Lit. Semana. Diogo Mendes (Rodrigo Pamplona)
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- Sílvia Valgueiro Leveck
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1 Semana 3 Diogo Mendes (Rodrigo Pamplona) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
2 CRONOGRAMA 10/02 Literatura e arte: conceitos iniciais 16:30 17/02 Gêneros literários: épico/narrativo e dramático 16:30 24/02 Gêneros literários: lírico e ensaístico 16:30
3 24 fev Gêneros literários: lírico e ensaístico 01. Resumo 02. Exercício de Aula 03. Exercício de Casa 04. Questão Contexto
4 RESUMO O gênero lírico Os textos desse gênero costumam ser breves, pois não há uma história sendo contada, há a supressão do enredo. Versam sobre sentimentos, divagações, etc. do eu-lírico. É através deles que o indivíduo extravasa suas emoções, por isso a subjetividade é marca desse gênero. Os poemas são textos que se enquadram, em sua maioria, nesse gênero. Observação: eu-lírico é a voz que fala com o leitor dentro do texto. O poeta é autor do eu-lírico. É comum autores masculinos escreverem um eu-lírico do gênero oposto e vice-versa. Os textos poéticos representam muito o gênero lírico, que mantém relações estreitas com a música. Antigamente, as obras eram acompanhadas por instrumentos musicais. Recursos sonoros se fazem presentes nesses textos: métrica, rima e figuras de linguagem moram neles. Recursos sonoros Métrica: organização silábica de acordo com a fala e não com a ortografia que privilegia a sonoridade dos versos. Conta-se desde a primeira sílaba até a última tônica do verso. Exemplo: E/ra u/ma/ ca/sa Mui/to en/gra/ça/da Não/ ti/nha/ te/to Não /ti/nha /na/da de acordo com a fala: é¹ ru² ma³ cá 4 sa (paramos de contar na última silaba tônica do verso) Os versos acima têm 4 sílabas métricas. (Vinicius de Moraes) Os versos podem ser classificados de acordo com as sílabas métricas: Versos de 5 e 7 sílabas métricas são chamados de redondilhas. Os de 5 sílabas métricas são chamados de redondilhas menores e os de 7, redondilhas maiores. Esses versos são muito populares. Rima: repetições sonoras no final dos versos. Podem ser avaliadas quanto a disposição nos versos e quanto a qualidade. Observação: versos brancos são os que não apresentam rimas. Outros recursos sonoros Anáfora: repetição de um mesmo termo, gerando um eco proposital dentro do texto. Aliteração: Repetição de sons consonantais. Exemplo: Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas (Cruz e Souza) Assonância: repetição de sons vocálicos. Refrão: não é uma figura de linguagem, mas um verso que se repete a fim de criar ritmo. Gênero ensaístico Não faz parte dos gêneros literários clássicos (épico, dramático e lírico), mas, com o passar do tempo, textos novos foram aparecendo e não se encaixavam na divisão clássica de gêneros, por isso muitos teóricos defendem o surgimento desse gênero. Características Texto não ficcional que apresenta características literárias (uso artístico expressivo da linguagem). Exemplos de textos eu se enquadram nesse gênero: carta, crônicas, discursos, autobiografias, biografias, cartas, ensaios, etc. Observação: para um texto ser enquadrado nesse gênero ele deve apresentar literariedade, isto é, características literárias. Dessa forma, não é 76
5 qualquer carta, crônica etc. que pode ser encaixada nesse gênero A instância enunciativa do textos desse gênero é o próprio autor, isto é, não há um narrador ou eu-lírico. TEXTOS DE APOIO Texto 1 Soneto de fidelidade Texto 3 Não há vagas De tudo ao meu amor serei atento (A) Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto (B) Que mesmo em face do maior encanto (B) Dele se encante mais meu pensamento. (A) Quero vivê-lo em cada vão momento (A) E em seu louvor hei de espalhar meu canto (B) E rir meu riso e derramar meu pranto (B) Ao seu pesar ou seu contentamento (A) E assim, quando mais tarde me procure (C) Quem sabe a morte, angústia de quem vive (D) Quem sabe a solidão, fim de quem ama (E) Eu possa me dizer do amor (que tive): (D) Que não seja imortal, posto que é chama (E) Mas que seja infinito enquanto dure. (C) Texto 2 Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. (Vinicius de Moraes) É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão. O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras porque o poema, senhores, está fechado: não há vagas Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira. (Ferreira Gullar) 77 Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? (Luís de Camões) Texto 4 Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade.
6 Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas, ver-se-ia bambo, pois teria, certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele. Contra as suas ideias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom senso. Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não fará coisa alguma, a não ser receber o subsídio. Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro eleitorado sufrague o meu nome nas urnas. Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mulher e aos filhos, ficando mais generoso nas facadas aos amigos. Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha. Ganha, porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte. Concordarão os nossos leitores e prováveis eleitores, que o meu propósito é lógico e as razões apontadas para justificar a minha candidatura são bastante ponderosas. De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país; que nada sei da sua geografia; que nada entendo de ciências sociais e próximas, para que o nobre eleitorado veja bem que vou dar um excelente deputado. (Lima Barreto) EXERCÍCIOS DE AULA (Uerj) Com base no texto abaixo, responda às questões de números 1 e 2 [ ] Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma perda irreparável? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá- -las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade. [ ] Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto, mas espero que não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade. [ ] Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, (Uerj) O fragmento transcrito expressa uma reflexão do autor-narrador quanto à escrita de seu livro contando a experiência que viveu como preso político, durante o Estado Novo. No que diz respeito às relações entre escrita literária e realidade, é possível depreender, da leitura do texto, a seguinte característica da literatura:
7 a) Revela ao leitor vivências humanas concretas e reais; b) Representa uma conscientização do artista sobre a realidade; c) Dispensa elementos da realidade social exterior à arte literária; d) Constitui uma interpretação de dados da realidade conhecida. 2. (UERJ) A relação entre autor e narrador pode assumir feições diversas na literatura. Pode-se dizer que tal relação tem papel fundamental na caracterização de textos que, a exemplo do livro de Graciliano Ramos, constituem uma autobiografia gênero literário definido como relato da vida de um indivíduo feito por ele mesmo. A partir dessa definição, é possível afirmar que o caráter autobiográfico de uma obra é reconhecido pelo leitor em virtude de: a) conteúdo verídico das experiências pessoais e coletivas relatadas b) identidade de nome entre autor, narrador e personagem principal c) possibilidade de comprovação histórica de contextos e fatos narrados d) notoriedade do autor e de sua história junto ao público e a sociedade 3. (Enem 2009) Texto I No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, (fragmento). 79 Texto II Questão de português do Enem 2009 (prova cancelada) (Foto: Reprodução/Enem) A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que
8 a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero. d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas. e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá- -los como pertencentes ao mesmo gênero. EXERCÍCIOS DE CASA 1. (UFPA) Os gêneros literários constituem modelos aos quais se deve submeter a criação artística. Deles NÃO se deve considerar como verdadeiro: a) Segundo a concepção clássica, são três os gêneros literários. b) Embora a obra literária possa encerrar emoções diversas, podendo haver intersecção de elementos líricos, narrativos e dramáticos, há sempre a prevalência de uma destas modalidades. c) A criação poética, de caráter lírico, privilegiará os diálogos dos personagens. d) Novelas, crônicas, romances e contos são espécies literárias de caráter narrativo. e) O discurso literário é considerado dramático quando permite, em princípio, ser representado (UEG-2006) ARANHA DE ÁGUA Prendeu o corpo ao silêncio. Saltou. A aranha erra, às vezes, o alvo que sonhou. Todo se desfia. Mais que planta de prédio, era fria. Com mais patas que alma. E dedos de vento, seus fios. Com calma se arma de morte. Aranha escapa de si Por um fio. De cada desafio alimenta-se. Mas sua alma calculada É toda aérea. Ela, chuva no vidro E líquidas suas ligas. Águas lhe dão garras à vida. GUIMARAES, Edmar. <i>caderno</i>. Poesia. Goiânia: Kelps, p. 37. Entre os recursos expressivos, aquele que se destaca como determinante para o desenvolvimento temático do poema é o jogo semântico entre os termos:
9 a) morte e vida. b) desfia, fio e desafio. c) patas e alma. d) chuva, líquidas e águas. 3. (Enem 2010) Testes Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet. O nome do teste era tentador: O que Freud diria de você. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte: Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento. Perfeito! Foi exatamente o que aconteceu comigo. Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise, e ele acertou na mosca. Estava com tempo sobrando, e curiosidade e algo que não me falta, então resolvi voltar ao teste e responder tudo diferente do que havia respondido antes. Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver com minha personalidade. E fui conferir o resultado, que dizia o seguinte: Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento. MEDEIROS, M. Doidas e santas. Porto Alegre, 2008 (adaptado). Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuários, a autora expressa uma reação irônica no trecho: a) Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver. b) Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos. c) Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet. d) Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte. e) Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise (ENEM) Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. [...] O vento varria os sonhos E varria as amizades... O vento varria as mulheres... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo!
10 E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, Predomina no texto a função da linguagem a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação. b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões. c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação. d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais. e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto. QUESTÃO CONTEXTO GABARITO 01. Exercício de aula 1. d 2. b 3. d Há três gêneros literários clássicos segundo a divisão aristotélica: épico/narrativo, dramático e lírico. Entretanto, estudamos um quarto gênero, o ensaístico. Com suas palavras, relacione seu surgimento com a evolução da humanidade. 03. Questão Contexto Resposta pessoal Exercício de casa 1. c 2. b 3. e 4. e
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