A MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE TÊNIS: UM ESTUDO COM TENISTAS PARANAENSES DE CLASSES
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- Kevin Aranha Regueira
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1 A MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE TÊNIS: UM ESTUDO COM TENISTAS PARANAENSES DE CLASSES Walter Carlos Galli Junior ESTÁCIO Caio Corrêa Cortela FPT/UFRGS Gabriel Henrique Treter Gonçalves PPGCMH/UFRGS Roberto Tierling Klering PPGCMH/UFRGS Carlos Adelar Abaide Balbinotti PPGCMH/UFRGS wgallijr@hotmail.com RESUMO: O estudo dos motivos à prática esportiva torna-se pertinente quando considerado o trabalho de treinadores e psicólogos do esporte. Baseados no perfil motivacional de seus atletas, podem planejar e desenvolver suas intervenções de melhor maneira. Assim, o objetivo desta pesquisa foi o de verificar os motivos que levam dois grupos de tenistas com diferentes níveis de desempenho, a participarem de competições. Portanto, 30 praticantes, de ambos os sexos, com idades variando de 11 a 34 anos, responderam ao Inventário de Motivos à Prática Regular de Atividades Físicas e/ou Esportivas (IMPRAFE-30). O IMPRAFE-30 avalia seis principais motivos à prática esportiva: Controle de Estresse, Saúde, Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer. Os resultados indicam existir diferenças entre as preferências dos grupos, sendo a Competitividade o motivo mais importante para o grupo de tenistas de 1ª classe e a Saúde para os tenistas de 7ª classe. Verificou-se a existência de diferenças significativas entre as médias dos grupos referentes à dimensão Competitividade, na qual o grupo de 1ª classe apresenta média superior, e Controle de Estresse, na qual o grupo de 7ª classe apresenta média superior. Este estudo permite demonstrar a existência de interesses diferentes dentro de uma mesma modalidade dependendo do nível técnico. Palavras-chave: Motivação, Tenistas, Competição.
2 INTRODUÇÃO: O conhecimento dos motivos pelos quais um sujeito possa vir a praticar uma determinada atividade física ou esportiva pode, quando adequadamente utilizado, aumenta as possibilidades de ingresso e permanência de indivíduos nesta prática (BALBINOTTI et al., 2015; BRUNET; SABISTON, 2011). Este estudo se baseia na Teoria da Autodeterminação (TAD) de Deci e Ryan (2008, 1985) e Ryan e Deci (2000). Esta teoria parte do entendimento de que grande parte das pessoas, quando saudáveis, é ativa e curiosa, demonstra prontidão para aprender e explorar e, de maneira geral, não necessita incentivos extras para apresentar tais comportamentos. As principais dimensões motivacionais relacionadas à prática de atividades físicas e/ou esportivas, apontadas por Balbinotti (2004), são as seguintes: 1) Controle do estresse; 2) Saúde; 3) Sociabilidade; 4) Competitividade; 5) Estética; e 6) Prazer. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é verificar os motivos que levam tenistas com diferentes níveis de desempenho máximo a participarem de competições. Mais especificamente, visa apresentar os primeiros insights sobre o perfil motivacional de participantes torneios de classe de tênis no estado do Paraná. MÉTODO: Neste estudo foi utilizado o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte (IMPRAFE-30). O IMPRAFE (BALBINOTTI; BARBOSA, 2008) é um inventário que avalia as seis dimensões motivacionais mais comumente aceitas pela literatura (BARBOSA, 2006) e associadas à motivação para a realização de atividade física regular: Controle de Estresse (CE), Saúde (Sa), Sociabilidade (So), Competitividade (Co), Estética (Es) e Prazer (Pr). Trata-se de 30 itens agrupados 6 a 6, observando a sequência das dimensões e perfazendo um total de 30 questões. As respostas aos itens do inventário são dadas conforme uma escala bidirecional, de tipo Likert, graduada em 5 pontos, indo de isto me motiva pouquíssimo (1) a isto me motiva muitíssimo (5). Os sujeitos levaram não mais de 15 minutos para responder o inventário. Para a realização deste estudo, 30 atletas federados na FPT, com idade variando de 11 a 34 anos, do sexo masculino, participantes de competições de classe oficiais da FPT responderam ao IMPRAFE-30 antes do início das partidas. Cada grupo de sujeitos
3 foi composto por 15 atletas, divididos por classe (1ª e 7ª classe). Todas as coletas foram realizadas na cidade de Maringá, no ano de RESULTADOS: Nesta pesquisa foi utilizado o software SPSS na versao 15.0, tendo sido realizada uma análise estatística descritiva de disperção para comparação entre grupos utilizando média e desvio padrao através do teste t para amostra independentes. Porém, antes de aplicar o teste t, verificou-se a distribuição dos dados, constatando que os mesmos são paramétricos. Tabela 1: Perfil motivacional dos sujeitos por classe. D imensões C lasse M édia DP t Df p CE 1ª 9,13 2,03 7ª 16,07 3,81-6,223 21,369 0,000 Sa 1ª 19,93 2,28 7ª 21,40 4,17-1,195 21,694 0,242 So 1ª 16,13 3,74 7ª 19,00 4,11-1, ,055 Co 1ª 21,13 2,30 7ª 14,47 3,98 5,62 22,384 0,000 Es 1ª 17,33 2,16 7ª 14,60 4,578 2, ,046 Pr 1ª 18,13 2,67 7ª 21,00 2,54-3, ,005 CE Controle de Estresse; Sa Saúde; So Sociabilidade; Co Competitividade; Es Estética; e Pr Prazer. A partir dos resultados apresentados na Tabela 1, pode-se apresentar um ranking das dimensões mais valorizadas pelos atletas de cada classe. Para os jogadores da 1ª classe, a dimensão mais valorizada é a Co, seguida pela Sa, Pr, Es, So e CE. Já, para os jogadores da 7ª classe, a dimensão mais valorizada é a Sa, seguida pelo Pr, So, CE, Es e Co. Os resultados relativos aos atletas da 1ª classe se assemelham com índices encontrados com tenistas infantojuvenis (BALBINOTTI et al., 2012), no qual as três primeiras dimensões são semelhantes. No entanto, com Pr sendo a mais importante, seguida da Co e Sa. Isto pode ser devido ao caráter de competição similar. No caso dos
4 resultados relativos aos tenistas de 7ª classe, os mesmos se assemelham com índices de estudos realizados com praticantes de atividades físicas diversas (BALBINOTTI, et al., 2015; GONÇALVES et al., 2015; BALBINOTTI et al., 2010), nos quais as dimensões Sa e Pr são as mais valorizadas pelos sujeitos. Verifica-se diferença significativa entre os grupos nas dimensões Pr e CE. Pode-se se supor que os atletas da 7ª classe, apesar de não serem as dimensões mais motivadoras, utilizam mais esta prática para melhorar sua vida diária quando em comparação aos atletas da 1ª classe. Também fica evidenciado, nos resultados referentes à 7ª classe, o pouco interresse na competividade. Para os atletas da 1ª classe, a competitividade está acima de qualquer outra variável analisada, inclusive com diferenças significativas quando comparado aos índices do grupo de atletas de 7ª classe. Esta dimensão também está associada com a permanência na prática da atividade física (BALBINOTTI et al., 2015), especialmente quando analisados praticantes com mais de dois anos de prática o que provavelmente é o caso destes atletas. Apesar de não ter sido o motivo pelo qual iniciaram a prática, a Co acaba se tornando o combustível para a manutenção. Cabe ressaltar que a competitividade pode ser entendida tanto como a disputa contra um adversário, como uma disputa consigo mesmo visando o seu melhor rendimento. A dimensão So é a terceira mais importante para os jogadores que estão iniciando nas competições estaduais. Sendo assim, pode-se afirmar que fazer amigos nos torneios e confratenizar com outros jogadores de diferentes clubes e academias motiva esses atletas a estarem sempre presentes nesses eventos. Esta dimensão pode ser associada como um fator importante na manutenção da prática esportiva, como evidenciado por Balbinotti et al. (2015) no caso de corredores de rua. Por fim, o fato da Sa receber grande valor em ambos os grupos, mostra o quanto tais atletas se preocupam com seu corpo e com seu bem estar. O estudo de Balbinotti et al. (2011) salienta a importância da prática da atividade física para a manutenção da saúde tanto física quanto mental. Todas essas informações sobre a importância da saúde são consensuais tanto na literatura científica quanto na opinião pública, agindo
5 diretamente como motivação extrínseca. Além disso, estes resultados corroboram com diversos estudos relacionado à motivação no esporte. CONCLUSÃO: A partir dos resultados apresentados, pode-se observar que os grupos de tenistas com níveis técnicos diferentes apresentam interesses diferentes com relação à prática competitiva do tênis. Enquanto os tenistas de nível mais avançado (1ª classe) são significativamente mais motivados pela Co, os tenistas iniciantes (7ª classe) competem para obter Sa, Pr e So. Além disso, para os jogadores de 7ª classe, o CE é significativamente mais importante em relação aos atletas da 1ª classe, demonstrando que este tipo de atividade serve como uma forma de regular as emoções do dia a dia. O conhecimento dos motivos que levam pessoas à prática esportiva é de grande importância. Tanto para treinadores, no sentido que podem adequar seus planos de treinamento conforme os interesses e necessidade de seus atletas, como para aqueles que organizam os eventos competitivos. Portanto, a partir dos resultados deste estudo, a FPT pode planejar seus torneios de classes mais avançadas voltados para o rendimento competitivo, tornando a prática ainda mais estimulante, e de classes de iniciantes voltados à satisfação de interesses de saúde, prazer e sociabilidade. Novos e mais aprofundados estudos sobre a motivação dos participantes de torneios federados devem ser realizados para que se possam aprofundar ainda mais estes conhecimentos ainda tão superficiais. REFERÊNCIAS: BALBINOTTI, M. A. A. Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte. Núcleo de Estudos e Pesquisa em Pedagogia e Psicologia do Esporte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Brasil, BALBINOTTI, M. A. A.; ZAMBONATO, F.; BARBOSA, M. L. L.; SALDANHA, R. P.; BALBINOTTI, C. A. A. Motivação à prática regular de atividades físicas e esportivas: um estudo comparativo entre estudantes com sobrepeso, obesos e eutróficos. Motriz, v. 17, n. 3, p , 2011.
6 BALBINOTTI, M. A. A.; GONÇALVES, G. H. T., KLERING, R. T., WIETHAEUPER, D., BALBINOTTI, C. A. A. Perfis motivacionais de corredores de rua com diferentes tempos de prática. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 37, n. 1, p , BALBINOTTI, C. A. A., BARBOSA, M. L. L., BALBINOTTI, M. A. A., SALDANHA, R. P., TEIXEIRA, R. G. O perfil motivacional de adolescentes jogadores de voleibol. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 9, n. 2, p , BALBINOTTI, M. A. A., JUCHEM, L. BARBOSA, M. L. L., SALDANHA, R. P., BALBINOTTI, C. A. A. Qual o perfil motivacional característico de tenistas infanto-juvenis brasileiros? Motriz, v. 18, n. 4, p , BALBINOTTI, M. A. A.; BARBOSA, M. L. L. Inventário de Motivação a Pratica Regular de Atividade Física e/ou Esporte (IMPRAFE-30). Laboratório de Psicologia do Esporte Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Brasil, BARBOSA, M. L. L. Propriedades métricas do inventário de motivação à prática regular de atividade física (IMPRAF-126). (2006). [dissertação]. Porto Alegre, Brasil: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física. BRUNET, J., SABISTON, C. M. Exploring motivation for physical activity across the adult lifespan. Psychology Sport Exercise, v. 12, p , DECI, E. L,. RYAN, R.M. Self-determination theory: A macrotheory of human motivation, development and health. Canadian Psychology, v. 49, p , DECI, E. L., RYAN, R. M. Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. Nova Iorque, Estados Unidos da América: Plenum, GONÇALVES, G. H. T., KLERING, R. T., PACHECO, C. H., BALBINOTTI, M. A. A., BALBINOTTI, C. A. A. Motivos à prática regular de futebol e futsal. Revista Saúde e Desenvolvimento Humano, v. 3, n. 2, p , RYAN, R. M., DECI, E. L. Self-Determination Theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. American Psychology, v. 55, n. 1, p , 2000.
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