora seja necessariamente novo, infelizmente se renova diariamente, em razão da incidência de casos de violência contra a mulher, não se limitando apenas à ela, mas à família como todo, incluindo-se os filhos. Concorda com palestrante no que concerne à criação da Lei Maria da Penha e também em face da discriminação decorrente que esta provocou, uma vez que as relações familiares modernamente não se limitam exclusivamente ao modelo tradicional, mas diversificase diariamente. É imprescindível que se dê proteção à mulher, aos filhos, à família como todo, qualquer que seja a sua formação, e não importando qual a denominação que se possa dar à norma. Na verdade, pensa o debatedor, a norma deve ser de proteção ao ser humano simplesmente, independente de gênero, credo, etnia, religião, etc

165 Cognitio Juris PALESTRA: INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL E DIREITO IMOBILIÁRIO Rodrigo Toscano de Brito 107 PALAVRAS-CHAVE: Inventário extrajudicial. Propriedade imobiliária. Direito imobiliário. Função social da propriedade. O tema da palestra aborda a possibilidade de realização do inventário extrajudicial e como essa via administrativa do inventário facilitou a regularização imobiliária. A Lei /07 alterou, além de outros, os artigos 982, 983 e do Código de Processo Civil, que regram as disposições gerais sobre inventário. Primeiramente, a palestra voltou-se para as limitações que dizem respeito ao inventário extrajudicial trazidas pela própria lei. De fato, se o falecido houver deixado testamento, seja ele particular, público, público cerrado ou qualquer outra forma de testamento especial previstos na lei, o inventário não poderá ser feito por escritura pública. De igual sorte, ocorre se entre os interessados houver herdeiros incapazes, vale dizer, qualquer pessoa que esteja elencada no rol dos artigos 3º ou 4º do Código Civil, quando ali se trata das incapacidades relativa e absoluta. Na primeira hipótese, a do testamento, demonstramos que o legislador poderia ter adaptado a regra ao sentido maior da lei, qual seja, o de se realizar o inventário extrajudicialmente desjudicializando procedimentos ainda que se tivesse a existência de testamento. Na segunda etapa da palestra foram suscitados os pontos elementares que devem ser observados pelas partes na realização do inventário extrajudicial. Assim, demonstrou-se que, o advogado, que obrigatoriamente participará do ato, e o notário, devem verificar a presença de todas as partes interessadas na escritura de inventário, se elas são maiores e capazes, e se todas estão de acordo com os termos em que se dará a partilha dos bens arrolados. Além disso, também 107 Professor de Direito Civil do Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ e da Universidade Federal da Paraíba. Doutor e Mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP.

166 166 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 deve se observar a necessidade de pagamento do Imposto de Transmissão Causa Morte e Doação ITCMD, fazendo referência, no corpo da escritura, dos números das guias de recolhimento do tributo. Na última parte da palestra, demonstrou-se como a facilitação do inventário através da via extrajudicial trouxe maior celeridade à regularização dos imóveis em nome dos herdeiros do falecido e como essa maior agilidade no procedimento colabora no preenchimento da função social da propriedade imobiliária, especialmente em detrimento da via judicial do inventário, que é mais lenta, provocando, em razão do tempo ali levado, uma funcionalização social mínima da propriedade imobiliária enquanto aguarda a partilha dos bens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PEREIRA, Rodrigo da Cunha. A Emenda Constitucional nº 66/2010: semelhanças, Diferenças e inutilidades entre Separação e Divórcio e o Direito Intertemporal. Disponível em: p:// Acesso em: 05 dez OLIVEIRA, César de. Nova Lei do Divórcio acaba com a separação judicial. Disponível em: < Acesso em:05 dez THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos especiais. v. 3, 42. ed. Rio de Janeiro: Forense,

167 Cognitio Juris COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL E DIREITO IMOBILIÁRIO Felipe Viana de Mello 108 PALAVRAS-CHAVE: Lei /07. Resolução CNJ 35/2007. Inventário extrajudicial. COMENTÁRIO: O Professor Doutor Rodrigo Toscano de Brito, em sua palestra, trouxe a abordagem acerca das facilidades introduzidas no nosso ordenamento através da Lei /07, que possibilitou a elaboração de inventário extrajudicial, além de sua agilidade quanto à regularização dos registros de imóveis do falecido. DEBATE: Após a conclusão da palestra, teve início o debate, no qual me foi dada a palavra para tecer comentários sobre o tema exposto. A priori, fora destacado que a Lei /07 modificou o procedimento de inventário, pois passou a permitir sua elaboração pela via extrajudicial, principalmente com a alteração do disposto no art do Código de Processo Civil. Desta feita, referida inovação estabeleceu que, em não havendo testamento ou herdeiros incapazes, poderão os parentes sucessíveis, de comum acordo, inventariar os bens deixados pelo de cujus em um 108 Mestre em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Professor do Centro Universitário de João Pessoa UNIPE. Assessor de Gabinete do Juízo de Primeiro Grau do Tribunal de Justiça da Paraíba. 109 Art Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. (Redação dada pela Lei nº , de 2007). 1º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (Renumerado do parágrafo único com nova redação, pela Lei nº , de 2009) 2º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº , de 2009)

168 168 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 tabelionato de notas. Entretanto, resta esclarecer que, embora a lei supramencionada tenha permitido tal via, não instituiu qual seria o seu procedimento, como bem aponta Francisco Cahali 110, papel este que coube ao Conselho Nacional de Justiça, através de sua Resolução n. 35, de 24 de abril de Com isso, a partir de sua regulamentação e obedecidos os seus requisitos, o inventário administrativo tornou-se instrumento eficaz para descongestionar o Poder Judiciário, que se encontra deveras atribulado com causas de baixa complexidade, que poderiam ser bem solucionadas por meios extrajudiciais. Neste norte, destaca-se a louvável intenção do legislador, em sintonia com o princípio da celeridade processual, que, na parte final do caput do art. 982, preconizou que a própria escritura pública seria título hábil para o registro imobiliário, a fim de economizar diversas etapas do procedimento judicial. É que, quando o inventário tramita perante o Judiciário, o documento essencial para a alteração do registro imobiliário é o formal de partilha, que será expedido após o trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha, nos moldes do art do Código de Processo Civil. Além da alteração no registro imobiliário, já que os herdeiros são proprietários de todos os bens desde a ocorrência da morte do autor da herança, de acordo com o princípio da saisine, tem-se que a escritura 110 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões. 5ª ed. São Paulo: RT, 2014, p Art Passada em julgado a sentença mencionada no artigo antecedente, receberá o herdeiro os bens que Ihe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: I - termo de inventariante e título de herdeiros; II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III - pagamento do quinhão hereditário; IV - quitação dos impostos; V - sentença. Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do quinhão hereditário, quando este não exceder 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo; caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.

169 Cognitio Juris pública de inventário também é meio capaz de modificar as anotações sobre os bens móveis deixados pelo de cujus, além de possibilitar o levantamento de quantias deixadas em contas bancárias, como bem defende a doutrina 112 e encontra-se previsto na Resolução do Conselho Nacional de Justiça, em seu art.3º 113. Todavia, em que pese sua salutar criação, assevera-se que abertura da via extrajudicial não impede que, mesmo preenchidos os requisitos para a elaboração do procedimento frente ao tabelionato de notas, qualquer cidadão busque o Poder Judiciário para dar fim ao condomínio instituído pela herança, em respeito ao direito fundamental da inafastabilidade da jurisdição, uma vez que este mecanismo possui caráter facultativo, como pode ser percebido pelo próprio verbo previsto no caput do art. 982 do diploma processualista, embora haja vozes na doutrina que apontem para sua obrigatoriedade, a exemplo de Alexandre Câmara 114, pois faltaria ao processo interesse de agir. Isto posto, o nosso ordenamento, com a possibilidade de elaboração pela via administrativa, deu um grande salto de qualidade, pois esvaziou em demasia os juízos competentes para a apreciação dos feitos sucessórios, além de ter adequado-se a nova onda de desjudicialização, como também o fizeram o direito francês, português e italiano, quando dispensaram a obrigatoriedade de inventário judicial, como aduz Vieira de Carvalho CASSETTARI, Christiano; ANTONINI, Mauro. A escritura de separação, divórcio e inventário, a que se refere a Lei /07, é título hábil para também transferir bens móveis?. Revista Brasileira de Direito Processual. n. 66. ano 17. Belo Horizonte: Fórum, 2009, p Art. 3º. As escrituras públicas de inventário e partilha, separação e divórcio consensuais não dependem de homologação judicial e são títulos hábeis para o registro civil e registro imobiliário, para a transferência de bens e direitos, bem como para a promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras, companhias telefônicas, etc.) 114 CÂMARA, Alexandre. Lições de direito processual civil. 13 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p CARVALHO, Luiz Paulo Vieira. Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas, 2014, p. 860.

170 170 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima 116 Palavras-chave: maioridade penal; imputabilidade; adolescentes em conflito com a lei. RESUMO: A presente proposta visou confrontar os argumentos levantados sobre a redução da maioridade penal através de um debate que abarcou os dois grandes ângulos de defesa: de um lado, aqueles que aclamam pela necessidade de declínio da idade mínima de responsabilidade penal como a saída para o problema da criminalidade juvenil, de outro lado, daqueles que resistem refutando aspectos históricos e sociais da proteção da criança e do adolescente e da extensão do dano que tal medida pode alcançar. Para tanto, organizouse um debate com dois membros intercedendo acerca de uma das vertentes, levantando argumentos favoráveis e contrários à redução da maioridade penal, com a participação de um mediador, cuja função principal será estimular e organizar o diálogo facilitando a análise conjunta dos fatos arguidos. Partiu-se para analisar a polêmica temática em seus mais diversos aspectos, tomando como base as reflexões levantadas pelos debatedores e as pesquisas bibliográficas sobre o tema. Os dilemas tratados se referem às discussões e aos contrapontos existentes sobre a inimputabilidade penal declarada para cessar aos dezoito anos de idade no ordenamento jurídico brasileiro. O fato é que o cenário atual do envolvimento de jovens infratores em graves delitos, bem como a dúvida sobre a eficácia da punibilidade e a forma de responsabilização por práticas infracionais propostas pelo sistema normativo de proteção à criança e ao adolescente, têm levantado a tese da necessidade de se reduzir a idade mínima penal como forma imediata de diminuição dos índices de criminalidade. Todavia, o que aparentemente parece ser a solução, pode não ser. O 116 Professora do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Doutoranda em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestra em Desenvolvimento Humano pela UFPB. Graduada em Psicologia (UFPB) e Direito (Instituto de Educação Superior - IESP).

171 Cognitio Juris problema da violência no Brasil é bem mais complexo do que se pensa, não se trata apenas de uma questão de segurança pública, mas diversos fatores se interligam ao tema, entre eles à saúde, educação, economia e escolhas políticas do país. A discussão é salutar, não pela preocupação de modificação da lei e/ou pela supressão de garantias constitucionais como vem sendo argumentada, mas pela luta do pleno cumprimento das disposições contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) e, por conseguinte, na esperança de um futuro melhor para os adolescentes em situação de vulnerabilidade para a prática de atos infracionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REALE Junior, Miguel, Instituições de Direito Penal, 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, OLIVEIRA, Roberto Ailton Esteves de. Doutrina da Proteção Integral. online. s/d. disponível em acessado em 19 de novembro de 2010 SILVEIRA CAMPOS, Marcelo da. Mídia e Política: a construção da agenda nas propostas de redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados. Revista Opinião Pública, Campinas, vol. 15, nº 2, Novembro, 2009, p Disponível em:

172 172 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Ulisses Leite Crispim 117 COMENTÁRIO: A professora palestrante proferiu uma palestra inusitada e sobre um tema deveras atual e palpitante, abordando sobre a redução da maioridade penal. O inusitado se deveu ao fato de interagir com os presentes, formando dois grupos, sendo um na defesa da redução e outro na defesa da manutenção do status quo. Os grupos foram apresentados por dois de seus membros, contando ainda com um mediador, no sentido de manter o nível e organizar o debate. O debate teve o condão de abranger de abranger as correntes favoráveis e contrários, que propugnaram pela mudança e manutenção, em razão da argumentação de problemas de ordem pública, quanto em questões de proteção de faixas sociais vulneráveis, o primeiro visto como criminosos perigosos e o segundo como tuteláveis pelo Estado. Discutiu-se o tema em diversos aspectos, com base na reflexão dos debatedores e na pesquisa acerca do tema. Para os debatedores, a imputabilidade penal declarada, cessando aos dezoito anos, tem como argumentos favoráveis o desenvolvimento psicológico do adolescente, especificamente a consciência do adolescente acerca de seus atos e a necessidade de sua responsabilização, com perspectiva punitiva, fazendo alusão a capacidade de entendimento e emancipação civil e direito eletivo aos dezesseis anos de idade. Em oposição foi defendida a imputabilidade penal, que não quer dizer necessariamente impunidade, porquanto a punição dá a entender exclusão, estigmatização e controle social, dentro de um discurso de segurança pública e de prisões como solução de conflitos sociais. Afirma-se nesse debate, que a punibilidade seria a forma ideal de redução imediata da criminalidade. Não se pode esquecer de analisar os fatores que ocasionam a violência, antes de, simplesmente adotar medidas punitivas, como se fossem a única solução. Para a palestrante, a violência ocorre aonde não se tem cidadania, onde ocorre violação de 117 Especialista pelo UNIPÊ. Doutorando em Direito na UMSA. Professor do UNIPÊ.

173 Cognitio Juris direito. Aduz ainda, que a defesa da redução se dá no calor dos acontecimentos, casuisticamente, pela influência da mídia. Finaliza argumentando que a maioridade penal deve ser discutida com sabedoria, não apenas pela simples modificação da norma, mas que possa dar cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Diz a palestrante que o objetivo maior foi trazer com o debate, a possibilidade de oferecer mudanças que possam ser úteis a sociedade e não só a norma. DEBATE: Concluída a palestra, deu início a um debate docente sobre o tema, tendo como debatedor o Professor Ulisses Leite Crispim, que se manifestou asseverando não discorda totalmente da tese de redução da maioridade penal, afirmando ainda, que não se pode simplesmente reduzir a maioridade penal como único meio de impedir o avanço da violência. O argumento de que o jovem de dezesseis anos pode eleger do vereador ao presidente da república e, por isso, deveria ser punido pelos atos praticados, parece ser uma solução simplista, pois se limitava apenas a alteração normativa. Não discorda da possibilidade de se alterar a norma, porém essa alteração deve ser acompanhada do cuidado que deve ter a família junto com o Estado, na promoção educacional, realizando todos, o devido acompanhamento. A simples redução reafirma o debatedor, não é solução, uma vez que os gestores da delinquência irão procurar os menores de dezesseis para a realização do desserviço que hoje realizam os menores na faixa etária atacada, como já vem acontecendo. Não se combate o mal atacando as consequências, mas as causas é o que pensa o contestador. Reduzir simplesmente a idade maioridade penal para encher os presídios não nos trará a paz desejada, notadamente porquanto conhecemos bem o nosso sistema prisional, incapaz de promover a ressocialização do preso. Conclui afirmando que adotar medidas sob o calor das emoções é absolutamente perigoso, pois se corre o risco de elevar o problema ao invés de solucioná-lo. Isso não significa dizer, finaliza, que devemos continuar omissos ante a situação, porém, que devemos agir com extrema racionalidade, para não se permitir corrigir um erro com outro maior.

174 174 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Sheyla Cristina F. Santos Queiroz 118 COMENTÁRIO: A Professora Mestre Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima tratou da discussão sobre a necessidade da redução da maioridade penal através de um debate onde atuou como mediadora, oportunidade em que, alguns afirmaram que a redução seria necessária como solução do problema da criminalidade juvenil, e outros se posicionaram pela desnecessidade da redução visando a garantia dos direitos da criança e do adolescente. Discutiu-se, assim, questões polêmicas como a inimputabilidade penal, a suficiência do critério da idade como fator determinante para responsabilização, bem como, a eficácia da punibilidade e o problema gerador da violência no Brasil, chegando-se à conclusão que a violência no país é consequência de vários fatores como a falta de saúde e educação, segurança pública, e sobretudo, duvidosas escolhas políticas, sendo imprescindível o cumprimento das disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n 8.069/90), visando a proteção daquelas que encontram-se em situação de vulnerabilidade. DEBATE: Concluído o trabalho de mediação e discussão sobre o tema, iniciou-se o debate, donde o contestador, Professora Sheyla Cristina F. Santos Queiroz, considera pertinente e aceita as afirmações iniciais quanto à desnecessidade da redução da maioridade penal, mas sim, a correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n 8.069/90), ratificando as considerações no que tange aos problemas geradores da violência no Brasil, sobretudo, a carência da educação e a desigualdade social como fatores determinantes da criminalidade juvenil, sendo imprescindível a garantia da proteção da criança e do adolescente que se encontram em situação de vulnerabilidade, restando claro, que a redução da maioridade penal não solucionaria problemas como a violência, senão, faria surgir outros problemas sociais. 118 Especialista pela UNISUL. Mestranda pela UFPB. Professora do UNIPÊ.

175 Cognitio Juris PALESTRA: QUEM TEM MEDO DA MONOGRAFIA? Márcia Amélia de Oliveira Bicalho 119 Nossa experiência, enquanto docente das disciplinas Métodos e Técnicas da Pesquisa e Monografia, nos mostra que a angústia dos discentes para escrever um texto monográfico ocorre por cinco pontos fundamentais que abordaremos nesse breve resumo: a falta de leitura científica, a prática em escrita acadêmica, dúvida na escolha do tema, falta de organização de tempo e a banalização do Trabalho de Conclusão de Curso. Após quatro anos de curso, grande parte dos alunos não possui o hábito da leitura acadêmica, assim a falta de leitura científica prejudica a elaboração de um projeto de TCC, pois falta ao aluno uma reflexão crítica de determinados aspectos do Direito enquanto ciência. Isso não significa dizer que os discentes nunca foram direcionados à pesquisa ou que não foram instigados aos debates em sala de aula. Ao longo do curso é possível verificar que os docentes estão preocupados com o aprendizado dos alunos e solicitam que eles elaborem pequenos textos, seminários acadêmicos e fichamentos, porém, muitas vezes, essas atividades são negligenciadas e elaboradas sem empenho ou ainda copiadas da internet sem nenhum rigor metodológico. Essa prática implica em uma escrita desconexa cuja linguagem não busca se fazer entender a todos os leitores. A escrita acadêmica pauta pela objetividade e clareza, ao escrever o autor deve prezar por um texto sem rebuscamento da linguagem e tentar, quando possível, retirar os termos técnicos. Lembremos que a escrita científica é direcionada a toda comunidade acadêmica e não apenas aos docentes e discentes de determinada área de conhecimento. O que observamos é a falta de prática em escrita acadêmica, onde o juridiquês predomina nos textos tornando-os inacessíveis a outras áreas de conhecimento, não atingindo assim o fim a que se destina a escrita acadêmica. Outro fator de inquietação do discente é a escolha 119 Possui graduação em LETRAS pela UFPB, Mestrado em Lingüística pela UFPB, Doutorado em Lingüística pela UFPB, Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal pelo UNIPÊ. Atualmente é tutora a distância da Universidade Federal da Paraíba (EAD/CLV/UFPB); professor titular do Centro Universitário de João Pessoa.

176 176 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 do tema do TCC, depois de quatro anos, quando fazem o projeto de TCC 120, muitos discentes não têm a menor ideia do que vão escrever ou não conseguem concatenar as ideias de modo a torná-las científicas. Outros discentes querem defender uma tese que é impossível de ser trabalhada em um TCC de graduação e acabam pulverizando o texto e tornando-os vazios. Para melhor organização das ideias buscam um orientador que, em casos extremos, acabam por matar os sonhos dos alunos ao dizer que o tema é batido e não merece ser pesquisado. Nosso discente volta à estaca zero sendo este outro fator de desmotivação para a elaboração do TCC. A falta de organização de tempo é recorrente nessa etapa do curso. Por diversos motivos, dentre eles a prova da OAB, os alunos protelam ao máximo o início da escrita da sua monografia e não conseguem atingir o seu objetivo. Textos desconexos, linguagem coloquial, falta de revisão gramatical são exemplos do que encontramos nos textos de TCC comprometendo a cientificidade textual. E, para finalizar, temos a banalização do Trabalho de Conclusão de Curso, os discentes esquecem de que este trabalho é como se fosse a vitrine do seu curso. Que tipo de aluno foi durante a graduação. Trabalhos mal elaborados são recorrentes, não apenas pelos fatores elencados até aqui, mas porque os discentes não percebem o quanto podem contribuir para a reflexão científica de determinados assuntos dentro da área jurídica. Gostaríamos que nossa breve reflexão inquietasse os concluintes e futuros concluintes! Escrever um trabalho de conclusão de curso significa contribuir com a sua área de atuação, é demonstrar que após cinco anos de curso temos uma visão diferenciada das pessoas leigas. É fazer a diferença! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2000 (exemplar do professor). MELO, Victor Andrade de. Monografias do bacharelado: resumos. Rio de Janeiro: UFRJ, Mimeografado. 120 Utilizaremos o termo TCC como sinônimo para monografia.

177 Cognitio Juris PALESTRA: A PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL José Antonio Coêlho Cavalcanti 121 PALAVRAS-CHAVE: Constituição Federal; seguridade social; RGPS Regime Geral de Previdência Social; financiamento; segurados; contribuintes; dependentes, benefícios e serviços. O tema abordado trata da Proteção social no Brasil. A escolha do tema se deu em face do pouco conhecimento que a sociedade é detentora do sistema protetivo securitário brasileiro. Muitos de nossos patrícios vivem no total abandono, muitas vezes, porque não tem o devido esclarecimento e, também, suas famílias de que existem ações previstas na Constituição Federal de 1988, que protege os cidadãos quando da ocorrência de fatos naturais e/ou sociais que de alguma forma causem estados de necessidade. Portanto, para se levar até os presentes uma proposta pedagógica com fácil compreensão do tema em suas ações saúde, previdência social e assistência social, ocorreu uma vasta pesquisa em termos constitucionais e doutrinários. Primeiro, foi mostrada a evolução da proteção por parte do estado desde a primeira constituição de nosso País, abordando o novo Capítulo inserido pela constituinte originário denominado do capítulo da Ordem Social, arts. 193 a 204 da CF/88. No momento, houve a explicação do termo SEGURIDADE SOCIAL, as discussões travadas pelos constituintes acerca do vocábulo mais harmonioso para o nosso povo diante de suas limitações culturais e financeiras, chegando a conclusão seria a utilização do termo Seguridade Social oriundo do direito espanhol. A segunda parte da exposição se prendeu aos Princípios Constitucionais da Seguridade Social prevista no parág. único do art. 194, aliando à exposição constitucional uma visão e entendimento de vários autores. O primeiro Princípio leva à baila foi 121 José Antônio Coelho Cavalcanti, Bacharel em: Administração, Contabilidade, Direito. Professor Especialista/UNIPE e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA/Argentina. Professor de Direito da Seguridade Social do UNIPE/ESMA e ESMAT/PB. Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Direito Previdenciário e Direito do Trabalho e Processo do Trabalho/UNIPE.

178 178 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 A UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO, sobre este afirma CUTAIT (Auxílio-doença. JH, Mizuno. São Paulo, 2006): Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: universalidade da cobertura e do atendimento. Se a universalidade se dá na cobertura, é necessário verificar a abrangência da ideia de cobertura, nascida instituto do Direito Civil (ponto de partida da nova concepção para a seguridade social, que no passado se organizava na forma de seguro social), que está relacionado à proteção de determinados bens relevantes para o desenvolvimento da sociedade; na verdade, a cobertura garante a proteção às situações da vida sujeitas ao risco de causar algum tipo de necessidade social às ou membros que compõem a sociedade). O segundo princípio que foi motivo de explanação foi UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS, onde na abordagem de VIANNA (Curso de Direito Previdenciário. Atlas, São Paulo. 2010) Buscando acabar com desigualdade de tratamento, o legislador constitucional determinou a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços, sem entretanto, determinar a unificação de regimes. Ao legislador ordinário, contudo, pareceu melhor unificar os regimes num só. Melhor assim. Desta feita, tanto a população urbana como rural gozam dos mesmos benefícios e serviços, num único regime. O terceiro princípio abordado foi o da Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços, onde a explicação teve como base o entendimento de KERTZMAN (Curso Prático de Direito Previdenciário. Jus Podivm. São Paulo, 2012), que preconiza: Em outra análise, a seletividade serve de contrapeso ao princípio da universalidade da cobertura, pois, se de um lado a previdência precisa cobrir todos os riscos sociais existentes, por outro os recursos não são ilimitados, impondo à administração pública a seleção dos benefícios e serviços a serem prestados. É o chamado princípio da reserva do possível. Continuando com o desenvolvimento do tema, que por sinal, é de interesse geral, se buscou deixar claro e entendido o que profetisa IBRAHIM (Curso de Direito Previdenciário. Impetus. Niterói, 2011) acerca do princípio da Irredutibilidade do Valor dos

179 Cognitio Juris Benefícios: O art.201, 4º, CF/88, nada mais é do que uma explicação da irredutibilidade, consectário natural deste princípio. Mesmo que não existisse, não poderia ser diferente. O fato de algum efeito específico de princípio constitucional ser previsto em dispositivo autônomo, não exclui, por óbvio, o alcance original da norma-princípio. No mesmo diapasão, o alunado presente recebeu informações de como funciona a base de financiamento da seguridade social, pelo comentário esculpido na doutrina de LEITÃO (Manual de Direito Previdenciário. São Paulo. Saraiva, 2011), que diz: O princípio da diversidade da base de financiamento possui duplo significado: a diversidade subjetiva e a diversidade objetiva. O primeiro significa que o sistema é suportado, do ponto de vista financeiro, por mais de um sujeito, ou seja, várias pessoas contribuem para um sistema de seguridade social. Pelo segundo, pode se dizer que vários fatos dão ensejo à incidência de contribuição. Mas, se de um lado existe a obrigatoriedade de se contribuir enquanto membros da sociedade, o estado também deve arcar com suas responsabilidades e, instituir um sistema justo de contributividade. Assim, para amparar nosso posicionamento, serviu como base as palavras de EDUARDO (Curso de Direito Previdenciário. Rio de Janeiro. Elsevier, 2006), quando se referiu ao princípio da equidade na forma de participação no custeio: O que este princípio garante é que as pessoas que estiverem na mesma condição deverão contribuir da mesma forma, ou seja, os que ganham mais darão maior contribuição e os que estiverem em situação econômica desfavorável contribuirão com menos. O último princípio que foi analisado quanto à sua importância dentro do sistema de proteção social brasileiro foi o caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiado e que na visão de MARTINS (Direito da Seguridade Social. São Paulo. Atlas, 2014) significa: A Emenda Constitucional nº 20 deu nova redação ao inciso VII, do parágrafo único do art Agora, a redação constitucional é expressa no sentido de que a gestão administrativa da Seguridade Social é quadripartite, abrangendo: governo, aposentados,

180 180 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 trabalhadores e empregadores. Não é mais usada a expressão participação da comunidade, que compreendida pelos trabalhadores, aposentados e empregadores, além do próprio governo. No último tópico, ocorreu a abordagem dos princípios constitucionais da seguridade social sob a ótica do palestrante, que emitiu suas opiniões e divergências, quando necessário. Foi aberta durante 15 minutos a fase de perguntas e respostas e, encerrada a palestra. REFERÊNCIAS EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência. Rio de Janeiro. Elsevier, IBRAHIM, Fábio Zambitte. A previdência social no estado contemporâneo: fundamentos, financiamento e regulação. Niteroi, Rj: Impetus, LEITÃO, André Studart. Manual de direito previdenciário. São Paulo. Saraiva, VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. São Paulo. Atlas, MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. São Paulo. Atlas, VIEIRA, Marco André Ramos. Manual de direito previdenciário. Rio de Janeiro. Impetus, KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. Salvador. Jus Podivm,

181 Cognitio Juris PALESTRA: PACOTES TURISTICOS Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho 122 PALAVRAS-CHAVE: Responsabilidade Civil dos Prestadores de Serviços pelo Fato e pelo Vício; Formação Contratual; Abusividades de Contratos; Clausulas Nulas; Exploração Turismo Sexual. O tema proposto, PACOTES TURISTICOS, foi analisado a luz do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, demonstrando em principio a configuração de uma relação de consumo, notadamente por se encontrar intrínsecos os requisitos básicos delineados nos artigos 2º e 3º, da norma acima apontada. A abordagem principal demonstra que nesse setor, há uma hipervulnerabilidade do elo mais fraco na relação, o consumidor, o qual em muitas das vezes sofre de verdadeiras publicidades enganosas, pratica reprimida pela norma consumerista. Aborda-se também a formação do contrato, devendo o fornecedor de serviços primar em atender a princípios reguladores, dentre os quais o da informação, estatuído no Art. 30 do CDC. Assim, as agencias têm por obrigação legal, esclarecer ao consumidor: a) a firma ou organização responsável pela excursão; b) o meio de transporte, nome da empresa transportadora, tipo ou classe de avião, dados sobre o navio ou outro meio de transporte; c) destinos e itinerários; d)a duração exata da excursão e o tempo de permanência em cada localidade; e)o tipo e o padrão das acomodações de hotel e as refeições porventura incluídas no preço pacote; f)quaisquer benefícios incluídos, tais como passeios, ingressos de museus etc.; g)o preço total da excursão pelo menos em seus limites máximo e mínimo -, com indicação precisa do que está ou não incluído (translados de e para aeroportos e hotéis, carregadores, gorjetas etc.); e 122 Graduado em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (1986). Doutorando pela Faculdad de Derecho da Universidad de Buenos Aires - UBA; Professor convidado da Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC do Ministério da Justiça (desde 2003); Presidente do Forun Nacional de Procon`s (2002 a 2007).

182 182 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 h) condições de cancelamento. Aborda-se ainda a questão da responsabilidade objetiva, no que se refere ao fato e ao vício na prestação. Delineia-se um cotejo entre a lei 8.078/90, no tocante aos contratos abusivos e o Projeto de Lei Nº C/01 Dep. Alex Canziani, Aprovado na Câmara e atualmente no Senado - Relator Tasso Jereisat. Ao final faz-se um alerta quanto ao turismo sexual, prática infelizmente ainda vivenciada e suas aplicações no aspecto penal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ROCHA, Silvio Luiz Ferreira da. Responsabilidade Civil do Fornecedor pelo Fato do Produto no Direito Brasileiro. 2 edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, AUBY, Jean-Marie, ADER-DUCOS, Robert, apud, GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do anteprojeto. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, GUERREIRO, Mário A. L., apud GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor /; Comentado pelos autores do anteprojeto. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense,

183 Cognitio Juris PALESTRA: DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E CIDADANIA Armando Albuquerque de Oliveira 123 PALAVRAS-CHAVE: Democracia; Estado de direito; Cidadania. Esta investigação procura estabelecer a conexão entre as categorias da democracia, do Estado de direito e da cidadania no continente latino- americano, pois parte do pressuposto de uma forte correlação entre as mesmas (ALBUQUERQUE, 2012). Nas últimas décadas do século XX a terceira onda de democratização repercutiu na América Latina (HAGOPIAN e MAINWARING, 2005) e proporcionou uma série de mudanças nas suas instituições políticas. Certamente, a passagem dos regimes autoritários para os regimes democráticos se constituiu na mais relevante mudança na política latino-americana daquele período. Contudo, tal passagem, que contempla de modo geral três etapas, a liberalização, a transição e a consolidação dos regimes políticos, ocorreu de forma diversificada. Em alguns países, as instituições da democracia liberal conseguiram avançar e se consolidar não apenas como regimes democráticos, mas também como Estados de direito que passam a assegurar uma plena cidadania. Em outros, ocorreu apenas a consolidação das instituições da democracia eleitoral e de algumas poucas instituições da democracia liberal, o que impediu a consolidação de um Estado de direito e de uma cidadania mais ampla. Finalmente, houve países em que tanto as instituições da democracia eleitoral quanto aquelas relativas à democracia liberal conviveram com os legados autoritários dos regimes anteriores, configurando, assim, formas híbridas de regimes políticos que apenas asseguram, de forma 123 Docente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UNIPÊ). Docente do Programa de Pós- Graduação em Ciências Jurídicas (PPGCJ/UFPB). Coordenador do GP Instituições da Democracia, do Estado de Direito e da Cidadania no Brasil e na América Latina (CNPq/UFPB/PPGCJ). Editor Geral do periódico Prim@ Facie (PPGCJ/UFPB). Membro do Conselho Editorial da Revista Direito e Desenvolvimento-UNIPÊ.

184 184 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 bastante restrita, a cidadania. Muitas são as concepções existentes e as adjetivações atribuídas a esta categoria. As teorias de Schumpeter (1961), Dahl (2001), Huntington (1991) e Przeworski (2003), entre outras, deu grande contribuição para esta categoria. A expressão Estado de Direito (Rechtsstaat) foi utilizada pela primeira vez na obra Die polizeiwissenschaft nach den grundsätzen des Rechtsstaat (A ciência política alemã na fundação do Estado de Direito) escrito em 1832, pelo jurista alemão Robert von Mohl. Classicamente, a noção de Estado de direito remete para a instauração do império da lei. No entanto, para compreender positivamente um Estado de direito é preciso levar em consideração as forças políticas, os seus objetivos, as suas organizações e os seus conflitos. O Estado de direito, assim, configura-se como um dilema coletivo que deverá gerar uma situação de equilíbrio institucional no qual o indivíduo define as suas ações e planeja a sua vida a partir de certa previsibilidade em relação às ações dos outros atores sociais. As instituições orientam as ações porque elas formam incentivos e expectativas para os atores que estabelecem um equilíbrio institucional a partir destes incentivos que recompensam ou punem as suas ações. A cidadania, como terceira categoria a ser analisada, configura-se aqui como um conjunto de direitos assegurados aos cidadãos. Um dos principais direitos, diz respeito à liberdade. A ONG Freedom House, classifica a democracia a partir do conceito de liberdade. Este, por sua vez, é definido com base em duas dimensões: direitos políticos e liberdades civis. Os direitos políticos, por seu turno, possuem três subdimensões, quais sejam: processo eleitoral; pluralismo político e participação; e funcionamento do governo. As liberdades civis, por seu turno, possuem quatro subdimensões: liberdade de expressão e de crença; direitos de associação e de organização; Estado de direito; e autonomia pessoal e direitos individuais. A dimensão relativa aos direitos políticos fundamenta e define uma democracia eleitoral. Suas três subdimensões procuram mensurar, em linhas gerais, a existência de eleições periódicas, livres e justas para o Executivo e o Legislativo; a existência de liberdade de organização dos cidadãos para concorrerem

185 Cognitio Juris às eleições; se a oposição tem possibilidades reais de vencê-las; se os eleitos de direito e de fato determinam as políticas do governo; se estas estão livres da corrupção sistemática; e se o governo encontra-se sob um vigoroso sistema de accountability. A dimensão relativa às liberdades civis complementa a anterior e acresce à democracia eleitoral uma dimensão liberal que, por sua vez, reconfigura a mesma como democracia liberal. Sumariamente, estas subdimensões procuram medir as liberdades de expressão (política, religiosa, acadêmica); de organização (política, sindical, profissional); a existência de isonomia jurídica e do império da lei; e a autonomia pessoal, a igualdade de gênero e o direito de propriedade. Assim, consoante a FH, a democracia eleitoral difere da democracia liberal, pois enquanto a primeira privilegia a dimensão eleitoral da democracia e a dimensão política da cidadania, esta última também contempla a presença de um conjunto substancial das liberdades civis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, BOBBIO, Norberto. O Futuro da democracia. 8. ed. rev. ampl. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2002 TOLEDO, Cláudia. Direito Adquirido e Estado Democrático de Direito. São Paulo: ed. Landy, 2003 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, 1992, p

186 186 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 PALESTRA: A MONOGRAFIA NO CURSO JURÍDICO Maria do Socorro de Lucena Gomes 124 PALAVRAS-CHAVE: Monografia; Projeto de pesquisa; Fase heurística; Fase projetiva; Fase executiva. RESUMO: O discurso enfoca a elaboração do Trabalho Monográfico no curso de ciências jurídicas (Direito), a postura científica do pesquisador numa perspectiva positivista e metodológica, sob a égide e regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através do aditamento da NBR Nº /2011. Propõe elucidar as fases distintas da pesquisa bibliográfica e de campo, sobre tema único, aludindo objeto de estudo jurídico; especificando e afunilando a área, o assunto; problematizando-o, hipotetizando-o; dando importância a fidelidade ao marco teórico selecionado pelo estudo e evidenciado (no texto científico), através dos sistemas oficiais (Autor-data/ Autor-título). Aduz o sistema direto e indireto de citações, alertando o pesquisador para a problemática da cópia de textos de autorias, implicando no ilícito do plágio. Por fim, destaca a fase heurística (descoberta do assunto a ser aprofundado), enfocando que deverá fazer parte do universo e conhecimento prévio do pesquisador; a fase Projetiva; instrumentalizando o estudante, com o apoio do marco teórico, para a elaboração do Projeto de Pesquisa e por fim a fase Executiva que expõe sobre a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com toda a sua composição e estrutura (parte pré-textual; textual e pós-textual). 124 Mestra em Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Ceará - UFC; Pós-Graduação em Ciências Criminais pelo IBCCRIM; Professora Universitária.

187 Cognitio Juris REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Elemento obrigatório, elaborado conforme a ABNT NBR MARIATEGUI, Jose Carlos. Crisis de maestros y crisis de ideas. Disponível em: < Acesso em: 07 set MARTINEZ, Sérgio Rodrigo. Práxis dialógica e cooperação: proposições de um novo paradigma para o ensino jurídico. Disponível em: < Acesso em: 07 set COMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A PALESTRA A MONOGRAFIA NO CURSO JURÍDICO José Orlando de Farias 125 COMENTÁRIO: O discurso enfoca a elaboração do Trabalho Monográfico no Curso de Ciências Jurídicas (Direito), a postura científica do pesquisador numa perspectiva positivista e metodológica, sob a égide e regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através do aditamento da NBR Nº /2011. Propõe elucidar as fases distintas da pesquisa bibliográfica e de campo, sobre tema único, aludindo objeto de estudo jurídico; especificando e afunilando a área, o assunto; problematizando-o, hipotetizando-o; dando importância a fidelidade ao marco teórico selecionado pelo estudo e evidenciado (no texto científico), através dos sistemas oficiais (Autor-data/ Autor-título). Elenca o sistema direto e indireto de citações, alertando o pesquisador para a problemática da cópia de textos de autorias, implicando no ilícito do plágio. Por fim, destaca a fase heurística (descoberta do assunto a ser aprofundado), enfocando que deverá fazer parte do 125 Professor de Direito Romano do Centro Universitário de João Pessoa- UNIPÊ

188 188 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 universo e conhecimento prévio do pesquisador; a fase Projetiva; instrumentalizando o estudante, com o apoio do marco teórico, para a elaboração do Projeto de Pesquisa e concluindo a fase Executiva, que expõe sobre a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com toda a sua composição e estrutura (parte pré-textual; textual e pós-textual). DEBATE: Com o final da exposição, verificou-se que o assunto aprofunda as discursões em torno da elaboração do TCC, propondo ao pesquisador do curso de Ciências Jurídicas (afunilando para a pesquisa em áreas específicas da Ciência do Direito), que discorra sobre uma temática problematizada, elencando hipóteses básicas e secundárias para a suposta solução da patologia jurídica em foco, ou mesmo aponte os fatores impeditivos, demonstrando as interveniências do estudo. Dá-se uma ênfase a normatização do trabalho científico, sob a égide da norma Nº estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), visando orientar o estudante, sobre a interpretação e composição do texto técnico, à luz de Décio Vieira Salomon (1974) e marco teórico pertinente; explicando, discutindo e demonstrando o assunto e sua composição no âmbito jurídico. Busca-se colaborar com o contexto científico, aprofundando e dando uma ênfase aos procedimentos preliminares, o domínio das técnicas de estudo (leitura crítica, fichamentos, resumos e resenhas) sobre os assuntos abordados pela temática em questão, recomendando, que sobre os àqueles demasiadamente teóricos, proponha-se exercer uma práxis social, estabelecendo pontes entre teoria e prática dos conteúdos, levando em consideração a teoria da tridimensionalidade da norma jurídica: fato, valor e norma

189 Cognitio Juris PALESTRA: ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A LEI MARIA DA PENHA Arthur Einstein Apolinário Souto 126 Até a década de 90 todos os tipos de violência eram tratados da mesma forma, tomando-se por base o Código Penal. Contudo, uma onda legislativa surgiu nessa década, cuidando de tratar de forma especializada as mais diversas questões, a exemplo da Lei 8.069/90 ECA, da Lei 8.072/90 Crimes Hediondos, da Lei 8.078/90 CDC, da Lei 9.099/95 - Juizados Especiais, da Lei 9.503/97 CTB, da Lei /03 - Estatuto do Idoso, da Lei /06 Lei Maria da Penha, entre outras. Para a presente pesquisa, interessa a lei /06, que dispõe sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa lei não nasceu com intuito punitivo; não se trata de uma lei penal. Trata-se de uma lei multidisciplinar que possui apenas 4 artigos penais (menos de 10% da lei é penal, ou seja, 90% é extrapenal). O artigo primeiro da legislação apontada informa que Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do 8 o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. 126 Graduado em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (2002). Atividade Jurídica realizada de a na ESMA Escola Superior da Magistratura (equiparada à pós-graduação). Especialista em Ciências Criminais pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ, a Mestre em Direito Econômico pela Universidade Federal da Paraíba UFPB.

190 190 Cognitio Juris - Ano IV - Número 9 Edição Especial Abril 2014 Sendo assim, referida legislação tem por finalidades da lei criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, criar os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, para tratar de forma especializada, além de capacitar os servidores para enfrentarem com propriedade a questão; estabelecer medidas de assistência e de proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Os dados a seguir apresentados demonstram a preocupação estatal em prevenir e punir dita violência. Essa norma nasceu para concretizar um mandamento constitucional e duas convenções internacionais das quais o Brasil é signatário: 8 o do art. 226 da Constituição Federal, Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Trata-se, portanto, de uma preocupação mundial.

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