O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

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1 Procº de insolvência n.º 753/12.3 TYVNG 2º Juízo Insolvente: SPEDIBÉRIA, LIMITADA Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Nas instalações da insolvente, correspondentes à sua sede, sita na Rua Joaquim Dias Salgueiro, Lotes um, dois e três, freguesia de Vilar do Senhor, concelho da Maia; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças da Maia. Aquando da deslocação efectuada à sede da insolvente, a signatária foi recebida por algumas trabalhadoras, tendo verificado que a empresa estava encerrada; foi informada que a insolvente tinha encerrado a sua laboração em 23 de Julho de 2012, na sequência de um arresto às instalações da empresa, tendo sido arrestado todo o equipamento informático, desde servidores, computadores e restantes elementos de trabalho, impedindo a laboração

2 Pelas trabalhadoras presentes, fomos de igual modo informados que a gerência simplesmente encerrou as portas da empresa, não tendo os legais representantes comunicado ou advertido quanto à real situação económica da mesma, junto dos seus trabalhadores. O que desde logo evidencia um claro abandono por parte da empresa, tendo a signatária procedido à legalização da situação dos trabalhadores, por via da entrega dos documentos necessários para que requeiram o subsídio de desemprego. A gerência é actualmente exercida por DORIANO CINELLI, residente em Itália, tendo o gerente português, LUÍS FILIPE MACHADO LOURENÇO CAVALHEIRO, renunciado à gerência em 04 de Junho de Mais se refere, Que a empresa tinha ainda cinco trabalhadores ao serviço, uns com os pagamentos em dia e outros com falta de pagamento dos salários de Julho e do subsídio de férias. Assim, A insolvente já não labora desde, pelo menos, 23 de Julho de 2012, tinha ainda cinco trabalhadores ao serviço, tendo-se procedido ao seu despedimento, e remetido os respectivos documentos legais e necessários para que requeiram o subsídio de desemprego; nas instalações a empresa possui apenas os parcos bens móveis já inventariados e constantes do auto de arrolamento e apreensão de bens. Acresce que, Pudemos apurar que existem diversos bens que foram penhorados, arrestados e removidos das instalações da insolvente, nomeadamente um veiculo automóvel, - 2 -

3 servidores e um empilhador, sendo que se encontram penhorados os eventuais saldos bancários existentes em contas do BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, BANCO BPI E BANCO SANTANDER TOTTA, pelo que já tomamos posição nos respectivos processos, pelo menos naqueles dos quais tivemos conhecimento, através da cedência das cópias dos autos de penhora e do auto de arresto de bens, bem como das penhoras das contas bancárias. De salientar ainda que, pela TOC da insolvente, foram fornecidas à Administradora as passwords de acesso ao portal das finanças, o que permitiu a consulta de todos os elementos necessários à análise da evolução da empresa nos últimos anos. Como a finalidade do presente Relatório, de acordo com o próprio conteúdo do artigo 155º, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económico-financeiro da insolvente e da sua viabilidade, os elementos até agora disponíveis permitem-nos dar resposta às questões em análise, com algumas limitações como adiante melhor se verá. B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: CERTIDÃO PERMANENTE COM O CÓDIGO DE ACESSO Nome: SPEDIBERIA, LDA. Natureza Jurídica: Localização e sede: Sociedade por quotas. Rua Joaquim Dias Salgueiro, Lote 1, 2 e 3 Vila Nova da Telha Maia - 3 -

4 NIF e CAE: e R3, respectivamente. Matrícula: Conservatória do Registo Predial/Comercial da Maia, com o NIF já indicado. Capital Social: ,66 (duzentos e dezoito mil, quinhentos e noventa e seis euros e sessenta e seis cêntimos). CLAUDIO ANDREASSI Titular de uma quota com o valor nominal de ,00. NIF: Residente na Via Alessandro Manzoni 2 Vaiano Itália Sócios e quotas: LUÍS FILIPE MACHADO LOURENÇO CAVALHEIRO Titular de uma quota com o valor nominal de ,66. NIF: Residente na Av.ª dos Lagos, 219 AE Francelos Gulpilhares Gerência: EUROSPED, S.R.L. Titular de uma quota com o valor nominal de ,00. NIPC: Sede: Viale Montegrappa, Prato Itália DORIANO CINELLI (desde ) Residente na Via Della Cipressa, 1 Fiesole Itália - 4 -

5 Objecto social: A prestação de serviços complementares do transporte de mercadorias no âmbito da actividade transitária, operações logísticas de manuseamento de cargas, armazenagem e distribuição, representação e agenciamento de transportadores terrestres, marítimos e aéreos, bem como o transporte rodoviário ocasional de mercadorias, a intervenção em operações de trading mediante a representação e comercialização de produtos de importação e exportação, designadamente comércio e representações de têxteis, vestuário, calçado e respectivos componentes, marroquinaria, máquinas e equipamentos e ainda a representação fiscal. Forma de Obrigar Intervenção de um gerente na: compra e venda de bens móveis, automóveis, e respectivos contratos de leasing; tomar de arrendamento e trespasse quaisquer imóveis; confessar desistir e transigir em juízo e fora dele; abertura e movimentação de contas bancárias, depósitos, levantamentos, requisição de cheques, saques e sua assinatura, transferências bancárias, ordens de pagamento bancárias e semelhantes; Intervenção de 2 gerentes nos demais actos. Início de actividade: 21 de Dezembro de Informações adicionais sobre estrutura societária LUÍS FILIPE MACHADO LOURENÇO CAVALHEIRO NIF: (Renúncia à Gerência em ) - 5 -

6 B.2. Situação actual da empresa: A insolvência foi requerida por TRANSPORTES SENHORA DOS MILAGRES, LDA., em 28 de Junho de 2012, alegando deter um crédito em relação à ora insolvente, tendo a sociedade sido decretada insolvente por douta sentença proferida em 25 de Julho de 2012, no âmbito do processo em epígrafe, sentença essa entretanto já transitada em julgado. Instaurada a presente acção, a insolvente, regularmente citada, não deduziu oposição, não tendo alegado quaisquer factos que comprovem a sua viabilidade económica e financeira. Ora, A insolvente foi constituída em 21 de Dezembro de processo: Encontram-se registados os seguintes factos com relevância para o presente Na data de : Aumento do Capital para ,00, na forma de subscrição em dinheiro, subscrito pelos sócios na proporção das suas quotas. Na data de Alterado o contrato de sociedade, alterando-se a sede da sociedade, para a actual. Na data de : Aumento de Capital para ,66, na forma de subscrição em numerário, subscrito pelo sócio LUÍS FILIPE MACHADO LOURENÇO CAVALHEIRO para reforço da sua quota. Na data de : alterado o contrato de sociedade, alterando-se o objecto social da sociedade, para o actual

7 Na data de : Cessação de funções de gerente de LUÍS FILIPE MACHADO LOURENÇO CAVALHEIRO. Assim, *** Procedemos ao arrolamento e apreensão a favor da massa insolvente dos bens móveis melhor discriminados no respectivo auto, distribuídos por quatro verbas. Tendo em consideração as penhoras e arrestos efectuados, é provável que venham a ser apreendidos outros bens a favor da massa, os quais, neste momento, não são susceptíveis de ser quantificados. Até ao momento nenhuma colaboração foi recebida, nem do actual gerente nem do anterior, ambos contactados. C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: A empresa insolvente tem contabilidade organizada e em dia, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às exigências fiscais na matéria. Os elementos contabilísticos que nos foram fornecidos estão de acordo com a realidade da empresa. A insolvente manteve a sua contabilidade em rigorosa ordem e cumpriu, até ao momento, todas as obrigações legais declarativas

8 De posse das passwords de acesso ao portal das finanças, bem como da identificação e contactos do TOC, foi consultada toda a documentação contabilística e fiscal, nomeadamente a referente aos anos de 2009, 2010 e Dessa análise retiramos algumas conclusões pertinentes para o que aqui interessa, pelo que abaixo se indicam os valores do volume de negócios da requerente/insolvente e os resultados líquidos dos referidos anos, o que nos permite também verificar a sua evolução: Anos Volume de Negócios Resultados Líquidos , , , , ,23 ( ,22 ) Pela análise dos valores inscritos no quadro acima, verifica-se que, nos anos em análise, existiu uma diminuição constante na facturação. Verificamos que a partir do ano de 2009 o volume de negócios começou a decrescer substancialmente, culminando num resultado líquido negativo no ano de 2011, substancialmente elevado. A falta de liquidez e a incapacidade para fazer face aos sucessivos encargos financeiros suportados pela insolvente, gerou um declínio insustentável na actividade económica da empresa que determinou a sua inviabilidade de continuar a exercer uma actividade no prisma macroeconómico nacional e internacional. Contudo, e como se verifica, a insolvente não conseguiu reverter a situação, não tendo conseguido a viabilidade e continuo exercício de actividade da empresa, tanto mais - 8 -

9 que a crise sentida no sector do transporte e de logística de mercadorias, já de si, muito fragilizado nos últimos anos, não deu quaisquer mostras de recuperação. evolução: Finalmente, no que respeita às dívidas a terceiros, verificou-se a seguinte - Em 2009 um passivo total de ,37 ; - Em 2010 um passivo total de ,27 ; - Em 2011 um passivo total de ,41. De notar que as dívidas a fornecedores são o factor mais relevante na rubrica de dívidas a terceiros, tendo aumentado constantemente ao longo dos anos. Assim, pode concluir-se que, na prática, o negócio não se sustentava a si próprio, dependendo de financiamento junto da banca e essencialmente de injecção de capital efectuada pelos sócios. Importa referir ainda, que a empresa pertence ao grupo Eurosped, cuja empresa mãe é a Eurosped, S.R.L., tendo a sua sede em Prato Itália. Em resumo, pelos dados analisados pode concluir-se que a empresa não tinha viabilidade económica e financeira, não sendo capaz de se sustentar com auto-suficiência no mercado nacional, o que gerou a impossibilidade de continuar a cumprir com as suas obrigações junto dos seus fornecedores, bem como junto da banca. Os documentos apresentados e todas as demais informações recolhidas permitem, sem restrições, decidir da viabilidade ou não da insolvente, para efeitos de continuidade ou liquidação, em face dos dados objectivos conhecidos: falta de actividade, de trabalhadores, nível excessivo de endividamento, incumprimento das obrigações

10 O total do passivo provisoriamente reconhecido, constante da lista de créditos que se anexa, é de ,73, sendo certo que já terminou o prazo para a apresentação de reclamações de créditos. No que se refere a credores públicos, até ao momento apenas é conhecida uma dívida ao Instituto de Segurança Social, Centro Distrital do Porto, no valor de ,82, referente a quotizações e contribuições. Requeridas informações adicionais ao serviço de finanças da Maia, as mesmas foram recebidas, confirmando a (in)existência de dívidas fiscais, bem como de outros elementos já na posse da signatária e constantes nos autos do processo. Ponto dois Análise do estado da contabilidade do devedor e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Os elementos contabilísticos apresentados com a p.i., e aqueles a que tivemos acesso no portal das Finanças, estão de acordo com a realidade da insolvente, e confirmam todos os dados constantes do processo, nomeadamente volume de negócios, activo, passivo e resultados transitados dos vários exercícios. De salientar ainda que a sociedade tem cumprido rigorosamente com as suas obrigações declarativas fiscais, sendo que o último ano de prestação de contas se refere ao ano de Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência:

11 De acordo com o acima exposto é nítido que a empresa insolvente não tem qualquer viabilidade económica ou financeira, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. Como já vimos acima, a empresa está de facto encerrada. Não tem negócios em curso, já não tem trabalhadores ao seu serviço, não tem fundo de maneio nem possibilidade de o vir a obter e apresenta um passivo superior a um milhão de euros, pelo que a retoma da actividade, na opinião da signatária, é extremamente difícil, para fazer face às obrigações estabelecidas. D Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento da insolvente, tornando-o definitivo; Cessação fiscal em sede de IVA e IRC, a ser efectuada pelo legal representante da insolvente, nos termos legais; Liquidação do activo pelos valores de avaliação que vierem a ser obtidos, caso os bens a apreender no âmbito dos arrestos efectuados totalizem valores iguais ou superiores a 5.000,00. E Anexos juntos: Um Auto de inventário e arrolamento de bens; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência,