O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Transcrição

1 Procº de insolvência n.º 364/13.6 TYVNG 3º Juízo Insolvente: DEUSA SELVAGEM, UNIPESSOAL, LIMITADA Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Nas instalações da insolvente, sitas na Rua Aires de Ornelas, n.º 189, freguesia de Bonfim, concelho do Porto; Deslocação à Rua Vilanovense Futebol Clube, n.º 81, em Vila Nova de Gaia, local em que estavam armazenados os parcos activos da insolvente; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças do Porto 1; Pesquisas informativas nos sites < e < onde foram consultados os elementos contabilísticos da insolvente com recurso às passwords facultadas pela sua legal representante

2 Sendo a finalidade do presente Relatório, de acordo com o próprio conteúdo do artigo 155º, apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económico-financeiro da insolvente e da sua viabilidade, os elementos já disponíveis permitem-nos dar resposta a todas as questões em análise, com bastante segurança. Ora, Aquando da diligência de arrolamento e apreensão de bens, foi efectuada uma deslocação à morada fixada na douta sentença, na qual constatamos que a insolvente já não laborava no local, nem ali tinha quaisquer activos, pelo que foi efectuada deslocação à Rua Vilanovense Futebol Clube, n.º 81, em Vila Nova de Gaia, local em que se encontravam os bens da empresa, os quais foram inventariados e constam do anexo 1 ao presente relatório. No seguimento da diligência e na morada supra indicada, onde fomos recebidos pela ilustre mandatária da insolvente e pela sua legal representante, SARA SUSANA FILIPE DA COSTA E LOPES, foram prestadas as seguintes informações: A empresa está encerrada desde finais de 2012; Cessou a sua actividade para efeitos de IVA em Janeiro de 2013; Aquando do seu encerramento a empresa já não tinha trabalhadores ao seu serviço; O local onde exercia a sua actividade era arrendado, tendo o imóvel sido entregue ao seu proprietário livre e devoluto; Os bens que possuía são os inventariados sob a verba n.º 1 do auto de arrolamento e apreensão de bens

3 Mais se refere que, previamente à diligência de arrolamento e apreensão de bens, foram efectuadas pesquisas matriciais, prediais e automóveis, tendo-se constatado que inexistem bens sujeitos a registo na titularidade da insolvente. Informou ainda a requerente não possuir quaisquer outros activos, que não os já inventariados no presente processo. Pela legal representante da insolvente foram facultadas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como fornecidos os documentos fiscais, nomeadamente as declarações de rendimentos (já juntas aos autos) e as IES s dos três últimos anos de actividade, que foram consultadas no site respectivo, de modo a permitir à signatária ter acesso à informação contabilística e fiscal da empresa. B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: Certidão permanente com o código de acesso: Nome: Natureza Jurídica: DEUSA SELVAGEM, UNIPESSOAL, LDA. Sociedade por quotas. Localização e sede: Rua Aires de Ornelas, n.º 189 Bonfim Porto NIF e CAE: e R3, respectivamente

4 Matrícula: Conservatória do Registo Comercial do Porto 1.ª Secção, com o NIF já indicado. Capital Social: ,00 Sócios e quotas: SARA SUSANA FILIPE DA COSTA E LOPES Titular da quota única no valor nominal de ,00. Residente: Rua Fernandes dos Anjos, n.º 90, Hab. 3.3, Vila Nova de Gaia (Santa Marinha) Gerência: Objecto social: Forma de obrigar SARA SUSANA FILIPE DA COSTA E LOPES NIF: Decoração de eventos sociais e empresariais, através de arte floral, mobiliário e todos os artigos inerentes à decoração; prestação de serviços na organização e realização de eventos; decoração de lojas, casas, empresas, espaços públicos e privados, criação e comercialização de artesanato e artigos de decoração, comercialização de vestuário, calçado, malas, carteiras e artigos de pele, acessórios diversos, marroquinaria e bijutaria, representações, importação e exportação de artigos que tenham a ver com o objecto social aqui designado e actividades de produção fotográfica comercial e de consumo, tratamento da película, tratamento digital de fotografia; restauro e cópia de fotografias antigas. Inclui produção de fotografia aérea, reportagens de vídeo de eventos e actividades de reportagem fotográfica. Com a intervenção de um gerente. Início de actividade: 13 de Maio de

5 B.2. Situação actual da empresa: A insolvência foi requerida pela própria sociedade, no seguimento da decisão tomada em Assembleia Geral Extraordinária do dia 31 de Janeiro de 2013, tendo esta sido decretada insolvente por douta sentença proferida em 19 de Março de 2013, no âmbito do processo em epígrafe, sentença essa entretanto já transitada em julgado. A insolvente já não desenvolvia actividade à data da declaração de insolvência. Assim, presentemente a insolvente encontra-se sem qualquer actividade operacional e não tem trabalhadores ao seu serviço. C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: A empresa insolvente tem contabilidade organizada e em dia, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às exigências fiscais na matéria. A insolvente manteve a sua contabilidade em rigorosa ordem e cumpriu, até ao momento, todas as obrigações legais declarativas. A requerente iniciou a sua actividade no ano de 2005, tendo-se dedicado à actividade no ramo da decoração e arte floral. Os elementos contabilísticos que nos foram fornecidos estão de acordo com a realidade da empresa

6 De posse das passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como da identificação e contactos do TOC, foi consultada toda a documentação contabilística e fiscal, nomeadamente a referente aos anos de 2009, 2010 e Para o efeito de analisar o percurso da insolvente, abaixo se indicam os valores do volume de negócios da requerente/insolvente e os resultados líquidos dos referidos anos, o que nos permite também verificar a sua evolução: Anos Volume de negócios Resultados Líquidos , ,74 (20.541,74 ) ,32 (21.514,66 ) Verifica-se que, com excepção do ano de 2009, nos anos posteriores de 2010 e 2011 a insolvente obteve resultados líquidos negativos, em montantes incomportáveis para uma empresa da sua dimensão (com apenas 1 trabalhador ao seu serviço, in casu o sócio gerente). Convém esclarecer que o volume de negócios indicado se refere essencialmente a prestações de serviços por parte da insolvente, sendo que, atenta a actividade exercida pela empresa e dada a conjuntura económica sentida no próprio ramo de actividade exercido, nos últimos anos, a sociedade apresentou resultados líquidos negativos, mais acentuadamente no ano de Verificamos que nos anos em análise o volume de negócios decresceu substancialmente, principalmente de 2009 para 2010, enquanto os resultados negativos, inevitavelmente, têm vindo a aumentar, o que impossibilita a viabilidade económica e capacidade de sustento, num sector já de si bastante fragilizado nos últimos anos

7 evolução: Finalmente, no que respeita às dívidas a terceiros, verificou-se a seguinte - Em 2009 um passivo total de ,91 ; - Em 2010 um passivo total de ,54 ; - Em 2011 um passivo total de ,43. Verifica-se que no decorrer dos anos assinalados as dívidas a terceiros têm vindo a aumentar gradualmente, impossibilitando em grande medida o equilíbrio financeiro e económico da sociedade, gerando a falta de liquidez para solver em tempo os seus compromissos. Na verdade, a insolvente apresenta em 2011 um resultado líquido negativo de (21.514,66 ), dívidas a terceiros no montante de ,43, para um capital social de ,00, pelo que está, inclusive, sob a alçada do disposto no artigo 35º do C.S.C., sendo de concluir que se encontra incondicional e irreversivelmente em estado de insolvência. Assim, num sector afectado por uma crise cada vez mais profunda, não resta outra alternativa que não a confirmação do seu estado de insolvência, e o consequente encerramento do estabelecimento comercial. Por conseguinte, Existem créditos relacionados, reclamados e provisoriamente reconhecidos no montante global de ,62, distribuídos essencialmente por fornecedores e instituições bancárias, não existindo dívidas a credores públicos. Assim, - 7 -

8 Como se compreende e resulta da leitura dos dados constantes da última coluna do mapa acima, os resultados líquidos do último ano (desastrosamente negativos) e a verificação do encerramento da empresa, actualmente sem trabalhadores ao seu serviço, não permitem qualquer inversão da situação descrita. Por outro lado, a falta de capitais próprios, de acesso ao crédito bancário e de activo significativo, inviabiliza qualquer hipótese de recuperação, como aliás salienta a própria insolvente no requerimento de apresentação ao presente processo Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Os elementos contabilísticos, aos quais tivemos acesso através dos sites oficiais, estão de acordo com a realidade da insolvente à data do requerimento de insolvência e confirmam todos os dados analisados, nomeadamente activo, passivo e resultados transitados dos vários exercícios. Analisada a certidão comercial junta aos autos e consultados os elementos fiscais, constatamos que a insolvente cumpriu, até ao momento, todas as suas obrigações declarativas, incluindo a prestação de contas. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, nomeadamente o encerramento da actividade laboral, a inexistência de quaisquer activos relevantes e a inexistência de trabalhadores ao seu serviço, não nos parece que a empresa tenha viabilidade económica ou financeira

9 Assim, tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. De facto, a empresa está desactivada, esvaziada da sua actividade, não reunindo quaisquer condições de manutenção. Em conclusão: - A insolvência deu-se por motivos de mercado; - A actividade laboral da insolvente cessou em finais de 2012, não tendo presentemente trabalhadores ao seu serviço; - Os activos encontrados estão de acordo com os mapas de imobilizado a que tivemos acesso; - Não foram detectadas alterações dos elementos patrimoniais nos últimos anos; - Dos elementos disponíveis e analisados nada indica uma situação de insolvência dolosa; - A gerente mostrou-se colaborante com a signatária e com o processo, não evidenciando qualquer atitude de ocultação de elementos ou informações. Tendo em consideração tudo o que supra ficou exposto, a única solução que nos parece adequada será a manutenção do encerramento da insolvente, tornando-o definitivo, bem como o encerramento do processo, nos termos do disposto nos artigos 39º e 232º, ambos do CIRE

10 D Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento da insolvente, tornando-o definitivo; Encerramento do processo nos termos e ao abrigo do disposto nos artigos 39º e 232º do CIRE; Notificação do serviço de finanças, a efectuar pelo Tribunal, para o encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do CIRE. E Anexos juntos: Um Auto de inventário e arrolamento de bens; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência,