Co-Incineração: Que destino dar ao nosso lixo?
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- Filipe Carvalhal Domingues
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1 ESCOLA SECUNDÁRIA COM 2º E 3º CICLOS ANSELMO DE ANDRADE Curso de Educação e Formação de Adultos (nível secundário) FICHA DE TRABALHO Nº 1 Área: Sociedade, Tecnologia e Ciência NÚCLEO GERADOR 7: SABERES FUNDAMENTAIS Domínio de Referência 3 VALIDAÇÃO Actuar nas sociedades contemporâneas num quadro de pluralidade de instituições, reconhecendo que as argumentações científicas e técnicas interagem com interesses particulares e poderes específicos e diferenciados. Actuar de modo fundamentado e consciente em debates públicos sobre questões de carácter tecnológico. Actuar tendo em conta o papel da ciência, reconhecendo as suas potencialidades e limitações, nos debates públicos e face aos diferentes jogos de poder, criando evidência para essa actuação baseada em modelos matemáticos. 2008/2009 Nome: Turma: Nº: Domínio de Referência 3 Saberes, Poderes e Instituições Ciência e Controvérsias Públicas Data / / TEMPO PREVISTO PARA A ACTIVIDADE: 2 módulos de 45 minutos. Co-Incineração: Que destino dar ao nosso lixo? Durante vários anos, verificou-se na maior parte dos países desenvolvidos uma acumulação irresponsável dos seus resíduos (urbanos, hospitalares, industriais e outros) sem o respectivo tratamento. Esta atitude poderá ter impactos a médio e longo prazo na contaminação dos solos, águas e ar, com efeitos nefastos para a saúde pública. Em Portugal estima-se a produção de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas/ano de resíduos industriais, dos quais toneladas (5%) são classificados como perigosos e toneladas destes, inceneráveis. Desta forma, é urgente a introdução de um sistema de separação de lixos perigosos/não perigosos e posterior tratamento dos mesmos. Após várias pesquisas realizadas, surgiu uma nova forma de tratamento do lixo: a Co-Incineração. Mas em que é que de facto consiste a Co-Incineração? A Co-Incineração consiste essencialmente no aproveitamento dos fornos das cimenteiras e das suas altas temperaturas (entre 1450 e 2000 graus), para a queima dos resíduos perigosos (tais como solventes de limpeza, solventes de indústria química, tintas, etc.), com a produção simultânea de cimento. Alguns destes
2 resíduos são constituídos por hidrocarbonetos e compostos clorados e fluorados entre outros, e alguns têm elevado poder calorífico. Assim, o processo de Co-Incineração implica adaptações mínimas nas cimenteiras. Numa primeira fase, os resíduos industriais perigosos são enviados para uma estação de pré-tratamento. Os lixos com pouco poder calorífico são fluidizados (trituração, dispersão e separação dos materiais ferrosos); os resíduos líquidos são impregnados com serradura e submetidos a uma possível centrifugação (no caso de possuírem grandes quantidades de água); os resíduos termo fusíveis, alcatrão e betumes, são rearmazenados em lotes. Numa segunda fase os resíduos são levados para as cimenteiras. Em caso de acidente de transporte, os impactos ambientais serão muito menores do que antes do tratamento dos mesmos. Nas cimenteiras são pulverizados para o forno tirando partido do seu poder calorífico (Ex: combustíveis) ou utilizados como matéria-prima substituta na produção de cimento. Após este processo, não permanecem resíduos remanescentes da Co-Incineração, visto que estes são incorporados no próprio cimento, e devido às temperaturas e tempo de residência dos gases a produção de gases tóxicos é muito baixa. Contudo, poderemos ter a certeza da inexistência de perigo para a saúde pública? Para evitar uma remota, mas possível fuga de gases devem ser instalados filtros de mangas nos fornos das cimenteiras, aumentando a margem de segurança. Quais as vantagens e riscos da Co-Incineração em relação à incineração clássica? A incineração clássica de resíduos perigosos (metais pesados, dioxinas, furanos, etc.) por meio de uma unidade incineradora foi nos últimos anos alvo de contestação por parte dos técnicos especializados. Se esta incineração não se realizar com um controle rigoroso, pode aumentar ainda mais o perigo inerente a estes resíduos e representar danos mais graves para a saúde pública e meio ambiente. Temperaturas elevadas: Devido às elevadas temperaturas alcançadas pelos fornos das cimenteiras, a destruição dos resíduos é muito mais eficaz em comparação com um incinerador clássico que não atinge tais temperaturas. Tempos de residência de gases elevados: Sendo o tempo de permanência dos gases no forno superior ao de um incinerador, a taxa de destruição dos gases poluentes é maior, havendo um maior período a altas temperaturas no forno. Inércia térmica elevada: Ao contrário dos incineradores, os fornos de cimenteiras possuem uma elevada inércia térmica o que previne uma drástica diminuição de temperatura, com possíveis emissões anómalas, se ocorressem paragens ou alteração da operação. Meio Alcalino: A base da matéria-prima no forno é o calcário. Assim o meio é alcalino, o que provoca a neutralização dos gases e vapores ácidos (SO ; CO ; HCl; HF) e a sua fixação no cimento. Desta forma, 2 2 verifica-se uma substancial redução das emissões desses poluentes em relação à incineração clássica. Produção de efluentes líquidos/lamas e de resíduos sólidos: Neste processo de Co-Incineração não há produção de resíduos sólidos, efluentes líquidos ou lamas (potencialmente poluidores) porque todos os materiais não queimáveis são utilizados e incorporados na produção do próprio cimento, o que não acontece nos incineradores.
3 Metais pesados: Devido às características da Co-Incineração, os metais pesados têm um ambiente óptimo de fixação no cimento, retirando o risco da sua libertação após queima. Custo: A construção de um incinerador clássico, bem como o respectivo processo de incineração, têm custos bastante mais elevados do que os custos inerentes à Co-Incineração. É possível concluir, face aos factos apresentados, que a Co-Incineração apresenta vantagens claras em relação à incineração clássica. No entanto, poderão existir algumas questões merecedoras de um estudo mais aprofundado relativamente à Co-Incineração: Quando o processo é interrompido, os filtros deixam de funcionar, podendo haver libertação de gases, praticamente sem tratamento, caso os filtros de mangas utilizados não tenham a capacidade de reter os gases mais voláteis como o mercúrio. Quais os efeitos na saúde pública de um edifício construído com cimento produzido nas coincineradoras? Saúde pública No processo de eliminação de resíduos podem ser emitidos para a atmosfera determinados componentes, prejudiciais para a saúde das populações e para o Ambiente. Ainda que o nível de exposição a agentes químicos pelas populações mais próximas das unidades de eliminação de resíduos tenha geralmente sido muito baixa, possíveis efeitos carcinogénicos e crónicos são motivo de preocupação para as entidades competentes. Desta forma, não existem factos comprovativos da absoluta segurança do processo Análise psicossocial Nos últimos anos, sempre que um governo demonstra a sua intenção de construir uma unidade de tratamento de resíduos sólidos ou de introduzir o processo de Co-Incineração numa cimenteira, as reacções das populações não são geralmente favoráveis ao programa em questão. É a velha máxima "Eliminar o lixo muito bem, mas não no meu quintal". Embora muitas vezes as pessoas compreendam as necessidades ambientais globais, não interiorizam as medidas locais a aplicar. Por outro lado, a relação do governo com as populações não é muitas vezes a melhor. Ao tentar introduzir uma nova tecnologia, o governo distancia-se da população, apoiando-se em dados técnicos em vez de uma informação mais próxima e educativa para a população. Assim, não é difícil de compreender o aumento da sensibilidade das populações em relação ao risco de acidentes, decorrente da aplicação de novas tecnologias. Em suma, o processo de Co-Incineração em cimenteiras produz impactos positivos para o Ambiente, eliminando de forma correcta os resíduos perigosos. Evita o consumo de combustíveis fósseis, com a poupança de recursos naturais não renováveis.
4 Para que a Co-Incineração se processe eficazmente, bastará que o governo tenha uma abordagem mais directa e informativa com as populações, diminuindo a sua hostilidade e confiança. Texto desenvolvido com base no trabalho sobre Co-Incineração desenvolvido por alunos de engenharia do Ambiente da Universidade Nova de Lisboa-FCT ( Quercus aceita co-incineração de resíduos perigosos ( ) A gestão de resíduos não faz parte da agenda do Conselho de Ministros Extraordinário de hoje, mas o tema não está esquecido pelos ambientalistas, que continuam à espera "de uma política clara que abandone os grandes projectos de incineração de resíduos sólidos urbanos, substituindo-os pelos tratamentos mecânico e biológico" e que "clarifique a política do Governo em relação aos resíduos industriais perigosos", defende o presidente da Quercus-Associação Nacional de Conservação da Natureza, Hélder Spínola. "É necessário reduzir a produção de resíduos e decidir destinos mais adequados", defende o dirigente ambientalista, apontando a urgência da criação de unidades de recuperação de óleos e solventes usados, com o objectivo de diminuir o mais possível a fracção - estimada em dez a 15% - que não terá outro destino a não ser a sua co-incineração. "A Quercus está aberta a discutir a co-incineração da fracção que não tenha alternativa, a qual poderá ser feita em Portugal - nas cimentarias - pesando bem todos os prós e contras -, já que a sua exportação agravaria os custos com os transportes", disse o dirigente ao JN, sublinhando que não se trata de uma alteração da posição da associação sobre a matéria, mas de admitir, "como sempre fez", que para RIP que não podem ser tratados essa possa ser a via. "É substancialmente diferente do que José Sócrates defendia", acentuou Hélder Spínola, rejeitando a queima de óleos e solventes neste processo. Cidadãos de Setúbal saíram à rua: Contra a co-incineração de tóxicos na Arrábida
5 Cidadãos de Setúbal saíram à rua: Contra a co-incineração de tóxicos na Arrábida Durante cerca de duas horas consecutivas, os manifestantes oriundos dos mais diversos partidos políticos, associações ambientalista e associações cívicas, pararam o trânsito na Avenida Luísa Todi para protestarem contra a co-incineração na Secil, na Arrábida. É que, segundo Mariano Gonçalves, membro da Comissão Executiva dos Cidadãos pela Arrábida, "não se compreende como é que se pode, sequer, equacionar esta possibilidade". Convicto de que a Serra da Arrábida "deve ser preservada de qualquer perigo", este grupo de cidadãos enviou uma queixa ao Tribunal Europeu contra o que classifica de "tentativa de violação das leis que protegem o ambiente e uma área que é património da humanidade". Gritando palavras de ordem como "Arrábida sim, lixo tóxico não", os manifestantes atravessaram a zona central da cidade e concentraram-se frente ao Governo Civil para procederem à entrega de uma moção. O documento foi aceite por José Manuel Epifânio, adjunto do Governador Civil de Setúbal, já que Alberto Antunes se encontrava fora da cidade. Depois de receber o documento, que será posteriormente enviado à ministra do Ambiente, o adjunto de Alberto Antunes garantiu que "o Governo está preocupado com a situação dos lixos tóxicos espalhados pelo país, que comprometem a qualidade de vida dos cidadãos". Considerando que o Governo está disponível para reciclar o que for possível, Epifânio não deixou de referir a necessidade de avançar para a co-incineração como forma de tratar os lixos não recicláveis. Até porque, segundo este responsável, "de acordo com as garantias dos técnicos, não é poluente e ajuda a diminuir a poluição que já existe". Mas apesar das garantias oficiais, os cidadãos prometem 'voltar à carga' com iniciativas de sensibilização da opinião pública que se prolongarão até ao dia 23 de Novembro, altura em que termina o período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental. Os ambientalistas da Caprosado também prometem não baixar os braços e garantem que até ao próximo dia 23 vão continuar a desenvolver iniciativas em todo o concelho, que vão desde debates a manifestações públicas de desagrado quanto à co-incineração na Arrábida. No concelho do Barreiro, para onde está prevista a implementação da estação de pré-tratamento dos resíduos tóxicos, prosseguem as contestações à proposta governamental. A recusa parece atravessar todos os sectores da sociedade, já que todos os partidos políticos, associações, sindicatos, estudantes e até a própria autarquia, têm saído à rua para protestarem contra a implementação daquele equipamento na Quimiparque. E os protestos são extensíveis à localização na Arrábida, pelo que na manifestação de dia 14, estiveram presentes políticos do Barreiro, nomeadamente dirigentes da UDP e do PCP, que já prometeram continuar os protestos até dia 23. E cerca de um mês depois da aprovação de uma moção contra a proposta governamental, a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal do Barreiro vão dar a conhecer, nesta segunda-feira, um conjunto de acções públicas a desenvolver, como forma de protesto contra a instalação do equipamento considerado poluente, no centro da cidade do Barreiro.
6 Depois de ler, atentamente, os textos anteriores responda, de forma completa e fundamentada às seguintes questões: (1) Em que consiste a co-incineração? (2) Onde é feita a co-incineração? (3) Em Portugal, que locais foram escolhidos para a implementação do processo da co-incineração? (4) Concorda com as posições das populações dessas localidades? (5) Indique as vantagens e as desvantagens do processo da co-incineração? (6) Que outra possibilidade considera ser alternativa à co-incineração? BOM TRABALHO!
Outra vantagem apresentada, é por exemplo o facto dos gases ácidos e as partículas que ficam nos filtros e assim não contaminam a atmosfera.
CO-INCINERAÇÃO Pág 2 Co-Incineração A co-incineração baseia-se no aproveitamento dos fornos das cimenteiras que devido às suas altas temperaturas (entre 1450 e 2000 graus) são utilizados na queima dos
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