:Des. José Di Lorenzo Serpa. Públicos (Adv. Divanna Santos Lima Carvalho). Apelada :Maria Isabel Trindade dos Santos (Adv. Euda de

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1 ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO CÍVEL N Relator :Des. José Di Lorenzo Serpa. Apelante :STTP - Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (Adv. Divanna Santos Lima Carvalho). Apelada :Maria Isabel Trindade dos Santos (Adv. Euda de Araújo Cordeiros e outros). REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO CR/EL. Ação de obrigação de fazer. 'Gratuidade de transporte intermunicipal. Deficiente auditivo. Direito constitucionalmente assegurado. Art. 262 da CF/88. Lei Municipal n /87 prevendo direito aos deficientes com dificuldade de locomoção. Decreto n /99 considerada a deficiência auditiva como portadora de deficiência. Desprovimento dos recursos. Manutenção da sentença. - O benefício do transporte coletivo é concedido para facilitar o tratamento de pessoas portadoras de deficiência, evitando que o custo do transporte seja fator impeditivo à procura de tratamento. - O Decreto n /99, em seu art. 4 2, considera portadora de deficiência a pessoa com deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz.

2 Vistos, relatados e discutidos os autos da REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO Cá/EL N , sendo esta interposta por STTP Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos, tendo como apelados Maria Isabel Cordeiro e outros. ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por sua 1 2 Câmara Cível, em sessão ordinária, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. eà RELATÓRIO: Trata-se de apelação cível (f Is. 45/52) interposta pela SUPERINTENDÊNCIA DE TRÂNSITO E TRANSPORTES PÚBLICOS STTP, inconformada com a sentença proferida pelo Juízo da 3 2 Vara da Fazenda Pública da Comarca de Campina Grande (fls. 40/42) que julgou procedente a ação de obrigação de fazer aviada por MARIA ISABEL TRINDADE DOS SANTOS, deferindo o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para suspender o ato de indeferimento da concessão de gratuidade no sistema de transporte público de passageiros de Campina Grande, determinando que seja renovado o benefício que concedeu a gratuidade à parte promovente. Em razões recursais, o apelante argui que os dispositivos utilizados pela apelada para amparar sua pretensão não gera direito à gratuidade nos transportes públicos municipal, mas tão-só demonstra o dever do Poder Público, através de políticas públicas, de integrar a pessoa portadora de deficiência à sociedade, assegurando o exercício dos direitos individuais e sociais. Afirma, ainda, que o Município de Campina Grande, através da Lei n /87, regulamenta os deficientes que possuem direito a gratuidade nos transportes públicos, sendo apenas os deficientes com dificuldade de locomoção, não sendo o caso da apelada. Devidamente intimada, a apelada deixou fluir in albis o prazo para resposta, conforme Certidão de fls. 70. A douta Procuradoria de Justiça, fls. 76/77, emitiu cota, entendendo não ser caso de manifestação, devolvendo os autos à

3 Relatoria para regular processamento do feito. É o relatório. VOTO: ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos intrínsecos - cabimento, legitimidade e interesse para apelar - e extrínsecos - tempestividade, regularidade formal, e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer. A intimação da sentença se deu através da publicação em Diário da Justiça no dia 17/06/2011 (fls. 44) tendo sido o recurso recebido no dia 05/07/2011 (fls. 45), antes do fim do prazo legalmente concedido para recorrer, nos termos do art. 508 c/c art. 188, ambos do CPC. Juízo de admissibilidade positivo. MÉRITO Verifica-se dos autos que Maria Isabel Trindade dos Santos ingressou com ação de obrigação de fazer em face da STTP Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos requerendo a gratuidade nos trasportes públicos de Campina Grande por ser portadora de perda auditiva neurossensorial bilateral de grau profundo, conforme Parecer Médico (fls. 12/13). A demanda foi julgada procedente, determinando a renovação da concessão do benefício de gratuidade no sistema de transporte público de passageiros de Campina Grande em favor da promovente, na categoria de deficiente. Merecendo ser confirmada nesta instância recursal. O direito ao transporte gratuito está previsto na Constituição Estadual: Art É assegurada a gratuidade:

4 I aos maiores de sessenta e cinco anos, no transporte coletivo urbano e metropolitano; II aos deficientes comprovadamente carentes, no transporte coletivo intermunicipal. (grifo nosso). Por sua vez, a Lei Municipal n /87, que regulamenta o direito à gratuidade nos transportes públicos, assegura: Art Ficam isentos do pagamento das tarifas de transportes coletivos urbanos desta cidade e distritos, os deficientes com dificuldades de locomoção. Acerca desta matéria, o Decreto n /99, que dispões acerca da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, estabelece: Art. 3 2 Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; (...) III - incapacidade uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Art. 42 É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: (...) II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de

5 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (grifo nosso). Sendo assim, a apelada comprovou os requisitos necessários à concessão do benefício, através do atestado médico (f Is. 11) emitido por Hospital público, diagnosticando ser postadora de surdez de grau severo. Neste contexto, deve-se reconhecer à apelada o conceito de deficiente, visto que a sua doença gera incapacidade para o desempenho de atividades, dependendo da gratuidade do transporte intermunicipal. Neste sentido, decisões dos Tribunais pátrios: AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL. GRATUIDADE. PORTADOR DE ASMA GRAVE. - A Constituição Estadual assegura aos deficientes comprovadamente carentes a gratuidade do transporte coletivo intermunicipal (art. 262, II). - Comprovada a doença grave de que é portadora, bem como a necessidade do deslocamento pelo transporte público municipal possível o deferimento da gratuidade do benefício à parte agravante, nos termos do disposto na Lei Municipal n /89. DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento N , Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Matilde Chabar Maia, Julgado em 29/10/2009) (grifo nosso). DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. PASSE LIVRE INTERMUNICIPAL. PRETENSÃO DE EQUIPARAÇÃO À PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. CARÊNCIA EVIDENCIADA. LIMITAÇÃO FÍSICA APÓS PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. USO DE BOLSAS PARA COLETA DE FEZES E URINA. NECESSIDADE DE TROCA PERIÓDICA. HONORÁRIOS ADVOCATíCIOS AO

6 FADEP. IMPOSSIBILIDADE. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR (CÓDIGO CIVIL, ART. 381). APELAÇÕES DESPROVIDAS. 3. Ante o expósto, concedo a antecipação de tutela recursal, para possibilitar à agravante o benefício da gratuidade no transporte público de passageiros de Porto Alegre, determinando a confecção da carteira de identificação pertinente, sob pena de multa diária de R$ 100,00. (TJRS Apelação Cível n , Relator: Dr. Mário Crespo Brum, junto a esta Terceira Câmara Cível; em 17/11/2005) (grifo nosso). Ação Direta de lnconstitucionalidade. Leis Municipais. Transporte coletivo urbano. Gratuidade aos idosos e deficientes físicos. A Federação de Empresas de Transporte de Passageiros não detém pertinência temática para propor ação direta de inconstitucionalidade quando os efeitos da lei não incidem sobre a tarifa. A política de favorecimento ao idoso diz respeito à assistência social, que transcende o mero serviço público. Não há inconstitucionalidade quando a lei de iniciativa de vereador não acarreta despesa pública, contém garantia futura e com ressalva própria de existência de disponibilidade financeira que se presume na forma da lei. Julga-se improcedente a representação. (TJMG AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N /000; Relator: Des. Almeida Melo; julgado em 13/08/2008; publicado em 24/10/2008) (grifo nosso). Ante o exposto, em consonância com o parecer Ministerial, NEGO PROVIMENTO À REMESSA OFICIAL E AO RECURSO APELATÓRIO, mantendo integralmente a sentença de primeiro grau. Presidiu os trabalhos o Des. José Ricardo Porto. Participaram do julgamento, além do Relator, o Exmo. Sr. Des. José Di

7 Lorenzo Serpa, o Exmo. Sr. Des. José Ricardo Porto e:o Exmo. Sr. Des. Manoel Soares Monteiro. Presente à sessão a Dra. Otanilza Nunes de Lucena, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia 1 2 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, aos 23 dias do mês de fevereiro do ano de DES. JOSÉ 1ORENZO SERPA E LATO R

8 Pa, DE JUSIIÇP Diretoria Judiciária c Registram) ele Ig.:2J2,11,e