S U R S I S SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
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- Olívia Stachinski Prada
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1 S U R S I S SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA arts. 77 a 82 do CP e 156 e s. da LEP. Deriva do verbo surseoir (suspender). Quer dizer suspensão. Expressão já utilizada pelo CP/1940. Conceitos: É o ato pelo qual o juiz, condenando o delinquente primário, não perigoso, à pena detentiva de curta duração, suspende a execução da mesma, ficando o sentenciado em liberdade sob determinadas condições. (Aníbal Bruno) Direito público subjetivo do réu de, preenchidos todos os requisitos legais, ter suspensa a execução da pena imposta, durante certo prazo e mediante determinadas condições. (Capez)
2 Natureza jurídica: - INCIDENTE DA EXECUÇÃO (ANTES DA REFORMA DE 84) - DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO DO CONDENADO - MEDIDA PENAL RESTRITIVA DA LIBERDADE (STJ) A Doutrina brasileira, em sua grande maioria, vê no instituto um direito público subjetivo do condenado. Na verdade, é uma alternativa aos meios sancionatórios tradicionais prisão (medida alternativa). o juiz não tem a faculdade de aplicar ou não o sursis. Se presentes os seus requisitos a aplicação é obrigatória. o art. 157 da LEP prevê que a decisão que conceder ou negar o sursis terá de ser fundamentada, o que reforçou o entendimento de muitos penalistas brasileiros, que vêem no sursis um direito público subjetivo do réu. Com a Lei nº 9.714/1998, o sursis praticamente deixou de existir, pois tornouse subsidiário à pena alternativa. 1. primeiro o juiz deve verificar se é caso de aplicar pena restritiva de direitos ou a multa substitutiva da pena privativa de liberdade. 2. somente depois de verificada essa impossibilidade, é que poderá ser aplicada a suspensão condicional da pena, como uma segunda opção.
3 - as Penas Alternativas são uma opção sancionatória para evitar a imposição de pena privativa de liberdade. São de duas espécies: - Restritivas de Direitos - Multa Penas Restritivas de Direitos (Art. 43 e s., CP) São penas autônomas e substituem a pena privativa de liberdade por certas restrições ou obrigações, por isso têm caráter substitutivo. Não estão previstas em abstrato no tipo penal, razão pela qual não podem ser aplicadas diretamente pelo juiz, exceto os casos previstos no CTB. O art. 55, CP prevê que as penas restritivas de direitos terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, exceto nos casos de substituição por prestação pecuniária ou perda de bens e valores.
4 Objetivos da Lei 9.714/98: - cumprir o disposto no art. 5º, XLVI, d e e (prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos); - diminuir a superlotação dos presídios e reduzir os custos do sistema penitenciário; - favorecer a ressocialização do infrator, evitando o prejudicial ambiente carcerário e sua consequente estigmatização; - reduzir a reincidência, pois a pena privativa de liberdade é a que tem o maior índice; - preservar os interesses da vítima. As penas alternativas Restritivas de Direitos podem ser: em sentido estrito: - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; - limitação de fim de semana; - 5 interdições temporárias de direitos.
5 pecuniárias: - prestação pecuniária em favor da vítima; - prestação inominada; - perda de bens e valores. REQUISITOS para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (art. 44, CP) Requisitos objetivos: - quantidade da pena: a pena privativa de liberdade aplicada aos crimes dolosos deve ser igual ou inferior a 4 anos e sem limite para os crimes culposos. - natureza da infração: crime doloso cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. Considerase somente a violência dolosa, e não aquela que caracteriza o homicídio ou a lesão corporal culposos. Requisitos subjetivos: - não ser o réu reincidente em crime doloso. Entretanto, o 3º do art. 44 admite a substituição ao reincidente, desde que o juiz verifique a existência de outros dois requisitos: ser a medida recomendável em face da condenação anterior e que a reincidência não tenha ocorrido em virtude da prática do mesmo crime (reincidência específica). - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias recomendarem a substituição (circunstâncias subjetivas do art. 59, caput).
6 Regras para a substituição das penas restritivas de direitos art. 44, 2º: - condenação a pena igual ou inferior a 1 ano multa ou 1 pena restritiva de direitos. Multa vicariante antigo art. 60, 2º (pena igual ou inferior a 6 meses) Hipótese de novatio legis in mellius (retroage) - condenação a pena superior a 1 ano e não superior a 4 1 pena restritiva de direitos + multa ou 2 restritivas de direitos. O sursis : a) Teoricamente, sempre que couber o sursis caberá a substituição da PPL por PRD, pois exige pena igual ou inferior a dois anos; b) Cabe nos crimes dolosos mediante violência ou grave ameaça, com pena imposta igual ou inferior a dois anos, ou, no caso do sursis etário ou humanitário, com pena igual ou inferior a quatro anos (não cabe substituição da PPL por PRD - art. 44, I); c) Cabe ao reincidente em crime doloso, com pena anterior de multa - 77, 1º (não cabe substituição da PPL por PRD - art. 44, II); d) Cabe ao reincidente específico em crime culposo (não cabe substituição - 44, 3º pf).
7 SISTEMAS: 1º) anglo-americano ( probation system ) 2º) belga-francês (europeu-continental) É o nosso sistema! No geral, todas as legislações apresentam os mesmos contornos do instituto, sem grandes distinções. Características: 1º) anglo-americano ( probation system ) - o juiz não condena o réu, apenas o declara culpado e fixa o período de prova, em que ele ficará sob orientação e fiscalização de funcionários incumbidos de seu reajustamento social. - não é proferida sentença condenatória! - o condenado deve demonstrar boa conduta durante o período de prova condicionamento positivo. - tem maior amplitude, podendo ser concedido a criminoso que tenha cometido crime grave, desde que o juiz entenda que não tornará a delinquir.
8 2º) belga-francês (europeu-continental) É o nosso sistema! - o juiz condena o réu e determina a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade. - só pode ser concedido a criminoso não reincidente em crime doloso, desde que a pena não ultrapasse 2 (dois) anos (não é a pena cominada, mas a aplicada). - o condenado fica sujeito a condições, inclusive a de não praticar nova infração condicionamento negativo. O ideal é a combinação dos dois sistemas: o juiz profere a sentença condenatória e suspende a execução da pena, e o condenado é entregue à vigilância e assistência de funcionários preparados para tal função (recuperação). no art. 158, 3º e 6º da LEP, o sistema brasileiro reconhece o valor do sistema angloamericano, e adota a vigilância e acompanhamento dos beneficiários da suspensão. Formas: a) Simples: art. 77 e 78, 1º do CP. b) Especial: art. 78, 2º do CP é mais benigno do que qualquer pena restritiva de direitos ou multa. As condições do 1º (no 1º ano: prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana) são substituídas pelas do 2º (proibição de frequentar determinados lugares, de ausentarse da comarca onde reside sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente para informar suas atividades).
9 Neste caso, o condenado tem que apresentar todos os requisitos gerais (sursis simples) + 2 requisitos especiais: ter reparado o dano, salvo justa causa, e todas as circunstâncias do art. 59 favoráveis. c) Etário: art. 77, 2º - em que o condenado é maior de 70 anos à data da sentença concessiva, a pena não superior a 04 anos. d) Humanitário: art. 77, 2º - por razões de saúde, independentemente da idade (criado pela Lei nº 9.714/98). Condições: legais são as do sursis simples e as do especial. judiciais impostas a critério do juiz, estão previstas no art. 79. Obs.: se o juiz estabelecer dentre as condições judiciais não praticar nova infração penal, tudo bem, pois estará suprindo a grande lacuna do CP. A prática de nova infração durante o período probatório não revoga o sursis. legais indiretas são as causas de revogação da suspensão.
10 Requisitos ou pressupostos Objetivos: a) Natureza ou qualidade da pena: privativa de liberdade (art. 80). b) Quantidade da pena: não superior a 02 anos (art. 77, caput ) e não superior a 04 anos para o septuagenário ou por razões de saúde (art. 77, 2º). c) Impossibilidade de substituição por pena restritiva de direitos. Subjetivos: a) Condenado não reincidente em crime doloso (art. 77, I). A condenação anterior a pena de multa não impede o sursis (art. 77, 1º). b) Circunstâncias judiciais (art. 59) favoráveis ao agente (art. 77, II) prognose de não voltar a delinquir. Audiência Admonitória: é a audiência de advertência, que tem como única finalidade cientificar o sentenciado das condições impostas e das consequências de seu descumprimento. É ato ligado à execução da pena, por isso, só pode ser realizada após o trânsito em julgado da decisão condenatória (art. 160 da LEP).
11 Período de prova: é o prazo em que o condenado tem a execução da pena privativa de liberdade suspensa, mediante o cumprimento de condições. Começa a contar da data da audiência admonitória. De 02 a 04 anos art. 77, caput ( sursis simples) De 04 a 06 anos art. 77, 2º ( sursis etário e humanitário) De 01 a 03 anos art. 11 da LCP (prisão simples das contravenções) Revogação Causas obrigatórias: Art. 81, I, II e III - condenação irrecorrível por crime doloso - frustração da execução da pena de multa, sendo o condenado solvente - não reparação do dano, sem motivo justificado - descumprimento de qualquer das condições legais do sursis simples (art. 78, 1º). Art. 161 da LEP (revogação ou cassação) - não comparecimento injustificado do réu à audiência admonitória.
12 Causas facultativas: Art. 81, 1º - descumprimento das condições legais do sursis especial (art. 78, 2º) - superveniência de condenação irrecorrível pela prática de contravenção ou crime culposo, exceto se imposta pena de multa - descumprimento de qualquer outra condição judicial (art. 79) 3º - quando facultativa a revogação o juiz, ao invés de decretá-la, poderá prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. 2º - prorrogação automática e obrigatória do período de prova até o julgamento definitivo, se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção. Art expirado o prazo do período de prova sem revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
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