RELAÇÕES SOCIOPROFISSIONAIS, CIDADANIA E ÉTICA
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- Domingos Escobar Bennert
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1 ÉTICA E EDUCAÇÃO A educação deve levar em conta a dimensão comunitária das pessoas, seu projeto pessoal e também sua capacidade de universalização, que deve ser exercida dialogicamente pois, dessa maneira, poderão ajudar na construção do melhor mundo possível, demonstrando saber que são responsáveis pela realidade social. De forma específica, lidar com a dimensão comunitária e o diálogo com a realidade cotidiana e as normas sociomorais vigentes nos remete ao trabalho com a diversidade humana e a abordar e desenvolver ações que enfrentem as exclusões, os preconceitos e as discriminações advindos das distintas formas de deficiência, e pelas diferenças sociais, econômicas, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero. ÉTICA Buscando atingir amplos espectros de atuação, entendemos que o trabalho de educação em valores que visam à construção da cidadania podem abarcar quatro grandes eixos temáticos que, de maneira geral, configuram campos principais de preocupação da ética e da democracia nos dias atuais. Na filosofia, o campo que se ocupa da reflexão sobre a moralidade humana recebe a denominação de ética. Esses dois termos, ética e moral, têm significados próximos e, em geral, referem-se ao conjunto de princípios ou padrões de conduta que regulam as relações dos seres humanos com o mundo em que vivem. De acordo com Tugendhat (1999, p.36), o comportamento moral e ético consiste em reconhecer o outro como sujeito de direitos iguais e, dessa forma, as obrigações que temos em relação ao outro correspondem, por sua vez, a direitos. Complementando, demonstra que todos os seres humanos, independentemente de suas peculiaridades e papéis específicos na sociedade, têm determinados direitos simplesmente enquanto seres humanos. Hoje fica perceptível que, as diferenças representam grandes oportunidades de aprendizado e a inclusão de todos os membros da sociedade, de quaisquer raças, religiões, nacionalidades, classes socioeconômicas, culturas ou capacidades, em ambientes de aprendizagem, facilitam o desenvolvimento do respeito mútuo, do apoio mútuo e do aproveitamento dessas diferenças para melhorar nosso bem estar comum. Buscar estratégias que se traduzam em melhores condições de vida para a população, na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos e na construção de valores éticos socialmente desejáveis por parte dos membros de uma sociedade, é uma maneira de enfrentar essas exclusões e um bom caminho para um trabalho que visa à democracia e à cidadania. Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos desde os primeiros dias da formação de consciência humana. RELACIONAMENTO NO AMBIENTE DE TRABALHO Na atualidade ainda percebemos que os gestores de RH, contratam pela competência técnica e demitem pela incompetência comportamental. Trocando em miúdos, o candidato pode ter boa capacitação técnica, e isso sem dúvida é de suma importância, mas nem sempre é proporcional e adequado para demonstrar um bom relacionamento com as pessoas as quais convive: colegas; chefes; liderados; clientes; fornecedores; parceiros; e comunidade. Reconheçamos, quanto maior o espectro relacional, maior a competência necessária para administrar, até o próprio comportamento, pois o público é heterogêneo. Nessa linha de raciocínio, conclui-se que o ser humano não é totalmente previsível, o comportamento sofre naturalmente, e por questões claramente humanas, oscilações em função de muitas variáveis e pode ter elevado grau de imprevisibilidade. 1
2 Ao mesmo tempo, vivem-se relações de conflito e de harmonia, de interesse e de casualidade, de poder e de amizade, de amor e de ódio, tudo decorrentes do convívio ao longo das jornadas de trabalho e fora delas. As relações socioprofissionais se mostram complexas e não são fáceis de lidar. Observar os resultados econômicos é de grande importância para uma corporação, mas atentar para o problema é necessário, na medida em que suas consequências levam a importantes reflexos, negativos no ambiente de trabalho, bem como na retenção de talentos. A cada cinco demissões realizadas pelas empresas, em função do desempenho do profissional, quatro o são por razões comportamentais e apenas uma por insuficiente desempenho técnico. FRANQUEZA É melhor do que a muitas vezes propalada transparência, pois o ambiente empresarial nem sempre a permite plenamente. Ser franco, sempre, é comunicar o que pode e deve ser comunicado, adequadamente e com clareza. Há limites para as informações e tratar disto com maturidade é sinal de sabedoria. EDUCAÇÃO Elemento básico e fundamental do respeito, que todos gostam de receber, mas nem sempre sabem dar. Hábitos simples como pedir por favor, dar bom dia, pedir licença, usar o tom de voz e o palavreado corretos, não interromper e ouvir o outro, ceder à vez. Práticas ensinadas por boas famílias e, infelizmente, cada vez mais raras. BOM HUMOR Frequentemente confundido com excesso de humor, o que pode ser danosamente inconveniente. Da mesma forma que o são a ironia, o sarcasmo, o desdém provocativo, a zombaria de caráter humilhante. O bom humor é necessariamente inteligente e criativo por isso, tão escasso. POSTURA ADEQUADA Saber comportar-se de acordo com o ambiente que o cerca e com as suas circunstâncias. É ótimo gritar freneticamente em um estádio ou em um show. É desmedido fazê-lo em um culto religioso tradicional, por exemplo. HUMILDADE Reconhecer seus limites, fraquezas e erros com naturalidade. E mais, reconhecer e dar o merecido valor ao outro. A competitividade do ambiente organizacional parece que intimida a humildade. Nem tudo é disputa. COMPREENSÃO Entender, verdadeiramente, o outro. Não há dois seres humanos que são iguais, que pensam e agem exatamente da mesma forma. Nem sempre é fácil lidar com as contrariedades, mas as diferenças existem, são necessárias e enriquecedoras. COLABORAÇÃO Colaborar é trabalhar junto, mesmo quando isso não é previsto ou pedido. A boa vontade e o bem fazer são comportamentos vitais para a saúde dos relacionamentos e do clima organizacional.
3 QUESTIONÁRIO 1. No fragmento do texto abaixo: Os homens não são maus, mas submissos aos seus interesses... Portanto, não é da maldade dos homens que é preciso se queixar, mas da ignorância dos legisladores que sempre colocam o interesse particular em oposição ao geral. [ ] Até hoje, as mais belas máximas morais não conseguem traduzir nenhuma mudança nos costumes das nações. Qual é a causa? É que os vícios de um povo estão, se ouso falar, escondidos no fundo de sua legislação. Helvetius Quais são as ideias principais contidas no fragmento acima? a) Não há nenhuma relação entre as leis e os costumes, pois sãos os homens que fazem as leis que os beneficiam. b) Para limitar os interesses humanos particulares, é preciso haver leis que prefiram os interesses gerais. c) Os homens buscam seus interesses e isso não significa que eles sejam maus; d) Há uma relação entre as leis e os costumes, pois as leis permitem ou impedem que os homens cometam erros.. Leia os dois fragmentos abaixo:... Por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. [ ] Não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo o que fizer. Jean-Paul Sartre Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem como circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. Karl Marx a) Enquanto Sartre defende que há determinismo, Marx defende que o homem é livre independente das circunstâncias. b) Sartre defende que não há determinismo e Marx estabelece um meio termo entre o determinismo e a total liberdade do homem; c) Quando Sartre afirma o homem está condenado a ser livre, diz o mesmo que Marx quando defende que os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem. d) Sartre diz que o homem está limitado pela sua própria existência, enquanto Marx afirma que o homem está limitado pelas condições históricas. 3. Buscar compreender a Ética e a Moral também sob outras perspectivas, por exemplo, considerando a importância que o desenvolvimento de condições físicas, psíquicas, científicas e culturais exercem na conquista de uma vida digna e saudável para todas as pessoas. Tal tarefa, complexa por natureza, pressupõe a educação de todos (crianças, jovens e adultos), a partir de princípios coerentes com esses objetivos. Entendendo essa necessidade como parceira no processo de evolução humana, como podemos diferencia-las? a) Não podemos diferenciar, são palavras sinônimas. b) Moral é um conjunto de valores, e Ética é a reflexão sobre esses valores. c) Moral é a prática da Ética no nosso dia a dia. d) Moral é sinônimo de ética aplicada. 4. Para Erasmo Carlos, a MULHER a) em alguns momentos, desonra a categoria à qual pertence. b) representa um segmento social de pouca evidência, cabendo-lhe parcos aplausos. c) de um modo geral, é forte e uma aprendiz que é sempre bem avaliada no ensino. d) se sobrepõe ao homem em termos de fortaleza, merecedora de todos os elogios. e) se nivela ao homem no cotidiano familiar, e a ela declina irrisórios elogios. 3
4 5. Observe o cartaz a seguir Sobre as mensagens transmitidas pela propaganda, assinale a alternativa CORRETA. a) A imagem faz referência a uma forma de organização que privilegia a simetria de gênero, pois mostra o homem como centro da organização patriarcal na sociedade. b) O poder masculino apresentado na imagem representa o poder delegado ao homem como provedor da família e, por isso, legitimado pelo poder público. c) Os filhos são agentes de reprodução das desigualdades entre os gêneros, mas, na figura, percebe-se uma representação desigual com relação à posição masculina. d) A representação do homem transmitida pela imagem é considerada uma violência de gênero, pois se percebe, nitidamente, o estabelecimento de um agente dominador na relação intradoméstica. e) A frase contida na parte superior da imagem faz referência direta e única à violência do parceiro sexual da mulher 6. A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática política. (CORDI et al. Para filosofar) O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais,conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como a) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos. b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso. c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética, a política internacional se realiza. d) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos. e) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação a outras sociedades. 7. O sujeito ético-moral é somente aquele que preencher os seguintes requisitos: a) ser consciente de si, mas não precisa reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si. b) saber o que faz, conhecer as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais. c) não precisa controlar interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, deixando-as fluir livremente d) dizer o que as coisas são, como são e por que são. e) ser responsável, mas não precisa reconhecer-se como autor da sua própria ação nem avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros 8. O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto). O distanciamento entre reconhecer e cumprir efetivamente o que é moral se rezume aquilo que pode ter mais do que um sentido ou significado, inerente ao humano, porque as normas morais são a) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas. b) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação. c) amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente. d) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter. e) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas. 4
5 9. Sobre o conceito de ética marque a alternativa que NÃO representa uma alternativa correta. a) Ética é a ciência normativa dos comportamentos humanos, sendo definida através de leis específicas. b) A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. c) Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. d) Ao conviver em sociedade o homem percebeu a necessidade de regras que regulamentassem esse convívio. e) Ética é o Julgamento da validade das morais. 10. Ao analisar a charge abaixo, é possível afirmar que no dia a dia: a) Bandidos e médicos possuem o mesmo código de ética. b) Só na periferia a ética e a moral são desrespeitados. c) A imoralidade e a falta de ética podem estar presentes, independente da classe social. d) Não há nesta tirinha nenhuma conexão com ética e moral. 11. A definição de moral e ética é muito discutida atualmente. Como você define cada uma delas? Entre as alternativas de definição e diferenciação entre os dois conceitos, eu tenho empregado estas: moral é o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade. Logo, [ ] a pergunta que a resume é: Como devo agir?. Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura de viver uma vida significativa, uma boa vida. Assim definida, a pergunta que a resume é: Que vida quero viver?. É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar outra: Quem eu quero ser?. Do ponto de vista psicológico, moral e ética, assim definidas, são complementares. Entrevista com o Profº. e psicólogo da USP Yves de La Taille, psicólogo especializado em desenvolvimento moral. Disponível em: aprendebrasil.com.br (com adaptações). Conforme a leitura do texto acima e o conteúdo sobre moral e ética, é correto afirmar: a) Quando tomamos decisões devemos refletir sobre nossas atitudes, portanto, fazemos escolhas morais. b) Se ética é uma reflexão sobre a felicidade, então é correto afirmar que ética é uma disciplina filosófica que estuda as diversas morais. c) Ética e moral são os termos que a filosofia utiliza para se referir ao modo como as pessoas não deveriam agir. d) A distinção entre a definição de ética e moral é problemática já que não há consenso sobre o tema. 5
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