RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Transcrição

1 Procº de insolvência n.º 1.089/12.5 TBMAI 4º Juízo Cível Insolventes: FERNANDA CARMINDA QUEIRÓS CORREIA E PAULO JORGE TEIXEIRA MENDES Tribunal Judicial da Maia RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efectuada deslocação à Rua Nova de Corim, N.º 162, freguesia de Águas Santas, concelho da Maia, morada fixada aos insolventes e local onde estes têm a sua residência efectiva. Pela parte dos insolventes, nomeadamente do insolvente marido que acompanhou o arrolamento de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação constava já dos autos. Foram inventariados os elementos patrimoniais conhecidos e já constantes dos autos e ali devidamente documentados, tudo de acordo com as disposições legais na matéria. Estes elementos estão devidamente identificados no anexo 1 do presente Relatório

2 O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económicofinanceiro dos insolventes. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições. Ora, O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pelos próprios insolventes, os quais, reconhecendo a sua frágil situação económica, requereram a declaração da sua insolvência, que veio a ser decretada por douta sentença proferida em 21 de Fevereiro de 2012, entretanto já transitada em julgado. Os insolventes são casados entre si, sob o regime de comunhão de adquiridos. Desse casamento nasceu uma filha, actualmente com 12 anos de idade, a saber, CRISTIANA SOFIA CORREIA MENDES, que se encontra a estudar. Os insolventes vivem com a sua filha na residência fixada nos autos, que é arrendada a RITA CORREIA VIANA, pela renda mensal de 350,00. Pelo que nos é dado a conhecer, os insolventes não têm saldos bancários, nem participações sociais, nem veículos automóveis ou outros activos, que não os já inventariados no âmbito do presente processo. Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acrescem as declarações anuais de rendimentos (Mod. 3 IRS) dos anos de 2008, 2009 e 2010, que foram entregues pelos insolventes, bem como as reclamações de créditos recebidas até ao momento e respectiva documentação

3 Ora, de tais documentos, verifica-se o montante das obrigações vencidas e a situação de incumprimento generalizado com que se deparam, actualmente, os insolventes. As obrigações conhecidas mais relevantes provêem da falta de pagamento de mútuos, um deles destinado à aquisição do imóvel arrolado no âmbito do presente processo, e de um aval prestado pelos insolventes em livrança subscrita por ANA PAULA ERMIDA AMARAL. Por conseguinte, Existem dívidas relacionadas, reclamadas e provisoriamente reconhecidas no montante total de ,87, encontrando-se ainda a decorrer o prazo para apresentação de reclamações de crédito; saliente-se que todos os créditos indicados pelos insolventes foram já reclamados no presente processo, pelo que não será expectável que o passivo possa vir a ser muito diferente do agora provisoriamente reconhecido. * Analisado o auto de arrolamento de bens, é mister concluir que o passivo acima referido é manifestamente superior ao activo, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível. No momento, e tal como nos foi informado, e por nós constatado pelos contactos e pesquisas efectuadas: O insolvente marido trabalha na empresa REFÚGIO AO LUAR, LAR DE 3ª IDADE, LDA., como animador, auferindo o salário mensal de 485,00 ; - 3 -

4 A insolvente mulher trabalha como empregada de limpeza a tempo parcial, na empresa TUPACO CARVALHO DE SOUSA & FILHOS, LDA., auferindo uma média de 180,00 mensais. Tendo em conta os rendimentos auferidos pelos insolventes, conclui-se que o passivo indicado é inadequado à débil situação económica em que actualmente os mesmos se encontram, tanto mais que do agregado familiar faz parte uma menor em idade escolar. Ponto dois Análise do estado da contabilidade dos devedores e opinião sobre os documentos de prestação de contas dos insolventes: Trata-se da insolvência de pessoas singulares, que não estavam obrigadas a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável. Os insolventes, juntaram aos autos e/ou entregaram à signatária os documentos necessários e comprovativos da sua situação económica. Requeridos elementos complementares ao Serviço de Finanças da Maia, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo e ainda os fornecidos à signatária pelos insolventes, quer quanto aos bens existentes, quer quanto á inexistência de dívidas fiscais. seguinte: Analisadas as declarações de rendimentos de 2008, 2009 e 2010, constata-se o Em 2008 os insolventes apresentaram um rendimento total bruto de 9.681,93 ; Em 2009 o rendimento bruto apresentado foi de 2.958,80 ; Em 2010 o rendimento anual bruto foi de 6.519,

5 Ora, O insolvente marido abriu um lar de idosos, tendo para o efeito constituído a sociedade comercial REFUGIO AO LUAR LAR DE TERCEIRA IDADE, LDA., da qual foi sócio gerente até Março de 2011, altura em que renunciou ao cargo de gerência e cedeu a sua quota na sociedade, por não conseguir tirar proveitos suficientes para o pagamento da suas obrigações creditícias. Efectivamente, o rendimento médio mensal dos insolventes, nos anos em análise, corresponde a cerca de 530,00, o que obviamente não se coaduna com o montante dos empréstimos contraídos e taxas de juros inerentes. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial. Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que os insolventes não apresentam rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano, e o nível de endividamento existente, não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência, pelo que a proposta de Plano de Insolvência é desajustada à realidade e inviável. Os insolventes apresentaram pedido de exoneração do passivo restante, tendo junto aos autos ou entregue à signatária todos os documentos necessários à avaliação do seu pedido, nomeadamente os seus certificados de registo criminal, pedido sobre o qual nos pronunciaremos na altura devida, nos termos do disposto no artigo 238.º, n.º 2 do CIRE

6 B Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência; Tendo em vista a liquidação dos bens arrolados, promover a sua avaliação, já requerida nos autos. C Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista provisória de créditos P.D. A Administradora da Insolvência, - 6 -