PROGRAMA OPERACIONAL REGIONAL DO ALENTEJO
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- Therezinha Juliana Henriques Bergmann
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1 PROGRAMA OPERACIONAL REGIONAL DO ALENTEJO Eixo Prioritário IV DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DA ZONA DO ALQUEVA PEDIZA II MEDIDA 4 DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA E RURAL ACÇÃO 2 DINAMIZAÇÃO DO NOVO MODELO AGRÍCOLA ASSOCIADO AO EFMA SUBACÇÃO 2.2 EXPERIMENTAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO DE NOVAS PRÁTICAS CULTURAIS RELACIONADAS COM O REGADIO PROJECTO nº Avaliação da produção de azeitona e da qualidade do azeite da cultivar Cobrançosa sujeita à aplicação de azoto e de potássio através da água de rega RELATÓRIO FINAL Janeiro de 2007 a Outubro de 2008 Responsável: Maria da Encarnação Ferreira Marcelo Investigadora Auxiliar do Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P. LISBOA, Dezembro 2008 INRB, I.P. Instituto Nacional dos recursos Biológicos, I.P. DRAP Alentejo Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo
2 ÍNDICE PARTE I E QUADRAME TO GERAL I TRODUÇÃO OBJECTIVOS DO PROJECTO DURAÇÃO DO PROJECTO I STITUIÇÕES PARTICIPA TES E EQUIPA DO PROJECTO ACTIVIDADES DESE VOLVIDAS REU IÕES DA EQUIPA DO PROJECTO DIVULGAÇÃO DO PROJECTO E DOS RESULTADOS OBTIDOS PARTICIPAÇÃO EM E CO TROS TÉC ICO-CIE TÍFICOS E EM ACÇÕES DE FORMAÇÃO 11 PARTE II APRESE TAÇÃO DE MÉTODOS E RESULTADOS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PARCELA EXPERIME TAL DISPOSITIVO EXPERIME TAL REGA SISTEMA DE REGA GESTÃO DA REGA MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE REGA E QUALIDADE DA ÁGUA DE REGA FERTIRREGA COM AZOTO COM POTÁSSIO ADUBAÇÃO COM OUTROS UTRIE TES PRI CIPAIS RESULTADOS OBTIDOS EFEITO DA FERTIRREGA NA PRODUÇÃO DE AZEITONA EFEITO DA FERTIRREGA NO RENDIMENTO EM AZEITE EFEITO DA FERTIRREGA NAS CARACTERÍSTICAS DO AZEITE EFEITO DA FERTIRREGA NO TEOR DE NITRATOS DO SOLO AFERIÇÃO DOS TEORES FOLIARES DE REFERÊNCIA EM SITUAÇÃO DE FERTIRREGA EXECUÇÃO FI A CEIRA OTAS FI AIS E CO CLUSÕES A EXOS A EXO I - Croquis do ensaio A EXO II - Resultados da análise das amostras de terras colhidas em Março de 2007 A EXO III - Boletim de análise das amostras de água de rega e Boletins de análise dos adubos: Solução azotada 32 e Sulfato de potássio A EXO IV - Resultados da análise das amostras de folhas colhidas no repouso invernal e no endurecimento do caroço A EXO V - Folhetos de divulgação das Sessões Técnicas, Folhas Informativas e Painel apresentado ao VI International Symposium on Olive Growing
3 PARTE I ENQUADRAMENTO GERAL
4 1. INTRODUÇÃO O olival nacional ocupa uma área que ultrapassa os hectares e caracteriza-se por ser dominantemente de sequeiro, representando os olivais de regadio cerca de 15% do total (INGA, 2004/05) 1. A rega do olival, utilizando dotações de água e épocas de aplicação adequadas, pode contribuir para o aumento da quantidade de azeitona produzida, com benefícios económicos e sociais para os agricultores. A utilização de sistemas de rega localizada permite a aplicação de fertilizantes através da água e, assim, colocar à disposição das oliveiras os nutrientes necessários nas épocas de maior consumo, de modo a obter boas produções, em quantidade e qualidade, e a garantir a preservação do ambiente. Actualmente, é cada vez mais frequente a aplicação de fertilizantes através da água de rega, sobretudo nos olivais jovens, mas, na maioria dos casos, essa fertilização é efectuada de forma empírica. Torna-se, pois, necessário estabelecer quais os nutrientes e os níveis mais adequados a utilizar em fertirrega para as nossas condições pedoclimáticas e variedades cultivadas. 2. OBJECTIVOS DO PROJECTO Os objectivos principais que se pretendiam atingir com o presente projecto eram os seguintes: 1 - Estudar o efeito da aplicação de azoto e de potássio através da água de rega na produção de azeitona - cultivar Cobrançosa, bem como nas características do azeite; 2 - Avaliar o impacto da adubação veiculada através da água de rega sobre o teor de nitratos do solo; 3 - Estabelecer os níveis de adubação azotada e potássica mais adequados em fertirrega; 4 - Aferir os valores de referência para macro e micronutrientes, existentes no nosso país, para interpretação dos resultados da análise foliar dos olivais fertirregados. Para atingir tais objectivos foi instalado um ensaio de fertirrega num olival da cultivar Cobrançosa da Herdade dos Lameirões - Polo Experimental do COTR - propriedade da DRAPAL, que se situa na freguesia de Safara, concelho de Moura. 1 INGA, 2004/05. Anuário da campanha 2004/05. Principais ajudas directas. 2
5 3. DURAÇÃO DO PROJECTO Data de início - 1 de Janeiro de 2007 Data de conclusão - 17 de Outubro de 2008 No processo de candidatura (reformulado) propunha-se que o projecto tivesse início a 1 de Julho de Tendo sido aprovado mais tarde, a 14 de Setembro de 2006, e tendo existido alguns atrasos burocráticos, só foi possível principiar a execução financeira do presente projecto a partir de 1 de Janeiro de Embora estivesse inicialmente previsto o projecto terminar a 31 de Março de 2008, foram autorizados os pedidos de prorrogação da data da sua conclusão, de modo que esta ocorreu a 17 de Outubro de INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES e EQUIPA DO PROJECTO As instituições e os técnicos que participaram no presente projecto foram os seguintes: INRB, IP / L-INIA / ex-laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva (ex-lqars) - Maria da Encarnação Ferreira Marcelo - Maria Luísa Saraiva Duarte - Pedro Manuel Barbosa Vasconcelos Jordão - Maria Ângela Fernandez dos Santos Vicente - Francisco dos Santos INRB, IP / L-INIA / ex-estação Nacional de Melhoramento de Plantas - Departamento de Olivicultura (ex-enmp/do) - Cidália de Fátima Louro Morgado Peres - Maria Leonilde Ferreira M. Calado dos Santos - Fernanda Borrego N. Rodrigues Quintans - Alberto Pinto R. Pereira de Miranda Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) - Isaurindo Manuel Biléu de Oliveira - Luís Miguel Leal Boteta - Paula Manuel Hilário Brás - Cristina Maria Soeiro Guerreiro - Marta Sanches Bento Varela - João Pedro Batista Infante (bolseiro) 3
6 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo (DRAPAL) - Isaías Manuel Abrantes Piçarra - Mário Celestino Canaverde Figueira Houve uma participação empenhada dos técnicos nas actividades desenvolvidas, como previsto na candidatura apresentada. Registou-se, contudo, a redução do número de técnicos envolvidos, uma vez que no decurso de 2007 se aposentaram a Drª Maria Luísa Saraiva Duarte e a Engª Maria Angela Fernandez dos Santos Vicente, ambas do LQARS. Em Abril de 2007 foi contratado pelo COTR um bolseiro (João P. B. Infante) que ficou afecto ao presente projecto a tempo inteiro. Participou activamente nas actividades de campo, assegurando a condução da rega e a aplicação de fertilizantes nos talhões experimentais; colaborou, ainda, na colheita de amostras de terra, de material vegetal e de águas de rega, no controlo da produção e na colheita de amostras de azeitona para análise. Para além dos técnicos referidos, a realização das tarefas programadas só foi possível com o envolvimento de outras pessoas que não constam na lista atrás indicada, nomeadamente os técnicos de laboratório, em particular a Engª Cristina Pintado que foi responsável pela execução das análises dos azeites obtidos em 2007 e pela compilação dos respectivos resultados, o responsável pela Herdade dos Lameirões, Engº Francisco Borges e a Chefe de Divisão de Produção Agrícola e Pescas da DRAPAL, Engª Clara Roque do Vale. 5. ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS A realização das actividades previstas neste projecto envolveram trabalho de campo, de laboratório e de gabinete. As acções de campo tiveram lugar numa parcela experimental da Herdade dos Lameirões, como atrás indicado, enquanto que as análises físicas e químicas do material terroso e vegetal, das águas de rega e dos fertilizantes usados foram efectuadas no ex-lqars. As análises relativas à azeitona e ao azeite foram realizadas na ex-enmp/do. As acções conducentes à instalação do presente ensaio de fertirrega tiveram início ainda em 2005, tendo-se prosseguido com algumas actividades em Só deste modo foi possível levar a cabo todo o trabalho experimental desenvolvido em 2007, já na vigência do presente projecto. Em 2008 prosseguiram todas as acções previstas e foram ainda realizadas algumas actividades para além do período de vigência do projecto, nomeadamente a colheita de terras e o controlo da produção de azeitona. Só o empenhamento dos membros da equipa do projecto e o apoio das instituições a que pertencem permitiram levar a cabo estas operações não 4
7 orçamentadas. As análises das terras e dos azeites, ainda não concluídas, ficarão a cargo do ex-lqars e da ex-enmp/do. As actividades desenvolvidas foram as que a seguir se discriminam: I - Selecção das oliveiras da cultivar Cobrançosa da parcela experimental; II - Marcação, de forma permanente, das árvores sobre as quais incidiram todas as observações (Anexo I); III - Colheita de amostras de terra às profundidades de 0-20 cm e cm na zona da entrelinha das árvores da parcela experimental e à profundidade de 0-30 cm na zona dos gotejadores, bem como colheita de amostras de folhas antes do estabelecimento do ensaio; IV - Definição dos níveis dos nutrientes experimentais (azoto e potássio) aplicados (Quadro 1) e da sua distribuição ao longo do ciclo; V - Ajuste e teste do sistema de fertirrega já existente na parcela experimental e sua adaptação para possibilitar a aplicação, de forma independente, das diferentes modalidades de fertilização preconizadas; VI - Elaboração do protocolo do ensaio; VII - Colheita de amostras de terra às profundidades de 0-20 cm, cm e cm de profundidade na zona dos gotejadores, em todos os talhões experimentais, em 2007, antes do início da rega (Março) e após o seu final (Novembro), num total de 162 amostras (Fig. 1); Em finais de Outubro de 2008, após o término da adubação, efectuou-se a colheita de Fig. 1 Colheita de amostras de terra amostras de terra às profundidades de 0-20 cm, cm, cm e cm de profundidade na zona dos gotejadores, em todos os talhões experimentais, num total de 108 amostras, para posterior análise química. VIII - Colheita de amostras de água de rega: três em 2007 e duas em 2008; IX - Colheita anual de amostras de folhas em dois períodos, no repouso invernal (Janeiro) e no endurecimento do caroço (Julho), incidindo sobre todas as árvores marcadas (Fig. 2), num total de Fig. 2 Colheita de amostras de folhas 5
8 216 amostras em 2007 e igual número em 2008; X - Análise físico-química das terras: nas amostras colhidas no início do estudo foram efectuadas as determinações da análise granulométrica, matéria orgânica, ph (H 2 O), fósforo, potássio e magnésio extraíveis, bases de troca e capacidade de troca catiónica, ferro, manganês, zinco, cobre e boro extraíveis, calcário total, calcário activo e condutividade eléctrica; nas amostras de terra colhidas em Março de 2007 foram determinados, para além dos parâmetros atrás indicados, os cloretos, o sódio extraível, o azoto total, o azoto nítrico e o azoto amoniacal (Anexo II). Nas terras colhidas em Novembro de 2007 determinaram-se os seguintes parâmetros: matéria orgânica, ph (H 2 O), fósforo, potássio e magnésio extraíveis, azoto total, azoto nítrico e condutividade eléctrica; XI - Análise química da água de rega: determinação do ph, condutividade eléctrica, cálcio, magnésio, sódio, potássio, fósforo, boro, cloretos, carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, sólidos em suspensão, ferro, manganês, nitratos, índice de saturação e razão de adsorção de sódio ajustada (Anexo III); XII - Análise dos fertilizantes utilizados: a solução azotada 32 N (azoto amoniacal, azoto nítrico e azoto ureico e o sulfato de potássio (potássio e enxofre) em Em 2008 foi analisada apenas a solução azotada porque houve necessidade de adquirir novo lote (Anexo III); XIII - Análise química das folhas: determinação do azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, sódio, ferro, manganês, zinco, cobre e boro (Anexo IV); XIV - Colocação de sensores no solo às profundidades de 25, 45 e 65 cm, na zona do bolbo humedecido; monitorização do teor de água no solo, registado em contínuo com uma periodicidade horária (na época de rega), e definição da dotação da água de rega e do intervalo entre regas (Fig. 3); a b Fig. 3 Unidade de armazenamento das leituras (a) dos sensores (b) colocados no solo 6
9 XV - Manutenção do sistema de rega; XVI - Aplicação na água de rega, de forma individual, dos níveis de fertilizantes estabelecidos para os diferentes talhões experimentais entre Março e Outubro de 2007 e de 2008 (Fig. 4); a b Fig. 4 Dispositivo para fertirrega (a) e aplicação individualizada dos adubos (b) XVII - Medição periódica da condutividade eléctrica e do valor do ph da solução fertilizante à saída dos gotejadores aquando a aplicação dos adubos; XVIII - Acompanhamento das restantes práticas culturais, nomeadamente a realização de tratamentos fitossanitários e a adubação com boro; XIX - Colheita da azeitona com vibrador de tronco e avaliação da produção das árvores úteis dos diferentes talhões experimentais, com balança tipo dinamómetro, em Dezembro de No início de Novembro de 2008 avaliou-se, igualmente, a produção de azeitona por árvore, tendo a colheita sido realizada com Pentes Pellenc (Fig. 5). a b c Fig. 5 Colheita da azeitona com vibrador de tronco (a), com pentes (b) e avaliação da produção (c) 7
10 XX - Colheita de uma amostra de azeitona por talhão experimental em 2007 e 2008, para extracção de azeite e sua caracterização (Fig. 6); XXI - Transporte das amostras de azeitona para a ex- ENMP/Departamento de Olivicultura; XXII - Determinação dos teores de humidade e de gordura da azeitona e extracção do azeite. Em 2007 efectuou-se a Fig. 6 Amostra de azeitona avaliação dos seguintes parâmetros de qualidade do azeite: acidez, índice de peróxidos, absorvâncias no ultravioleta a 232 e 270 nm e Delta K, estabilidade oxidativa, compostos fenólicos totais, esteróis totais e fracção esterólica, características da cor e pigmentos clorofilinos; avaliou-se, ainda, a composição em ácidos gordos e efectuou-se a análise sensorial dos azeites; XXIII - Introdução dos dados obtidos em folha de cálculo e tratamento estatístico de grande parte desses dados. Durante o período experimental foram analisadas 869 amostras e efectuadas determinações, distribuídas pelos seguintes materiais: Nº amostras Nº determin. Nº amostras Nº determin. Terras Adubos 3 8 Folhas Azeitonas Águas de rega 5 90 Azeites Os métodos analíticos utilizados na determinação dos diferentes parâmetros foram os que se encontram em uso no ex-lqars (terras, folhas, águas e adubos) e na ex-enmp/do (azeitonas e azeites). 6. REUNIÕES DA EQUIPA DO PROJECTO A 20 de Abril de 2007 realizou-se nas instalações do ex-lqars, em Lisboa, a primeira reunião com a equipa do projecto. Nesta reunião foi feito o ponto da situação em relação às actividades já desenvolvidas, programaram-se outras acções, nomeadamente a realização de uma sessão para divulgação do projecto, e esclareceram-se assuntos relacionados com aspectos burocráticos e financeiros. A segunda reunião teve lugar a 2 de Outubro de 2007 na Herdade dos Lameirões, em Safara. Programaram-se algumas actividades como a colheita de amostras de terra no final da 8
11 rega, a colheita da azeitona e a amostragem dos frutos para análise. Acertaram-se, ainda, aspectos relativos à transferência de verbas. A 7 de Fevereiro de 2008, na Herdade dos Lameirões, realizou-se uma terceira reunião, na qual se programaram as actividades até ao final do projecto, tais como a análise dos azeites obtidos em 2007, a fertilização, a colheita de folhas, de águas de rega e de terras e, ainda, a necessidade de avaliar a produção de azeitona em 2008, apesar de o projecto terminar antes da data da colheita. Abordou-se, ainda, a forma de divulgar os resultados obtidos no âmbito do projecto, tendo-se decidido pela realização de uma Sessão Técnica nas instalações do COTR, bem como pela preparação de uma Folha Informativa para distribuição e pela elaboração de um trabalho a apresentar ao VI International Symposium on Olive Growing. Na reunião de 22 de Abril de 2008, realizada também na Herdade dos Lameirões, abordaram-se, essencialmente, questões relacionadas com as verbas disponíveis e a receber, bem como com o programa da Sessão Técnica a realizar em Junho de Nas reuniões referidas, a maioria dos técnicos da equipa do projecto compareceu, estando representadas as instituições envolvidas. Nas deslocações à parcela experimental e noutros encontros informais também se efectuava uma avaliação do andamento do projecto. 7. DIVULGAÇÃO DO PROJECTO E DOS RESULTADOS OBTIDOS SESSÃO TÉCNICA DE DIVULGAÇÃO DO PROJECTO A divulgação do projecto e dos seus objectivos realizou-se nas instalações do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), na Quinta da Saúde em Beja, a 5 de Julho de 2007, numa Sessão Técnica sob o tema Gestão da Rega e da Fertilização no Olival. Esta sessão foi dirigida a técnicos e olivicultores, tendo estado presente mais de oitenta participantes (Fig. 7). Nesta sessão foram, ainda, apresentados por elementos da equipa do projecto e técnicos convidados, através de comunicações orais, outros temas relacionados com o olival. Preparou-se uma Folha Informativa com a descrição do projecto (Anexo V) que foi distribuída pelos presentes e que pode ser consultada no sítio 9
12 Fig. 7 - Sessão de divulgação do projecto (Julho de 2007) SESSÃO TÉCNICA DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJECTO Também nas instalações do COTR, teve lugar a 26 de Junho de 2008 uma segunda Sessão Técnica intitulada Fertirrega em Olivicultura que permitiu apresentar alguns resultados obtidos no âmbito do projecto, para além de ter sido divulgada informação sobre a prática racional da rega e da fertilização do olival e, ainda, sobre a qualidade do azeite. Nesta sessão estiveram presentes próximo das seis dezenas de técnicos e olivicultores. Elaborou-se uma segunda Folha Informativa com a descrição do projecto e com alguns resultados disponíveis (Anexo V), que foi distribuída pelos participantes da Sessão e pode ser consultada no sítio Os títulos das comunicações orais apresentadas em ambas as Sessões Técnicas constam dos respectivos Folhetos de divulgação (Anexo V). VI INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON OLIVE GROWING Neste Simpósio Internacional sobre Olivicultura, que decorreu em Évora entre 7 e 13 de Setembro de 2008, foram igualmente divulgados alguns resultados obtidos no âmbito do presente projecto, tendo sido apresentado um trabalho, sob a forma de painel, intitulado Effect of nitrogen and potassium fertigation on yield and olive oil quality of Olea europaea L. Cobrançosa. No Anexo V junta-se uma cópia do painel (em tamanho A4). 10
13 8. PARTICIPAÇÃO EM ENCONTROS TÉCNICO-CIENTÍFICOS E EM ACÇÕES DE FORMAÇÃO Com o apoio do projecto foi possível a participação de elementos da equipa em acções que serviram para a sua valorização profissional e, no caso do Simpósio Internacional sobre Olivicultura, também para a divulgação de alguns resultados do projecto. Curso sobre Rega e Fertilização do Olival, em Beja, de 10 a 14 de Março de Mário Celestino Canaverde Figueira (DRAPAL) VI International Symposium on Mineral Nutrition of Fruit Crops, em Faro, de 19 a 23 de Maio de Maria da Encarnação Ferreira Marcelo (ex-lqars) - Pedro Manuel Barbosa Vasconcelos Jordão (ex-lqars) III Congresso Ibérico da Ciência do Solo, em Évora, de 1 a 4 de Julho de Marta Sanches Bento Varela (COTR) VI International Symposium on Olive Growing, em Évora, de 1 a 4 de Julho de Maria da Encarnação Ferreira Marcelo (ex-lqars) - Pedro Manuel Barbosa Vasconcelos Jordão (ex-lqars) - Cidália de Fátima Louro Morgado Peres (ex-enmp/do) - Maria Leonilde F. M. Calado dos Santos (ex-enmp/do) - Luís Miguel Leal Boteta (COTR) 11
14 PARTE II APRESENTAÇÃO DE MÉTODOS E RESULTADOS
15 9. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PARCELA EXPERIMENTAL O olival onde decorreu o ensaio de fertirrega encontra-se instalado na Herdade dos Lameirões, que se localiza na freguesia de Safara, concelho de Moura. A parcela denomina-se Olival Intermédio e é constituída por oliveiras das cultivares Azeiteira, Cobrançosa e Picual. A cultivar contemplada neste ensaio é a Cobrançosa, plantada em pé-franco. O olival foi plantado em 1990 com o compasso de 3,5 m x 7,0 m, o que corresponde a uma densidade de 408 árvores por hectare. Segundo os resultados de amostras de terra colhidas em 2005, às profundidades de 0-20 cm e cm na zona da entrelinha e a 0-30 cm, na zona dos gotejadores, trata-se de solos com textura franca, franco-argilosa e argilosa, com teores de carbonatos variável, com um valor médio de ph(h 2 O) de 8,2, com teores baixos a médios de matéria orgânica, médios a altos de fósforo extraível e muito altos de potássio e de magnésio extraíveis. A capacidade de troca catiónica é média a alta, bem como os teores de potássio de troca, e o grau de saturação em bases é 100%. Os teores de boro extraível são baixos ou médios, os de manganês são muito altos, os de zinco são dominantemente baixos e os de cobre encontram-se na classe de fertilidade média, segundo a classificação do LQARS (2006) DISPOSITIVO EXPERIMENTAL O presente ensaio foi delineado com três repetições completamente casualizadas (I, II e III), contemplando nove tratamentos experimentais (T1 a T9). Trata-se de um ensaio do tipo factorial completo, constituído por três níveis de azoto e três níveis de potássio (Quadro 1). Cada talhão é constituído por seis oliveiras da cultivar Cobrançosa da mesma linha, sendo quatro consideradas úteis (árvores sobre as quais incidiram as observações). A separar as árvores úteis dos diferentes talhões localizados na mesma linha encontra-se, no mínimo, uma oliveira de bordadura. Nestas condições e com o compasso referido (3,5 m x 7,0 m), cada talhão de seis árvores ocupa uma área de 147 m 2 e a totalidade dos talhões ocupa cerca de 0,4 ha. Apresenta-se no Anexo I o croquis do ensaio. 2 LQARS (2006). Manual de Fertilização das Culturas. 2ª edição, INIAP, LQARS. Lisboa. 13
16 Quadro 1 - Quantidades de azoto e de potássio aplicadas anualmente Tratamento experimental Azoto Potássio kg/ha de N kg/ha de K 2 O T 1 N0K0 0 0 T 2 N0K T 3 N0K T 4 N1K T 5 N1K T 6 N1K T 7 N2K T 8 N2K T 9 N2K REGA SISTEMA DE REGA A rede de rega do olival, instalada no início de 2001, é constituída por uma rede primária de rega, que se inicia na estação de bombagem da Herdade dos Lameirões, situada junto da descarga de fundo de água da charca do olival, e uma rede secundária de rega que, partindo da primeira, permite abastecer os quatro sectores de rega definidos. O abastecimento dos quatro sectores de rega é assegurado por intermédio de hidrantes colocados nas extremidades dos mesmos, regando, de cada vez, dois sectores em simultâneo (dois turnos de rega). A rede terciária de rega é constituída por ramais porta-gotejadores DN 17 PN4 com gotejadores inseridos na linha, afastados entre si de 1,0 m. Os ramais porta-gotejadores encontram-se à superfície do solo e ligados à rede secundária, que está enterrada, por intermédio de ligadores. Esta rede foi dimensionada considerando gotejadores autocompensantes entre os 70 kpa e os 400 kpa para um caudal de 3,6 l/h. A automatização do sistema de rega é assegurada por intermédio de um programador instalado na estação de bombagem. O registo dos caudais e volumes aplicados por turno é efectuado por um sistema de telegestão que armazena toda a informação. De forma a poder proceder, em separado, à aplicação dos fertilizantes correspondentes às diferentes modalidades de fertilização preconizadas, através da água de rega, foi necessário modificar o sistema de rega ao nível das linhas terciárias, ou seja, das linhas emissoras. Deste modo, no ponto de ligação da rede secundária à terciária foi colocado um 14
17 troço de tubagem com tantas derivações quantos os talhões instalados na linha, para além da existente antes do ensaio instalado. A linha já existente foi substituída, na zona correspondente aos talhões experimentais, por um troço de tubagem com o mesmo diâmetro, mas sem qualquer emissor tubagem cega -, permitindo assim continuar a regar as árvores da linha que não fazem parte dos talhões experimentais. Do ponto de ligação da rede secundária até ao talhão experimental colocou-se um troço de tubo cego, seguido por uma linha de emissores com o mesmo comprimento do talhão. Atendendo ao número de talhões experimentais a ser fertilizados, colocaram-se 24 depósitos para solução fertilizante, com cerca de 5 litros de capacidade cada, na zona da ligação da rede secundária às linhas emissoras de cada um dos talhões experimentais, o que permitiu proceder à fertilização de cada talhão de uma forma independente. Foram adquiridos injectores do tipo proporcional, da marca Dosatron, em número suficiente para fazer a aplicação do adubo nos talhões em cada turno de rega. No final do primeiro turno de rega, e consequentemente terminada a fertilização dos talhões inseridos em dois sectores, os injectores eram transferidos para a zona do segundo turno e efectuada a fertilização dos restantes talhões experimentais durante a rega do mesmo GESTÃO DA REGA A condução da rega foi efectuada de forma a proporcionar ao olival condições de disponibilidade hídrica que permitissem manter a cultura em conforto hídrico. Para uma adequada gestão da rega, é extremamente importante identificar o momento oportuno de aplicação da água (quando regar) e a quantidade de água a aplicar (quanto regar). Para isso efectuou-se a monitorização do estado de humidade do solo através do método tensiométrico, tendo-se utilizado sensores de matriz granular (Watermark Mod. 200ss Irrometer Co). O potencial matricial da água no solo (ψs) foi registado em contínuo com uma periodicidade horária. Os sensores, como anteriormente referido, foram colocados às profundidades de 25, 45 e 65 cm, na zona do bolbo humedecido (Fig. 3). A estratégia de rega seguida foi de procurar manter a zona de maior absorção de água pelas raízes sempre acima de um potencial de -80 centibar, efectuando o menor número possível de regas semanais para diminuir as perdas por evaporação. Assim, o número de dias e horas de rega foram programados no início de cada semana, tendo em consideração toda a informação recolhida a partir dos equipamentos de monitorização da água no solo. 15
18 Nas Figs. 8 e 9 apresenta-se a evolução do potencial matricial da água no solo ao longo das campanhas de rega de 2007 e Fig. 8 - Evolução do potencial matricial da água no solo ao longo da campanha de rega de 2007 Em 2007, verificou-se que as tensões de água no solo se mantiveram dentro do intervalo pré-definido, excepto em poucas situações em que os valores foram inferiores a -80 cbar, mas rapidamente a humidade no solo recuperou para níveis que permitem à cultura um estado de conforto hídrico. Fig. 9 - Evolução do potencial matricial da água no solo ao longo da campanha de rega de 2008 Na campanha de 2008, observou-se que no final do mês de Julho houve um aumento das tensões de água no solo na profundidade de 65 cm. No entanto, os teores de humidade nas camadas mais superficiais mantiveram-se numa zona de boa disponibilidade de água no solo para o normal desenvolvimento da cultura. 16
19 Analisando os dois anos de monitorização da humidade no solo, conclui-se que as regas foram, de um modo geral, bem preconizadas e realizadas, dado que as tensões de água no solo variaram entre 0 e -80 cbar, isto é, na faixa da variação mais adequada. As árvores de todos os tratamentos experimentais foram regadas de modo uniforme. Em 2007 foram aplicados 1912 m 3 de água por hectare, distribuídos entre Março e Dezembro (Fig. 10). Entre Março e Outubro aplicaram-se 1759 m 3 de água por hectare. A precipitação anual registada na Herdade dos Lameirões nesse ano foi de 334 mm. Adicionando a este valor a quantidade de água aplicada ao olival através da rega obtém-se um total de 525 mm (mm) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação Rega Total Fig. 10 Valores de precipitação e quantidade de água de rega aplicada em 2007 (mm) Entre Março e Outubro de 2008 aplicaram-se 1653 m 3 de água por hectare ao olival (Fig. 11). Neste ano ocorreu uma precipitação mais elevada nos primeiros cinco meses do ano relativamente a 2007, o que se traduziu por um ligeiro aumento no somatório total da precipitação ocorrida ao longo do ciclo vegetativo. Desde Janeiro até final de Outubro registouse uma precipitação de 341 mm, tendo o olival beneficiado neste período de um total de 507 mm de água. 17
20 (mm) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Prec ipitação Rega Total Fig. 11 Valores de precipitação e quantidade de água de rega aplicada entre Janeiro e Outubro de 2008 (mm) MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE REGA E QUALIDADE DA ÁGUA DE REGA O entupimento dos gotejadores do sistema de rega localizada é um dos principais e mais delicados problemas que apresenta este tipo sistema de rega (gota-a-gota), provocando uma diminuição do caudal dos emissores. No que respeita à qualidade da água para rega na Herdade dos Lameirões, verificou-se que existe um grande potencial de entupimento devido à presença de sólidos em suspensão, que foram identificados como sendo partículas de matéria orgânica, e ao risco de formação de precipitados relacionado com o elevado teor de bicarbonatos e o índice de saturação positivo (Anexo III). Os teores de cloretos e de manganês estiveram altos apenas numa das cinco colheitas de água e a condutividade eléctrica apresentou, em duas delas, um valor igual ao limite inferior do intervalo que não causa problemas. Os restantes parâmetros analisados não apresentaram qualquer nível de restrição (Anexo III). Assim, durante a vigência do projecto foi elaborado o seguinte plano de manutenção do sistema de rega: - No início da campanha de rega foram percorridos todas as linhas para verificar se não existiam roturas dos laterais de rega; - No início, na fase intermédia e no final de cada campanha de rega foi injectada uma solução de ácido fosfórico e, posteriormente, foram abertos todos os finais de linha e 18
21 descargas de fundo de forma a eliminar as partículas em suspensão e a limpar os emissores; - Foi controlado o estado dos filtros de areia e de anilhas, tendo sido substituídas sempre que aqueles fizessem retro-lavagens com muita frequência; - Acompanhou-se regularmente o estado dos comandos pneumáticos de abertura e fecho das válvulas de cada talhão experimental. 12. FERTIRREGA Devido à necessidade de proceder à fertilização de cada talhão de uma forma independente, a fertirrega foi efectuada manualmente e individualizada por talhão experimental. Os adubos azotados e potássicos foram aplicados durante o período da rega, sendo a solução (adubo+água) introduzida na linha correspondente a cada talhão experimental através do injector. A aplicação, quer do adubo azotado quer do adubo potássico, efectuou-se semanalmente durante o período previsto para fertilizar COM AZOTO As quantidades de azoto aplicadas anualmente foram as que se apresentam no Quadro 1 (0, 50 e 100 kg/ha de N). O adubo utilizado foi a solução azotada 32 N, respectivamente nas doses de 0, 156 e 312 kg/ha, o que corresponde a 0, 118 e 236 l/ha. Para facilitar a aplicação através do injector e diminuir a concentração da solução, o adubo azotado foi diluído em água numa proporção de 1 : 8 (1 ml de solução azotada 32 N : 8 ml de água). Esta diluição permitiu que a condutividade eléctrica da solução adubo + água à saída dos gotejadores tivesse sido inferior a 3 ds/m. A adubação diferenciada com o azoto teve início em finais de Março e prolongou-se até meados de Setembro. Entre o início-meados de Maio e o início de Julho, a dose de adubo azotado aplicada foi o dobro da usada no restante período. Deste modo, a maior proporção de azoto foi aplicada entre o início da floração e o período do endurecimento do caroço (Julho). No Quadro 2 apresenta-se a distribuição percentual da dose de azoto aplicada mensalmente ao longo do período em que se adubou com este nutriente em 2007 e
22 Quadro 2 - Distribuição mensal da dose de azoto em 2007 e 2008 (%) Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro , , COM POTÁSSIO As quantidades de potássio aplicadas anualmente foram 0, 50 e 100 kg/ha de K 2 O, (Quadro 1). O adubo utilizado foi o sulfato de potássio (51% de K 2 O) nas doses correspondentes a 0, 98 e 196 kg/ha. O sulfato de potássio, por se tratar de um adubo sólido, foi dissolvido em água antes da sua aplicação, de modo a que um litro da solução contivesse 85 g de sulfato de potássio. Perfez-se depois o volume até completar 2 litros. A condutividade eléctrica da solução adubo + água registada à saída dos gotejadores oscilou entre 1 e 3 ds/m. A adubação diferenciada com o potássio teve início em meados de Abril e prolongou-se até finais de Outubro, tanto em 2007 como em Entre finais de Agosto e meados de Outubro a dose de adubo potássio aplicada foi o dobro da usada no restante período. A maior quantidade deste nutriente foi, assim, fornecida a partir de Agosto. No Quadro 3 apresenta-se a distribuição percentual da dose de potássio aplicada mensalmente ao longo do período em que se adubou com este nutriente, quer em 2007 quer em Quadro 3 - Distribuição mensal da dose de potássio em 2007 e 2008 (%) Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro ADUBAÇÃO COM OUTROS NUTRIENTES Efectuou-se, anualmente, uma aplicação por via foliar com um adubo boratado doseando 18,5% de boro na concentração de 0,5 % (0,5 kg de adubo em 100 l de água), o que corresponde a cerca de 1 kg de boro por hectare. 20
23 14. PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS EFEITO DA FERTIRREGA NA PRODUÇÃO DE AZEITONA No primeiro ano (2007) e no segundo ano experimentais (2008), bem como no conjunto dos dois anos, não se observou um efeito médio significativo (p>0,05) da fertilização com azoto e com potássio através da água de rega na produção de azeitona. A produção média obtida em 2007 atingiu o valor de 10,7 toneladas por hectare, enquanto que em 2008 foi de 6,0 toneladas por hectare. Tanto em 2007 como no conjunto dos dois anos, a produção média mais elevada foi alcançada no tratamento experimental em que se aplicou 50 kg/ha de N e 100 kg/ha de K 2 O (N1K2). Contudo, este tratamento não diferiu significativamente (p>0,05) dos tratamentos experimentais menos produtivos, que foram N1K0 em 2007 e N2K2 no conjunto de 2007 e 2008 (Figs. 12 e 14). Em 2008, o tratamento experimental que mais produziu foi o que recebeu apenas 50 kg/ha de N (N1K0) (Fig. 13). Estes resultados foram obtidos considerando, na análise de variância, a produção do ano anterior (2006) como covariável Produção de azeitona (t/ha) ,3 11,1 11,4 11,5 10,3 9,8 10,3 10,5 10,5 N0K0 N0K1 N0K 2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Tratamento experimental Fig Produção média de azeitona obtida por tratamento experimental em
24 2008 Produção de azeitona (t/ha) ,9 6,5 7,0 7,4 6,0 5,5 5,0 4,3 4,5 N0K0 N0K1 N0K 2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Tratamento experimental Fig Produção média de azeitona obtida por tratamento experimental em Produção de azeitona (t/ha) ,1 8,4 8,4 8,8 9,5 7,9 7,6 8,2 7,5 N0K0 N0K1 N0K 2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Tratamento experimental Fig Produção média de azeitona obtida por tratamento experimental no conjunto dos dois anos EFEITO DA FERTIRREGA NO RENDIMENTO EM AZEITE Os teores de humidade e de gordura da azeitona não foram, igualmente, influenciados significativamente (p>0,05) pela fertilização realizada. Os valores médios e os respectivos desvios padrão foram os seguintes: Humidade (%) 41,4 (± 0,63) 22
25 Gordura (% matéria original) 21,4 (± 0,22) Gordura (% matéria seca) 36,6 (± 0,57) EFEITO DA FERTIRREGA NAS CARACTERÍSTICAS DO AZEITE Alguns parâmetros de qualidade A aplicação de azoto e de potássio através da água de rega não influenciou de forma significativa (p>0,05) os parâmetros de qualidade do azeite avaliados em 2007: acidez, índice de peróxidos, absorvâncias no ultravioleta a 232 e 270 nm e Delta K, estabilidade oxidativa, compostos fenólicos totais, esteróis totais e fracção esterólica, características da cor e pigmentos clorofilinos. Nos Quadros 2, 3 e 4 apresentam-se os valores médios e os desvios padrão de cada parâmetro. Quadro 4 - Valores médios da acidez, do índice de peróxidos, das absorvâncias no ultravioleta (K 232, K 270 e Delta K) e dos polifenóis totais dos azeites Acidez Índice de peróxidos Absorvâncias no ultravioleta Estabilidade oxidativa Polifenóis totais (% ác. oleico) (meq O 2 kg -1 ) K 232 K 270 Delta K (horas) (mg kg -1 ) Média 0,3 11,7 1,48 0,09-0,002 24,0 46,9 sm (±) 0,02 0,26 0,017 0,002 0,000 0,52 3,86 sm Desvio padrão da média Quadro 5 Valores médios dos esteróis totais, da composição em esteróis e do eritridiol + uvaol dos azeites Esteróis totais Brassicasterol Colesterol Campesterol Estigmasterol Betasitosterol Delta 5- avenosterol Delta 7- estigmasterol Eritrodiol + uvaol (mg kg -1 ) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) Média ,074 0,036 2,68 0,95 95,1 9,2 0,23 1,27 sm (±) 10,1 0,0030 0,0029 0,026 0,034 0,09 0,37 0,010 0,037 sm Desvio padrão da média 23
26 Quadro 6 Valores médios do total dos constituintes clorofilinos e das características de cor dos azeites Total constituintes clorofilinos Coordenada cromática Transparência Y Pureza Comprimento de onda dominante (mg kg -1 ) x y (%) (%) (nm) Média 25,4 0,49 0,49 64,1 95,4 577,6 sm (±) 1,74 0,002 0,001 0,84 0,78 0,02 sm Desvio padrão da média Composição em ácidos gordos No que diz respeito à composição do azeite em ácidos gordos, a fertirrega com azoto e potássio também não afectou de forma significativa (p>0,05) as percentagens dos ácidos gordos avaliados, com excepção do ácido araquídico. O teor deste ácido sofreu um aumento quando se aplicou azoto ao solo (N0 0,40%; N1 0,45%; N2 0,46%). Verificou-se, ainda, um efeito médio significativo (p>0,05) da interacção azoto x potássio na percentagem de isómeros transoleicos, tendo o valor mais elevado sido observado no tratamento experimental T5 (N1K1) e o mais baixo no tratamento T9 (N2K2). Quadro 7 Teores médios de ácidos gordos nos azeites (%) Mirístico Palmítico Palmitoleico Heptadecanóico Heptadecenóico Esteárico Oleico Linoleico C14:0 C16:0 C16:1 C17:0 C17:1 C18:0 C18:1 C18:2 Média 0,010 12,1 0,98 0,14 0,23 3,9 71,2 9,7 sm (±) 0,0026 0,09 0,015 0,002 0,003 0,04 0,39 0,28 Linolénico Araquídico Eicosenóico Beénico Linhocérico C18:3 C20:0 C20:1 C22:0 C24:0 Isómeros transoleicos Isómeros translinoleicos+ translinolénicos Média 0,92 0,44* 0,23 0,088 0,047 0,010** 0,011 sm (±) 0,011 0,008 0,003 0,0028 0,0016 0,0009 0,0003 * Efeito médio do azoto (p 0,01);** Efeito médio da interacção azoto x potássio (p 0,05); sm Desvio padrão da média Os valores dos diferentes parâmetros observados enquadram-se dentro da categoria de azeite virgem extra, de acordo com o Regulamento CE nº 1989/2003 da Comissão (CE, 2003) 3. É de referir, no entanto, que os resultados da análise sensorial dos azeites de todos os talhões 3 CE (2003). Regulamento (CE) nº 1989/2003 da Comissão, de 6 de Novembro de 2003, que altera o Regulamento (CEE) nº 2568/91, relativo às características dos azeites e dos óleos de bagaço de azeitona, bem como aos métodos de análise relacionados. Jornal Oficial da União Europeia, L 295:
27 experimentais sugerem a necessidade de melhorar o processo de extracção do azeite e, sobretudo, acautelar as condições de conservação dos frutos desde a colheita até à extracção do azeite EFEITO DA FERTIRREGA NO TEOR DE NITRATOS DO SOLO A adubação azotada, efectuada entre Março e Setembro de 2007, provocou um aumento nos teores de nitratos do solo nas profundidades de 20 a 40 cm e 40 a 60 cm. Esse efeito foi mais acentuado na última camada e quando se aplicou o nível mais elevado de azoto (100kg/ha de N) (Figs. 16, 17 e 18). Com a aplicação desta dose atingiram-se valores considerados elevados (superiores a 90 ppm de NO - 3 ) na camada mais profunda cm NO3 - (ppm) N0K0 N0K1 N0K2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Mar-07 Nov-07 Tratame nto experimental Fig Teores médios de nitratos no solo (NO 3 - ) por tratamento experimental antes do início da fertirrega (Março 2007) e após o seu término (Novembro 2007) na profundidade de 0 a 20 cm cm NO3 - (ppm) N0K0 N0K1 N0K2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Mar-07 Nov-07 Tratamento experimental Fig. 17 Teores médios de nitratos no solo (NO 3 - ) por tratamento experimental antes do início da fertirrega (Março 2007) e após o seu término (Novembro 2007) na profundidade de 20 a 40 cm 25
28 40-60 cm NO3 - (ppm) N0K0 N0K1 N0K2 N1K0 N1K1 N1K2 N2K0 N2K1 N2K2 Mar-07 Nov-07 Tratamento experimental Fig. 18 Teores médios de nitratos no solo (NO 3 - ) por tratamento experimental antes do início da fertirrega (Março 2007) e após o seu término (Novembro 2007) na profundidade de 40 a 60 cm AFERIÇÃO DOS TEORES FOLIARES DE REFERÊNCIA EM SITUAÇÃO DE FERTIRREGA O ajustamento de valores de referência que permitam uma melhor interpretação da análise foliar deve ser efectuado em condições representativas de cultivo da oliveira. Apresentam-se no Quadro 8 os valores de referência actualmente em uso no ex-lqars, os valores estabelecidos recentemente para a cultivar Cobrançosa nas regiões da Beira Litoral e Alentejo, sendo metade dos olivais estudados de regadio, bem como os valores calculados a partir dos dados do presente ensaio de fertirrega relativos a 2008 para as duas épocas de amostragem. Estes teores foliares foram obtidos na população de oliveiras mais produtivas do ensaio (25%), com quantidades de azeitona produzida que variaram entre 23,3 e 46,8 kg/árv, o que corresponde a 9,5 e 19,1 toneladas por hectare. Verifica-se que os teores de referência ora calculados se enquadram nos intervalos já estabelecidos para a cultivar Cobrançosa para as duas épocas e para a maioria dos nutrientes. Em relação aos valores em uso no ex-lqars, as principais diferenças situam-se ao nível do potássio e do boro, sendo os limites inferior e superior dos intervalos ora encontrados mais baixos do que os utilizados actualmente. No caso do cobre, os valores do intervalo são mais altos porque reflectem a aplicação de fungicidas que veiculam este nutriente. No que diz respeito ao estado nutricional do olival, observa-se que o potássio se encontra em situação de deficiência nalgumas árvores, ao contrário do que acontece com o azoto. Também o boro apresenta, nalguns casos, valores inferiores ao considerado adequado, o 26
29 mesmo acontecendo com o ferro no período de endurecimento do caroço. Os restantes nutrientes encontram-se dentro dos intervalos de suficiência (Anexo IV). Quadro 8 - Teores foliares de referência para olival e para a cultivar Cobrançosa, no repouso invernal e no endurecimento do endocarpo, para folhas colhidas no terço médio dos raminhos da Primavera anterior Nutriente* Valores de referência em uso no ex-lqars** cv. Cobrançosa*** (Beira Litoral e Alentejo) cv. Cobrançosa**** Ensaio de fertirrega Repouso Endurecim. Repouso Endurecim. Repouso Endurecim. invernal do caroço invernal do caroço invernal do caroço N 1,60-2,10 1,50-2,00 1,57-1,98 1,53-2,06 1,70-1,86 1,68-1,87 P 0,10-0,30 0,10-0,30 0,10-0,15 0,11-0,16 0,10-0,13 0,11-0,15 K 0,60-0,90 0,80-1,20 0,43-0,78 0,67-1,03 0,48-0,66 0,71-0,89 % Ca 1,00-2,50 0,70-2,00 1,08-2,18 1,12-2,02 1,96-2,53 1,24-1,57 Mg 0,10-0,30 0,08-0,30 0,08-0,21 0,09-0,20 0,16-0,22 0,13-0,16 S 0,15-0,30 0,15-0,30 0,16-0,24 0,17-0,23 0,15-0,18 0,15-0,18 Fe > 40 > mg kg -1 Mn Zn Cu B * Valores expressos na matéria seca a ºC; ** Fonte: LQARS (2006) *** n=162; produção de azeitona: 20,5 a 90,0 kg/árv **** n=27; produção de azeitona: 23,3 a 46,8 kg/árv 15. EXECUÇÃO FINANCEIRA No período em que decorreu o projecto, a taxa de execução financeira média foi de 92,0%. A morosidade na transferência de verbas para as entidades participantes, especialmente na fase inicial do projecto, associada às dificuldades orçamentais das instituições públicas, explicam os valores alcançados. Contudo, o empenhamento de todo o pessoal envolvido, bem como a prorrogação da data de conclusão do projecto e a possibilidade de transferência de algumas verbas entre rubricas de despesa e/ou entre instituições permitiram que o resultado final fosse bastante satisfatório. 27
30 Quadro 9 Orçamento do projecto (euros) e execução financeira (%) Instituição Investimento elegível aprovado Comparticipação do FEOGA Verba gasta Taxa de execução financeira LQARS , , ,74 87,7 COTR , , ,93 90,1 DRAPAL 4.920, , ,04 92,6 ENMP/DO , , ,28 99,1 Total , , ,99 92,0 16. NOTAS FINAIS E CONCLUSÕES O trabalho realizado ultrapassou o inicialmente previsto na medida em que com o apoio de todos os intervenientes foi, ainda, efectuada a colheita de amostras de terra no final da fertirrega de 2008, após a data de conclusão do projecto, o mesmo acontecendo em relação à avaliação da produção de azeitona desse ano. A análise dos azeites já se encontra em curso e a análise das terras será iniciada brevemente. Nas condições experimentais estudadas, as principais conclusões a extrair são as seguintes: - O efeito da aplicação de azoto e de potássio através da água de rega sobre a produção de azeitona não se fez sentir nos dois primeiros anos experimentais; - O rendimento em azeite, bem como os parâmetros de qualidade avaliados não se alteraram após um ano de fertirrega; - A composição em ácidos gordos também não se modificou, com excepção das percentagens de ácido araquídico e de isómeros transoleicos; - A aplicação de azoto através da água de rega em quantidades superiores a 50 kg/ha de N poderá conduzir a perdas apreciáveis deste nutriente, devido à sua lixiviação para as camadas mais profundas do solo, resultando num potencial efeito poluente dos lençóis freáticos e na sua não utilização pela cultura; - A aferição dos valores usados na interpretação da análise foliar sugere que o teores foliares já estabelecidos para a cultivar se adequam ao olival em estudo, carecendo os valores utilizados tradicionalmente de alguns ajustamentos. 28
31 É de extrema importância dar continuidade ao presente estudo para se poderem extrair conclusões mais consistentes, uma vez que a oliveira reage lentamente à maioria dos tratamentos a que é submetida, exigindo, portanto, um trabalho experimental duradouro. Lisboa, 12 de Dezembro de
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