A INTERFACE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE

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1 A INTERFACE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE Resumo SOUZA, Suyanne Tolentino PUCPR suyanne.souza@pucpr.br Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento O artigo traz uma reflexão sobre a transição paradigmática conservadora e a necessidade urgente de uma visão sistêmica na educação à distância. Com o advento das novas tecnologias da comunicação e da informação utilizadas na educação entende-se que o ensino nas universidades se encontra em descompasso com as características sociais e históricas apontadas pelo contexto de época atual. Este artigo surgiu a partir de uma pesquisa-ação realizada com envolvimento de 22 professores universitários participantes durante os encontros investigativos na disciplina de Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica. A partir das reflexões no grupo por meio das produções do conhecimento foi possível elaborar a proposta de como educar a distância numa perspectiva inovadora de educação para uma prática transformadora. O texto traz considerações sobre os paradigmas inovadores e conservadores e sua influência no processo educacional e na educação a distância. O objetivo proposto foi apresentar reflexões para EAD numa abordagem inovadora e mostrar novos desafios a serem enfrentados pelos professores para que ocorram significativas mudanças na prática docente. Diante das reflexões dos docentes foi possível verificar que a academia precisa aprimorar o processo de formação de professores de forma ousada e criativa. Há a necessidade de se repensar a prática pedagógica no ensino a distância e a busca por uma complexidade em sua práxis. Palavras-chave: Paradigma da Complexidade; Educação a Distância; Prática Pedagógica. Introdução O presente artigo relata o processo de investigação que ocorreu com 22 professores universitários de diferentes formações num processo de formação continuada realizado dentro do STRICTO SENSU. A metodologia da pesquisa seguiu um contrato pedagógico que descrevia os seguintes procedimentos: aula teórica expositiva dialogada, indicações bibliográficas, discussões reflexivas das bibliografias, pesquisas individuais e coletivas e finalizava com a produção do conhecimento. A disciplina permitiu que os docentes pudessem

2 4661 refletir sobre o papel do professor universitário dentro de novas perspectivas para educação nos dias atuais contemplando a educação à distância. Este artigo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa. Primeiramente foi importante entender que uma pesquisa- ação, conforme definição fornecida por Chizzotti (2006, p.59), qual seja, A pesquisa-ação se propõe a uma ação deliberada visando uma mudança no mundo real, comprometida com um campo restrito, englobado em um projeto mais geral e submetendo-se a uma disciplina para alcançar os efeitos do conhecimento. Com o advento das novas tecnologias da comunicação e da educação entende-se que o ensino nas universidades se encontra em descompasso com as características sociais e históricas apontadas pelo contexto de época atual. Trabalhar com as novas tecnologias para se obter um significado efetivo na educação envolve mais do que simplesmente lidar com elas ou utilizá-las em seu cotidiano. Significa pensar que professores e alunos devem estar preparados para o processo gradativo de mudança que as novas mídias trazem frente à necessidade de adaptação e enfrentamento do novo. O momento atual aponta para o paradigma da complexidade que faz com que a sociedade e a própria educação assuma uma postura de mudança, saia da zona de conforto e tenha capacidade de enxergar perspectivas de futuro. O professor, no caso, precisa refletir para que possa mudar de concepção e para que possa deixar de ter uma visão linear da própria educação. O ensino necessita ser trabalhado de forma a superar a repetição e a memorização. Nesta perspectiva este artigo investiga o debate entre o paradigma da Complexidade e a prática educativa universitária contemporânea, de modo a contribuir com a formação continuada e a prática pedagógica. Considerando que o processo de ensino aprendizagem a distância já é uma realidade na sociedade atual, com isso, surge o problema de pesquisa: como educar a distância numa perspectiva inovadora de educação para uma prática transformadora? Trata-se, portanto, de uma reflexão sobre as abordagens pedagógicas e a sua influência no processo educacional. Dentro de cada uma das abordagens dos paradigmas serão apontadas características com relação as categoria: aluno, professor, escola, metodologia aprendizagem e avaliação. Buscou-se trabalhar na construção de referenciais que caracterizem um paradigma da Complexidade com um olhar na educação a distância. O artigo apresenta reflexões sobre a

3 4662 EAD no paradigma da Complexidade e mostra novos desafios para docência em uma prática pedagógica. Por uma definição Trabalhar o conceito de paradigma na atualidade significa percorrer a história das ciências e também contemplá-lo no momento atual no qual se pretende estudá-lo. Afinal, nos dias hoje muito se ouve falar sobre paradigma, e o termo vem sendo utilizado em diferentes áreas do conhecimento. O conceito do termo foi proposto por diversos autores, mas foi o filósofo Thomas Kuhn (1996, p. 219) que contribuiu significativamente com a ciência ao trazer que: [...] um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma Neste primeiro momento o autor trabalha o conceito com uma infinidade de sentidos. Mais tarde o reelabora para esclarecer melhor o que entende pelo termo e passa adotar a nomenclatura matriz multidisciplinar. E explica: disciplinar porque se refere a uma posse comum aos praticantes de uma disciplina particular; matriz porque é composta de elementos ordenados de várias espécies, cada um deles exigindo uma especificação mais elaborada (KUNH, 1996). Segundo Kuhn (1996), uma matriz disciplinar é composta por quatro elementos principais: as generalizações simbólicas, os modelos, os valores e os exemplares. O que não significa que se possa entender paradigma de uma forma isolada da comunidade. Mas sim que o conceito torna-se mais claro, fica mais bem compreendido quando exposto desta forma. Para Moraes (1998, p. 32), a definição utilizada por Morin vai mais além da teoria de Khun oferecendo uma idéia mais completa da evolução do conhecimento científico, além de crescer em extensão, também se modifica, transformando-se mediante rupturas que ocorrem na passagem de uma teoria a outra. Ou seja, numa perspectiva mais usual, o paradigma pode ser considerado a forma como uma pessoa vê o mundo, traz regras que devem ser seguidas para estabelecer modelos de crenças de um determinado grupo. Paradigma, no entanto, é conceituado como um conjunto de regras que estabelecem padrões, limites em determinados momentos em certa sociedade.

4 4663 Paradigma Conservador Durante o século XX o paradigma predominante na educação era o conservador. O paradigma conservador envolve as vertentes (abordagens) da escola: tradicional, da escola nova e também a tecnicista. Trata-se de tendências pedagógicas que apresentam influência do pensamento newtoniano-cartesiano que traz uma visão positivista de mundo que se caracteriza principalmente pela divisão do conhecimento, a separação entre a mente e a matéria. O ensino encontra-se fragmentado enfatizando principalmente a reprodução do conhecimento. O paradigma conservador traz como principal característica para educação a repetição, em que os alunos devem decorar e repetir o que aprendem. Este paradigma esta inserido no contexto histórico que é caracterizado pelo modelo fordista de sustentação de mundo, ou seja, de pessoas treinadas a obedecer a ordens e rotinas pré-estabelecidas, um modelo de acumulação, industrialização. Na verdade trata-se de uma condição que é reflexo da situação social e política da época, em que o objetivo era formar pessoas passivas, obedientes que atendessem ao sistema, e este se reflete na escola. Na educação à distância, o ensino por correspondência, por exemplo, começa com os materiais que eram distribuídos pelos correios e tinham caráter instrucional. Segundo Moore e Kearskey (2007), esta atividade tem início no começo da década de 1880, e é a primeira vez que era possível obter instrução de um professor à distância. Neste sentido a própria palavra instrução já traz a conotação de um método de ensino repetitivo, fechado e inflexível. Esta modalidade de ensino em suas primeiras experiências traz como limitações a resistência, o descrédito e muitas vezes a falta de compromisso do aluno. Ainda hoje no Brasil trabalha-se com o ensino por correspondência, mas não necessariamente apenas com material impresso, hoje novas mídias como o DVD faz parte deste kit que trazem também um guia de estudo, com tarefas a serem cumpridas, assim como em suas primeiras experiências. Independentemente de se trabalhar com a educação a distância ou com a educação presencial observa-se que ao longo da história estas modalidades de ensino apresentam características comuns que correspondem ao modelo social e econômico de época. As vertentes da escola tradicional, escola nova e também da tecnicista trazem abordagens conservadoras de ensino que podem caracterizar o ensino a distância.

5 4664 A escola tradicional acompanha o modelo de escola desde a sua formação, nesta abordagem a escola é o local onde se raciocina, onde se realiza a educação e tem como característica ser utilitarista. O professor é o transmissor de conteúdos, informa e dirige seus alunos em direção a objetivos externos. As aulas são expositivas e o conteúdo esta pronto, finalizado, cabe ao aluno que é um recipiente de informações, ler, copiar e decorar. As características apresentadas acima referentes à escola tradicional também podem ser observadas nas primeiras fases da educação a distância que vieram para preencher lacunas do sistema de ensino formal e apresentavam material auto-instrutivo. Segundo Giusta (2003, p.29) neste primeiro momento a EAD assume um modelo fordista de educação que tem como característica a educação de massa em que o ensino é...técnico, descontextualizado e alheio as características os alunos. A escolanovista ou humanística, segundo Behrens (2010) foi acolhida no Brasil por volta de Tem forte influência européia e não acontece de fato no país, apenas traz experiências isoladas. Este modelo de escola possibilita a autonomia do aluno, que se responsabiliza pelos objetivos referentes à aprendizagem, que por sua vez passam a ter um significado para ele. Nesta situação ele passa a ampliar suas potencialidades, assume características de um ser que se auto-desenvolve, é um indivíduo. Na década de setenta a escola tecnicista, também intitulada comportamentalista ou behaviorista é uma abordagem educacional que tem fortes influências do positivismo, o que provoca segundo Behrens (2010, p.48), uma educação fragmentada e mecanicista. A escola mantém o controle de acordo com o comportamento que pretende construir e cultivar. O aluno da abordagem tecnicista deve ser eficiente e produtivo, é um recipiente de informações e reflexões. O professor planeja melhor as contingências de reforços a fim de garantir a eficiência do ensino. O momento é de aproveitamento (aplicação) da tecnologia educacional através da instrução individualizada e em grupo, baseia-se no ensino repetitivo e mecânico. Aqui se destaca, novamente para a utilização da nomenclatura instrucional, utilizada para se referir à escola tecnicista, mas o termo já se apresentava nas primeiras fases da educação a distância, com o diferencial de que nesta época grande ênfase passa a ser dada a programação técnica desta modalidade de ensino. Tanto no ensino presencial como na EAD busca-se verificar se o aluno atingiu o objetivo proposto. Nas primeiras fases da EAD, não havia uma preocupação com a avaliação, mas sim com a transmissão do conteúdo.

6 4665 Aliás, na educação à distância os vestígios de uma escola tecnicista se apresentam em vários momentos da história em que o elemento principal da abordagem está na organização dos meios e não no professor e nem o aluno. Nas décadas de1960 e 1970, por exemplo, onde se difundiu o uso de instruções programadas no Brasil, reforçava-se no aluno a memorização do conteúdo curricular. Segundo Torres (2004), na EAD isso se dá por meio de exercícios previamente organizados e calcados em retro-alimentação instantânea, onde aluno reforça a memorização de conteúdos. Ao considerar a educação a distância, diversos são os conceitos existentes, assim sendo, busca-se estudar algumas das definições, para se estabelecer a concepção adotada neste trabalho. Segundo Torres (2004), as definições apresentadas por Peters (1973), Bordenave e Moore (1973) contextualizam a EAD numa modalidade de ensino-aprendizagem ligada ao desenvolvimento industrial e tecnológico e que trazem a individualização como processo de aprendizagem. Para Peters (1973) a educação a distância se caracteriza pelo uso massivo dos meios de comunicação e pela reprodução de materiais técnicos que traz como característica uma forma industrializada de ensinar e aprender. Bordenave (1973) reforça a idéia da aprendizagem como atividade individual através da utilização de materiais auto-instrutivos. E Moore (1973), traz a questão da família de métodos, em que a educação é facilitada pelos meios. A autora coloca que um grande salto foi dado com relação ao conceito de EAD por meio da definição de Jeffries (1990) quando atribui a responsabilidade aos alunos incluindo situações abertas de aprendizagem e reconhecendo a flexibilização do ato de aprender. (TORRES, 2004) Para o fim que se desejava, inclusive para própria democratização do conhecimento os modelos inseridos numa visão cartesiana foram bastante eficientes para atender uma demanda de mercado. No entanto, não se trata de querer negar a técnica, mas humanizá-la, valorizar as experiências internas dos indivíduos e agrupara as partes numa visão de totalidade passou a ser cada vez mais necessário tanto na educação presencial como na modalidade à distância. A Transição Paradigmática na Docência O professor tem mantido sua prática pedagógica em sala de aula ou na EAD ainda inserido no paradigma conservador, diante da pesquisa realizada é possível afirmar que isso

7 4666 ainda acontece por medo de mudança ou mesmo por falta de condição de efetivá-la. Neste sentido o ensino ainda é fragmentado, conservador e prioriza a reprodução do conhecimento. Com o passar dos tempos, o advento das novas tecnologias possibilita uma sociedade mais interativa, participativa que se caracteriza dentro do que Jenkins (2009. p.32-33) intitula de cultura da convergência Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas. Ou seja, mesmo que haja resistência dos professores na utilização das tecnologias tanto na educação presencial como na educação a distância, como mostra a presente pesquisa-ação, há a necessidade de se atentar para se restabelecer conexões. O que representa uma verdadeira transformação na cultura e também no modo de ensinar e aprender. Educadores e educandos passam a perceber a necessidade de fazer conexões em meio a conteúdos dispersos. Percebe-se a emergência por mudança, pois os padrões existentes para atender determinados conceitos e atividades já não dão conta do contexto histórico e social vigentes. Na busca de novos valores que dêem conta do momento histórico e social que está acontecendo e que está por vir surge à necessidade de superar abordagem conservadora para que se priorize o todo dentro de uma visão sistêmica. Segundo Morin (2000, p. 36) o paradigma newtoniano- cartesiano aponta para um estudo fragmentado, dividido, enquanto na realidade os problemas estão cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários. A emergência por novas teorias não significa que em um momento de ruptura o velho deixe de existir e o novo prevaleça de forma absoluta, mas sim que o processo de mudança é gradativo e que muitas vezes ocorrem a passos lentos. Ou seja, afirmar que hoje se está inserido no paradigma da Complexidade é uma ousadia, visto que muito do paradigma conservador ainda é observado como tendência quando o assunto é educar a distância. Segundo Giusta (2003, p.30), em 1980 uma nova perspectiva de educação a distância ganha terreno: É um momento em que uma outra matriz epistemológica a construcionista fundamenta a proposta de uma educação mais aberta, flexível e mais atenta ao contexto sociocultural e às diversidades dos alunos, concebidos como agentes do processo de aprendizagem e da construção do conhecimento.

8 4667 Paradigma da Complexidade na Prática Pedagógica O paradigma da Complexidade traz para educação o imperativo de superação do sistema newtoniano-cartesiano. Como mudança apresenta necessidade do ensino presencial e também do ensino a distância baseado numa visão sistêmica que supre a fragmentação para trabalhar com o todo. Envolve segundo Behrens (2010) as vertentes (abordagens), sistêmica, progressista e do ensino com pesquisa. Segundo Capra (1996, p.39), um sistema passou a significar um todo integrado cujas propriedades essenciais surgem das relações entre suas partes, e pensamento sistêmico, a compreensão de um fenômeno dentro do contexto de um todo maior. Nesta conjuntura, o paradigma da complexidade caracteriza-se principalmente pelo momento de aliança para produção do conhecimento. O ensino encontra-se dentro de uma visão de globalidade inserido no enfoque do pensamento complexo. Para Behrens (2010, p.56) é preciso solidificar uma prática pedagógica compatível com as mudanças de paradigmas das ciências que deve constituir, uma aliança, formando uma verdadeira teia, com a visão sistêmica, com a abordagem progressista e com o ensino com pesquisa. Na educação à distância no início dos anos 90 com o surgimento da internet foi possível perceber as necessidades destas conexões frente à desterritorialização do conhecimento que passa a tomar uma unificação do espaço fazendo com que os lugares e conhecimentos se globalizem. Diante destas características as visões abaixo a serem apresentadas vem contextualizar a forma que professores e alunos precisam interagir e se associar neste processo de inclusão, onde o foco é a aprendizagem. A visão sistêmica traz como pressuposto uma aprendizagem que tem que ser significativa, e passa a desenvolver inteligências múltiplas. Considera que a escola, neste caso a universidade não é mais o único lugar que permite o acesso a informação e a produção do conhecimento, e este não é mais apenas momentâneo, para fazer uma prova, por exemplo, mas é um processo que dura a vida toda. Na visão sistêmica o aluno esta no centro do processo, tem autonomia e espírito crítico. Pesquisa e produz seu próprio conhecimento valorizando suas experiências anteriores. O professor deve facilitar a aprendizagem e estar consciente da necessidade de cada educando, é um parceiro, um colaborador. Precisa considerar cada indivíduo integralmente,

9 4668 ter uma visão do homem como um todo. Segundo Behrens (2010, p. 62) O docente terá de repensar para quê e por que esta formando os estudantes. A abordagem progressista, inserida no paradigma inovador, se assenta na teoria crítica. Dá-se principalmente pelo compartilhamento de idéias, na troca de informações em que cada indivíduo traz para o grupo o que faz parte da sua realidade. Esta abordagem passa a ser tendência no Brasil a partir de 1980 e tem como principais representantes, Paulo Freire, Moacir Gadotti e Demerval Saviani. A escola progressista deve ser libertadora, democrática e crítica. Deve ser politizada e politizadora, buscando a transformação social. O aluno é sujeito da educação, consciente da realidade que o cerca. Traz suas experiências e deve educar-se constantemente. O professor também é sujeito do processo, assume o papel de mediador, cresce e aprende com o aluno. Deve conduzir com o aluno o processo de aprendizagem. A metodologia progressista é crítica, reflexiva, transformadora e esta em constante processo de construção. Os conteúdos a serem trabalhados estão abertos as realidades sociais. Busca um clima de troca, de inter-relação, tudo se relaciona e esta em constante processo de construção Segundo Saviani. (1985) os conteúdos devem ser trabalhados de forma inicial [...] a partir da prática social, passar para problematização, desencadeada a instrumentalização, provocando a catarse e retorno a prática social [...] (BEHRENS, 2010.p. 75). A avaliação acontece durante todo o processo e deve ser processual e transformadora. O ensino com pesquisa é também uma das possibilidades do paradigma inovador que traz um ambiente diferenciado e participativo. O espaço é aberto e novo para criação, os alunos saem da sala de aula para usar a biblioteca e os recursos tecnológicos que passam a ser utilizado de forma crítica. A metodologia envolve o compartilhar caminhos com colegas e com os próprios alunos introduzindo inovação. Os temas são aprofundados, valorizando a reflexão e trabalhando de forma interdisciplinar. Ultrapassa a repetição e a cópia no processo ensino e aprendizagem O aluno deve ter produção própria, ser criativo e inovador. Aprendem a formular perguntas e a buscar as respostas, discute, critica e constrói seu próprio conhecimento. O professor trabalha com pesquisa, busca e dá autonomia, trabalha com a teorização da prática. Segundo Behrens (1996, p. 83) este educador deve dominar o conhecimento, ter redação própria, expressar-se com desenvoltura, acessar informações do processo de transformação da realidade atual e instrumentalizar-se eletronicamente [...].

10 4669 Considerações Finais As experiências e os estudos realizados sobre a educação a distância no paradigma da Complexidade durante o processo de pesquisa-ação contribuíram para construção de referenciais por meio de discussões reflexivas, produções individuais e coletivas. Essas considerações foram de grande importância para crítica sobre o agir docente, indicando que é necessária a superação do paradigma conservador para uma ação pedagógica inovadora. Primeiramente é importante considerar que a fase atual da educação a distância diferencia-se das anteriores tanto pelos recursos tecnológicos como também por sugerir um modelo de aprendizagem mais flexível que precisa ser contemplado através de uma visão do todo para aproximar-se dos pressupostos da abordagem sistêmica. Aliás, este é o desafio atual na prática pedagógica, possibilitar uma prática permanente e contínua na relação professor, aluno, conhecimento para que haja inovação no agir docente e no aprendizado. Afinal, é inegável que os meios estimulam a compreensão de informações exercendo um magnetismo sobre as novas gerações que não pode mais ser ignorado pelos educadores. Segundo as reflexões dos professores durante o processo de pesquisa-ação conclui-se que para educar a distância numa perspectiva inovadora é importante que o aluno participe do processo. Sabe-se que ele precisa pesquisar, elaborar conhecimento, ser questionador, afinal o conteúdo não chega mais para ele de forma acabada, completa. Os professores afirmam que neste sentido as ferramentas de comunicação auxiliam a estimular a reflexão sobre os problemas atuais fazendo com que o conhecimento seja mais significativo para o aluno. Afirmaram ainda que o professor precisa delinear, organizar e definir conteúdo de suas aulas, mas que sentem mais dificuldade para realização desta atividade na educação a distância. Outro ponto em que apresentam concordância é a necessidade de formação continuada para educar a distância. Ao longo das práticas realizadas, foi perceptível que os professores envolvidos no processo tem a EAD como um desafio. Constatou-se ainda, que existe muita resistência dos docentes para o ensino a distância principalmente no que diz respeito a uma aprendizagem significativa para garantir a qualidade do processo educativo e também com relação ao uso das tecnologias. Outro desafio para docência na educação a distância é que não basta apenas reproduzir a aula que se trabalhava no ensino presencial através dos meios. É preciso entender que as

11 4670 novas tecnologias são recursos que trazem múltiplas possibilidades para EAD. Mas que exigem novas competências do educador que não tem como fugir do novo. No entanto a docência na EAD, inserida no paradigma da complexidade precisa estar alicerçada em diversos elementos que devem estar articulados. São eles: uma aprendizagem transformadora; a utilização da tecnologia de forma crítica; uma metodologia que compartilha caminhos com colegas e professores, um docente que é crítico e que precisa se atualizar constantemente, que busca dar autonomia e um aluno que arrisca a construir novos conhecimentos. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida; tradução, Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis, RJ: 4 ed. Vozes, GIUSTA, Agnela da Silva; FRANCO; Iara Melo (org). Educação a distância: uma articulação entre a teoria e a prática. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, JENKINS, Henry. Cultura da Convergência; tradução, Suzana Alexandria.São Paulo: Aleph, KHUN, Thomas. As estruturas das revoluções científicas. 4.ed. São Paulo: Perspectiva, MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, MOORE, Michael G; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada, tradução, Roberto Galman São Paulo: Cengage Learning, 2008 MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários para educação do futuro. São Paulo: Cortez, TORRES, Patrícia Lupion. Laboratório on-line de aprendizagem: uma proposta crítica de aprendizagem colaborativa para a educação. Tubarão: Unisul, 2004.