BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "BuscaLegis.ccj.ufsc.Br"

Transcrição

1 BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Crimes contra o consumidor Renata Cardoso A atualidade de um tema está diretamente relacionada com o lugar que a coletividade lhe reserva nas suas relações sociais. O Direito do Consumidor nasce, desenvolve-se e justifica-se na sociedade de consumo. Regra a produção e a comercialização de produtos e serviços pelo prisma do consumo. Seu surgimento, com alterações profundas no Direito tradicional, decorre diretamente da revolução industrial (com produção, comercialização, consumo, crédito e comunicação em massa), já que esta mudou, por inteiro, o dia-a-dia dos homens agora chamados consumidores. A afirmação da atualidade do Direito do Consumidor não implica dizer que antes de sua formulação não existissem consumidores ou que estavam eles absolutamente desamparados. Consumidores sempre existiram. Apenas o Direito, ou melhor, o legislador, não tinha uma percepção clara de sua moldura, como sujeito diferenciado de categorias tradicionais (como o comprador e o locatário, por exemplo). Mas mesmo sem lhe dar certidão de batismo, o ordenamento jurídico clássico possuía certos mecanismos de tutela do consumidor. O direito privado clássico e também o direito público como se sabe, por não estar preparado para regrar relações de produção e consumo de massa, dava ao consumidor um mero esboço de proteção contra os abusos praticados no mercado. Em decorrência dessa inadequação, particularmente do direito civil, ao consumidor que desejasse se proteger das condutas dos fornecedores restava, freqüentemente, apenas o recurso ao direito penal tradicional, igualmente moldado para reger relações pessoais e não relações de massa. O Código de Defesa do Consumidor, instituído pela Lei nº 8.078/90, para a implementação dos direitos e deveres que estabelece, criou um sistema de responsabilidade de natureza civil, administrativa e penal. Nos seus artigos 63 a 74 criminaliza doze condutas, catalogando-as como infrações penais contra o consumidor. Cuidaremos, neste trabalho, do capítulo do Código de Defesa do Consumidor (CDC) que versa sobre as infrações penais contra o consumidor. Estas se encontram não só no presente capítulo; outras há descritas no CP e em leis especiais. E.g.: no CP, os delitos dos arts. 171, IV, 172, 173, 175, 177; contra a saúde pública arts. 267 "usque" 284 (excetuado o 279, expressamente revogado). Leis especiais: Lei 1.521, de Lei de Economia Popular; Lei 7.492, de Crimes contra o sistema financeiro nacional;

2 Lei 8.137, de , etc. Concorrendo o CP e a lei especial, regrando o mesmo fato (pluralidade de normas) o conflito aparente é dirimido segundo o princípio da especialidade: A lei especial derroga a lei geral. Observado outro princípio ne bis in idem somente uma das normas prevalece. Destarte, as normas do CPC prevalecerão sobre as do CP, consoante a regra por este contemplada no art. 12. Tratemos agora dos arts. Do CDC (lei 8.078/90) referentes às infrações penais. Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste Código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. Relações de consumo são as que se estabelecem entre "fornecedor" e o "consumidor", tendo por objeto os "produtos" e "serviços". Entende-se por "consumidores" todos que compram ou utilizam produtos e serviços para uso próprio; "fornecedores" são empresas ou pessoas que produzem, montam, criam constroem, transformam, importam, exportam, distribuem ou vendem produtos ou serviços; "produto" é qualquer bem móvel (carro, sofá, etc.) ou imóvel (casa, terreno, etc.) e "serviço" é qualquer trabalho prestado mediante pagamento, inclusive serviços públicos, bancários, financeiros, de crédito e de seguros. Esses delitos têm as relações de consumo como objeto principal (imediato). O direito à vida, à saúde, ao patrimônio, etc., compõe o a sua objetividade jurídica secundária (mediata), isto é, são tutelados por eles de forma indireta ou reflexa. Têm, ainda, como elemento subjetivo o dolo de perigo (vontade livremente dirigida no sentido de expor o objeto jurídico a perigo de dano). É admitido o direto e o eventual. Quase todos os crimes do CDC são de perigo abstrato 63, 1º, 64, 65, 73 nos quais se presume iure et de iure o perigo para o bem jurídico, que emerge da simples realização da conduta. Com esse entendimento se afina o abalizado Antonio Herman V. Benjamin, um dos autores do CDC: "As infrações de perigo abstrato a regra absoluta nos crimes de consumo próprios só mediatamente visam resguardar bens jurídicos individuais e materiais como a vida, o patrimônio e a liberdade, pois, não há dúvida, protegendo o supra-individual tutelam o individual. A abstração justifica-se, em tais casos, porque a exigência sistemática de um dano efetivo, ou mesmo de um perigo concreto, corresponderia, na prática, à impunidade generalizada e à perda da eficácia preventiva. Ressalte-se, por derradeiro, que o que é abstrato à vista dos bens jurídicos pessoais é concreto em relação a bens jurídicos coletivos. No direito penal econômico, o que, dirigido ao patrimônio individual, é perigo abstrato, pode atingir, efetivamente, o funcionamento do sistema social. Essa maneira de ver as coisas, ampliando o sentido do bem jurídico protegido, permite classificar os delitos contra as relações de consumo como de perigo concreto ou de dano, relativamente à própria integridade da relação de consumo. Dissertando sobre "crime de perigo", registra o renomado prof. Walter Coelho: "O Direito Penal moderno é avesso a presunções absolutas, que implicariam em abusivas criminalizações, a juízo arbitrário do legislador, em prejuízo da seriedade do direito repressivo. Em verdade, ou o perigo é efetivo e concreto, e, como tal, precisa ser demonstrado, ou é em abstrato, decorrendo sempre de uma presunção relativa, mas nunca absoluta. A questão vincula-se com a essência do próprio crime, ou seja, sua ilicitude substancialmente material e não meramente formal. Assim sendo, o dano potencial, ainda

3 que decorrente de perigo abstrato ou presumido, ensejará sempre o eventual questionamento, no caso concreto, de sua efetiva ocorrência, pois a presunção, em tal matéria, só é justa e aceitável como juris tantum." Por isso, nos crimes contra o consumidor, o perigo parece abstrato somente se é referido a interesses patrimoniais individuais, enquanto que, se se tomam em consideração os aspectos supra-individuais do bem jurídico, estes são lesionados (e não simplesmente postos em perigo) pelo delito. Art. 62. VETADO Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. 2º - Se o crime é culposo: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. O fornecedor de produtos e serviços perigosos ou nocivos à saúde ou segurança, a teor do art. 9º, está obrigado a informar (antes do ingresso no mercado v. art. 10), de maneira ostensiva e adequada (v. art. 31), a respeito de sua nocividade ou periculosidade. Estes são elementos normativos do tipo, que hão de ser verificados pelo juiz cognitivamente. Nocivo é o que prejudica, faz mal, causa dano (efetivo). Nocividade é qualidade do que é nocivo. Periculosidade conjunto de circunstâncias que indicam um mal, dano, para alguém ou alguma coisa (provável). O crime somente se caracterizará quando a omissão puder repercutir na esfera de bens jurídicos fundamentais do consumidor: vida, saúde, integridade corporal, liberdade, segurança e patrimônio. Fora de tais situações, nas quais haja probabilidade e não mera possibilidade de dano, não há de se falar em adequação típica. Tem como elementos subjetivos o dolo e a culpa, nos tipos previstos no "caput" do artigo e no 1º. Cuidando-se de crime omissivo puro, a forma tentada é inadmissível. Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.

4 Parágrafo único Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. É o denominado "crime de omissão de informações sobre riscos conhecidos posteriormente à introdução no mercado." A exigência é no sentido da dúplice comunicação: à autoridade e aos consumidores. Alguns juristas, dentre eles Antonio Herman V. Benjamin, são da opinião de que, na falta de uma delas, o crime se consuma. Outros esposam de entendimento diverso, como ensina o prof. Paulo José da Costa Jr.: "Se o agente, embora não comunicando o fato à autoridade, venha fazê-lo aos consumidores, não se perfaz o crime." A forma culposa não foi contemplada neste dispositivo. Trata-se de crime omissivo puro, uma vez que a conduta é o "não fazer", desatendendo ao comando da previsão normativa. A tentativa é inadmissível. A determinação de retirada do produto ("recall"), prevista no parágrafo único, é a que emana de autoridade competente. Esse dever tem que ser cumprido com urgência. Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente: Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. Trata-se de norma penal em branco, a exigir complementação por lei ou regulamento. Em razão da imprecisão do termo "alto grau de periculosidade" recebeu severas críticas, por contrastar com o mandamento com o mandamento constitucional inscrito no art. 5º, XXXIX-CF/88. A lição do prof. Paulo José da Costa Jr.: "A única maneira de não atentar contra o preceito constitucional da certeza do direito é entender como dotado de "alto grau de periculosidade", "aquele serviço cuja execução contrarie ordem expressa de autoridade competente." O prof. Alberto Zacharias Toron, a seu turno, aponta a ambigüidade: "Pelo teor do preceito não se sabe se o referido "alto grau de periculosidade" está ligado à proteção da pessoa que executa o serviço, à do transeunte que passa pela via, ou à do futuro adquirente do serviço ou produto entregue." E acrescenta: "Mais grave, porém, é que pela sua redação cria-se a possibilidade de se desrespeitar a determinação legal. É que se reprova unicamente a contrariedade à determinação da autoridade competente.

5 Paradoxalmente, pode-se o mais (desrespeitar a determinação legal) e não o menos (desrespeitar o comando da autoridade). O elemento subjetivo é o dolo, não tendo sido a forma culposa prevista pelo legislador O crime é de perigo presumido, consumando-se pela simples execução do serviço, prescindindo da efetivação de perigo ou dano. A interrupção da execução possibilita, apesar de difícil caracterização. Não obstante as restrições ("falta de técnica legislativa a partir da própria redação") e à afronta ao princípio da absorção e da previsão do art. 70 do CP, sinalizada pelo prof. Toron, o parágrafo único insere a regra do concurso material (art. 69 do CP) com aplicação cumulativa das penas (às cominadas pela morte ou lesão corporal somam-se as previstas no artigo sob exame). Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena Detenção de três meses a um ano de multa. 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 2º - Se o crime é culposo: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. A informação adequada é um direito básico do consumidor. Segundo Luc Bihl, grande penalista francês, "só um consumidor completamente informado pode contratar, em pleno conhecimento de causa, com os fornecedores e desempenhar o papel que deve ser o seu, o de parceiro econômico." A redação do art. desatende à técnica legislativa, no sentir de Manoel Pedro Pimentel, vez que, inexistindo a ressalva, não se pode exercitar a interpretação extensiva, sob pena de ferir-se o princípio da reserva legal. À censura adere Eduardo Arruda Alvim. É repelida, contudo por Antonio Herman V. Benjamin, para quem não se trata de dicção taxativa, mas de elementos normativos do tipo, amplos e flexíveis, suficientes para a adequação típica. Em confronto com os artigos subseqüentes (69 "usque" 69), o artigo de que se trata é residual, na afirmação do prof. Benjamin "tudo que não for considerado marketing publicitário encaixa-se no art. 66". No que respeita ao crime comissivo (fazer afirmação falsa ou enganosa), registre-se o reparo do prof. Manoel Pedro: é de caráter formal, exigindo para a adequação o dolo. Conseqüentemente, a essa modalidade de conduta inaplicável o 2º (forma culposa). Essa posição está em desacordo com a doutrina

6 dominante no direito comparado, segundo A. H. V. Benjamin, e também o magistério de Eduardo Arruda Alvim não vislumbra incoveniência na aceitação do binômio dolo-culpa. Vale salientar, por oportuno, que a responsabilidade criminal "in casu", atinge também o dono do jornal, da rádio ou da emissora de televisão, posto que o CDC, no seu art. 75, dispõe que, quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes nele referidos, incide nas penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou oferta e prestação de serviços nas condições legalmente proibidas. Tem-se, aí, o princípio da solidariedade na persecução da responsabilidade criminal dos infratores da lei de proteção ao consumidor. Devem os órgãos de imprensa em geral buscar soluções internas para impedir, na medida do possível, a prática de crimes contra os consumidores, a eles assegurando boa informação e inibindo a ação criminosa dos delinqüentes organizados em empresas de fachada. É um crime de ação múltipla. A espécie comissiva está caracterizada (na oferta) de afirmação falsa ou enganosa; a omissiva (na oferta) de informações relevantes sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços. A forma comissiva admite tentativa; a omissiva não comporta a tentativa. Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Parágrafo único - (VETADO) Segundo A. V. H. Benjamin, "a garantia de informação plena do consumidor, tanto no seu aspecto sanitário quanto no econômico, funciona em duas vias. Primeiro, o direito do consumidor busca assegurar que certas informações negativas (a "má informação", porque inexata digo algo que não é como na publicidade enganosa) não sejam utilizadas. Em segundo lugar, procura garantir que certas informações positivas (deixo de dizer algo que é, como, por exemplo, alertar sobre os riscos do produto ou serviço) sejam efetivamente passadas ao consumidor". A CF, em vários dispositivos, fez engajar os meios de comunicação nas políticas públicas de defesa dos direitos difusos e coletivos da sociedade (art. 5º, XIV; 221, I e IV, dentre outros).

7 É inegável, portanto, a responsabilidade dos órgãos de imprensa em geral com a informação clara, precisa, legítima e lícita a respeito desses direitos, dentre os quais ressalta o direito do consumidor. Trata-se de norma penal em branco, completando-se com o que dispõem os 1º e 2º, do art. 37, transcritos a seguir: Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 1º. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 2º. É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Cuida-se, na figura em destaque, de criminalização de conduta de marketing, de acordo com a lição ministrada por A. H. V. Benjamin: "Marketing equiparando-se à oferta ou à informação" (acepção ampla). Didaticamente, explana o autorizado mestre: "Marketing, então, seria qualquer modalidade de informação ou oferta associada à circulação de bensde consumo, ou seja, produtos ou serviços". Assim, distinge: marketing não publicitário (v. art. 66) e marketing publicitário (arts. 67, 68 e 69). Dentre os elementos subjetivos, encontram-se o dolo direto, extraído da expressão "sabe", e o eventual, da expressão "deveria saber (ser enganosa ou abusiva)", segundo entendimento de Damásio E. de Jesus, Eduardo Arruda Alvim, Marco Antônio Zanellato e José Geraldo Brito Filomeno. Na locução "deveria saber" não se inclui, segundo referidos autores, a modalidade culposa. O legislador não a tornou expressa; o crime culposo é sempre previsto em tipo autônomo; se aceita, a pena abstrata seria a mesma para a espécie dolosa e culposa; não caberia a quantificação pelo juiz, pois dolo e culpa estão incorporados no tipo, não na culpabilidade. Em sentido contrário, autores de tomo admitem a composição mista: "compreende tanto o dolo como a culpa chamada inconsciente ou sem previsão. A culpa é extraída da expressão "que deveria saber ser enganosa ou abusiva". Neste caso, o agente não tinha o conhecimento prévio do caráter fraudulento ou irregular da publicidade. Porém, o seu desconhecimento decorre da violação do dever de cuidado objetivo exigível diante das circunstâncias ou do caso concreto. O sujeito comporta-se, então, de forma imprudente, negligente ou imperita, causando o resultado (perigo de dano)" é o ensinamento de René Ariel Dotti.

8 Aceitando a forma culposa, assinala o prof. A. H. V. Benjamin que o legislador valeuse de critérios de política criminal no que respeita à apenação idêntica e sendo esse seu desígnio (nivelamento do dolo e da culpa), "desnecessário prever, em parágrafo autônomo a figura culposa, para, em seguida, dar-lhe o mesmo sancionamento." É crime formal, que se consuma com a mera conduta típica, prescindindo de resultado é suficiente a "efetiva exposição dos consumidores á mensagem publicitária" (A. H. V. Benjamin). A publicidade enganosa constitui crime de perigo abstrato, tem-se em vista uma universalidade indeterminada de consumidores exposta a práticas desleais de anúncio de produtos e serviços, donde ser despiciendo indagar-se se houve ou não prejuízo concreto para algum ou alguns deles. Embora autorizada corrente doutrinária argumente que, no crime do art. 67 do Código de Defesa do Consumidor, o sujeito ativo é o profissional que faz a publicidade enganosa ou abusiva, ou o que a promove, ou seja, o responsável pelo veículo de comunicação, outros autores afirmam, com razão, que o anunciante também pode ser o agente do mesmo delito. A respeito da matéria em exame, assim se posicionam Antonio Herman V. Benjamin e Edney G. Narchi: "O ato de publicidade tem três sujeitos: o anunciante, a agência e o veículo, este último também chamado de meio de suporte. O responsável principal, embora não exclusivo, é o anunciante, já que a aprovação final do anúncio é sua. O direito cria, em relação ao anunciante, uma obrigação de vigilância, cabendo-lhe controlar, antes de sua difusão, todo o conteúdo da publicidade, na medida em que é ele o melhor posicionado para fazê-lo." (A. H. V. Benjamin); "O agente do crime é o fornecedor, logicamente, pois é quem detém a faculdade de saber se o seu produto possui as características alegadas publicitariamente. Discute-se se e quando os publicitários e os veiculadores possam saber ou deveriam saber ser enganosa a mensagem. Já vimos que a agência de propaganda trabalha por ordem e conta de seu cliente anunciante; é este que contrata o publicitário, passa-lhe as informações para que se desenvolva a campanha ou se crie o anúncio e aprova a forma final apresentada. Nenhum anúncio é veiculado sem esta decisão derradeira do cliente, sobre a forma, o texto, os veículos escolhidos, tudo enfim." (Edney G. Marchi) Para caracterização da propaganda enganosa, a publicidade deve ser de tal maneira maliciosa que induz em erro, ou se aproveite do erro alheio para o fim de injusta locupletação do agente, sendo o erro aquele sem o qual inexistiria o ato de consumo, pois relativo às qualidades essenciais do produto ou serviço. A tentativa é admissível.

9 Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança: Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único (VETADO) Trata-se de tipo especial crime de publicidade abusiva, atado ao preceito do art. 37, 2º, tendo em vista a tutela da saúde e segurança do consumidor, que resulta em cominação de pena mais severa. O agente faz (executa) ou promove (faz por outrem). O art. 68 ocupa-se da publicidade apta a induzir o consumidor a um comportamento de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. O art. 67, já examinado, concerne a toda publicidade abusiva, excluída, naturalmente, a de que cuida o tipo especial (o presente art. 68). Tem como elemento subjetivo o dolo. A tentativa é admissível. Cuidando-se de crime de mera conduta ou de perigo presumido, à consumação basta a publicidade (anúncio) apta a induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa para a sua saúde ou segurança. Em sentido contrário, a abalizada opinião do prof. René Ariel Dotti, afirmando que o delito é de perigo concreto e exige efetiva comprovação. Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. É crime próprio. É só o fornecedor-anunciante, posto que é a ele que se impõe o dever de arquivar os dados, ou seja, é ele a figura do garante. O publicitário não é agente do delito, a não ser quando o anúncio seja criado por home agency, isto é, agência de publicidade do próprio anunciante. (A. H. V. Benjamin) O elemento subjetivo é o dolo. Não admite tentativa. É crime instantâneo, omissivo puro. Tratando-se de dever jurídico, na sistemática do CDC, o crime se consuma com o simples fato das omissão (consistente em não organizar os dados que irão embasar o anúncio (publicidade). Art. 70. Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

10 Com a incriminação amplia-se a garantia de informação assegurada ao consumidor sobre prestação de serviços. Na composição normativa, em boa parte, vê-se incorporado o art. 21 do CDC. É crime comissivo. "O núcleo da proteção reside no dever de informar previamente e não na garantia de utilização de peças novas; tanto assim, que empregada a peça recondicionada com autorização (decorrência da informação) do consumidor, não há que se falar em crime.", é o que elucida o respeitado A. H. V. Benjamin. A falta de consentimento (escrito, oral ou implícito) é condictio sine qua non na composição do tipo: O emprego de peças ou de componentes de reposição usados, à revelia do consumidor que contratou a prestação do serviço, configura o delito. Trata-se de crime de perigo presumido, a prescindir, para sua consumação de prejuízo ou dano, na abalizada opinião de A. H. V. Benjamin. Na doutrina, a posição é contestada: René Ariel Dotti e Paulo José da Costa Jr. entendem indispensável o dano ou prejuízo efetivo. O elemento subjetivo é o dolo. A tentativa é admissível, na linha de quem aceita o crime de natureza material. Eduardo Arruda Alvim, embora assinalando que se trata de crime formal, igualmente, admite a tentativa. Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Incorre nas penas do art. 71 o agente que utiliza, em cobrança de dívida, constrangimento moral, expondo o consumidor, injustificadamente, a ridículo, ofendendo-o e o ameaçando, sendo irrelevante o fato de a vítima ser inadimplente, vez que o réu pode recorrer ao judiciário para receber seu crédito, sem proceder a tal conduta. De acordo com Antonio H. V. Benjamin, "o dispositivo não protege a liberdade psíquica e física da pessoa na sua conotação de liberdade de autodeterminação (crime de constrangimento ilegal, a liberdade individual (crime de ameaça) ou a tranqüilidade das pessoas (contravenção de perturbação da tranqüilidade0. A tutela é conferida em relação a um bem jurídico outro, abstrato e autônomo, que é a relação de consumo." O elemento subjetivo é o dolo. A tentativa é admissível, exceto no caso de conduta que não pode ser fracionada (unissubsistente), como na ameaça não escrita. Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros:

11 Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. O sujeito ativo, neste crime, diferentemente dos crimes anteriormente examinados, não é o fornecedor, mas qualquer pessoa que exerça o controle das informações (arquivos). É o denominado crime de perturbação do acesso aos arquivos de consumo. A incriminação deriva da previsão constante do art. 43, caput, visando a efetiva satisfação de direito de acesso às informações que tenham importância, especialmente sob o aspecto econômico, para o consumidor. A ninguém é lícito desconhecer, na atualidade, a relevância do crédito, no mercado consumidor, mormente porque as compras a prazo correspondem a elevado percentual e, de regra, na faixa do consumidor de renda mais limitada. Fácil, assim, entender que a obstrução ou embaraços que se oponham ao consumidor, mantendo-o afastado das informações negativas constantes dos cadastros ou arquivadas nas chamadas entidades protetivas de crédito, muitas vezes falhas, incompletas ou inverídicas (casos de homônimos etc.), veda-lhe o direito ao crédito. O tipo é de ação múltipla ou de conteúdo variado. O elemento subjetivo é o dolo. A tentativa é inadmissível. Cuidando-se de crime de mera conduta, o agente impedindo ou dificultando o acesso do consumidor às informações já integra o tipo, prescindindo de resultado de dano. Entendendo que o crime é de perigo concreto, "cuja possibilidade de lesão deve ser demonstrada, caso a caso", anota-se a valiosa opinião do prof. René Ariel Dotti. Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre o consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber inexata: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Aqui, o sujeito ativo é a pessoa a quem incumbe (dever jurídico) realizar a correção usualmente, o arquivista. No artigo precedente (72), o agente impede ou dificulta o acesso do consumidor às informações. Agora, no dispositivo que se examina, é incriminada a conduta omissiva deixar de fazer a correção das informações, de modo imediato. Ou mesmo venha a cumprir esse dever, mas fazendo-o tardiamente. O crime é omissivo puro. Admitem-se o dolo direto (caracterizado na conduta enunciada pela expressão "sabe") e o eventual (deduzida a partir da expressão "deveria saber"). Não é contemplada a

12 modalidade culposa, sendo esta admitida, contudo, nas doutas opiniões dos profs. Paulo José da Costa Jr. e Luiz Luisi. A tentativa é inadmissível. Para a consumação deste crime, basta a não correção das informações, de acordo com a previsão legal. Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. A entrega do termo de garantia regularmente preenchido é dever imposto ao fornecedor. Há de ser cumprido na ocasião do fornecimento. A "não entrega do termo de garantia adequadamente preenchido" é aqui criminalizada. Manoel Pedro Pimentel, em estudo a que nos reportamos nestas notas, propõe a inclusão da ressalva "quando devido", ponderando que "nem todas as mercadorias vendidas no varejo, ou o serviço prestado, são de natureza a permitir a emissão de certificado ou á lavratura de termo de garantia." Já o prof. René Ariel Dotti vai além, por entender dispensável a incriminação. "Bastavam as medidas de caráter civil e administrativo para responder à situação de perigo de dano ao patrimônio do consumidor." O elemento subjetivo é o dolo. A tentativa é inadmissível. Basta a conduta prevista no tipo para que o crime seja consumado. O art. 76 prevê as circunstâncias agravantes dos crimes do CDC, conforme verifica-se a seguir: Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste Código: serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade; ocasionarem grave dano individual ou coletivo; III. dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; IV. quando cometidos; por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;

13 em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito anos ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental, interditadas ou não; V. serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais. Disponível em: Acesso em: 05/05/09.

Tropa de Elite - Polícia Civil Legislação Penal Especial Código de Defesa do Consumidor - Parte Criminal Liana Ximenes

Tropa de Elite - Polícia Civil Legislação Penal Especial Código de Defesa do Consumidor - Parte Criminal Liana Ximenes Tropa de Elite - Polícia Civil Legislação Penal Especial Código de Defesa do Consumidor - Parte Criminal Liana Ximenes 2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. Código

Leia mais

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Texto compilado Vigência Mensagem de veto Regulamento Regulamento Regulamento (Vide Decreto nº 2.181, de 1997) Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras

Leia mais

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: (...) TÍTULO II Das Infrações Penais Art. 61. Constituem crimes

Leia mais

Aula 5. Direito básico à segurança

Aula 5. Direito básico à segurança Página1 Curso/Disciplina: Direito do Consumidor Aula: Direito do Consumidor - 05 Professor (a): Samuel Cortês Monitor (a): Caroline Gama Aula 5 Direito básico à segurança Os consumidores têm o direito

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Infrações Penais Prof. Francisco Saint Clair Neto O Código de Defesa do Consumidor tipificou como infração penal contra as relações de consumo os Artigos 63 a 74, sendo certo que

Leia mais

Direito do Consumidor

Direito do Consumidor Direito do Consumidor Aula 03 Da Proteção Contratual 3.Compra e Venda e Alienação Contratual Bens móveis e imóveis Contratos em moeda corrente Cláusulas Nulas resolução do contrato retomada do bem perda

Leia mais

Direitos Básicos do Consumidor

Direitos Básicos do Consumidor Direitos Básicos do Consumidor No artigo 6º no Código de Defesa do Consumidor são trazidos os direitos básicos do consumidor, ou seja, aqueles que são direitos fundamentais ao consumidor, que servirão

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Parte I Prof. Francisco Saint Clair Neto Entende-se como direitos básicos do consumidor os interesses mínimos, materiais ou instrumentais, relacionados a direitos fundamentais universalmente

Leia mais

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL PRINCÍPIOS Legalidade: Somente a lei, elaborada na forma que a Constituição permite, pode determinar o que é crime e indicar a pena cabível. Taxatividade: As leis que definem

Leia mais

AULA 12: DIREITO DO CONSUMIDOR II

AULA 12: DIREITO DO CONSUMIDOR II AULA 12: DIREITO DO CONSUMIDOR II Prof. Thiago Gomes Nas aulas anteriores... Evolução Histórica do Direito do Consumidor Conceitos de Consumidor, Fornecedor, Produto e Serviço Direitos do Consumidor I

Leia mais

FUNDAÇÃO PROCON SÃO PAULO

FUNDAÇÃO PROCON SÃO PAULO APRESENTAÇÃO No ano em que o Código de Defesa do Consumidor completa 21 anos e o Procon-SP comemora seus 35, lançamos este CDC de bolso para que os consumidores possam ter sempre à mão os temas usualmente

Leia mais

Direito Penal. Roubo e Extorsão

Direito Penal. Roubo e Extorsão Direito Penal Roubo e Extorsão Roubo Impróprio Art. 157, 1, do CP Na mesma pena (do caput - reclusão de 4 a 8 anos, e multa) incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra a pessoa

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal Teoria do Crime. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal Teoria do Crime. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Teoria do Crime Promotor de Justiça Período 2010 2016 1) COMISSÃO EXAMINADORA PROMOTOR DE JUSTIÇA MPE SP (2015) Após a leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa

Leia mais

CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR LEI N. 8.078/90 VALDINEI CORDEIRO COIMBRA Mestrando em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada (Esp) Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF

Leia mais

Direito Penal. Concurso de Crimes

Direito Penal. Concurso de Crimes Direito Penal Concurso de Crimes Distinções Preliminares Concurso de crimes ou delitos X Concurso de pessoas ou agentes X Concurso de normas ou conflito aparente de normas penais - Concurso de crimes ou

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PUBLICIDADE ENGANOSA. Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PUBLICIDADE ENGANOSA. Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor PUBLICIDADE ENGANOSA Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor 1 Publicidade enganosa Não se exige prova da enganosidade real (mera capacidade de indução

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (continuação) Código de Trânsito Brasileiro Crimes previstos no CTB: Código de trânsito brasileiro Art. 302. Praticar homicídio culposo na

Leia mais

Conteúdo Edital PMGO

Conteúdo Edital PMGO Direito Penal Parte Geral Professor Samuel Silva Conteúdo Edital PMGO 1. Princípios constitucionais do Direito Penal. 2. A lei penal no tempo. A lei penal no espaço. Interpretação da lei penal. 3. Infração

Leia mais

Legislação Penal Especial Lei de Tortura Liana Ximenes

Legislação Penal Especial Lei de Tortura Liana Ximenes Lei de Tortura Liana Ximenes 2014 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. Lei de Tortura -A Lei não define o que é Tortura, mas explicita o que constitui tortura. -Equiparação

Leia mais

Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 7 Crimes Omissivos

Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 7 Crimes Omissivos Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 7 Crimes Omissivos 1. Conceito Jurídico-Penal De Omissão Omissão não é inércia, não é não-fato, não é a inatividade corpórea, não é, em suma, o simples não

Leia mais

Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase

Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase Iter Criminis Período 2004-2016 1) FCC Técnico - MPE SE (2013) Por si própria, a conduta de premeditar um crime de homicídio

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Parte V Prof. Francisco Saint Clair Neto DECRETO Nº 2.181, DE 20 DE MARÇO DE 1997. SEÇÃO II DAS PRÁTICAS INFRATIVAS Art. 12. São consideradas práticas infrativa: I - condicionar o

Leia mais

Cabe comentar que no tipo em apreço o significado de água potável está em sentido amplo, ou seja, não precisa ser quimicamente pura.

Cabe comentar que no tipo em apreço o significado de água potável está em sentido amplo, ou seja, não precisa ser quimicamente pura. Artigo 270, CP Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal Art. 270 Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo:

Leia mais

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco 2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO

Leia mais

Teorias da Conduta/Omissão

Teorias da Conduta/Omissão Teorias da Conduta/Omissão Teoria Normativa juizo post facto Teoria Finalista (Não) fazer com um fim a ser atingido (Johannes Welzel e Francisco Muñoz Conde) Dever/Poder de agir AUSÊNCIA DE CONDUTA - Movimentos

Leia mais

GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO

GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO 1 Qual das afirmações abaixo define corretamente o conceito do princípio da reserva legal? a) Não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal. b)

Leia mais

Direito Penal. Estelionato e Receptação

Direito Penal. Estelionato e Receptação Direito Penal Estelionato e Receptação Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

Leia mais

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática Professor: Rodrigo J. Capobianco LEI 8.137/90 (continuação) PARCELAMENTO: SONEGAÇÃO FISCAL E FALSIFICAÇÃO DE SINAIS PÚBLICOS E VALE POSTAL. PRELIMINAR.

Leia mais

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes Direito Penal Art. 130 e Seguintes Artigos 130 e 131 Perigo de Contágio Venéreo (Art. 130) e Perigo de Contágio de Moléstia Grave (Art. 131) - Crimes de perigo individual (e não de perigo comum); - A consumação

Leia mais

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes II

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes II Direito Penal Art. 130 e Seguintes II Constrangimento Ilegal Art. 146 do CP: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade

Leia mais

DIREITO PENAL. d) II e III. e) Nenhuma.

DIREITO PENAL. d) II e III. e) Nenhuma. DIREITO PENAL 1. Qual das afirmações abaixo define corretamente o conceito do princípio da reserva legal? a) Não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal. b) A pena só pode ser imposta

Leia mais

Consumidor - é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Consumidor - é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR Neste módulo trataremos sobre a relação de consumo em nossa sociedade. O CPDC é inovador na medida em que se diferencia de outras esferas jurídicas no país. De

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Da Oferta e Publicidade Parte II Prof. Francisco Saint Clair Neto PUBLICIDADE ENGANOSA A publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor a erro, esta prevista no artigo 37 1

Leia mais

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI 8078/ 90 PROFESSOR MAURICIO SOARES Banca: FCC Assunto: Conceito de Consumidor e Fornecedor. Lei 8078/90 No tocante aos conceitos de Consumidor, Fornecedor, Produtos e

Leia mais

Direito Penal. Dos Crimes Militares. Professor Fidel Ribeiro.

Direito Penal. Dos Crimes Militares. Professor Fidel Ribeiro. Direito Penal Dos Crimes Militares Professor Fidel Ribeiro www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Penal DOS CRIMES MILITARES CONCEITOS DE CRIME www.acasadoconcurseiro.com.br 3 CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME

Leia mais

Direito Penal. Dano e Apropriação Indébita

Direito Penal. Dano e Apropriação Indébita Direito Penal Dano e Apropriação Indébita Dano Art. 163 do CP: Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. - Infração penal de menor potencial

Leia mais

Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 3 Teoria do Tipo Penal Objetivo

Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 3 Teoria do Tipo Penal Objetivo Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 3 Teoria do Tipo Penal Objetivo 1. Conceito De Tipo Penal Conceito de Tipo Penal O tipo é ferramenta fundamental para limitar o poder punitivo do Estado e

Leia mais

NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 1. ITER CRIMINIS CAMINHO DO CRIME FASE INTERNA COGITAÇÃO ( irrelevante para direito penal) 2. FASE EXTERNA

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Magistratura Estadual 9ª fase. Direito Penal. Concurso de Pessoas. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Magistratura Estadual 9ª fase. Direito Penal. Concurso de Pessoas. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Magistratura Estadual 9ª fase Período 2007-2016 1) CESPE Juiz Estadual TJ/PI - 2012 Em relação ao concurso de pessoas, assinale a opção correta. a) Segundo a jurisprudência

Leia mais

Ponto 9 do plano de ensino

Ponto 9 do plano de ensino Ponto 9 do plano de ensino Concurso formal e material de crimes. Vedação ao concurso formal mais gravoso. Desígnios autônomos. Crime continuado: requisitos. Erro na execução. Resultado diverso do pretendido.

Leia mais

Espécies ou critérios classificadores de Infração penal (crimes, delitos e contravenções): a) Critério Tripartido ( França, Espanha)

Espécies ou critérios classificadores de Infração penal (crimes, delitos e contravenções): a) Critério Tripartido ( França, Espanha) TEORIA DO DELITO Espécies ou critérios classificadores de Infração penal (crimes, delitos e contravenções): a) Critério Tripartido ( França, Espanha) b) Critério Bipartido ( Alemanha, Itália) Espécies

Leia mais

DIREITO PENAL IV TÍTULO VI - CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA O VULNERÁVEL. Prof. Hélio Ramos

DIREITO PENAL IV TÍTULO VI - CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA O VULNERÁVEL. Prof. Hélio Ramos DIREITO PENAL IV TÍTULO VI - CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA O VULNERÁVEL Prof. Hélio Ramos DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Sedução - Art. 217: REVOGADO lei 11.106/2005. Estupro de vulnerável

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR II

DIREITO DO CONSUMIDOR II DIREITO DO CONSUMIDOR II PRÁTICAS COMERCIAIS: PUBLICIDADE Prof. Thiago Gomes Conceito Considera-se propaganda qualquer forma remunerada de difusão de ideias, mercadorias, produtos ou serviços, por parte

Leia mais

Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Administração Pública

Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Administração Pública Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Administração Pública TÍTULO XI DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CAPÍTULO I DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM

Leia mais

Polícia Civil Direito Administrativo Improbidade Administrativa Clóvis Feitosa

Polícia Civil Direito Administrativo Improbidade Administrativa Clóvis Feitosa Polícia Civil Direito Administrativo Improbidade Administrativa Clóvis Feitosa 2012 Copyright. Curso Agora Eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. Improbidade Administrativa Clovis Feitosa IMPROBIDADE

Leia mais

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Técnico Judiciário Área Judiciária e Administrativa Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Direito Penal Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Edital DIREITO PENAL: Código Penal: Dos crimes

Leia mais

DA NORMA PENAL. Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Turma PRF Normas Penais Princípios norteadores do Direito Penal

DA NORMA PENAL. Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Turma PRF Normas Penais Princípios norteadores do Direito Penal DA NORMA PENAL Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Turma PRF Normas Penais Princípios norteadores do Direito Penal Teoria do Delito TEORIA DO DELITO Princípio da Intervenção Mínima (Ultima Ratio)

Leia mais

Direito Penal. Crime Doloso

Direito Penal. Crime Doloso Direito Penal Crime Doloso Conceito Doutrinário: dolo como a vontade livre e consciente de realizar a conduta objetiva descrita no tipo penal, desejando ou assumindo o risco de produzir certo resultado.

Leia mais

Sumário CAPÍTULO 1 BENS JURÍDICOS TUTELADOS: DIGNIDADE SEXUAL E LIBERDADE SEXUAL... 25

Sumário CAPÍTULO 1 BENS JURÍDICOS TUTELADOS: DIGNIDADE SEXUAL E LIBERDADE SEXUAL... 25 Sumário INTRODUÇÃO... 23 CAPÍTULO 1 BENS JURÍDICOS TUTELADOS: DIGNIDADE SEXUAL E LIBERDADE SEXUAL... 25 1.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES... 25 1.2. A DIGNIDADE SEXUAL COMO BEM JURÍDICO PENALMENTE TUTELADO...

Leia mais

Provas escritas individuais ou provas escritas individuais e trabalho(s)

Provas escritas individuais ou provas escritas individuais e trabalho(s) Programa de DIREITO PENAL I 2º período: 80 h/a Aula: Teórica EMENTA Introdução ao direito penal. Aplicação da lei penal. Fato típico. Antijuridicidade. Culpabilidade. Concurso de pessoas. OBJETIVOS Habilitar

Leia mais

Art. 274 Emprego de processo proibido ou de substância não permitida

Art. 274 Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Art. 274 Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática,

Leia mais

Direito Penal. Crimes Contra a Incolumidade Pública

Direito Penal. Crimes Contra a Incolumidade Pública Direito Penal Crimes Contra a Incolumidade Pública Conceito Incolumidade é o estado de preservação ou segurança de pessoas ou coisas em relação a possíveis eventos lesivos. Ao utilizar a expressão incolumidade

Leia mais

Sumário Capítulo 1 Introdução ao direito do ConsumIdor Introdução... 1

Sumário Capítulo 1 Introdução ao direito do ConsumIdor Introdução... 1 Sumário Capítulo 1 Introdução ao Direito do Consumidor... 1 1.1. Introdução... 1 1.1.1. Origem histórica... 2 1.1.2. A proteção constitucional do direito do consumidor... 5 Capítulo 2 A Relação Jurídica

Leia mais

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL 1) O Código Penal Brasileiro estabelece, em seu artigo 137, o crime de rixa, especificamente apresentando os elementos a seguir. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Leia mais

Tempo do Crime. Lugar do Crime

Tempo do Crime. Lugar do Crime DIREITO PENAL GERAL Professores: Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad TEORIA GERAL DA NORMA Tempo do Crime Lugar do Crime Art. 4º, CP: teoria da atividade. Considerado praticado o crime no momento da ação ou

Leia mais

Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Paulo Caliendo

Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Paulo Caliendo + Multa Qualificada Paulo Caliendo Multa Qualificada Paulo Caliendo + Importância da Definição: mudança de contexto Modelo Anterior Sentido Arrecadatório Modelo Atual Sentido repressor e punitivo Última

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Outros Procedimentos Especiais Prof. Gisela Esposel - Procedimento da lei 11.340/06 Lei Maria da Penha - A Lei 11.340/06 dispõe sobre a criação de Juizados de

Leia mais

Direito Penal. Consumação e Tentativa

Direito Penal. Consumação e Tentativa Direito Penal Consumação e Tentativa Crime Consumado Quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP); Realização plena dos elementos constantes do tipo legal; Crime Consumado

Leia mais

OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR MÓDULO 56 - AULA PARTE 02 OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 1 PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA E DA INFORMAÇÃO 2 PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA Art. 4º do CDC A Política Nacional das Relações de Consumo tem por

Leia mais

Índice. Abreviaturas Prefácio... 13

Índice. Abreviaturas Prefácio... 13 Índice Abreviaturas... 11 Prefácio... 13 CAPÍTULO I. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1. Objeto do direito da publicidade... 15 2. Fontes do direito da publicidade... 17 2.1. Europeias... 17 2.2. Nacionais... 21 2.2.1.

Leia mais

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR DIREITO PENAL MILITAR Parte 7 Prof. Pablo Cruz Estado de Necessidade Estado de Necessidade Justificante Diz o CPM: Estado de necessidade, como excludente do crime Estado de Necessidade Exculpante Diz o

Leia mais

RESPONSABILIDADE CRIMINAL NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

RESPONSABILIDADE CRIMINAL NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR RESPONSABILIDADE CRIMINAL NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR GESTÃO TEMERÁRIA E FRAUDULENTA NO ÂMBITO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Rodrigo Falk Fragoso O momento do país Operação Lava-Jato e as profundas modificações

Leia mais

Direito Penal. Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro

Direito Penal. Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro Direito Penal Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro Sequestro Relâmpago Art. 158, 3, CP: Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção

Leia mais

LEI Nº 8.078/1990. Código de Defesa do Consumidor - CDC. Profª. Tatiana Marcello

LEI Nº 8.078/1990. Código de Defesa do Consumidor - CDC. Profª. Tatiana Marcello LEI Nº 8.078/1990 Código de Defesa do Consumidor - CDC Profª. Tatiana Marcello RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO CONSUMIDOR GERAL (art. 2º) - Pessoa física ou jurídica - Destinatário final POR EQUIPARAÇÃO -

Leia mais

7/4/2014. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. + Sumário. Multa Qualificada. Responsabilidade dos Sócios

7/4/2014. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. + Sumário. Multa Qualificada. Responsabilidade dos Sócios + Multa Qualificada Paulo Caliendo Multa Qualificada Paulo Caliendo + Sumário Multa Qualificada Responsabilidade dos Sócios 1 + Importância da Definição: mudança de contexto Modelo Anterior Sentido Arrecadatório

Leia mais

Estatuto do Desarmamento

Estatuto do Desarmamento Estatuto do Desarmamento 1. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Técnico - Segurança Institucional - Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item subsecutivo. Se uma pessoa for flagrada

Leia mais

ART. 136 MAUS-TRATOS expor tipo misto alternativo crime de forma vinculada a) Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis

ART. 136 MAUS-TRATOS expor tipo misto alternativo crime de forma vinculada a) Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis ART. 136 MAUS-TRATOS Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação

Leia mais

Exercício da Medicina e Direito Penal

Exercício da Medicina e Direito Penal Exercício da Medicina e Direito Penal Prof. Dr. Alexandre Wunderlich Disciplina de Bioética, Medicina e Direito/PPGCM-UFRGS HCPA, 10 de agosto de 2016. Direito Penal Clássico Direito Penal na Sociedade

Leia mais

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal Iv

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal Iv DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 6ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal Iv 2 1 E DA EXTORSÃO Art. 157 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave

Leia mais

Das Penas Parte IV. Aula 4

Das Penas Parte IV. Aula 4 Das Penas Parte IV Aula 4 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO Art 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade [...] Conceito Elas perfazem uma espécie de pena,

Leia mais

(...) SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO SISTEMA INFORMÁTICO

(...) SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO SISTEMA INFORMÁTICO SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO SISTEMA INFORMÁTICO Artigo 150-A - Para efeitos penais, considera-se: a) sistema informático : qualquer dispositivo ou o conjunto de dispositivo, interligados

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Parte IV Prof. Francisco Saint Clair Neto ASPECTOS PROCESSUAIS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NCPC CDC A desconsideração da personalidade jurídica

Leia mais

PORTARIA N 487, DE 15 DE MARÇO DE 2012

PORTARIA N 487, DE 15 DE MARÇO DE 2012 PORTARIA N 487, DE 15 DE MARÇO DE 2012 Disciplina o procedimento de chamamento dos consumidores ou recall de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, forem considerados

Leia mais

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL PAULO IGOR DIREITO PENAL (VUNESP/ ASSISTENTE JURÍDICO PREFEITURA DE ANDRADINA SP/ 2017) A conduta de patrocinar indiretamente interesse privado perante a Administração Pública, valendo-se da sua qualidade

Leia mais

Cód. Barras: STJ (2013) Sumário. Prefácio Introdução PRIMEIRA PARTE - aspectos gerais... 23

Cód. Barras: STJ (2013) Sumário. Prefácio Introdução PRIMEIRA PARTE - aspectos gerais... 23 - Cód. Barras: STJ00095441 (2013) Sumário Prefácio...... 15 Introdução... 19 PRIMEIRA PARTE - aspectos gerais... 23 Capítulo 1 Noções gerais aplicáveis aos crimes tributários... 25 1. Infração tributária

Leia mais

Direito Penal. Infração Penal: Teoria geral

Direito Penal. Infração Penal: Teoria geral Direito Penal Infração Penal: Teoria geral Sistemas de Classificação a) Sistema tripartido: Crimes, delitos e contravenções. Ex: França e Espanha. b) Sistema bipartido: Crimes ou delitos e contravenções.

Leia mais

PROJETO DE LEI N.º 522/XII/3.ª ALTERA A PREVISÃO LEGAL DOS CRIMES DE VIOLAÇÃO E COAÇÃO SEXUAL NO CÓDIGO PENAL

PROJETO DE LEI N.º 522/XII/3.ª ALTERA A PREVISÃO LEGAL DOS CRIMES DE VIOLAÇÃO E COAÇÃO SEXUAL NO CÓDIGO PENAL Grupo Parlamentar PROJETO DE LEI N.º 522/XII/3.ª ALTERA A PREVISÃO LEGAL DOS CRIMES DE VIOLAÇÃO E COAÇÃO SEXUAL NO CÓDIGO PENAL Exposição de motivos O crime de violação atinge, sobretudo, mulheres e crianças.

Leia mais

Direito Penal. Introdução aos Crimes Contra a Dignidade Sexual e Delito de Estupro

Direito Penal. Introdução aos Crimes Contra a Dignidade Sexual e Delito de Estupro Direito Penal Introdução aos Crimes Contra a Dignidade Sexual e Delito de Estupro Crimes Contra a Dignidade Sexual Nomenclatura Título VI do Código Penal: antes Crimes Contra os Costumes, atualmente Crimes

Leia mais

Direito do Consumidor. LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

Direito do Consumidor. LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Direito do Consumidor LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. O Código de Defesa do Consumidor é um conjunto de normas que regulam as relações

Leia mais

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d Série Resumos VYVYANY VIANA NASCIMENTO DE AZEVEDO GULART Promotora de Justiça do Distrito Federal; Professora universitária; Professora de cursos preparatórios para concursos; Ex-Delegada da Polícia Civil

Leia mais

Direito Penal. Penas privativas de liberdade. Dosimetria da pena privativa de liberdade Noções gerais. Prof.ª Maria Cristina

Direito Penal. Penas privativas de liberdade. Dosimetria da pena privativa de liberdade Noções gerais. Prof.ª Maria Cristina Direito Penal Penas privativas de liberdade. Prof.ª Maria Cristina Cálculo da pena Art. 68 A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código, em seguida serão consideradas as circunstâncias

Leia mais

Art. 272 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA OU PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Art. 272 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA OU PRODUTOS ALIMENTÍCIOS Art. 272 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA OU PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 1. CONCEITO Sob a rubrica, determinada pela Lei n. 9.677/98, Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração

Leia mais

A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico. criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime.

A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico. criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico não pode ser considerada criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime. Excepcionalmente,

Leia mais

23/09/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

23/09/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 15ª -Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal IV 2 1 ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo

Leia mais

OFERTA. Responsabilidade das Sociedades:

OFERTA. Responsabilidade das Sociedades: 1º BLOCO... 2 I. Desconsideração da Personalidade Jurídica... 2 II. Práticas Comerciais... 2 Oferta... 2 Publicidade... 3 Práticas Abusivas... 3 Orçamento... 3 Cobranças de Dívidas... 4 III. Bancos de

Leia mais

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO nº 002/CTAF/BPMA (Transporte de Carvão Vegetal Nativo)

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO nº 002/CTAF/BPMA (Transporte de Carvão Vegetal Nativo) ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA DO CIDADÃO POLÍCIA MILITAR BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL Dr Fritz Müller CÂMARA TÉCNICA DE ASSUNTOS AGRO-FLORESTAIS CTAF

Leia mais

Saraiva, 2002, p. 561.

Saraiva, 2002, p. 561. Yvana Savedra de Andrade Barreiros Graduada em Comunicação Social - Jornalismo (PUCPR); Especialista em Língua Portuguesa (PUCPR); Graduada em Direito (UP) Doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA)

Leia mais

1 - Conceito de Crime

1 - Conceito de Crime 1 - Conceito de Crime A doutrina do Direito Penal tem procurado definir o ilícito penal sob três aspectos diversos. Atendendo-se ao Aspecto Externo, puramente nominal do fato, obtém-se um Conceito Formal;

Leia mais

Profª. Tatiana Marcello

Profª. Tatiana Marcello Profª. Tatiana Marcello facebook.com/professoratatianamarcello facebook.com/tatiana.marcello.7 @tatianamarcello CONTEÚDOS: ATENDIMENTO: Resolução CMN nº 4.433, de 23/07/15 Sobre a constituição e o funcionamento

Leia mais

3- Qual das seguintes condutas não constitui crime impossível?

3- Qual das seguintes condutas não constitui crime impossível? 1- Maria de Souza devia R$ 500,00 (quinhentos reais) a José da Silva e vinha se recusando a fazer o pagamento havia meses. Cansado de cobrar a dívida de Maria pelos meios amistosos, José decide obter a

Leia mais

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR DIREITO PENAL MILITAR Teoria Geral do Crime Militar Parte 6 Prof. Pablo Cruz Desistência voluntária e arrependimento eficaz Teoria Geral do Crime Militar Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste

Leia mais

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 6ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal IV 2 1 1 - Roubo impróprio 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência

Leia mais

II - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA. Nexo causal

II - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA. Nexo causal II - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA Pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (CC/02, art. 186) Conduta culposa Nexo causal Dano 1. A conduta - Conduta é gênero, de que são espécies:

Leia mais

MODELO DE RAZÕES DE RECURSO - QUESTÃO n CADERNO A - PROVA - Soldado PMMG

MODELO DE RAZÕES DE RECURSO - QUESTÃO n CADERNO A - PROVA - Soldado PMMG MODELO DE RAZÕES DE RECURSO - QUESTÃO n. 16 - CADERNO A - PROVA - Soldado PMMG À DIRETORIA DE RECURSOS HUMANOS CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Recurso relativo a questão n. 16 (caderno A ) da prova de

Leia mais

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública:

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública: Página1 Curso/Disciplina: Direito Penal - Parte Especial Aula: 62 - Usurpação de Função Pública (Parte II) e Resistência. Professor(a): Marcelo Uzêda Monitor(a): Leonardo Lima Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE

Leia mais

EXCLUSÃO DE ATO DOLOSO E OS CUSTOS DE DEFESA NO D&O

EXCLUSÃO DE ATO DOLOSO E OS CUSTOS DE DEFESA NO D&O EXCLUSÃO DE ATO DOLOSO E OS CUSTOS DE DEFESA NO D&O A exclusão de atos lesivos, anula a cobertura criminal do seguro D&O? Vamos estudar algumas tipificações criminais que causam sinistros no seguro D&O

Leia mais

Aula Culpabilidade Imputabilidade

Aula Culpabilidade Imputabilidade Turma e Ano: Master A 2015 Matéria / Aula: Direito Penal Aula 20 Professor: Marcelo Uzêda Monitor: Yasmin Tavares Aula 20 10 Culpabilidade Conceito de culpabilidade (segundo a teoria finalista): é o juízo

Leia mais

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta: PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015 Altera o art. 8º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre o dever do fornecedor de higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento

Leia mais