ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N

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1 ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N Relator :Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz de Direito convocado em substituição ao Des. José Di Lorenzo Serpa. Apelante :STTrans Superintendência de Transportes e Trânsito de João Pessoa (Adv. Lucas Fernandes Torres e Outro). Apelada :Alessandra Vieira Marinho (Adv. Otacílio Batista de Sousa Neto). APELAÇÃO CÍVEL. Ação declaratória de nulidade de multa de trânsito. Barreira/redutor. eletrônico. Necessidade de marcador de velocidade visível. Ausência. Lei Municipal n /2004. Objetivo da norma de orientar o condutor sobre a velocidade exigida. Inexistência de qualquer nulidade na aplicação da multa. Provimento do apelo. Reforma do decisum de 1 2 grau. lnexiste previsão legal de necessidade de as lombadas eletrônicas conterem visualizadores da

2 velocidade desenvolvida pelo condutor ao ultrapassá-las, necessitando apenas de indicadores que pudessem orientar o motorista sobre a velocidade máxima de ultrapassagem. Vistos, relatados e discutidos os autos da APELAÇÃO CÍVEL N ,165:51001, interposta pela STTRANS SUPERINTENDÊNCIA DE TRANSPORTE E TRÂNSITO DE JOÃO PESSOA, tendo como apelada ALESSANDRA VIEIRA MARINHO. ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por sua -P Câmara Cível, em sessão ordinária, à unanimidade, -PROVER O RECURSO APELATÓRIO. RELATÓRIO Cuida-se de apelação cível (fls. 56/63) interposta pela SUPERINTENDÊNCIA DE TRANSPORTES E TRÂNSITO DE JOÃO PESSOA STTRANS desafiando sentença proferida pelo Juízo da 8 2 Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital (fls. 52/55) que julgou procedente a ação deciaratária -de nulidade de multa de trânsito movida por ALESSANDRA VIEIRA MARINHO, em conformidade com a Lei Municipal n /04, declarando a nulidade da multa. Por fim, condenou ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 1.000,00 (mil reais). lrresignada, a STTRANS aviou o presente recurso apelatório, alegando - que os equipamentos chamados "bandeirões" de fiscalização eletrônica, tem previsão na Lei Municipal n /04, afirmando que todas

3 as barreiras eletrônicas tem marcadores de velocidade, mas a lei não exige que a velocidade seja marcada instantaneamente, mediante display. Outrossim, aduz a impossibilidade da sentença entender pela ilegalidade na utilização dos "bandeirões", já que para serem considerados legais, basta tão-só a regulamentação 'pelo CONTRAN, conforme determina o art. 280, 2 2, do CNT. Por fim, alega a inexistência de relação de consumo no presente caso, não podendo a STTRANS ser considerada fornecedora, pois presta um serviço público não remunerado. Foram manejadas contrarrazões (fls. 66/67), rogando a apelada pelo desprovimento do recurso. A Procuradoria de Justiça encartou parecer às fls. 73/75, opinando pelo provimento do apelo para, reformando a decisão de primeiro grau, julgar improcedente o pedido. É o relatório. à" o 9. VOTO: ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos intrínsecos - cabimento, legitimidade e interesse_para apelar - e extrínsecos - tempestividade, regularidade formal, e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

4 A intimação da sentença foi publicada no Diário da Justiça do dia 14/03/2010, fls. 55-v, tendo o recurso sido ajuizado na data de 13/04/2010, fls. 56, sendo tempestivo, nos termos do art. 508 c/c o art. 188 do CPC. Apelante dispensada do preparo, por tratarse de autarquia municipal, art. 511,parágrafo 1 2 do CPC. Juízo de admissibilidade positivo. MÉRITO Depreende-se dos autos que Alessandra Vieira Marinho foi autuada em 16/07/2006, por ter excedido velocidade na barreira/redutor de velocidade localizado na Av. Rui Carneiro, nesta Capital, conforme notificação às fls. 08. Após infrutífera defesa administrativa, ofertou a presente ação declaratória de nulidade de multa de trânsito. Em suma, alega ser ilegal a imposição da multa em face da barreira não possuir marcador de velocidade, infringindo a Lei Municipal n /2004. e O Juízo de primeiro grau acolheu a tese autoral, declarando nula a multa imposta à recorrida. Desta decisão se insurge a STTRANS, postulando a reforma da decisão apelada em todos os seus termos. "t% o C% P4 Observandó o acervo probatório encartado aos autos, tem-se que, de fato, a sentença dardejada merece ser revista nesta Corte. -

5 Primeiramente, para analisar o caso em comento, faz-se necessário transcrever a regra prevista no art. 1 9, da Lei Municipal ri"' /2004,-verbis: Art Fica determinado que todas as barreiras eletrônicas da cidade de João Pessoa, deverão possuir marcadores de velocidade (Km), visíveis aos condutores de veículos, com a finalidade de orientar aos motoristas sobre a velocidade de ultrapassagem nestas barreiras. Parágrafo único. Todas as multas aplicadas nas barreiras que não possuem estes marcadores, ficarão sem validade. Ora, para melhor aplicar a presente lei, é mister interpretar o sentido da norma ao mencionar "marcadores de velocidade (Km)". O objetivo da norma, como bem esclarecido no parecer da D. Procuradoria de Justiça, é no sentido dos marcadores de velocidade servirem para orientar os motoristas sobre a velocidade de ultrapassagem. Assim, a barreira/redutor eletrônico deve indicar visivelmente o limite de velocidade, atendendo, neste caso, aos ditames da legislação. Desta forma, não é permitido interpretar a norma, para incluir determinações por ela não previstas, pois se a lei não fala em "marcadores de velocidade visíveis", entendendo-se estes como display, como pretende a apelada. Esta regra.. não pode ser exigida, pois à Administração Pública só é devido cumprir o que a lei determina, consoante regra constitucional. e

6 Se na barreira eletrônica em questão há indicação visível do limite de velocidade de 50 km/h, e tal paradigma não foi cumprido pela recorrida, não pode esta se eximir de cumprir determinação legal sob alegação de nulidade inexistente. Importante transcrever relato da D. Procuradora de Justiça no parecer de fls. 73/75: "Ora, se a finalidade é orientar, a lei só pode estar se referindo à indicação da velocidade -permitida no local, possibilitando ao condutor se adequar àquela para realizar a ultrapassagem da barreira.". Logo, não se trata do equipamento está aparelhado com um display, a demonstrar a velocidade no momento da ultrapassagem, como afirma a apelada. A exigência legal é de que haja visualização de qual a velocidade limite, nada mencionando sobre a visualização, por meio eletrônico, através do referido display, pelo condutor do veículo. A questão já foi anteriormente enfrentada nesta Corte, merecendo destaque os seguintes precedentes: MULTA DE TRÂNSITO - BARREIRA ELETRÔNICA --- ULTRAPASSAGEM - EXCESSO DE VELOCIDADE - ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE MARCADOR DE VELOCIDADE VISÍVEL - INOCORRÊNCIA - EXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DE VELOCIDADE MÁXIMA PERMITIDA -

7 ATENDIMENTO DA LEI - DESPROVIMENTO DO PECURSO. - Se a finalidade da barreira eletrônica é de orientar os condutores de veículos sobre a velocidade na ultrapassagem, a barreira que contém indicação visível de velocidade máxima permitida atende aos ditames da legislação. (Acórdão do processo n Câmara Chiei - Relator DES. MANOEL PAULINO DA LUZ - j. Em 20/11/2007) (grifo nosso). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. MULTA. ALEGAÇÃO DE QUE AS BARREIRAS ELETRÔNICAS NÃO CUMPRIAM OS REQUISITOS DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. INOCORRÊNCIA. INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA. VERIFICAÇÃO. DESPROVIMENTO. - A legislação municipal, ao disciplinar questão- - -referente às barreiras eletrônicas de fiscalização de velocidade, tendo utilizado as palavras marcadores de velocidade, não afirmou que as lombadas deveriam conter visualizadores da velocidade desenvolvida pelo condutor ao ultrapassá-las, mas sim indicadores que pudessem orientar o motorista sobre a velocidade máxima de ultrapassagem. (Acórdão -do processo n Câmara Cível - Relator DRA. MARIA DAS NEVES DO e -,

8 E.A.D. FERREIRA - JUIZA CONVOCADA - j. Em 27/09/2007) (grifo nosso). Com estas considerações, e em harmonia com o parecer ministerial, DOU PROVIMENTO À APELAÇÃO CÍVEL, reformando a sentença de primeiro grau, em todos os seus termos, para julgar improcedente a demanda. Presidiu a sessão o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Participaram do julgamento, além do relator, o Exmo. Juiz Marcos William de Oliveira, convocado a compor o quorum em virtude do decurso de férias do Exmo. Des. José Di Lorenzo Serpa, o Exmo. Des. José Ricardo Porto e o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Presente ao julgamento a Promotora de Justiça convocada Ana Cândida Espínola. Sala de Sessões da Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, aos 11 dias do mês de novembro do ano de DR. MARC DE OLIVEIRA Juiz c g, nvocado

9 TRIBUNAL DE JUS'i Coordeuadoria Judiciária nvistrade ity/