PSE/FEM UNICAMP AGRNER Campinas 2010 Msc. Rodrigo Galbieri ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MECANIZAÇÃO DA LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR

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1 PSE/FEM UNICAMP AGRNER Campinas 2010 Msc. Rodrigo Galbieri ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MECANIZAÇÃO DA LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR

2 Objetivos Abordar as principais questões ambientais (queimadas x mecanização) e sociais (desempregos, migração, qualidade do trabalho) da expansão da mecanização da colheita de cana-de-açúcar no Brasil.

3 Introdução - Bioetanol Considerável crescimento da produção de canade-açúcar no Brasil nos últimos anos. motores flex-fuel solução perfeita para a crise energética e AG co-geração Em 2006, a área total ocupada pela cana-de-açúcar foi de 6 milhões de ha. O Estado de SP (58% da produção).

4 Introdução - Queimadas A degradação ambiental causada pelo setor sucroalcooleiro é enorme, sendo as QUEIMADAS uma das principais geradoras de impactos. Solo e na água Na flora e na fauna Saúde humana Com a mecanização as queimadas deixam de ser necessárias. Como cada colheitadeira realizada o trabalho de cerca de 80 a 100 trabalhadores, o número de empregos que serão perdidos com a mecanização é enorme, gerando inúmeros problemas sociais.

5 Aspectos Ambientais PROBLEMAS da colheita manual (COM FOGO): 1- Ao solo: altera as composições químicas, físicas e biológicas, prejudicando a ciclagem dos nutrientes. 2- Provocam um uso maior de agrotóxicos e herbicida. 3- Liberação de grandes concentrações de MP E CO.

6 Aspectos Ambientais 4- Como as queimadas são efetuadas na estiagem, não raro as vegetações limítrofes são atingidas. 5- No que concerne à fauna, as queimadas matam animais que vivem nos canaviais ou estão lá para se alimentarem ou reproduzirem.

7 Aspectos Ambientais Vantagens da colheita mecanizada (SEM FOGO): 1- Palha protege o solo contra o impacto direto das gotas de chuva (redução de cerca de 50% das perdas de solo e de água). 2- Parte considerável da palhada também pode ser usada para a geração de energia (CO-GERAÇÃO).

8 Aspectos Ambientais Desvantagens da colheita mecanizada: 1- Maior compactação do solo. 2- Alto investimento na aquisição de maquinário. 3- Menor comprimento da cana cortada. 4- Alguns problemas de manejo da cultura.

9 Aspectos sociais

10 Empregos A mecanização está ligada a tendência mundial e inexorável do uso de tecnologias de alta produtividade e menor impacto sobre a demanda de mão-de-obra não especializada e de baixa qualificação (maior parcela da mão-de-obra). Estima-se que, a partir de 2020, praticamente não exista mais corte manual de cana em SP. Entre 2006 e 2020, os empregos se reduzam de para trabalhadores, mesmo com a geração de mais de novos postos.

11 Aspectos sociais - Qualidade Vantagens sociais da mecanização: Aumento no nível de formalidade no emprego. Diminuição do trabalho infantil. Aumento do nível de escolaridade. Diminuição do uso de trabalhadores temporários. Eliminar a insalubridade existente nas frentes de trabalho rural e a Escravidão Contemporânea Mesmo com expressivas reduções na demanda de mão-de-obra, a produção de bioetanol necessita 38, 50 e 152 mais trabalhadores por unidade de energia do que a cadeia do carvão mineral, hidroeletricidade e petróleo, respectivamente.

12 Aspectos sociais - Migração A sozonalidade se reduz. Cidades dormitórios, onde os trabalhadores vivem em cortiços em déficits dos serviços básicos necessários (MUELLER, 1997), com altas taxas de mortalidade infantil devido à baixa disponibilidade de serviços de saneamento básico (SEROA DA MOTTA, 2002), aumentando os gastos com infraestrutura e serviços sociais (FOLADORI, 1999)

13 Conclusões A progressiva redução da colheita manual da cana deve ser vista como um avanço desejável e na direção de maior sustentabilidade nessa agroindústria, apesar de possuir evidentes efeitos deletérios no número total de empregos, há também uma melhora na qualidade nos novos empregos criados. Apresenta inúmeras vantagens ambientais e econômicas. É também uma forma de eliminar a insalubridade e problemas correlatos da migração de trabalhadores na época da colheita existentes, que do ponto de vista social, é inaceitável principalmente devido a jornadas de trabalho desumanas promovido por um sistema de pagamento por produção cruel e ultrapassado.

14 Referências Bibliográficas CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Bioetanol de cana-de-açúcar : energia para o desenvolvimento sustentável / organização BNDES e CGEE Rio de Janeiro, CMA Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis. O Brasil dos Agrocombustíveis: Cana - Impactos das Lavouras Sobre a Terra, o Meio e a Sociedade, DE SOUZA, Z., M.; PRADO, R., M. ; PAIXÃO, A., C., S.; CESARIN, L., G. Sistemas de colheita e manejo da palhada de cana-de-açúcar. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.40, n.3, p , mar FLORIANI, D. Conhecimento, meio ambiente & globalização. Curitiba: Juruá, 2004: FOLADORI, G. Sustentabilidad Ambiental y Contradicciones Sociais. Ambiente & Sociedade, Vol II, n. 5, 1999: HOGAN, D et al. Um breve Perfil Ambiental do Estado de São Paulo In: Hogan D; Cunha, J M P; Baeninger, R e Carmo, Roberto Luiz do (orgs). Migração e Ambiente em São Paulo. Aspectos relevantes da dinâmica recente. Campinas: NEPO/Unicamp, 2000: MULLER, C. Problemas ambientais de um estilo de desenvolvimento: a degradação da pobreza no Brasil. Revista Ambiente & Sociedade, ano 1, n 1, 2 semestre de SEROA DA MOTTA, R. Padrão de Consumo, distribuição de renda e meio ambiente no Brasil. Texto para Discussão Nº 856, IPEA, Rio de Janeiro, 2002 (disponível em: pdf). SCHAEFFER, R; SZKLO, A S; Pereira de Lucena, A F; Souza, R R de; Borba, B S M C; Costa, IV L da; Pereira Júnior, A e Cunha, S H F da. Climate Change: Energy Security, Final Report, PPE/COPPE/UFRJ, 2008 (disponível em SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000:

15 Minimização do Desemprego Incentivos por parte do Governo para que a adoção de colheitas mecânicas seja realizada gradualmente. Programa de qualificação e escolarização de jovens trabalhadores residentes nas regiões canavieiras. Geração de trabalho, renda, qualificação e reforma agrária nas regiões de expulsão de trabalhadores para o corte de cana. Adoção de tecnologias intermediárias com a Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac). (SZKLO E GELLER, 2006, apud SCHAEFFER et al, 2008).