Reflexões sobre ética e educação. Análise do filme A excêntrica família de Antonia (Antonia s Line). Vitor Ferreira Lino Junho 2010
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1 Reflexões sobre ética e educação. Análise do filme A excêntrica família de Antonia (Antonia s Line). Vitor Ferreira Lino Junho 2010
2 O corpo e o filme A música de Johan Sebastian Bach ( ) presente no filme.
3 Moral e Ética: seus conceitos e implicações no campo educacional O incômodo da discussão Moral para Chauí (2002): valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. (Chauí, 2002, p.339). A presença da moral não implica a presença de uma ética( filosofia moral) Ora, a palavra costume se diz, em grego, ethos _ donde, Ética_ e, em latim, mores _ donde moral. Em outras palavras, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. Ethos escrita com a vogal breve (epslon) significa caráter, índole, natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa ( Chauí, 2002, p.340)
4 Senso Moral e Consciência Moral Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral. Situações conflituosas O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva. (Chauí, 2002, p. 335) Juízo de fato e Juízo de valor Natureza cultural dos valores éticos, do senso moral e da consciência moral
5 Moral religiosa presente no filme O juízo de valor normativo Ética como realização do bem comum _ Ética Universal Declaração Universal dos Direitos Humanos ( aprovada em 1948, ratificada em 1966_ alianças sobre direitos civis, políticos, econômicos e culturais ) Artigo I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo II. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
6 Artigo VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo XVI. 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
7 Artigo XVII. 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo XVIII. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular. Artigo XIX. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
8 Admitir uma busca por uma ética universal, implica compreender as diferenças e as proximidades, buscando uma política de unidade em meio à diversidade, questionando e compreendendo o que nos torna distantes e diferentes e o que nos torna próximos e comuns. Desconstrução de preconceitos A educação na contemporaneidade
9 Do reconhecimento da moral à realização ética Momento de reconhecimento da moral, no qual são explicitadas características do lugarejo para onde Antonia volta junto com sua filha. Neste momento é expressa a moral religiosa dominante, o machismo, que também é religioso, o preconceito e a hipocrisia que imperam no lugarejo. (Seleção de cena) Momento de choque contra a moral vigente: esta parte foi caracterizada por um dos fatos mais expressivos no concernente à análise da moral e da ética: o choque entre um dos padres do lugarejo e Antonia, gerado pelo discurso repressor e machista do padre acerca da atitude de Antonia e de sua filha de irem à cidade buscar um homem para conceber um filho com Danielle. (Seleção de cena)
10 Momento de superação da moral vigente e realização da atitude ética Neste momento, Antonia já superou a moral dominante do lugarejo, tendo várias atitudes que o comprovam, como a superação da relação conflitante com a religião, a afirmação do relacionamento nada convencional com o viúvo Bas e o acolhimento de vários indivíduos fora dos padrões socais. Podemos compreender tais atitudes como superação de uma moral arcaica, pois elas estabelecem um padrão novo de atitude que rompe com os valores opressores que dominam os comportamentos dos moradores. Uma das principais atitudes éticas neste momento ocorre quando Antonia decide não matar o estuprador de sua neta... (Seleção de cena)
11 A ação de Antonia Chauí (2002, p. 342) afirma que, na conduta ética, o agente sabe o que está e não está em seu poder. Isso inclui não se deixar motivar pelos instintos nem por uma vontade alheia, afirmando assim a independência e a autodeterminação. A Lei de Talião
12 O campo delicado da ética e da moral As religiões e a mudança no paradigma moral A dominação religiosa do lugarejo Homossexuais, intelectuais e mulheres Nietzsche e a desconsideração da moral A perda do equilíbrio, a resistência contra os instintos naturais, em uma palavra, a ausência-de-si tudo isso foi chamado de moral até agora... Com a aurora iniciei pela primeira vez, a luta contra a moral da renúncia de si mesmo. (Nietzsche, 2006, p.107)
13 Eiticidade para Nietzsche (...) eticidade não é nada outro (portanto, em especial, nada mais!) do que obediência a costumes, seja de que espécie forem; e costumes são o modo tradicional de agir e avaliar. Em coisas onde nenhuma tradição manda não há nenhuma eticidade; e quanto menos a vida é determinada por tradição, menor se torna o círculo da eticidade. O homem livre é não ético, porque em tudo quer depender de si e não de uma tradição: em todos os estados primitivos da humanidade, mau significa o mesmo que individual, livre, arbitrário, inusitado, imprevisto, incalculável. Sempre medido pela medida de tais estados: se uma ação é feita, não porque a tradição manda, mas por outros motivos (por exemplo, pela utilidade individual), até mesmo pelos próprios motivos que outrora fundamentaram a tradição, ela é dita nãoética e assim é sentida até mesmo por seu agente: pois não foi feita por obediência à tradição. (Nietzsche, 1999, p.141. Grifos do autor).
14 A tradição para Nietzsche é uma autoridade superior, e que a seguimos não porque ela nos é útil, mas porque ela manda. Segundo ele, esse sentimento difere do medo em geral, por ser um medo diante de um intelecto superior que manda, diante de uma potência inconcebível, indeterminada, diante de algo mais que pessoal Todas as relações se dão no domínio da eticidade os espíritos mais raros, mais seletos, mais originais, em todo o decurso da história, tiveram de sofrer por serem sempre sentidos como os maus e perigosos, e mesmo por se sentirem assim eles próprios. Sob o domínio da eticidade do costume, a originalidade de toda espécie adquiriu má consciência; com isso até o presente instante, o céu dos melhores é ainda mais ensombrecido do que teria de ser. (Nietzsche, 1999, p.143. Grifos do autor) O questionamento da eticidade, o tratamento das diferenças e os novos padrões morais
15 Introdução à estética através de A excêntrica família de Antonia A arte no filme e através do filme O mundo é organizado por imagens que referem à questão da estética Estética segundo Aranha e Martins (1993) aparece ligada à noção de beleza. É justamente por isso que a arte tem um lugar privilegiado na discussão sobre estética, pois foi considerada, por muito tempo, que sua função era exprimir a beleza de modo sensível. Para as autoras, etimologicamente, a palavra estética vem do grego aiesthesis, com o significado de faculdade de sentir, compreensão pelos sentidos, percepção totalizante.
16 Três concepções de estética Belo em si _ O que é a beleza: Platão e os classicistas Empiristas _ Beleza em relação ao receptor do que é visto: Hume Superação da dualidade objetividade-subjetividade : Kant _ o belo é o que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente. O belo seria, então, uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir características subjetivas, não podendo então haver uma única idéia de belo, nem regras para se produzi-lo. Estética como materialização da moral
17 Despertar a alma: este é, dizem-nos, o fim último da arte, o efeito que ela pretende provocar. (...) Oferece-nos a arte, num de seus aspectos, a experiência da vida real, transportando-nos a situações que a nossa pessoal existência nos não proporciona nem proporcionará jamais, situação de pessoas que ela representa, e assim graças à nossa participação no que acontece a essas pessoas, ficamos mais aptos a sentir profundamente o que se passa em nós próprios. (...) Vemos que a arte atua revolvendo, em toda sua profundidade, riqueza e variedade, os sentimentos que se agitam na alma humana, e integrando no campo da nossa experiência o que decorre nas regiões mais íntimas desta alma. (...) Evocar em nós todos os sentimentos possíveis, penetrar a nossa alma de todos os conteúdos vitais, realizar todos estes momentos interiores por meio de uma realidade exterior que da realidade só tem a aparência, eis no que consiste o particular poder, o poder por excelência da arte. ( Hegel, 1999, p.49-50)
18 Para Pierre Heijmans a meta da arte não deve ser superlotar museus, enriquecer negociantes, obter aplausos, mas promover o crescimento através dos prazeres nobres, da qualidade da vida interior, da vida espiritual daqueles que a tocam, seja exercitando ou olhando-a. (Heijmans, 2007, p.2) Educação e o conformismo artístico
19 A arte ajuda as pessoas a entender e serem entendidas. Se ela permite às pessoas se expressarem a si mesmas e a alcançar as outras, ela também as ajuda a verificar, a aumentar e a explorar o conhecimento do mundo que as circunda. A arte está aberta para um infinito melhoramento pessoal. (...) a arte é sempre o resultado da vontade. Do trabalho. O que mais conta é fazer o melhor. E cada um pode ser bem sucedido em fazer o melhor, seguindo um passo de cada vez. Isso permite sentir-se bem, mesmo insatisfeito e exausto. Uma satisfação rápida e obtida facilmente, ou mesmo sendo duradoura, paralisa o crescimento e o progresso. (Heijmans, 2007, p.3-4)
20 Metodologia de Educação Artística segundo Heijmans Sensibilização por meio de imagens Realização do desenho Avaliação (comparar os avanços comparando os trabalhos do mesmo aluno, no início e após o desenvolvimento da proposta didática) Danielle e sua arte Janelas, campos e criações visuais (Seleção de cena)
21 O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli, ( 1,72m x 2,78 m)
22 Conclusão Necessidade de revisão de padrões morais e éticos na busca pela realização de uma ética universal que vise à unidade em meio à diversidade
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