O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

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1 Procº de insolvência n.º 28/13.0 TBVLC 1º Juízo Insolvente: DISCALLA COMÉRCIO DE MALHAS, UNIPESSOAL, LIMITADA Tribunal Judicial de Vale de Cambra RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Na sede da insolvente, sita no Lugar de Padrastos, freguesia de Macieira de Cambra, concelho de Vale de Cambra; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças de Vale de Cambra; Pesquisas informativas no site e onde foram consultados os elementos relativos à insolvente, com recurso às passwords facultadas pela sua legal representante. Sendo a finalidade do presente Relatório a apreciação do estado económicofinanceiro da insolvente, tendo em vista uma apreciação de continuidade ou liquidação da empresa, os dados recolhidos permitem-nos apresentar este documento à Assembleia de Credores para votação dos itens legais em apreço

2 In casu, foram efectuadas todas as análises e verificações contabilísticas, sendo certo que todos os elementos necessários foram entregues e analisados com a celeridade possível. Aquando da diligência de arrolamento e apreensão de bens, fomos recebidos pela legal representante da insolvente, Dª Maria José de Pinho Almeida, a qual nos informou que a empresa está encerrada desde os finais de Julho de 2012, não desenvolvendo qualquer actividade desde então, dado que foi alvo de penhora dos débitos de clientes por parte dos serviços tributários, no âmbito de execuções fiscais, o que inviabilizou o aprovisionamento por falta de fundo de maneio. serviço. À data do encerramento, a empresa já não tinha qualquer trabalhador ao seu Salienta-se que o imóvel onde a sociedade exercia a sua aticidade económica era propriedade de familiares da gerente. Pela sócia gerente foram fornecidas as informações solicitadas, tendo a mesma facultado as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, o que permitiu a consulta de todos os elementos necessários à análise da evolução da empresa nos últimos anos. Pelas informações prestadas pelo serviço de finanças respectivo, foi identificado o TOC da empresa: VITOR FERNANDO DE CASTRO SAMPAIO. No que respeita à eventual existência de bens apreensíveis para a massa, verifica-se, através das pesquisas matriciais, prediais e automóveis efectuadas, que os bens existentes são os constantes do auto de arrolamento e apreensão de bens em anexo, nada mais tendo sido apurado na titularidade da insolvente

3 De destacar que os bens inventariados têm um valor comercial reduzido, pelo que não se procedeu à sua apreensão, mas apenas à sua inventariação, conforme consta do auto de arrolamento e apreensão de bens. B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: Nome: Natureza Jurídica: Sede: NIF e CAE: DISCALLA COMÉRCIO DE MALHAS, UNIPESSOAL, LDA. Sociedade por quotas. Padrastos Macieira de Cambra Vale de Cambra e R3, respectivamente. Matrícula: Conservatória do Registo Civil/Predial/Comercial de Vale de Cambra, com o NIF já indicado. Capital Social: Sócios e quotas: Gerência: Objecto social: 5.000,00 (Cinco mil euros). MARIA JOSÉ DE PINHO ALMEIDA Titular de uma quota com o valor nominal de 5.000,00 NIF: Residência: Padrastos Macieira de Cambra Vale de Cambra MARIA JOSÉ DE PINHO ALMEIDA NIF: Comércio de malhas, calçado e artigos de marroquinaria

4 Forma de obrigar a sociedade: É suficiente a intervenção de um gerente. Início de actividade: Novembro de B.2. Situação actual da empresa: O presente processo iniciou-se com o requerimento apresentado pelo credor J. FARIA, LDA., que indicou ter um crédito de ,94 sobre a ora insolvente, relativo a fornecimentos prestados no âmbito de relações económicas até então existentes entre as partes. A sociedade foi declarada insolvente por douta sentença proferida em 20 de Março de 2013, entretanto já transitada em julgado. A insolvente já não desenvolvia actividade à data da declaração de insolvência, encontrando-se sem qualquer actividade operacional, e já não tinha trabalhadores ao seu serviço. C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: A empresa insolvente tem contabilidade organizada, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às exigências fiscais na matéria

5 Os elementos contabilísticos que nos foram fornecidos estão de acordo com a realidade da empresa. Pelos serviços tributários foi-nos remetida certidão das dívidas fiscais existentes, no valor de ,64, créditos esses já devidamente reclamados e provisoriamente reconhecidos, conforme lista provisória de créditos em anexo. De posse das passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como da identificação e contactos do TOC, foi consultada toda a documentação contabilística e fiscal, nomeadamente a referente aos anos de 2008, 2009 e Verifica-se que no ano de 2011 a insolvente não procedeu à entrega da declaração de informação empresarial simplificada (IES/DA), correlativo do incumprimento tributário e consequente existência de processos executivos fiscais, quanto à não entrega de IVA, IRS e IRC. Da análise da documentação na nossa posse retiramos algumas conclusões pertinentes para o que aqui interessa, pelo que abaixo se indicam os valores do volume de negócios da requerente/insolvente e os resultados líquidos dos referidos anos, o que nos permite também verificar a sua evolução: Anos Volume de Negócios Resultados Líquidos ,35 (6.318,66 ) , , ,25 (16.286,38 ) Como se pode verificar do mapa acima, a empresa manteve a sua facturação mais ou menos estável, com excepção do ano de 2010 onde existiu um decréscimo razoável, tendo apresentado resultados negativos nos anos de 2008 e

6 Ora, a empresa apresenta um volume de negócios substancialmente elevado, proveniente essencialmente da venda de mercadorias, o que lhe permitia ir gerindo o seu passivo de forma controlada. No entanto, o declínio financeiro da insolvente foi-se acentuando ao longo dos anos, tendo atingido a ruptura total no âmbito do acumular de incumprimentos generalizados junto dos serviços tributários, provenientes da não entrega de impostos devidos a título de IVA e não apresentação de IRC e IRS, o que determinou a penhora dos débitos dos clientes existentes na conta corrente da empresa, inviabilizando e incapacitando a insolvente de dar resposta e ter fundo de maneio para o giro comercial exercido. Note-se que a actividade exercida pela insolvente, encontra-se inserida num sector (têxtil) que tem vindo a decrescer ao longo dos anos no mercado nacional, dependendo em grande medida da procura dos bens por si fornecidos; ora, atenta a crise que se faz sentir a todos os níveis, o sector de actividade em causa é um dos mais afetados. Todos estes factores determinaram a impossibilidade de manutenção da actividade económica exercida pela insolvente, com o avolumar de prejuízos, irreversíveis para uma pequena empresa como a requerida, incapacitando-a para continuar a cumprir com os compromissos assumidos. No que respeita às dívidas a terceiros, verificou-se a seguinte evolução: - Em 2008 temos um passivo de ,42 ; - Em 2009 um passivo de ,99 ; - Em 2010 um passivo total de ,

7 Podemos constatar, atento o passivo existente nos anos em análise, excessivo face à própria dimensão da empresa, que, atentos os resultados líquidos apresentados e as dívidas a terceiros, por contrapartida do capital social de 5.000,00, a empresa está sob a alçada do disposto no artigo 35º do C.S.C., sendo de concluir que se encontra incondicional e irreversivelmente em estado de insolvência. Assim, num sector afetado por uma crise cada vez mais profunda, não resta outra alternativa que não a confirmação do seu estado de insolvência, e o consequente encerramento do estabelecimento comercial. Existem créditos relacionados, reclamados e provisoriamente reconhecidos no montante global de ,15, distribuídos por fornecedores, banca e credores públicos, nomeadamente a Fazenda Nacional. As dívidas à Fazenda Nacional são no montante de ,64, relativas a IVA, IRS, IRC, Imposto de Selo, Custas e Coimas, sendo que, relativamente ao Instituto de Segurança Social, I.P., desconhece-se até à data a existência de quaisquer dívidas. Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Os elementos contabilísticos, aos quais tivemos acesso através dos sites oficiais, estão de acordo com a realidade da insolvente à data do requerimento de insolvência e confirmam todos os dados analisados, nomeadamente activo, passivo e resultados transitados dos vários exercícios

8 Analisados e consultados os elementos fiscais entregues, constatamos que a insolvente não cumpriu, até ao momento, todas as suas obrigações declarativas fiscais, não possuindo a sua contabilidade na devida ordem, sendo 2010 o último ano em que a insolvente procedeu à entrega dos documentos fiscais (IES e IRC). Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: Como já vimos acima, a empresa está de facto encerrada e sem actividade; não tem negócios em curso, não tem fundo de maneio nem possibilidade de o vir a obter, pelo que existe da parte de todos os envolvidos, incluindo a sua legal representante, a certeza de que a empresa não reúne quaisquer condições de viabilidade. Tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. De facto, a empresa está desativada, esvaziada da sua actividade, não reunindo quaisquer condições de manutenção. Assim, a única solução que nos parece adequada será a manutenção do seu encerramento, tornando-o definitivo

9 D Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento do estabelecimento, já que esta é uma situação pré existente; Encerramento do processo ao abrigo do disposto nos artigos 39º e 232º do CIRE; Notificação do serviço de finanças respectivo, a efectuar pelo Tribunal, para o encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do CIRE. E Anexos juntos: Um Auto de inventário e arrolamento de bens; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 9 -