RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Transcrição

1 Procº de insolvência n.º 5.987/13.0 TBVNG 6º Juízo Cível Insolventes: VITOR LEONEL FERREIRA DA SILVA E TERESA MARIA DO AMARAL PIRES DA SILVA Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efectuada deslocação à Avenida dos Aliados, n.º 43, entrada 1, R/C Esq., freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia, morada fixada aos insolventes. Pela parte do insolvente marido, que acompanhou o arrolamento de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação constava já dos autos. Foram inventariados os elementos patrimoniais conhecidos à data, tudo de acordo com as disposições legais na matéria. Estes elementos estão devidamente identificados no anexo 1 do presente Relatório. O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económicofinanceiro dos insolventes. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições

2 Ora, O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pelos próprios insolventes, os quais, reconhecendo a sua frágil situação económica, requereram a declaração da sua insolvência, que veio a ser decretada por douta sentença proferida em 12 de Julho de 2013, entretanto já transitada em julgado. Os insolventes são casados entre si, sob o regime da comunhão de adquiridos, e não têm filhos menores. Importa destacar que os insolventes já não residem na morada fixada na douta sentença, mas sim na Rua Fialho de Almeida, n.º 85 Apartamento 2, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia, em casa pertencente aos pais do insolvente, não pagando qualquer contrapartida pela ocupação. Actualmente ambos os insolventes se encontram desempregados, sendo que o insolvente marido recebe a título de subsídio de desemprego a quantia de 446,70 e a insolvente mulher aufere, a título de subsídio social de desemprego, o montante mensal de 419,10. Pelo que nos é dado a conhecer os insolventes não possuem, actualmente, quaisquer bens, nomeadamente PPR s, saldos bancários, participações sociais, veículos automóveis, bens móveis ou imóveis, ou outros activos, à excepção do imóvel apreendido sob a verba n.º 1 do auto de arrolamento e apreensão de bens. Mais se refere que foi encontrado um veículo automóvel registado na titularidade da insolvente mulher, de matrícula UL 42 13, tendo os insolventes informado que o mesmo já não existia há muitos anos, o que, dada a data da matrícula, é perfeitamente aceitável, sendo que, de qualquer forma o seu valor comercial seria NULO

3 Acresce que, através da reclamação de créditos apresentada pela Fazenda Nacional, se verificou que em Janeiro do corrente ano, o insolvente marido procedeu à venda de ¼ indiviso do prédio urbano descrito na 2ª Conservatória do Registo Predial de Vila Nova de Gaia sob o n.º 1123 C (na sua titularidade por doação), venda essa concretizada a pessoas especialmente relacionadas consigo (seus familiares irmã e cunhado e uma terceira pessoa que ainda não conseguimos identificar). Ora, deste facto não informou o insolvente nem o Tribunal, nem a signatária, sendo que, caso tal seja viável, se procederá à resolução do negócio nos termos do disposto no artigo 120º do CIRE, após apuramento do valor do imóvel e quota-parte pertencente ao insolvente. Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acresce a declaração anual de rendimentos do ano de 2012, que foi entregue pelos insolventes, bem como as reclamações de créditos recebidas e respectiva documentação. Ora, de tais documentos, verifica-se o montante das obrigações vencidas e a situação de incumprimento generalizado com que se deparam, actualmente, os insolventes. Mais se refere que, relativamente aos Modelos 3 de IRS, apenas foi entregue a declaração de rendimentos referente ao ano de 2012, tendo a signatária solicitado a entrega dos correspondentes elementos fiscais dos anos de 2010 e 2011 (Modelos 3 de IRS), o que, até à data, não veio a concretizar-se por parte dos insolventes

4 As obrigações conhecidas e relacionadas pelos insolventes mais relevantes, provém da falta de pagamento de diversos créditos, nomeadamente um mútuo com hipoteca, bem como dívidas contraídas junto de instituições parabancárias, destacandose ainda a existência de uma dívida à Fazenda Nacional e outra a serviços de telecomunicações. Os insolventes alegam que o actual descalabro financeiro em que se encontram, adveio da situação precária e consequente défice financeiro que assolou o seio familiar, desde Outubro de 2012, consequência da situação de desemprego vivida pelo insolvente marido, a acrescer ao longo período de desemprego em que a insolvente mulher se encontra, gerando inevitavelmente a incapacidade de suster e garantir estabilidade ao agregado familiar, tornando impossível o cumprimento das obrigações estabelecidas. Por conseguinte, Existem dívidas reclamadas e reconhecidas no montante global de ,21, tendo já terminado o prazo para apresentação de reclamações de créditos. Relativamente a credores públicos, existe uma dívida à Fazenda Nacional, no valor global de 167,56, referente à falta de pagamento de IMI e Custas; por outro lado, até ao momento, desconhece-se a existência de qualquer dívida junto do Instituto de Segurança Social. Ora, analisado o auto de arrolamento de bens, é mister concluir que o passivo acima referido é manifestamente superior ao activo, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível. No momento, e tal como nos foi informado, e por nós constatado pelos contactos e pesquisas efectuadas, ambos os insolventes estão desempregados, sendo que o insolvente marido recebe 446,70 a título de subsídio de desemprego e a insolvente mulher aufere a título de subsídio social de desemprego o montante de 419,

5 Ponto dois Análise do estado da contabilidade dos devedores e opinião sobre os documentos de prestação de contas dos insolventes: Trata-se da insolvência de pessoas singulares, que não estavam obrigadas a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável. Os insolventes, juntaram aos autos e/ou entregaram à signatária os documentos necessários e comprovativos da sua situação económica. Requeridos elementos complementares ao Serviço de Finanças de Vila Nova de Gaia 1, e ISS, I.P. - Centro Distrital do Porto, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo, no que respeita aos rendimentos auferidos, aos bens existentes e ao incumprimento no pagamento das dívidas fiscais. Como já referido no ponto 1, os insolventes não procederam à entrega dos Modelos 3 de IRS dos anos de 2010 e 2011 pelo que sai prejudicada a análise deste item, por falta de informações sobre os rendimentos dos insolventes nos anos em causa. Analisada a declaração de rendimentos do ano de 2012, constata-se que o rendimento bruto apresentado, nesse ano, foi de 543,90 - de salientar que não entram na declaração os valores recebidos a título de subsídio de desemprego. Ora, tendo em consideração o rendimento dos insolventes e ainda a presente situação (desemprego de ambos os insolventes), por contrapartida das dívidas existentes, facilmente se constata que tais rendimentos não são susceptíveis de possibilitar o pagamento das suas obrigações. Os insolventes apresentaram pedido de exoneração do passivo restante, tendo junto aos autos e ou entregue à signatária parte dos documentos necessários à - 5 -

6 avaliação do seu pedido, nomeadamente os seus certificados de registo criminal, faltando, no entanto, as declarações de IRS já referidas, sem as quais não poderá ser emitido parecer no que tange a este item. Face à venda supra mencionada e à falta das declarações de IRS solicitadas e não entregues, é bem provável que o parecer sobre a concessão da exoneração do passivo restante, venha a ser DESFAVORÁVEL, aguardando-se todavia as explicações dos insolventes sobre o exposto. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial. Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que os insolventes não apresentam rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano e o nível de endividamento existente não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência, pelo que, a proposta de Plano de Insolvência é desajustada à realidade e inviável. A única solução que nos parece adequada será a venda dos activos ora existentes in casu o imóvel identificado sob a verba n.º 1 do auto de arrolamento e apreensão de bens pelo valor de avaliação que vier a ser obtido. Os insolventes apresentaram pedido de exoneração do passivo restante, sobre o qual nos pronunciaremos na altura devida, nos termos do disposto no artigo 238.º, n.º 2 do CIRE, caso sejam colmatadas as falhas de documentação (modelos 3 de IRS de 2010 e 2011) e informação existentes (venda do imóvel supra identificado pelo insolvente marido)

7 B Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência; Proceder à avaliação do direito que o insolvente detinha sobre o prédio urbano descrito na 2ª Conservatória do Registo Predial de Vila Nova de Gaia sob o n.º 1123 C, para apurar da viabilidade de resolução do negócio (custos versus receitas); Com vista à liquidação do bem já apreendido, promover também a sua avaliação, já requerida nos autos. C Anexos juntos: Um Inventário. Dois Lista de créditos reconhecidos e não reconhecidos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 7 -