RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

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1 Proc.º de Insolvência n.º 331/16.8 T8AMT Insolvente: LUÍS MANUEL GONÇALVES DE SOUSA Comarca do Porto Este Instância Central Secção de Comércio Juiz 2 Amarante RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efetuada uma deslocação à Rua da Praia, n.º 873, Cancelos, freguesia de Sebolido, concelho de Penafiel, morada fixada ao insolvente e onde este efetivamente reside. Pela parte da mãe do insolvente, que nos recebeu aquando das diligências relativas ao arrolamento e apreensão de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação já constava dos autos. O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económicofinanceiro do insolvente. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições

2 Ora, O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pelo próprio insolvente, o qual reconhecendo a sua frágil situação económica, requereu a declaração da sua insolvência, que veio a ser decretada por douta sentença proferida em 14 de Março de 2016, entretanto já transitada em julgado. O insolvente é solteiro e não tem filhos. Actualmente o insolvente reside na morada fixada na douta sentença, que é habitação própria da sua mãe, não pagando qualquer contrapartida pela ocupação, e de igual modo, não contribuindo com qualquer ajuda financeira para as despesas da habitação, uma vez que só começou a trabalhar há mais ou menos dois meses. Presentemente o insolvente trabalha na empresa Principal Propriedade, Limitada, auferindo o salário mensal de 540,00. Pelo que nos é dado a conhecer, o insolvente não tem PPR s, nem saldos bancários, nem participações sociais, nem bens móveis, imóveis, veículos automóveis ou quaisquer outros activos. Após pesquisas matriciais, prediais, automóveis, ou outros bens sujeitos a registo, confirmaram-se as declarações prestadas pela mãe do insolvente, e posteriormente por este, através de contato telefónico, tendo o insolvente nessa altura confirmado todas as informações constantes do auto de arrolamento e apreensão de bens. Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do n.º 1, do artigo 24.º do CIRE: Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acresce a única reclamação de créditos apresentada e respetiva documentação de suporte

3 A única obrigação reclamada provém da falta de pagamento de um crédito contraído junto de uma instituição bancária, no qual o insolvente prestou fiança, o que, com o incumprimento dos devedores originários, determinou o vencimento da obrigação contratual estabelecida, gerando a situação de insolvência que hoje vive. Relativamente aos Modelos 3 de IRS dos anos de 2012, 2013 e 2014, o insolvente não procedeu à sua entrega, dado não possuir rendimentos, estando assim dispensado da sua apresentação junto da Autoridade Tributária, conforme dispõe o artigo 58º do CIRS. Foi já intentada uma execução contra o insolvente, a qual se encontra melhor identificada no requerimento de apresentação ao presente processo. Como causa da sua situação económica, o insolvente alega que esteve desempregado desde o ano de 2013, durante mais de dois anos, pelo que, aquando da resolução do contrato de mútuo no qual tinha sido fiador, e consequente vencimento da dívida, viu-se sem capacidade para cumprir com a obrigação creditícia vencida, devido à precariedade dos seus rendimentos. Deste modo, atenta a conjuntura económica vivida e a precariedade financeira que tem assolado o seu agregado familiar, o insolvente encontra-se hoje numa situação socioeconómica deficitária, impossibilitando-o de cumprir com a obrigação assumida enquanto fiador. Existe apenas uma dívida relacionada, reclamada e reconhecida no montante global de ,20, tendo já terminado o prazo para apresentação de reclamações de créditos. Relativamente a credores públicos, até ao momento, não são conhecidas quaisquer dívidas, quer à AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA, quer ao INSTITUTO DE SEGURANÇA SOCIAL

4 Ora, analisado o auto de arrolamento de bens (negativo), é mister concluir que o insolvente não possui meios para liquidar a dívida existente, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível. No momento, como nos foi informado e por nós constatado pelos contactos e pesquisas efetuadas, o insolvente trabalha na empresa Principal Propriedade, Limitada, mediante a retribuição mensal de 540,00. Ponto dois Análise do estado da contabilidade do devedor e opinião sobre os documentos de prestação de contas do insolvente: Trata-se da insolvência de pessoa singular, que não estava obrigada a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável. Requeridos elementos complementares ao Serviço de Finanças de Penafiel, até ao momento, não foram recebidas as informações solicitadas. Por outro lado, requeridos elementos complementares ao ISS, I.P. Centro Distrital do Porto, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo e ainda os fornecidos à signatária pelo insolvente, no que respeita à existência de rendimentos por conta de outrem, a partir de Fevereiro de 2016, junto da empresa Principal Prioridade, Lda. Conforme acima referido, o insolvente não procedeu à entrega dos Modelos 3 de IRS dos últimos anos, por estar dispensado da sua apresentação nos termos do disposto no artigo 58º do CIRS

5 Ora, tendo em consideração o rendimento auferido, por contrapartida da dívida existente, é visivelmente notória a precariedade económica que o insolvente hoje atravessa, sendo mister concluir que o passivo indicado, é inadequado à situação económica em que atualmente o mesmo se encontra. O insolvente apresentou pedido de exoneração do passivo restante, tendo junto aos autos e/ou entregue à signatária todos os documentos necessários à avaliação do seu pedido, nomeadamente o seu certificado de registo criminal. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial. Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que o insolvente não apresenta rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano, e o nível de endividamento existente não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência, pelo que, a proposta de Plano de Insolvência é desajustada à realidade e inviável. A única solução que nos parece adequada será o encerramento do processo, nos termos e ao abrigo do disposto nos artigos 39º e 232º do CIRE. B DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE: DÁ-SE PARECER FAVORÁVEL À EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE 1. Do vencimento dos créditos: - 5 -

6 Identificação do credor Proveniência do Crédito Data de Constituição da Montante do Crédito Data de início do Dívida incumprimento Banco de Investimento Imobiliário, S.A. Fiança em Mútuo com Hipoteca , Das condições exigíveis para a concessão da exoneração: - Dos documentos analisados, incluindo a única reclamação de créditos, o insolvente não procedeu à entrega dos Modelos 3 de IRS dos anos de 2012, 2013 e 2014, dado não possuir rendimentos, estando assim dispensado da sua apresentação junto da Autoridade Tributária, nada existe que nos permita concluir que a falta de apresentação mais atempada foi praticada com dolo, em qualquer das suas vertentes, ou que tenha agravado a situação do único credor (à excepção dos juros, sendo já abundante a jurisprudência dos tribunais superiores que desconsideram esta vertente); - O insolvente não alienou património, colaborou em tudo que lhe foi solicitado e do seu registo criminal nada consta, pelo que, face ao exposto, e em nossa opinião, a eventual falta de apresentação nos ditos seis meses, não deve relevar nesta sede. 3. Das condições pessoais do insolvente: - O insolvente apresentou-se ao presente processo em 09 de Março de Tem os seguintes rendimentos mensais: O insolvente trabalha na empresa Principal Propriedade, Lda. auferindo o salário mensal de 540,00. - Alega ter as seguintes despesas: Reside com a sua mãe, não pagando qualquer contrapartida pela ocupação, e de igual modo, não contribuindo com qualquer ajuda financeira para as despesas da habitação, uma vez que só começou a trabalhar há cerca de dois meses

7 4. Do montante do rendimento disponível: - Entendemos também que, tendo em conta o agregado familiar do insolvente, composto unicamente por si, por este devem ser entregues, ao futuro fiduciário, todas as quantias que excedam, em cada mês, o montante correspondente a um salário mínimo nacional. C SOLUÇÃO PROPOSTA: Face ao exposto, propõe-se: Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência; O encerramento do presente processo, nos termos do disposto nos artigos 39º e 232.º do CIRE, sem prejuízo da apreciação do pedido de exoneração do passivo restante apresentado, sobre o qual a signatária se pronunciou favoravelmente no ponto B do presente relatório e sem prejuízo também da sentença de graduação de créditos, caso venha a ser deferido o requerimento de exoneração do passivo restante. D Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista de créditos reconhecidos e não reconhecidos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 7 -