TPM: IMPLEMENTAÇÃO DE OEE EM UMA UNIDADE DE TORREFAÇÃO E MOAGEM DE CAFÉ Gustavo Henrique Marques (1) Alexandre Caparelli Silva (2)

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1 186 ARTIGO ORIGINAL TPM: IMPLEMENTAÇÃO DE OEE EM UMA UNIDADE DE TORREFAÇÃO E MOAGEM DE CAFÉ Gustavo Henrique Marques (1) Alexandre Caparelli Silva (2) (1) Departamento de Engenharia de Produção da Faculdade Integrado de Campo Mourão - PR. g_hmarques@hotmail.com. (2) Departamento de Administração da Faculdade Integrado de Campo Mourão - PR. alexandre.caparelli@grupointegrado.br. RESUMO O OEE (Overall Equipament Effectivences) é um indicador que possibilita mensurar a eficiência da produção considerando três pontos: disponibilidade da máquina, desempenho e qualidade dos produtos. O objetivo desse estudo é implementar a metodologia do cálculo de OEE em uma unidade de produção industrial e avaliar o resultado posterior. Para a linha de café almofada, na análise em conjunto com os operadores, o principal problema apontado foi Manutenção Corretiva Operacional, como o desgaste das correias da parte de envase da máquina. Para o café envasado em embalagem a vácuo, obtivemos 15 marcações, para 23 dias possíveis e disponíveis de trabalho sendo a programação feita pelo PCP. O valor médio para o OEE foi de 72,10%. De acordo com o objetivo proposto foi possível mensurar e implementar o cálculo de OEE na unidade de produção industrial. Todo o processo de capacitação e prática do cálculo foi acompanhado pelos colaboradores da planta que avaliaram esse trabalho como positivo. PALAVRAS CHAVE: gestão; OEE; TPM. TPM: OEE IMPLEMENTATION ON A COFFEE ROASTING AND MILLING INDUSTRY ABSTRACT OEE (Overall Equipament Effectivences) is an indicator that measures the efficiency of production considering three points: machine availability, performance and quality of products. The objective of this study is to implement the OEE calculation methodology in an industrial production unit and assess the subsequent results. For the coffee pad, in the analysis with the operators, the main problem which was pointed was Operational Corrective Maintenance, as the wearing out of the machine belts. For coffee packaged in vacuum packaging, we obtained 15 marks out of 23 possible available work days - and the programming made by the PCP. The average value for OEE was 72.10%. According to the proposed objective, it was possible to measure and implement the OEE calculation in the industrial production unit. The whole process of training and practice of calculation was accompanied by employees of the plant who assessed this work as positive. KEYWORDS: management; OEE, TPM.

2 187 INTRODUÇÃO A Manutenção Produtiva Total é também conhecida como Total Productive Maintenance, e tem sua base na aplicação de conceitos como 5 S, housekeeping, preservação de equipamento e capacitação dos colaboradores para monitoramento, controle e intervenção nos sistemas (1). O OEE (Overall Equipament Effectivences) é um indicador que possibilita mensurar a eficiência da produção considerando três pontos: disponibilidade da máquina, desempenho e qualidade dos produtos. O TPM pode ser considerado uma ferramenta de gestão, a qual teve origem no Japão. Foi desenvolvida pela empresa Nippondenso, com o objetivo de viabilizar o modelo Just in Time, do Sistema Toyota de Produção. Está apoiada em cinco diretrizes estratégicas: buscar a máxima eficiência do processo produtivo (nesse pilar temos como ajuda a utilização de um indicador, o OEE); estabelecer o sistema de prevenção de todas as perdas do processo produtivo; envolver todos os setores da empresa; obter zero perdas através dos resultados das atividades de pequenos grupos de trabalho integrados ao sistema produtivo; e estar presente em todos os aspectos do desenvolvimento, produção, vendas e administração (2). O conceito de OEE (Overall Equipment Efficiency) pode ser percebido e entendido a partir de um método abrangente desenvolvido no Sistema Toyota de Produção, intitulado de manutenção produtiva total (total productive maintence TPM). É primordial entender que o método TPM incorpora o OEE como elemento de mensuração de desempenho (3). O resultado do cálculo do OEE é alcançado pela multiplicação da taxa de disponibilidade por uma taxa de desempenho (performance) multiplicado por uma taxa de qualidade. Alguma redução na capacidade disponível de uma parte do equipamento (ou qualquer processo) pode ser ocasionado pelas perdas de tempo de tais atividades, perdas na preparação, movimentação inadequada e substituição (quando o equipamento ou processo está sendo preparado para sua próxima atividade) e falhas de quebra (quando a máquina está sendo consertada). Certa capacidade é perdida pelas perdas de performance quando o equipamentos está ocioso (setup de produto, por exemplo) e quando o equipamento reduz sua

3 188 velocidade normal de operação por determinada atividade ou falha. Também vale lembrar que o layout de produção organizado de maneira confusa acarreta em perdas de tempo, uma vez que o caminho a ser realizado para as atividades e a alocação dos recursos podem ser geradores de perdas de tempo. Para que o equipamento opere de forma eficaz, ele precisa alcançar altos níveis de desempenho nas três dimensões: Disponibilidade, Performance e Qualidade. Vistos isoladamente, esses três indicadores individuais são apenas medições importantes da planta, mas não fornecem uma imagem completa da eficácia global da máquina. A performance é a relação entre a velocidade real que o equipamento operou com a velocidade padrão que o equipamento deveria operar. A perda por performance é o tempo em que a máquina ficou trabalhando abaixo da velocidade ou ritmo adequado geralmente trata-se de perdas por pequenas paradas e perdas por queda de velocidade. É o percentual da velocidade com que o centro de trabalho é executado como um percentual de sua velocidade projetada (eficiência) (4). O indicador de qualidade é a relação entre o tempo de produção total pelo tempo perdido com a fabricação de peças/produtos defeituosos. Também é conhecido como perdas por refugo ou retrabalho e pode ser caracterizada como a relação entre as quantidades de produtos bons e o total de produtos fabricados buscando a ausência de defeitos ou retrabalhos (5). O objetivo deste trabalho é implementar a metodologia do cálculo de OEE em uma unidade de produção industrial e avaliar o resultado posterior. 2 METODOLOGIA A unidade industrial de estudo é um dos ramos de industrializados da empresa analisada e é responsável pela moagem e torrefação de café provenientes de vários estados do território brasileiro. Sua capacidade de envase é estimada em 320 toneladas por mês, contemplando várias marcas, distribuídas e comercializadas em diversos estados do país. Atualmente, a unidade apresenta, em seu quadro, 23 colaboradores diretos e possui máquinas de altíssimo grau tecnológico que

4 189 possibilitam garantia e qualidade dos produtos ofertados, além de capacitar seu quadro de colaboradores anualmente, com treinamentos, palestras e atividades integradoras. O Gerente Geral da área de Alimentos fez, inicialmente, uma reunião com o Chefe de Departamento e Encarregado para demonstrar o objetivo da implantação do indicador. Assim, os assistentes e operadores foram avisados da solicitação gerencial, sendo instruídos a calcular os índices de OEE diariamente nos dois turnos de produção e em dois equipamentos, um de envase de café almofada e outro de envase de café à vácuo. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Para análise dos resultados obtidos, levamos em consideração o seguinte: valores de OEE para diferentes equipamentos ou processos não devem ser comparados, ou seja, deve haver apenas comparações para um mesmo equipamento e processo em momentos distintos ao longo do tempo. Também vale ressaltar mais dois itens: as variáveis envolvidas no cálculo da OEE devem ser padronizados e a confiabilidade dos dados obtidos serem previamente assegurados (6). O Chefe de Departamento montou uma planilha no Excel, que foi alimentada durante o período de um mês. Todo o final do turno o operador tinha reservado 20 minutos do seu tempo, contabilizado como tempo de parada programado para digitação dos dados referentes à produção do seu turno e cálculo de OEE. Para o tempo foi utilizada a medida padrão minutos e, para quantidade, unidades unitárias.

5 190 Tabela 1. Modelo da planilha de Excel utilizada para compor os dados coletados CÁLCULO DE OEE - LINHA DE ENVASE DE CAFÉ VÁCUO ALMOFADA Disponibilidade 86,50 % Disponibilidade 85,71 % Tempo Disponível 200 Tempo Disponível 350 Tempo Total Turno 495 Tempo Total Turno 495 Tempo de Paradas Programadas 295 Tempo de Paradas Programadas 145 Tempo de Paradas Não Programadas 27 Tempo de Paradas Não Programadas 50 Tempo Produzindo 173 Tempo Produzindo 300 Performance 95,21 % Performance 95,83 % Quantidade Produzida 2800 Quantidade Produzida Quantidade Deveria Produzir 2941 Quantidade Deveria Produzir Qualidade 95,18 % Qualidade 98,51 % Quantidade que perdeu Vácuo 135 Quantidade estourados 171 OEE 78,38 % OEE 80,92 %

6 Resultados Linha Almofada Na avaliação dos valores obtidos para o OEE na linha de café Almofada observamos que, dos 23 dias possíveis trabalhados, temos 17 medições de Eficiência Global (OEE), obtendo o número de 65,33% como número médio mensal. A quantidade a ser produzida é solicitada pelo Departamento de Planejamento e Controle de Produção (PCP). Em análise em conjunto com os operadores, o principal problema apontado foi Manutenção Corretiva Operacional, como o desgaste das correias da parte de envase da máquina. A partir dessa avaliação, estudos já foram direcionados por parte da equipe de pesquisa e desenvolvimento de produtos em conjunto com a área de produção para utilização de uma nova correia em substituição às que são utilizadas, com composição diferente e maior resistência, por exemplo, evitando assim maiores paradas e perda de tempo na área produtiva. Assim, dos três indicadores, a Performance foi a que apresentou menor valor percentual, justificado pelas unidades não produzidas. Segue a seguir o gráfico representativo dos valores medidos da % OEE na linha de café almofada. % OEE ALMOFADA % OEE Número de marcações % OEE Figura 1. Eficiência Global do Equipamento de envase de café almofada

7 Resultados Linha Vácuo Para o café envasado em embalagem à vácuo, obtivemos 15 marcações, para 23 dias possíveis e disponíveis de trabalho sendo a programação feita pelo PCP. O valor médio para o OEE foi de 72,10%. Através do relatório mensal gerado pelo sistema interno (é alimentado com informações diárias pelos operadores, como informe do total produzido, tempo total parado e perdas do sistema), foi possível estratificar os maiores problemas encontrados no mês e realizar comparações com o valor obtido do OEE. O que foi percebido para essa linha de produção foram sucessivos valores baixos para o indicador Disponibilidade, o que afetou negativamente o valor final da Eficiência Global do Equipamento. Em análise dos tipos de paradas não programadas que foram geradas neste mês, foi identificado a parada para desembuchar a rosca de alimentação da máquina de envase. Assim, foram chamados os técnicos da empresa fornecedora dos equipamentos de estocagem de café moído e observado que havia um erro no projeto da planta no dimensionamento do redutor o qual foi trocado. % OEE VÁCUO % OEE Número de marcações % OEE Gráfico 2. Eficiência Global do Equipamento de envase de café à vácuo

8 193 Conforme Nakajima (2), um OEE de 85% deve ser buscado pelas empresas como meta ideal para os equipamentos e para isso é necessário que seus índices sejam de: 90% para disponibilidade; 95% para performance e 99% para qualidade. Baseado nessa afirmação, podemos verificar que os resultados encontrados em nosso trabalho ficaram abaixo desse valor, considerando a média final. Porém, obtivemos esse resultado em alguns dias, o que nos permite destacar que ações constantes de melhoria contínua e correção de procedimentos permitirão aumentar os valores médios de OEE. Também vale ressaltar que não é fácil obter 85 % de OEE, já que isso implica em uma gestão muito apurada do ambiente de trabalho, envolvendo a máquina, linha de produção, equipe treinada e capacitada, além da necessidade de disponibilidade de ferramentas adequadas para execução das atividades. Também é pertinente a avaliação de que as medidas de melhorias tomadas não exigirão grandes investimentos, outro ponto de ganho com essa medição. 4 CONCLUSÃO A partir do presente estudo pode ser concluído que todo o processo de implantação e cálculo de OEE foi atingido e obteve bons resultados. Através da estratificação dos parâmetros avaliados para chegar ao cálculo final da % OEE, foi possível identificar baixos índices de performance para a linha de café almofada e baixos índices de disponibilidade para a linha de café à vácuo. Medidas contínuas no processo de avaliação dos resultados podem contribuir para o aumento do índice de Eficiência Global do Equipamento e esse índice, indiretamente, atua nas tomadas de decisões contribuindo para o controle e gestão da fábrica. De acordo com o objetivo proposto foi possível mensurar e implementar o cálculo de OEE na unidade de produção industrial. Todo o processo de capacitação e prática do cálculo foi acompanhado pelos colaboradores da planta que avaliaram esse trabalho como positivo. Também fica como sugestão a continuidade de aplicação desta ferramenta nas demais linhas da unidade.

9 194 5 AGRADECIMENTOS À Unidade de Torrefação e Moagem de Café em questão, incluindo os funcionários e colaboradores que auxiliaram na coleta dos dados. REFERÊNCIAS (1) JUNIOR, Eudes Luiz Costa. Gestão em Processo Produtivo. Curitiba: IBPEX, (2) NAKAJIMA, Seiichi. Introdução ao TPM total productive maintenance. São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos Ltda., (3) ANTUNES, Junico, et al. Sistema de Produção: conceitos e práticas para projeto e gestão de produção enxuta. Porto Alegre: BOOKMAN, (4) VICENTE, Jesus. O Tom da Cronoanálise : tempo, organização & métodos. CLUBE DE AUTORES, Subtítulo: Implementação de OEE em uma Unidade de Torrefação e Moagem de Café (5) HANSEN, Robert Christian. Eficiência Global dos Equipamentos uma poderosa ferramenta de produção/manutenção para o aumento dos lucros. Porto Alegre, Bookman, (6) WERKEMA, Cristina. Lean Seis Sigmas: introdução às ferramentas do lean manufacturing. Rio de Janeiro:ELSEVIER, Enviado: 14/07/2016 Aceito: 14/08/2016 Publicado: 09/2016