ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DE UM BALANÇO SOCIAL DE UMA EMPRESA DO RAMO DE ENERGIA ELÉTRICA
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- Cacilda Peixoto Arruda
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1 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DE UM BALANÇO SOCIAL DE UMA EMPRESA DO RAMO DE ENERGIA ELÉTRICA Maria Luiza Gesser da Silveira * Elisete Dahmer Pfitscher ** RESUMO: O presente estudo de caso tem por finalidade fazer uma análise do Balanço Social de uma empresa do ramo de energia elétrica. Pretende-se comprovar que essa demonstração não é só de interesse das empresas inseridas no mercado atualmente; é uma ferramenta para melhoria de sua imagem ou para obtenção de melhores resultados, também é considerado um informativo a todos àqueles que utilizam de seus produtos e serviços, que tenham interesse em saber como essa organização contribui positivamente com o meio em que está inserida e que se preocupam com o futuro do meio ambiente. Para tanto, abordou-se o estudo da Responsabilidade Social, para melhor entender o que essa preocupação com o meio sócio-ambiental significa e sua atual importância na sociedade como um todo. Posteriormente, conceituou-se Contabilidade Ambiental, a qual surgiu como consequência do aparecimento da responsabilidade social nas organizações; logo, explanou-se sobre o Balanço Social, que é uma ferramenta que possibilita demonstrar as ações organizacionais em prol do meio ambiente e do social; após essas teorizações, completa-se a análise com o estudo de caso e seus resultados. PALAVRAS-CHAVE: Responsabilidade Social; Contabilidade Ambiental; Balanço Social. CASE STUDY: ANALYSIS OF A BALANCE SHEET OF AN ELECTRICIT Y HOLDING ABSTRACT: Current analysis investigates a Social Balance Sheet of an electricity utility firm and proves that the demonstration is not merely the firms interest on current market but a tool to improve its image or to obtain better results. It is also a type of information sheet for users of products and services by which clients are * Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Contabilidade - PPGC pela Universidade Federal de Santa Catarin - UFSC. ** Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC; Docente do Mestrado em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC; Docente em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC; Docente em Ciências Contábeis da Universidade Aberta do Brasil UAB. de correspondência: elisete@cse.ufsc.br
2 464 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica interested in knowing how the organization positively contributes towards a better environment it is inserted in, and its future. A study on Social Responsibility was undertaken to better understand concerns for social and environmental factors and their relevance in society. Environmental Accounts was also discussed. In fact, the latter derived from the notion of the firms social responsibility. Social Balance was discussed as a tool that shows the organizational activities for the environment and the social factors implied. Case studies and their results were then investigated. KEY WORDS: Social Responsibility; Environmental Accounts; Social Balance. INTRODUÇÃO A partir da globalização e dos fenômenos tecnológicos, foi possível observar quanto o ser humano foi capaz de utilizar dos recursos naturais, principalmente para a construção dessa mesma tecnologia. Atualmente, as organizações possuem o papel de disseminadoras de um perfil mais responsável dentro da sociedade e para tanto as primeiras e principais ações devem partir das mesmas. Desse modo, as empresas vêm aderindo à responsabilidade social, tanto como resposta para a sociedade que está cada vez mais consciente social e ambientalmente, como também como uma ferramenta para sobressair no mercado que está cada vez mais competitivo. Segundo Melo Neto e Froes (2001, p. 93) a responsabilidade social, assumida de forma consistente e inteligente pela empresa, pode contribuir de forma decisiva para a sustentabilidade e o desempenho empresarial. Portanto, é considerada um meio para se aproximar da comunidade e um método estratégico para obtenção de melhores resultados e agregação de valor. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica tem por objetivo auxiliar a pesquisa e a análise do Estudo de Caso, além de referenciar alguns itens teóricos para um possível aprofundamento superficial do assunto caso haja possíveis dúvidas do tema tratado. Para tanto, foram abordados os aspectos teóricos sobre Responsabilidade Social, Conta-
3 Silveira e Pfitscher 465 bilidade Ambiental e Balanço Social, que estão expostos a seguir. 2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL Fala-se muito em responsabilidade social, no entanto muitas vezes fica-se em dúvida do que esse termo realmente significa e que consequências têm dentro das organizações. Segundo o Instituto ETHOS,(2009, p. 16), Responsabilidade social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas de acionistas ou proprietários. Observa-se então, que vai além de apenas conhecer as necessidades que os colaboradores da organização têm, mas também de vincular esses interesses dentro da organização, propondo satisfazer essas necessidades; além disso, a organização deve propor ser ética e transparente para poder realmente alcançar o objetivo de ser responsável tanto social como ambientalmente. De acordo com Franco (1999, p. 38) as empresas que protegem o meio ambiente são bem vistas pelo consumidor e por investidores, já havendo em alguns países, fundos especializados em investir nas mesmas. Em adição às vantagens que algumas empresas obtêm devido à adoção da responsabilidade social empresarial, muitas delas passam a ter a conscientização de suas ações, e passam a observar como tais atividades promovem o desenvolvimento sustentável, a qualidade de vida e a geração de benefícios para a comunidade. A responsabilidade social que muitas empresas aderiram por conta de conseguir melhores parcerias, obter maiores lucros, aperfeiçoar o marketing da empresa, melhorar a imagem organizacional, ainda é o fator que faz com que muitas organizações voltem sua atenção para o socioambiental. Contudo vale salientar que a ética e a transparência são fatores primordiais para a conclusão de uma organização ser ou não responsável socialmente, pois de nada adianta a empresa agir de forma social, se por outro lado, sonega impostos ou remunera mal seus colaboradores, por exemplo (CARPES, 2005).
4 466 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica Para a empresa em estudo, a Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (site da empresa). A definição que a empresa expõe no site condiz com o que se afirma ser responsabilidade social, e ainda vai além, afirmando que é uma forma de gestão definida pela ética e transparente da empresa, o que pode ser considerado muito importante como foi citado acima. A seguir é visto como as ações de responsabilidade social se relacionam com a contabilidade. 2.2 CONTABILIDADE AMBIENTAL A partir da preocupação com o Meio Ambiente e dos acordos mundiais que passaram a se realizar com a participação de vários países desde 1992, primeiramente com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, o desenvolvimento sustentável ganhou repercussão mundial e no meio empresarial. Com o intuito de alcançar dois objetivos, o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, as Nações Unidas na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento criaram a seguinte definição para desenvolvimento sustentável, A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.(united NATIONS WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT, 1987, p. 16). Após a participação de centenas de países no ECO-92, contadores e empresários tiveram o interesse de contribuir com tais ações de responsabilidade socioambiental, para tanto, passaram a pesquisar meios de como informar à população o que as organizações estavam fazendo para o bem social e/ou ambiental. Mesmo que a contabilidade não participe ativamente nos problemas socioambientais, ela tem o poder de manter as pessoas informadas sobre quais organizações preocupam-se
5 Silveira e Pfitscher 467 com o socioambiental e quais não se preocupam. Segundo Ferreira (2003), a Contabilidade Ambiental se refere a informações que relatem adequadamente, em termos econômicos, as ações ambientais de uma entidade que modifiquem seu patrimônio. Ou seja, demonstra as ações, projetos, participações, que determinada empresa tem com o meio em que se situa, com a comunidade, com o meio ambiente, e como tais ações consequentemente refletem em seu patrimônio, o que também é informado. E de acordo com Kraemer (2005), a Contabilidade Ambiental é a contabilização dos benefícios e prejuízos que o desenvolvimento de um produto ou serviço pode trazer ao meio ambiente. É o registro dos bens, direitos e obrigações ambientais de uma determinada empresa e suas respectivas mutações. A contabilidade ambiental é mais um desafio para os profissionais da área contábil, pois a maior dificuldade apresenta-se na mensuração dos dados ambientais e suas mudanças (BRONDANI, 2006). Para isso, muitas empresas possuem o relatório socioambiental anual, o qual relata as informações qualitativas, e quando mensuráveis, as quantitativas. Está sendo inserido, também, dentro desses relatórios, ou até sendo publicado isoladamente como demonstração contábil, o Balanço Social, o qual expressa quantitativamente o investimento da organização em determinados aspectos, como será visto no próximo item, e posteriormente no estudo de caso. 2.3 BALANÇO SOCIAL Desde o início da década de 20 havia certa preocupação com os aspectos socioambientais, no entanto foi a partir da década de 70, na Europa, que a responsabilidade social das empresas se popularizou. O primeiro Balanço Social publicado foi em 1972, na França, onde em 1977 foi tornada obrigatória sua publicação. Já no Brasil, o primeiro Balanço Social foi elaborado em 1984, na Bahia (IBASE, 2009). Atualmente o Balanço Social não é uma demonstração obrigatória no Brasil, no entanto a preocupação com os aspectos socioambientais cresce vertiginosamente no meio empresarial e, por conta disso, muitas organizações procuram demonstrar suas ações ou projetos sociais e ambientais, para tanto utilizam de uma ferramenta atual e que pode gerar muitos recursos para a empresa futuramente: o Balanço Social.
6 468 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica Segundo o site do IBASE, o balanço social é um demonstrativo que reúne um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. Assim, a empresa mostra o que faz por seus colaboradores tanto internos como externos, e torna pública a responsabilidade social empresarial, a qual visa unificar a empresa, com a sociedade e com o meio ambiente. É utilizada como uma ferramenta que possibilita o usuário daquela informação saber como a empresa se preocupa com o social e com o ambiental. Segundo Tinoco e Kraemer (2004, p. 87): Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários. Ou seja, é uma ferramenta que veio auxiliar as empresas para que possam demonstrar à comunidade como é sua interação com o meio interno e externo. E como contrapartida, o usuário dessa informação sabe se a empresa é social e ambientalmente responsável o que lhe dá uma margem de escolha para optar por determinada empresa ou não. Contudo, em uma pesquisa realizada pelo Procon de São Paulo em 2007, foi constatado que apenas 21,94% dos consumidores preocupam-se com a conduta socioambiental adotada por empresas, ou seja, muitos consumidores não exercem um consumo consciente e por consequência uma preocupação maior com o socioambiental. Existem três modelos de Balanço Social mais utilizados no Brasil: IBASE, GRI e Instituto ETHOS. Apesar da existência desses três modelos, várias entidades preferem criar modelos próprios, definidos dentro de suas estratégias de comunicação, algumas misturam os modelos, com o objetivo de melhorar a elaboração das informações (PFITSCHER, 2009). O modelo IBASE foi criado em 1981, é bem objetivo, pois se divide em grupos de indicadores, e tem o apoio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); o modelo GRI é mais parecido com um relatório e sua formulação é bem complexa; e o modelo ETHOS é um modelo similar ao GRI, porém mais simplificado.
7 Silveira e Pfitscher ESTUDO DE CASO Busca-se através deste estudo de caso, analisar o Balanço Social de uma empresa do ramo de energia elétrica. Para tanto foi feita uma pesquisa documental e bibliográfica, através dos demonstrativos publicados pela empresa, livros, dissertações, monografias, sites, etc. Assim, foi feita a análise vertical e a análise horizontal que mediram em percentual a participação dos itens dentro do Balanço Social; os itens de previdência privada e encargos sociais compulsórios não participaram da análise dos Indicadores Sociais Internos, assim como o item Outros e Tributos que se encontram dentro do Indicador Social Externo. Logo, fez-se uma análise dos índices de liquidez e lucratividade e, por fim, foram expostas as conclusões das análises. 3.1 BREVE HISTÓRICO DA EMPRESA PESQUISADA A empresa em questão opera no mercado de energia elétrica desde 1955, com concessões nas atividades de geração, transmissão e distribuição. É controladora de duas subsidiárias integrais, concessionárias dos serviços de geração e distribuição de energia. Também possui participações societárias minoritárias em atividades afins. A distribuição de energia elétrica ocorre em quase 92% do território catarinense, onde vive uma população de mais de seis milhões de habitantes, além do atendimento ao município de Rio Negro, no Paraná (site da empresa). Tem como Missão atuar de forma que contribua para o desenvolvimento sustentável da sociedade, e como Valores: Satisfação (clientes, acionistas, colaboradores e fornecedores); Confiabilidade (junto a todos os públicos com os quais a empresa se relaciona); Qualidade (de vida, dos processos e resultados); Ética; Transparência; Profissionalismo; Responsabilidade social e ambiental; Segurança e qualidade de vida. O marco inicial da preocupação com o meio em que atua ocorreu há cinco anos, com a implantação do modelo de gestão compartilhada, que se baseia nos princípios de profissionalização, governança corporativa, transparência da informação e responsabilidade social e ambiental. A adoção do Nível 2 de Governança
8 470 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica Corporativa da Bovespa e a construção, junto com os empregados, de um Código de Ética da empresa, foram outros passos que a empresa deu. Além disso, em 2007, a empresa iniciou o processo de habilitação à norma internacional SA8000, a mais importante certificação internacional de responsabilidade social com os direitos dos trabalhadores, visando gerar melhores condições de trabalho a seus colaboradores (RELATÓRIO SOCIOAMBIENTAL, 2008, p. 3). Segundo o Relatório socioambiental (2008) da empresa, Desde 2006, a empresa honra os compromissos assumidos com o Pacto Global da ONU, o Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e o Pacto Nacional Contra a Exploração Sexual Infanto-Juvenil nas Rodovias, oferecendo contribuição sólida para a construção da cidadania. A empresa publica seu Balanço Social já há alguns anos, junto com o Relatório socioambiental que se encontra no site da empresa. O modelo de Balanço Social utilizado pela empresa analisada é o Modelo IBASE. 3.2 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Segundo Matarazzo (1997, p. 249) a análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras, enquanto a análise horizontal baseiase na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Os valores das Análises Verticais e Análises Horizontais encontram-se na tabela abaixo, onde foram calculadas a Análise Vertical Total sobre a Receita Líquida, a Análise Vertical Total sobre o valor investido, a Análise Vertical do Grupo, a Análise Horizontal e a Análise Horizontal Real.
9 Silveira e Pfitscher 471 Tabela 1. Análise Vertical e Horizontal Fonte: Autora/dados da empresa Os dados relativos à Análise Vertical total sobre a Receita Líquida foram obtidos do Balanço Social da empresa, a qual apresenta como item que mais contribui no indicador interno a Alimentação com um percentual de 0,55%. O que menos contribui Educação e Cultura, onde ambas apresentam 0%. Nos indicadores ex-
10 472 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica ternos, Saúde e Saneamento apresenta a maior porcentagem que é de 0,38%, já o item Combate à fome e Segurança alimentar tem o menor índice que é de 0,01%. Nos indicadores ambientais, o único item que contribui é o de Investimento em Programas e Projetos Externos, com um índice de 2,09%, pois Investimentos Relacionados com a Produção ou Operação da empresa não tem nenhuma parcela de contribuição sobre a RL. As outras análises foram calculadas da seguinte forma: A Análise Vertical Total sobre o Valor Investido foi calculada dividindo-se cada item pela soma total dos valores investidos nos indicadores internos, externos e ambientais. Por exemplo, no item alimentação: / ( )*100= 0,96%. Conclui-se, portanto, que do Total Investido pela empresa o item que mais contribui em porcentagem dentro dos Indicadores Internos é a Alimentação com 0,96%; dentro dos Indicadores Externos, Saúde e Saneamento com 0,65%; e dentro dos Indicadores Ambientais, Investimentos em Programas/Projetos externos. Os itens que menos contribuíram foram Cultura com 0%, Combate a Fome e Segurança Alimentar com 0,02% e Investimentos relacionados com a Produção/Operação da empresa com 0%, correspondendo respectivamente aos indicadores internos, externos e ambientais da empresa. A Análise Vertical do Grupo foi calculada dividindo-se cada item pelo valor total investido em cada grupo. Como por exemplo, em alimentação: / *100=11,81%. Apresenta Alimentação como o item que tem maior percentual dentro dos Indicadores Internos, com 11,81%; o segundo maior é a Participação nos Lucros com 8,96%. O item com menor contribuição nesse Indicador é Cultura, com 0%. Nos Indicadores Externos a maior contribuição se dá por Saúde e Saneamento com 0,74% e a menor por Combate a Fome e Segurança Alimentar com 0,02%. Os Indicadores Ambientais apresentam o item de Investimentos em Programas e Projetos Externos como o que mais contribui dentro do grupo, com 99,88% e Investimentos relacionados com a Produção/Operação da Empresa representa apenas 0,12% do indicador. A Análise Horizontal foi calculada dividindo-se o ano de análise (2008) pelo ano-base (2007). Por exemplo, no item alimentação: / = 1,0662 e ainda, (1,0662 1)*100 = 6,62%. A Análise Horizontal Real foi calculada, primeiramente, atualizando os valo-
11 Silveira e Pfitscher 473 res de 2007 com a inflação acumulada do INPC de 6,48%, segundo o IBGE. Como, por exemplo, no item Alimentação: *1,0648 = ,71. Logo foi utilizada a mesma metodologia do cálculo da análise horizontal. Utilizando o mesmo exemplo da análise horizontal, acima explanada, tem-se: /19.483,71 = 1,0013 e ainda, (1,0013 1)*100 = 0,13%. Conclui-se que dentre os itens do Indicador Interno, o que apresentou maior crescimento foi Educação com 254,44%, o que apresentou maior queda foi Creche ou Auxílio-creche com -2,01%. Nos Indicadores Externos o item que mais cresceu também foi Educação, com 237%. E o que apresentou maior diminuição foi Saúde e Saneamento com -83,77%. Os Investimentos relacionados com a Produção/Operação da Empresa dentro do Indicador Ambiental apresentaram aumento de 797,70%. Dentro do Indicador Corpo Funcional os itens que mais contribuíram foram o aumento de cargos de chefias ocupados por negros, e a diminuição do número de admissões no período. 3.3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ E LUCRATIVIDADE Segundo Borinelli (1998), os índices de liquidez possuem como fundamental preocupação revelar como está a situação da empresa, em determinado período, em relação às suas obrigações. Convém lembrar, que, em vista do tipo de informação que a organização precisa obter é que se vai selecionar qual índice extrair. A Liquidez Imediata considera as disponibilidades numerárias contra o passivo circulante. Para este índice houve reclassificação da conta Consumidores, pois considerando-se o ramo em que a empresa se encontra, esta conta de balanço é considerada um recurso rapidamente realizável. Como resultado, para cada R$1,00 de obrigações a empresa possui R$1,10. A Liquidez Corrente retrata quantos R$ a empresa possui, de curto prazo, para pagar cada R$ 1,00 de suas dívidas também de curto prazo (BORINELLI, 1998). Como resultado para cada R$1,00 de dívidas a curto prazo a empresa dispõe de R$1,51, o que é considerado bom, pois segundo Matarazzo (1995, p. 178): Eis aí o significado do índice de Liquidez Corrente: a margem de folga para manobras de prazos visa equilibrar as entradas e as saídas de caixa. Quanto maiores os recursos, maior essa margem, maior a segurança da empresa, melhor a situação financeira.
12 474 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica A Liquidez Geral se destina a retratar como anda a saúde financeira de longo prazo da firma, ou seja, objetiva-se responder se a empresa conseguirá fazer frente a todas as suas obrigações. Sua análise indicará quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$ 1,00 de dívida total para com terceiros (BORINELLI, 1998). O índice encontrado na empresa foi de R$ 0,88 o que significa que a empresa não está em condições satisfatórias, pois para cada R$ 1,00 de dívida total lhe falta R$0,12. No entanto, segundo Borinelli (1998), se o vencimento das dívidas tiver um prazo superior ao necessário para que os recursos do Ativo sejam convertidos em numerários, significa que a empresa depende de geração futura de recursos e que isto pode ser alcançado. Os índices de lucratividade indicam a relação entre o rendimento obtido e o volume de vendas (NEVES; VICECONTI, 1999, p. 407). O índice calculado pelo Lucro/Ativo Permanente representa que, para cada R$ 100,00 de Lucro, R$ 13,13 foram devidos aos investimentos no Ativo Permanente, ou seja, 13,13% do lucro. Já o índice calculado pelo Lucro/Capital Social representa quanto a empresa obteve de lucro por conta do Capital social, o que indicou que para cada R$ 100,00 de Capital Próprio investido obteve o retorno de R$ 25,4, o que representa, então, 25,4% do lucro. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS O objetivo desse artigo de fazer a análise do Balanço Social de uma empresa do ramo de energia elétrica foi atingido. A partir da análise dos índices de liquidez e lucratividade, acredita-se que a empresa tem condições de melhorar alguns itens dentro de seu balanço social, portanto, dentro dos Indicadores Sociais Internos devem ser melhorados os seguintes itens: Saúde, Creches ou Auxílio-creche, Educação e Cultura; conclui-se aqui, saúde como sendo o item mais importante por ser um aspecto essencial para o bom desempenho do funcionário e sua qualidade de vida dentro do trabalho. Dentro dos Indicadores Sociais Externos: Combate à fome e Segurança Alimentar, Saúde e Saneamento; leva-se em consideração o mesmo critério utilizado para o Indicador Interno, pois é possível concluir que a alimentação é um item essencial para a sobrevivência do ser humano, portanto foi colocado como o
13 Silveira e Pfitscher 475 primeiro item a ser melhorado dentro desse indicador. Em relação aos Indicadores Ambientais, mesmo com o aumento contínuo desses itens entre , deve ainda melhorá-los, pois representa somente 3,62% do total investido pela empresa. Além dos resultados obtidos através das Análises Vertical e Horizontal expostas acima, pode-se chegar a algumas outras conclusões através do Balanço Social; no entanto, vale ressaltar que essa análise é feita considerando o período de e que caso se estenda por mais períodos é provável que as relações abaixo obtidas sejam diferentes; sugere-se então para futuros trabalhos que a análise levando em consideração um período de tempo maior seja feita, observando ainda como o Balanço Social afeta na imagem da organização e consequentemente nos seus resultados ao longo do período estudado. Fazendo uma análise do aumento de 11,18% da Receita Líquida de 2007 para 2008 com o aumento ou diminuição dos investimentos nos indicadores do Balanço Social, chega-se à conclusão de que os indicadores sociais internos relacionam-se diretamente com a receita líquida, mas não em proporção, assim como os indicadores ambientais. Já os indicadores sociais externos relacionam-se indiretamente com a receita líquida. E a participação em lucros ou resultados relaciona-se direta e proporcionalmente à receita líquida. Pode-se observar ainda outros aspectos como, por exemplo, mesmo com o aumento nos itens Segurança e Saúde no Trabalho e Capacitação e Desenvolvimento Profissional, o número de acidentes de trabalho aumentou 104,92%. Além disso, ainda com a diminuição do número de empregados, do número de admitidos e do número de estagiários, a relação entre a maior e a menor remuneração cresceu 109,45%. Como um ponto positivo na empresa, pode-se citar sua contribuição com a Previdência Privada, e como um ponto melhorado na empresa, pode-se citar o fato de que mesmo com a redução no corpo funcional, o número de chefias ocupadas por mulheres e negros aumentou 0,49% e 11,27%, respectivamente. Sugere-se, portanto, uma análise mais aprofundada dos itens do Balanço Social, a fim de poder estabelecer relações entre os itens e suas possíveis causas, principalmente nos itens mais relevantes. Como mais sugestões para futuros trabalhos, propõe-se fazer um estudo comparativo do Balanço Social da empresa em questão, com uma empresa do mes-
14 476 Estudo de caso: análise de um balanço social de uma empresa do ramo de energia elétrica mo ramo, e pesquisar os projetos sociais e ambientais da empresa e observar se contribuem para o Balanço Social da mesma. REFERÊNCIAS BORINELLI, M. L. A Identificação do Ciclo de Vida das Pequenas Empresas através das Demonstrações Contábeis Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina, Disponível em: < Acesso em: 26 set BRONDANI, G. et al. Contabilidade como fator de responsabilidade com o social e o ambiental. Disponível em: < artigos/viiin01/a03viiin01.pdf> Acesso em: 11 out CARPES, M. M. M. A responsabilidade social como um fator de competitividade nas organizações: uma proposta teórico-metodológica para avaliação de desempenho. Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina, Disponível em: < Acesso em: 11/out./09. CÓDIGO de Ética. Disponível em: < php?option=com_docman&task=doc_download&gid=44>. Acesso em: 08 out. 09. FERREIRA, A. C. S. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, FRANCO, H. A contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, IBASE. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Disponível em: <www. ibase.br>. Acesso em: 26/set./2009. IBASE. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. A história do balanço social. Disponível em: < Acesso em: 26 set INPC. Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Disponível em: <
15 Silveira e Pfitscher 477 gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_200812comentarios.pdf.>. Acesso em: 19 set INSTITUTO ETHOS. Glossário. Disponível em: < Acesso em: 26 set KRAEMER, M. E. P. Contabilidade ambiental: relatório para um futuro sustentável, responsável e transparente. Revista Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 8, ago.out MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, MELO NETO, F. P. de; FROES, C. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, NEVES, S.; VICECONTI, P. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 11. ed. São Paulo: Frase, PFITSCHER, E. D. Contabilidade e responsabilidade social. Florianópolis: Departamento de Ciências Contábeis/UFSC, RELATÓRIO Socioambiental Disponível em: < Acesso em: 08 out TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, UNITED NATIONS WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOP- MENT. WCED. Our common future (The Brundtland Report). Oxford: OUP, Recebido em: 10 de março de 2011 Aceito em: 17 de outubro de 2012
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