RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

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1 Procº de Insolvência n.º 2792 /15.3 T8STS Insolvente: PAULA CRISTINA PEREIRA LINO Comarca do Porto Instância Central 1ª Secção de Comércio Juiz 1 SANTO TIRSO RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A NOTA INTRODUTÓRIA: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efectuada uma deslocação à Rua Capitão Salgueiro Maia, n.º 22, freguesia de São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, morada fixada à insolvente e onde esta efectivamente reside. Pela parte da insolvente que, acompanhada da sua ilustre mandatária, Drª Margarida Ferreira Mota, nos receberam aquando das diligências relativas ao arrolamento e apreensão de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação já constava dos autos. O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155.º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económicofinanceiro da insolvente. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições

2 O presente processo teve início com a apresentação de requerimento por parte da insolvente, a qual, reconhecendo a sua frágil situação económica, requereu a declaração da sua insolvência, tendo sido esta decretada por douta sentença proferida em 28 de Agosto de 2015, entretanto já transitada em julgado. A insolvente é divorciada e tem três filhos menores a seu cargo, com as idades respectivas de 17,13 e 9 anos, todos estudantes. Recebe a título de pensão de alimentos por parte do progenitor pai dos menores, a quantia mensal total de 445,00. Actualmente a insolvente reside na morada fixada na douta sentença, que é habitação propriedade do seu pai, contribuindo com cerca de 250,00 a 300,00 mensais, para ajudas da habitação, dependendo do mês e da capacidade económica que possui. social. Presentemente a insolvente está desempregada, e não recebe qualquer subsídio Pelo que nos é dado a conhecer a insolvente não possui PPR s, nem saldos bancários, nem participações sociais, nem bens móveis, nem quaisquer outros bens, com excepção dos inventariados e já arrolados, identificados sob as verbas n.º 1 e 2 do auto de arrolamento e apreensão de bens, atentas as informações e pesquisas efectuadas junto das competentes conservatórias de registo predial e automóvel. Desde logo, Verificou-se a existência de um veículo automóvel de matrícula 62-DN-33, mas que já não se encontra em nome da insolvente desde o ano de 2013, conforme certidão de registo automóvel que foi possível conferir. Por outro lado, no que concerne a pesquisas matriciais e prediais efectuadas sobre bens sujeitos a registo, constata-se que a insolvente, até Abril do corrente ano, era proprietária de duas metades indivisas sobre dois imóveis um urbano e outro rústico -, tendo efetuado uma dação em cumprimento à sua irmã, IOLANDA PEREIRA LINO, em 23 de Março de

3 Face aos elementos obtidos, é intenção da massa insolvente proceder à resolução dos negócios em causa, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 121º e ss do CIRE; assim, cautelarmente, procedeu-se à respectiva apreensão a favor da massa, conforme se pode concluir do auto de arrolamento e apreensão de bens, ora junto e identificado como Anexo Um. Por conseguinte, e face aos elementos obtidos e supra descritos, entendemos proceder à resolução da referida dação em cumprimento, pelo que tal proposta será dada a conhecer à assembleia de credores. Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acrescem as reclamações de créditos apresentadas e respectiva documentação de suporte, os quais refletem o montante das obrigações vencidas, e a situação de incumprimento com que se depara, actualmente, a insolvente. Mais se refere que, relativamente aos Modelos 3 de IRS dos anos de 2012, 2013 e 2014, a insolvente não procedeu à sua entrega, dado não possuir rendimentos, estando assim dispensada da sua apresentação junto da Autoridade Tributária, conforme dispõe o artigo 58º do CIRS. As obrigações relacionadas provêm da falta de pagamento de créditos contraídos junto de instituições bancárias e parabancárias, existindo ainda dívidas contraídas junto de uma empresa de telecomunicações, bem como uma dívida ao Instituto de Segurança Social

4 Alega a insolvente que as dificuldades económicas com que actualmente se depara, decorreram essencialmente da dissolução do seu matrimónio no ano de 2006, coadjuvado com a situação de desemprego com que se vê confrontada desde o ano de 2011, gerando o despoletar de dívidas que vinham até então surgindo, em face dos empréstimos contraídos, quer junto dos credores bancários, quer dos credores públicos, produzindo um efeito de bola de neve, o que determinou a incapacidade para fazer face às dívidas existentes, criando a situação de insolvência que hoje atravessa. Assim, dada a conjuntura económica vivida e a precariedade financeira que tem assolado o seu agregado familiar, a insolvente encontra-se hoje numa situação socioeconómica extremamente deficitária, impossibilitando-a de continuar a cumprir com as suas obrigações. Por conseguinte, Existem dívidas relacionadas, reclamadas e provisoriamente reconhecidas no montante total de ,71. No que respeita a credores públicos, foi relacionada uma dívida contraída junto da AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA, no montante global de ,00, mas que até ao momento não foi objecto de reclamação. Por outro lado, foram reclamadas dívidas pelo Instituto de Segurança Social, I.P., no montante global de 4.907,90, referente a contribuições, enquanto trabalhadora independente. Ora, analisado o auto de arrolamento de bens, é mister concluir que o passivo acima referido é superior ao activo, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível. No momento, como nos foi informado, a insolvente está desempregada e não recebe qualquer subsídio social

5 Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Trata-se da insolvência de pessoa singular, que não estava obrigada a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável. No que respeita aos Modelos 3 de IRS de 2012, 2013 e 2014, a insolvente estava dispensada da sua apresentação junto da Autoridade Tributária, conforme dispõe o artigo 58º do CIRS. Requeridos elementos complementares ao Serviço de Finanças de Gondomar, até à data ainda não foram recebidas as informações solicitadas. Por outro lado, requeridos elementos complementares ao ISS, I.P. - Centro Distrital do Porto, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo e os fornecidos à signatária pela insolvente, no que concerne à inexistência de rendimentos por si auferidos. Tendo em consideração a inexistência de quaisquer rendimentos sociais e laborais, é visivelmente notória a precaridade económica que hoje atravessa a insolvente e o seu agregado familiar, por contrapartida aos empréstimos existentes, sendo mister concluir que o passivo indicado, é completamente inadequado à débil situação económica em que actualmente se encontra a insolvente. A insolvente apresentou pedido de exoneração do passivo restante, tendo junto todos os documentos necessários à avaliação do seu pedido, nomeadamente o seu certificado de registo criminal

6 Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial. Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que a insolvente não apresenta rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano, e o nível de endividamento existente não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência. Atenta a situação supra exposta relativamente ao direito sobre os imóveis actualmente na titularidade da sua irmã, IOLANDA PEREIRA LINO, vai a signatária propor à Assembleia de Credores a resolução da dação em cumprimento a favor da massa insolvente. A insolvente apresentou pedido de exoneração do passivo restante, sobre o qual nos pronunciaremos na altura devida, nos termos do disposto no artigo 238.º, n.º 2 do CIRE. B DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE: O PARECER SOBRE A CONCESSÃO DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE SERÁ JUNTO AOS AUTOS NA ASSEMBLEIA DE APRECIAÇÃO DO RELATÓRIO, NOS TERMOS DO DISPOSTO NO ARTIGO 236º, N.º 4 DO CIRE, POR ESTAR AINDA A DECORRER O PRAZO PARA RECLAMAÇÃO DE CRÉDITOS

7 C SOLUÇÃO PROPOSTA: Face ao exposto, propõe-se: Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência; Apreciação por parte da assembleia de credores sobre a dação em cumprimento efectuada pela insolvente à sua irmã IOLANDA PEREIRA LINO, em 23 de Março de 2015, e eventual resolução a favor da massa insolvente; Aguardarem os autos pela eventual resolução e consequente prossecução para liquidação. D Anexos juntos: Um Inventário. Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 7 -