ESTADO DA PARAIBA. Gabinete do Desembargador. k AV891 Marcc s Cavalcanti de Albuquerque - EMENTA APELAÇÃO CÍVEL - CONTRATO - III

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1 ,, d ESTADO DA PARAIBA -. PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA l. Gabinete do Desembargador k AV891 Marcc s Cavalcanti de Albuquerque A CÓRDÃO APELAÇÃO CIVEL NI /001 RELATOR Desemban ador Marcos Cavalcanti de Albuquerque APELANTE ESMALE - Assistência Internacional de Saude Ltda (Smile) - Advs Ge( rge Alexandre R de Oliveira, Hermano Gadelha de Sa e Outros APELADA Barbara ilrissa Medeiros Braz - Adv José François Paulino de Oliveira EMENTA APELAÇÃO CÍVEL - CONTRATO - III PLANO DE SAUDE - NECESSIDADE DE INTER- VENÇÃO CIRÚRGICA - LESÃO NO JOELHO - NEGAÇÃO DO PLANO DE SAUDE - ALEGA-, ção DE DOENÇA PRÉ-EXISTENTE - NÃO COMPROVADA - NECESSIDADE DE REALIZA- ÇÃO DE EXAME MÉDICO NO MOMENTO DA ASSINATURA DO CONTRATO - RESPONSABI- LIDADE DO PLANO - OMISSÃO - DEVER DE INDENIZAR - NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA E O DANO - CONFIGURADO - DESPROVIMENTO DO RECURSO - A natureza peculiar do contrato de seguro saude e a especial relevância do direito que visa a proteger, es tão a exigir que a sua compreensão seja realizada 'a luz de principios maiores e não a vista das regras tradicionais da teoria dos contratos Não se trata de negar a força vinculante que tais pactos liberam, trata-se, isto sim, de, reconhecendo-a, emprestar a ela exegese e a- plicação conforme ao espírito protetivo do direito consumensta e a superior importância do valor tutelado a saude de um ser humano, - A alegação de pré-existência da doença não pode prosperar sem que tenha sido realizado exame medico para tal constatação, no ato da contratação do seguro, sendo da competência da seguradora diligenciar no sentido de verificar a existência ou não de doenças, como a apelante não procedeu desta forma, a mesma deve arcar com os custos do seu ato omissivo (v,3 ( 1

2 FU APELAÇÃO CIVEL itstma r"- N / 001 Ti 1 Vistos, re atados e discutidos estes autos acima identificados Acorda e Segunda Câmara Civel do Tribunal de Justiça da Paraiba, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO RELATC nrio 1111 A ESM4LE Assistência Internacional de Saúde Ltda (Smile), ora apelante, inconformada com a decisão de fls 132/137 do Juiz de Direito da 6' Vara Civel na Comarca de Jok Pessoa, que julgou procedente a Ação de Nulidade de Cláusulas Contratuais c/c Inder ização por Danos Morais, movida por Bárbara Larissa Medeiros Braz, ora apelada, fixado a quantia de R$ 3 000,00 (três mil reais) a título de condenação pelos danos morais,!tornando dessa forma, nula a previsão contratual, sendo atualizado monetariamente a pa tir da data da decisão e juros de mora de 1% ao mês, incidentes desde a data do fato Fixou ainda as custas e honoranos advocaticios em 20% sobre o valor indenizatono fixa& Na Apel ção, em suas razões, s fls 139/150, pugnou pela reforma da decisão "a quo", j ustificando que a apelada já sofria de dores antes mesmo da assinatura do contrato, sendo dessa orma, uma doença pré-existente, caracterizando a ma-fe da autora Fundamentou, ainda, nexistir nexo de causalidade para que se proceda a fixação dos danos morais, requerend( sua improcedência Foi abert) o prazo para contra-razões, sendo apresentada, tempestivamente, nas fls 165/172, onde relacionou os fatos que visam a manter a sentença, entendendo que o juiz sentenciante aplicou corretamente o bom direito, prestando a tutela j unsdicional sansfatonamente Instada a se manifestar, a Procuradoria de Justiça ofertou parecer (fls 177/182) pelo desprovimer i to do Recurso Apelatono, mantendo a sentença nos mesmos termos É o que i nporta relatar VOTC Após a analise esmiuçada dos autos, passamos a emitir a resposta estatal e, verificaremos que não merece prosperar as alegações postas pelo apelante no presente Recurso Apelatono Ns\:, 2

3 APELAÇÃO CIVEL e fik. rt.-- J51.1= Ir I "rua Juerm8 N / 001 /I II ri O fato que originou a demanda narra que a apelada, usuária como dependente do Plano de Saude i Smile, ao necessitar de cobertura cirurgica, tida como urgente pelos medicos, em virtipde de uma lesão no j oelho, diagnosticado como "lesão ligamentar e meniscal", teve sua n pretensão negada, sob a justificativa que o plano de saude não cobriria patologia adquiri Ia anteriormente h assinatura do contrato Comenta, a lesão, originou-se devido a pratica de basquete pela apelada, esporte este que lhe garante os estudos, ja que a mesma preenche vaga de bolsista no Colegio Lourdinas - JP Durante (' trâmite, a cirurgia foi ordenada e assim procedida, onde a apelante arcou com as despesas cirurgicas e hospitalares, sendo concedido, ainda, pelo magistrado sentenciante, posterwrmente, a indenização pelos danos morais sofridos pela vitima Eis a que,, ão Discorreremos sobre o direito Como po 'emos perceber, surgem, devido a controvérsia levantada neste Recurso Apelatório, os seguintes fatos, que devem ser analisados a existência ou não de doença pre-existente, o que poderia acarretar a ma-fé da apelada, bem como se o nexo de causalidade, que gerou o dano moral, estaria presente no caso Desde já, com base no estudo dos autos, percebemos a boa-fé da apelada, o contrato, firmado corr a apelante, teve sua adesão confirmada em 18 de julho de 2002 e, a lesão no joelho, st gundo consta na exordial, deu-se em 16 de agosto de 2002 Inobstante conste na fl 4d que a recorrida se queixava da lesão a mais de 3 meses, não restou comprovado nos autes se a mesma continuou a praticar o esporte, mesmo se queixando das dores Além do nais, na "Declaração de Saude" (fls 36) a apelada indicou que pratica handebol e de basquete, ou sej a, não foi omitido o fato, referente h prática destes esportes ks A alegaçã ) de pre-existência da doença não pode prosperar sem que tenha sido realizado exame ç-néclico para tal constatação, no ato da contratação do seguro, sendo da competência da seguradora diligenciar no sentido de verificar a existência ou não de doenças, como a pelante não procedeu dessa forma, a mesma deve arcar com os custos do seu ato omissiv A j unspru lência tem se comportado neste mesmo sentido 1 3

4 1 ebl éã- n- I APELAÇÃO CIVEL CPUI Rem/ Mi N / "AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - SEGURO - PROVA PERICIAL - AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA - CDC - DOENÇA PRÉ-EXISTENTE - AUSENCIA DE EXAME PRÉVIO, DE QUESTI- ONÁRIO E DE EXCLUSÃO ESPECIFICA - HO- NORÁRIOS ADVOCATICIOS - MAJORAÇÃO - ART 20, 3 g DO CPC A simples assinatura de um documento padrão, contendo expressões genéricas pré-elaboradas, que não informe evpressamente, a impossibilidade da contrafação de seguro, por quem, eventualmente tenha se submetido a cirurgia antes da celebração cio contrato de seguro, não é ham para Isentar a seguradora do pagamento da indenização contratada" (Ti MG, AC , Relator NILO LACERDA) Diante d(, fatos elencados ate este momento, concluimos que a apelada agiu de boa-fe, não se tratando de lesão pre-existente, configurando, assim, o inverso dos fundamentos do apel nte Contudo, mesmo que constderassemos a lesão pre-existente, a clausula que delimita a carência le 24 meses e nula, de acordo com a inteligência do art 51, IV c/c 1, I e II do CDC "Art 51 São nulas de pleno direito, entre outras, as &mesulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que ( ) IV estabeleçam obriga0es consideralins iniquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem e- xagerada, ou sejam incompativeis com a boa-fé ou a equidade ( ) 1 Presume-se exagerada, ente outros casos, a vantagem que ) II restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes a natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equimrio contratual III se mostra evcessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteildo do fra 4

5 I I LÍLN!,e ~5, APELAÇÃO CIVEL N / 001 r _11 U contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares do caso Visto issc percebemos que não se trata de negar a força vinculante que tais pactos liberam Absolutamente Trata-se, isto sim, de, reconhecendo-a, emprestar a ela exegese e aplicação conforme ao espirito protetivo do direito consumerista e a importância do objeto contratado a tutela da saúde de um ser humano Alem da )revisão constitucional que alberga os direitos da coletividade a saude, temos também, I ara tratar do tema, de forma pontual, os artigos constantes no CDC, a exemplo do art 4 Q, que preceitua sobre o atendimento das necessidades dos consumidores e o respt ao 'a dignidade, saude e segurança "Art 4' - A Politica Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, sadde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relcições de consumo, atendidos os seguintes princípios I omissis" A melhor jurisprudência tem se comportado no sentido de considerar abusiva as clausulas que res rin j am ou excluam as garantias previstas no contrato 111 "CONTRATO DE PLANO DE SAUDE - CLAUSU- LA CONTRATUAL - ABUSIVIDADE - APLICA- ÇÃO DAS NORMAS DO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Os planos de saude são tipicos contratos de adesão, por meio dos quais as clausulas são impostas ao contratante, geralmente mais fraco e hipossuficiente, sem que possa discutir as clausulas contratadas As clausulas restritivas constantes do plano de saude que restringem o seu campo de 171- cidência e excluem a garantia do tratamento para salvar a vida do segurado, são abusivas" (TJ MG, AC /001, Relator MOTA E SILVA) No que t,rige ao segundo ponto levantado pelo apelante em seu Recurso, qual seja, a tnexistênci I do nexo de causalidade para configurar os danos morais, da mesma forma não merece prosperar 5

6 4 jet% 4-145, APELAÇÃO CIVEL N / 001,1 L) A existe icia dos três elementos essenciais para configurar a responsabilidade subjetiva do Plaro de Saude, esta cristalina, tomando como base o caso telado Com esc )po no próprio texto do apelante em suas razões, devem estar presentes, para que se conttgure o dano moral "a ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta, um dano, ( o nexo de causalidade entre uma e outro" Pois bem, analisaremos estes três elemento O erro r conduta restou evidenciado ao negar a operação cirur- gica, fundamentando em um fat ) inexistente, tolhendo de forma incontroversa o direito da apelada em ser cirurgiada O dano configurou-se, inclusive se perpetuando no tempo devido a negativa, sendo, inclusive, não somente fisico, mas psicológico, atingindo uma jovem que dependia da prática do basquete para garantir sua bolsa de estudos E, finalizando, o nexo de causalidade se mostra óbvio, carecendo de maiores explanações Assim, r ão restam duvidas quanto a necessidade de indenizar moralmente a apelada, como beri procedeu o juizo "a quo", que fixou um valor satisfatório e condizente com o caso A recusa do tratamento cirurgico gera, de forma incontroversa, o direito aos danos morais É desta forma que se posiciona a melhor doutrina 1111 DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - INDENIZ AÇÃO POR DANOS MORAIS - PLANO DE SAUDE - CI- RURGIA DE REDUÇÃO DE ESTÔMAGO - NE- GATIVA DE COBERTURA - PROCEDÊNCIA NO JUIZO A QUO - INCONFORMISMO - ILEGITIMI- DADE PASSIVA AD CAUSAM - INOCORRÊNCIA - AUSÊNCIA DE PROVA - RESPONSABILIDADE CONTRATUAL DO PLANO DE SAÚDE - DA- NO MORAL - OCORRENCIA - MAL-ESTAR, \ TRISTEZA E HUMILHAÇÃO PELA RECUSA AO PAGAMENTO CIRÚRGICO - CONFIGU- RAÇÃO - REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATO- RIO - IMPROCEDÊNCIA - SENTENÇA CONFIR- MADA - RECLAMO DESPROV IDO Ençeja reparação por danos moraiç humillnçto tece- Lucia por consumidor que possui cirurgia negada imedial-mente vós a reilizaçao de procedimentos pré- 6

7 1 I ) I 1 A A. ' APELAÇÃO CIVEL 1 JusrmA r"- N reoiromom% operatórios, embora sendo beneficiário de plano de saúde, que nega pagamento de trabalho cirdigico Em, sede de dano moral, o quantum fixado pelo juiz e aferido pol parâmetros objetivos e subjetivos, de tal modo que ele não sirva de enriquecimento para o ofendido e nem á desvalia do bem juridtco pelo ofen.sor (TJ SC - Acordão Apelação mel , Relato, Antônio Do Rego Monteiro Rocha) Diante d exposto, não resta alternativa se não NEGAR PRO- VIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO, mantendo sentença combatida nos mesmos termos É COMO N )t.0 Presidiu t Sessão o Exmo Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Participaram do ji lgamento, além do relator, Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, a Des a M iria das Neves do E A Duda Ferreira e a Dr' Maria das Graças Morais Guedes (Juiza ccnvocada para substituir a Des a Maria de Fatima Morais Bezerra Cavalcanti) Procuradora de Justiça Presente o j ulgamento a Exm a Ora Lucia de Fátima Mala Farias, Sala de :.ssões da Segunda Câmara Civel, do io Justiça do Estado da Paraiba, Joã Pessoa, 25 de novembro 200 Desemba,.'r br Marcos.cei alcanti de--:lbuqu-ak- e Relator LF/15 r 7

8 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadorla Judiciária, &Vidrado rep ,