TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica CÚPULA SOCIAL DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) BREVES INFORMAÇÕES. Dagmar Maria de Sant Anna Advogada
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- Teresa Padilha Candal
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1 TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica CÚPULA SOCIAL DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) BREVES INFORMAÇÕES Dagmar Maria de Sant Anna Advogada Realizada em Salvador, Bahia, no período de 12 a 17 de dezembro de 2008, a II Cúpula Social do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) reuniu as organizações das sociedades civis e os ministros e governos da América Latina e Caribe, destacando-se, para efeito dos registros aqui consignados, representantes da sociedade civil, ministros e governos dos países que formam o Mercosul, a América Latina e o Caribe. Tratou-se, na verdade, de uma reunião de chefes de Estado, vista, por essa razão, como uma reunião do mais alto nível decisório do Mercosul. Dela participaram mais de 6 mil pessoas (somente para as reuniões oficiais houve perto de 4 mil credenciamentos) homens e mulheres de diferentes idades, cores e etnias, chefes de Estado e cidadania, todos voltados para o fortalecimento dos laços políticos, econômicos e comerciais entre os 33 países ali representados, como consolidar o Mercosul, por exemplo, construir a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e avançar em direção a um processo de integração entre latino-americanos, seja para enfrentar os efeitos da atual crise financeira mundial, seja para fortalecer a voz da América Latina em foros como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas (ONU), seja, igualmente, para intensificar a relação do bloco com países mais industrializados e mais ricos. A Primeira Cúpula (da qual não participamos) foi realizada em Córdoba, Argentina, quando e onde, segundo informações obtidas, foi muito bem acolhida não só pelos movimentos sociais que atenderam ao chamado de participação, como também pelos Presidentes dos países do bloco, que determinaram a continuidade daquela experiência; daí o segundo encontro, ora informado. Apesar de intitulada como Reunião de Chefes de Estado (desenvolvida durante o período de 12 a 17 de dezembro de 2008), esse encontro foi aberto também a quem dele quisesse (e quis) participar, como forma de a sociedade civil não só incidir nos rumos de sua integração, como, igualmente, propor agendas de conteúdo social. Buscou-se, na verdade, construir e fortalecer uma integração regional entre todos os países da América Latina e do Caribe.
2 2 Essa II Cúpula Social foi promovida pela organização Somos Mercosul, em conjunto com a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, do Parlamento do Mercosul e do Foro Consultivo Econômico e Social, e contou com o respaldo institucional da Secretaria- Geral da Presidência da República, do Ministério das Relações Exteriores e da Presidência Pro-Tempore Brasil. Vale destacar, a propósito, que a Secretaria-Geral da Presidência da República é o órgão do Governo brasileiro responsável pela articulação dos atores governamentais, sociais e institucionais do Mercosul, e a sua principal função foi, in casu, propiciar as condições necessárias para a sua realização. Assim foi, em resumo, a referida Cúpula dos Povos do Sul (assim cognominado o encontro em foco). Dentre as grades que compuseram esse encontro, permitimo-nos destacar e focar apenas o tema para o qual fomos indicada: A Integração Produtiva do Mercosul e a sua Institucionalidade: Marcos Legais e Instrumentos de Apoio que teve como alvo as microempresas e empresas de pequeno porte. E tudo surgiu da necessidade de se formar a integração da América Latina diante da crise econômico-financeira que ora preocupa o mundo. De forma específica, as discussões dessa grade, da qual efetivamente participamos, restringiram-se às micro e pequenas empresas no Mercosul ( MyPyME ), focando o fato de essas empresas representarem cerca de 75% da mão-de-obra em todo o Mercosul. Tratou-se, a bem da verdade, de um seminário internacional identificado pelo subtítulo Fortalecendo a Agenda de Integração Produtiva: Micro e Pequenas Empresas, no Mercosul. Sobre o apoio a ser norteado às micro e pequenas empresas e à integração das cadeias produtivas, como acima assinalado, o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai pretendem discutir um mecanismo específico, em um sistema de produção, no qual cada país-membro participará com uma parte do produto. Com isso, além de o Brasil processar a matéria-prima dos países vizinhos, ele comprará, por exemplo, peças de maior valor agregado para montar um bem final; bem este que será consumido no bloco ou exportado. A intenção é habilitar as micro, pequenas e médias empresas do Mercosul, neste sentido. Para tanto, dever-se-á criar um fundo de US$ 100 milhões, proposto pelo Brasil, para que essas empresas tenham garantias na obtenção de financiamentos em uma futura rede de bancos públicos e privados credenciados nos quatro países. Nesse sentido, o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai já firmaram o compromisso de contribuir. Afora as preocupações acima destacadas, foi tema de pauta, ainda, a Geração de Emprego, quando, a respeito, os países presentes se comprometeram a adotar políticas econômicas, sociais e laborais com a finalidade de gerar trabalho decente e emprego de qualidade. Trabalhos Técnicos
3 3 Quanto à Integração Produtiva propriamente dita, falou-se, ainda, sobre o Foro de Madeira e Móveis, sobre o Adensamento e Complementação da Cadeia Automotora, sobre o Desenvolvimento de Fornecedores de Petróleo e Gás e sobre a integração das Cadeias Conectadas ao Turismo. E, de futuro, pretende-se elaborar e fortalecer projetos voltados para o setor naval, para a apicultura de mel e derivados, para o plantio da erva-mate, para a indústria de higiene pessoal (perfumaria e cosméticos) e para a tecnologia de informação, dentre outros. Foram temas paralelos, formando alguns dos vários blocos que compuseram o mencionado encontro, o Lançamento do Livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, em espanhol, quando deste bloco específico participaram o Ministro Juca Ferreira, do Ministério da Cultura, o Embaixador senhor José Jerônimo Moscardo, da Fundação Alexandre de Gusmão FUNAG (Ministério das Relações Exteriores), e o senhor Márcio Meirelles, Secretário Estadual de Cultura da Bahia todos com as parcerias da Secretaria-Geral da Presidência, do Ministério da Cultura, do Ministério das Relações Exteriores/Funag, e da Academia Brasileira de Letras. O seu lançamento ocorreu no domingo, dia 14 de dezembro de 2008, quando também foi lançado o site Amizade sem Fronteiras, com o cartunista e autor da Turma da Mônica, Maurício de Sousa. Outro evento que também teve destaque foi o lançamento da revista infantil Mônica (e que se intitulará Mônica no Mercosul). Essa revistinha será introduzida, de forma obrigatória, no ensino fundamental de todas as escolas brasileiras, para que as nossas crianças cresçam tomando conhecimento, desde cedo, do Mercosul e de seus objetivos e finalidade, como forma de se criar uma nova conscientização nacional. Em resumo, a Cúpula Social do Mercosul, por sua envergadura política e representatividade social, revestiu-se de um caráter inovador, nela abrigando três aspectos que merecem ser destacados: 1. a natureza tripartite do Evento com propostas conjuntas de governos, organizações da sociedade civil e instituições do Mercosul. A respeito, não só o nosso Itamaraty, a- través do Núcleo de Apoio à Presidência Pro-Tempore, vem se mobilizando para fornecer insumos demandados pela sociedade civil, como, igualmente, a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul (cuja prioridade é a criação do Instituto Social do Mercosul) também se encontra envolvida na preparação das cúpulas sociais, de modo a tornar favoráveis as condições para o desenvolvimento da participação social e da cidadania regional no Mercosul; 2. o modelo de integração, deixando claro que o denominador comum entre as organizações sociais, os governos e as instituições do Mercosul é a defesa intransigente da integração regional; tudo com o norte voltado para o crescimento econômico; Trabalhos Técnicos
4 4 3. a ordem dos desafios a serem enfrentados: a) Enfrentar os adversários do Mercosul, cujo grupo é constituído por aqueles que o consideram um desvio de rota, um obstáculo à integração natural com os Estados Unidos da América os mesmos setores que defenderam a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e hoje promovem tratados de livre comércio com os Estados Unidos, aliam-se aos interesses de curto prazo das corporações multinacionais e contam com o apoio dos setores da mídia contrários ao Mercosul. b) Enfrentar, também, o desafio de vencer resistências às formas inovadoras de participação social. Para alguns, as organizações sociais e os governos ainda não estão prontos para assumir uma responsabilidade compartilhada, superando diferenças e elaborando uma plataforma mínima de atuação. c) Conviver com os Partidos Parlamentares que apóiam a perspectiva da integração regional, mas que ainda não foram incorporados. Sobre esse desafio em particular, pergunta-se sobre quais seriam os critérios dessa participação. Como ainda não há, porém, respostas nem modelos acabados, a Cúpula Social constitui-se em uma oportunidade para avançar nessas discussões. Encontro semelhante foi realizado em 5 de dezembro de 2008, no Rio de Janeiro, quando também se destacou a atual crise financeira mundial e do qual participaram o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai, a Bolívia, o Chile, o Equador e a Venezuela. Foi-nos informado que o nosso Ministro Juca Ferreira abrindo aquela reunião solicitou dos paísespartes diversificação das parcerias na região, de forma a se transformar a crise financeira mundial na oportunidade de unir esforços em torno da intensificação de intercâmbios e cooperação. A partir de então, os Ministros decidiram não só instalar, em caráter provisório, uma Coordenação Administrativa do Mercosul, na capital argentina, Buenos Aires, como também, e dentre outros projetos, criar um Sistema de Informações Culturais do Mercado Comum do Sul e instituir o Observatório de Políticas Culturais no âmbito do Mercosul. Nessa ocasião, o Ministério da Cultura fez, por oportuno, um balanço das ações desenvolvidas durante a Presidência Pro-Tempore brasileira no segundo semestre de 2008 e, em seguida, entregou ao Paraguai o primeiro semestre de 2009 com quem ficará a próxima Presidência Pro-Tempore do Mercosul. Ao final de todos os trabalhos, o encontro foi encerrado com a Declaração de Salvador, a qual, em sua primeira parte, afirma a necessidade da integração, da cooperação entre os países da America Latina e lista um conjunto de intenções e princípios. Trabalhos Técnicos
5 5 Em seguida, ela passa para uma parte temática com um conjunto de decisões sobre diferentes temas: 1. Cooperação entre os mecanismos regionais e sub-regionais de integração; 2. Crise Financeira Internacional; 3. Energia; 4. Infraestrutura Física; 5. Desenvolvimento Social e Erradicação da Fome e da Pobreza; 6. Segurança Alimentar e Nutricional; 7. Desenvolvimento Sustentável; 8 Desastres Naturais; 9. Promoção dos Direitos Humanos e Combate ao Racismo; 10. Circulação de Pessoas e Migrações; e 11. Cooperação Sul/Sul. À margem dessa Declaração, a Argentina, a Venezuela e o Brasil assinaram um texto próprio condenando o racismo, a discriminação e a intolerância religiosa e reafirmaram o compromisso de fortalecer os mecanismos de promoção dos direitos humanos. Também foi aprovada uma declaração sobre a necessidade de terminar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto, pelo governo dos Estados Unidos da América, a Cuba. Nos documentos mencionados, os Chefes de Estado e de governo dos países da América Latina e do Caribe afirmaram que na defesa do livre intercambio e da prática transparente do comércio internacional, torna-se inaceitável a aplicação de medidas coercitivas unilaterais que afetam o bem-estar dos povos e obstruem os processos de integração. Rechaçamos a aplicação de leis e medidas contrárias ao Direito Internacional, como a Ley Helms- Burton, e exortamos o governo dos Estados Unidos da América a colocar um fim na sua aplicação. Finalizando, os países que firmaram essa declaração não só pediram aos Estados Unidos que este cumpra as decisões da ONU, como, em particular, que o seu governo, em caráter de urgência, detenha a aplicação das medidas voltada para Cuba, de modo a minimizar o impacto de sua política de bloqueio econômico, comercial e financeiro àquele país. Se houver interesse, a Declaração de Salvador pode ser baixada da página do Itamarati (em português, espanhol e/ou inglês). Basta ir ao site: Trabalhos Técnicos
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