Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

Transcrição

1 ACÓRDÃO N CANDIDATURA ZONA ELEITORAL - CAMPO ERÊ Relator: Juiz Marcelo Ramos Peregrino Ferreira Recorrente: Coligação Juntos Fazendo Mais Por Campo Erê Recorrido: Gilberto Alves do Amaral RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - SUPOSTA IN VALIDADE DA ATA DE CONVENÇÃO DO PARTIDO INTEGRANTE DA COLIGAÇÃO, POR TER SIDO ASSINADA POR QUEM NÃO SERIA PRESIDENTE DA COMISSÃO PROVISÓRIA - NÃO COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES - VALIDADE DA ATA DE CONVENÇÃO - ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS DEFERIMENTO DO REGISTRO - CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO (Precedente: Acórdão n , de , Relator Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha). Vistos etc. ACORDAM os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão. Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral. Florianópolis, 31 de agosto de

2 RELATÓRIO Trata-se de recurso (fls ) interposto pela Coligação Juntos Fazendo Mais Por Campo Erê contra decisão do Exmo. Juiz da 69 a Zona Eleitoral - Campo Erê, Dr. André Luiz Bianchi, que deferiu o pedido de registro de candidatura Gilberto Alves do Amaral ao cargo de vereador (fls ). A recorrente alega, em síntese, que a convenção do PC do B realizada em (fls ) seria inválida, eis que foi presidida e assinada pelo recorrido, que não era mais Presidente da Comissão Provisória Municipal desde , conforme certidões de fls. 25 e 27. Por fim, requer o provimento do recurso para indeferir o pedido de registro de candidatura. Em contrarrazões (fls ), o recorrido afirma que era o Presidente da Comissão Provisória em , o que restou demonstrado por prova documental e testemunhai, estando a ata da convenção municipal do PcdoB perfeitamente válida. Ao final, requer o desprovimento do recurso para manter a sentença que deferiu seu pedido de registro de candidatura. Nesta instância, a Procuradoria Regional Eleitoral manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fls ). É o relatório. VOTO O SENHOR JUIZ MARCELO RAMOS PEREGRINO FERREIRA (Relator): Sr. Presidente, o presente recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, pelo que dele conheço. No mérito, a irresignação não merece acolhimento. A análise da matéria, realizada no primeiro grau, merece ser prestigiada. A decisão do Exmo. Juiz da 69 a Zona Eleitoral, Dr. André Luiz Bianchi, não merece qualquer reparo e, diante-^a -nee^ ~hipétese T adoto-a como razão de decidir, in verbis: De forma contrária ao propalado pela coligação impugnante, restou suficientemente comprovado que Gilberto Alves Amaral era o Presidente da Comissão Provisória do Partido Comunista do Brasil - PC do B quando da escolha de seu nome como candidato na Convenção Municipal realizada em 30 de junho de É certo que a certidão de fl. 25 dá conta de que o exercício do cargo de Presidente do partido pelo impugnado findou-se em 1 o de junho de 2012 (data anterior à realização da Convenção Municipal). 2

3 No entanto, com a instrução processual comprovou-se documentalmente a ocorrência de ardilosa manobra levada a efeito pelo Diretório Estadual do partido, o qual, de forma sorrateira e ao arrepio dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, destituiu a Comissão Provisória de Campo Erê, alterando, inclusive, a sua vigência. O documento extraído do Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias - SGIP, acostado à fl. 58, indica com clarividência que a destituição da Comissão Provisória, e consequentemente a exclusão do impugnado do cargo de Presidente, somente se deu posteriormente à realização da Convenção Municipal, mais precisamente em 2 de julho de Verifica-se, ainda, que o Diretório Estadual, também de forma nebulosa, acabou por antecipar a vigência da Comissão Provisória, de modo a encurtar o prazo de vigência do mandato do impugnado, que se findava em 15 de novembro de 2013 e passou a ter término em 1 de junho de 2012 (fl. 59). Tudo isso só vem a demonstrar que o impugnado era de fato e de direito o Presidente da Comissão Provisória do partido na data de realização da Convenção Municipal, razão pela qual não há se falar em qualquer invalidade desta ou da respectiva ata, as quais bem observaram as disposições estatutárias. Frise-se que tais circunstâncias foram também reforçadas pela prova oral, a qual deixou transparecer de forma lídima que tudo não passou de uma manobra política do Diretório Estadual, em virtude do descontentamento de seus dirigentes com o resultado da Convenção Municipal neste município. Por fim, não se pode deixar de registrar o fato de que todas as testemunhas foram categóricas ao afirmar que sequer conhecem o novo Presidente da Comissão Provisória, Juliano Alves dos Santos (fl. 27). Este, aliás, sequer possui filiação político-partidária, consoante se extrai da certidão de fl. 67. Impõe-se, pois, pela improcedência da Impugnação. No mais, respeitadas as condições constitucionais de elegibilidade, art. 14, 3, da Constituição Federal, não incidindo em inelegibilidade e incompatibilidade, foram cumpridos os requisitos exigidos para a candidatura. Ante os fatos e fundamentos expostos: a) julgo IMPROCEDENTE a Impugnação manejada pela coligação Juntos Fazendo Mais por Campo Erê; e b) DEFIRO o pedido de registro de candidatura de GILBERTO ALVES DO AMARAL, para concorrer ao cargo de Vereador, sob o número 65123, com a seguinte opção de nome GILBERTO AMARAL. Além disso, esta Corte já decidiu, em precedente de relatoria do Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha: 3

4 RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS (DRAP) - COLIGAÇÃO PARA O PLEITO MAJORITÁRIO E PROPORCIONAL - IMPUGNAÇÃO - NULIDADE DA CONVENÇÃO DE UM DOS PARTIDOS COLIGADOS - ALEGAÇÃO DE FALTA DE LEGITIMIDADE DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO PROVISÓRIA MUNICIPAL QUE DELIBEROU PELA FORMAÇÃO DE COLIGAÇÃO AFASTADA - DESTITUIÇÃO ARBITRÁRIA DA ANTIGA COMPOSIÇÃO E DESIGNAÇÃO DE NOVA COMISSÃO PROVISÓRIA POR MEIO DE INTERVENÇÃO DO ÓRGÃO REGIONAL DO PARTIDO - INOBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - AUSÊNCIA DO DIREITO DE DEFESA - CONFIRMAÇÃO DA VALIDADE DA CONVENÇÃO REALIZADA PELA COMISSÃO PROVISÓRIA ARBITRARIAMENTE DESTITUÍDA - DEFERIMENTO DO REGISTRO - SENTENÇA MANTIDA - DESPRIVIMENTO [TRESC. Acórdão n , de , Relator Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha]. Outrossim, na quadra da impossibilidade do recurso integrativo para mero prequestionamento: "Recurso Extraordinário - Prequestionamento - Configuração. O prequestionamento prescinde da referência, no acórdão proferido, a número de artigos, parágrafos, incisos e alíneas. Diz-se prequestionado certo tema quando o órgão julgador haja adotado entendimento explícito a respeito.' (RE n SP, rei. Min. Marco Aurélio, in RTJ 173/ ). Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento, mantendo a sentença prolatada que deferiu o pedido de registro de candidatura de Gilberto Alves do Amaral. É como voto. 4

5 EXTRATO DE ATA RECURSO ELEITORAL N RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC - CANDIDATO - IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA - CARGO - VEREADOR - COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA - PROPORCIONAL - 69 a ZONA ELEITORAL - CAMPO ERÊ RELATOR: JUIZ MARCELO RAMOS PEREGRINO FERREIRA RECORRENTE(S): COLIGAÇÃO JUNTOS FAZENDO MAIS POR CAMPO ERÊ (PTB-PTN- PR-DEM-PSDB-PSD-PDT) ADVOGADO(S): JULIANE SILVESTRI BELTRAME RECORRIDO(S): GILBERTO ALVES DO AMARAL ADVOGADO(S): IVO HANKE JÚNIOR; CAROLINE TAIS SCHROEDER HANKE; CYNTHIA MARIA SCHROEDER PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ LUIZ CÉZAR MEDEIROS PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: MARCELO DA MOTA Decisão: à unanimidade, conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator. Foi assinado e publicado em sessão, com a intimação pessoal do Procurador Regional Eleitoral, o Acórdão n Presentes os Juizes Luiz Cézar Medeiros, Eládio Torret Rocha, Júlio Guilherme Berezoski Schattschneider, Nelson Maia Peixoto, Luiz Henrique Martins Portelinha e Marcelo Ramos Peregrino Ferreira. SESSÃO DE