PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO

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1 I 4 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /00 RELATOR: Des. Manoel Soares Monteiro APELANTE: Edney Geovani Dias Agra ADVOGADO: Rossandro Dias Agra APELADO: UNIMED COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA. DE CAMPINA GRANDE ADVOGADOS: Ramona Porto Amorim Guedes e outro CIVIL E CONSUMIDOR Ação de Obrigação de Fazer Plano de Saúde - UNIMED Não cobertura de cirurgia na córnea Restrição contratual respaldada em resolução da ANS Legalidade da restrição Inocorrência de afronta ao princípio da isonomia Manutenção da sentença Não conhecimento do agravo retido e desprovimento do recurso apelatório. - Verifico que o contrato firmado entre as partes litigantes, com a restrição imposta por resolução da ANS, não constitui afronta ao princípio da isonomia, vista em sua acepção material, eis que o tratamento diferenciado se justifica pelas distinções fáticas existentes. Conforme a análise conjunta dos diplomas legais acima explicitados, observa-se que o objetivo da resolução da Agência Nacional de Saúde, autarquia instituída para a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, foi afastar da cobertura àqueles cuja perda visual pudesse ser compensada pela utilização de óculos ou lentes de contatos, situação reveladora da necessidade de uma cirurgia para fins meramente estéticos. Vistos, relatados e discutidos estes autos, antes identificados: ACORDA a Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, EM NÃO CONHECER DO AGRAVO RETIDO e NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. Relatório Edney Geovani Dias Agra ajuizou Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Antecipação de Tutela em face da UNIMED CAMPINA GRANDE COOPERATIVA DE TRABBALHO MÉDICO LTDA., objetivando a condenação da promovida na emissão de autorização para a realização de cirurgia refrativa de Eximer Laser (Lasik).

2 Afirma ser associado de plano de saúde gerido pela promovida e portador de HIPERMETROPIA E ASTIGMATISMO em ambos os olhos, necessitando da mencionada cirurgia para correção da sua deficiência visual. Alega que a demandada, de forma arbitrária, negou a autorização para a realização da cirurgia corretiva, com fundamento em resolução editada pela Agência Nacional de Saúde, que considera ofensiva ao princípio constitucional da isonomia. Gratuidade processual deferida (f.30). Pleito de antecipação de tutela indeferido às fls.53/54. Após o trâmite regular do processo, o Magistrado "a quo" julgou improcedente o pleito contido na exordial (fls.7477). fls.79/85. Inconformado com a sentença, o autor interpôs recurso apelatório às Contra-razões às fls.88/93. Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria Geral de Justiça pelo desprovimento do recurso apelatório. VOTO É o relatório. De início, não conheço do agravo retido de fls.72/73, ante a ausência de pedido expresso nas contra-razões ofertadas pela UNIMED. No tocante ao recurso apelatório, preenchidas as condições de admissibilidade recursal, não havendo questões preliminares a serem apreciadas, conheçoo, passando ao exame do seu conteúdo meritório. divagações. O caso retratado nos autos é de fácil deslinde, não merecendo maiores 4) Analisando detidamente o caderno processual, verifico que o recorrente se limitou, durante toda a instrução processual, a questionar a legalidade da resolução n 67 da Agência Nacional de Saúde, editada no ano de 200, que, ao restringir a cobertura dos planos de saúde às cirurgias de córnea em pacientes que apresentassem grau igual ou superior a 7 (sete), estaria, de acordo com o apelante, afrontando o principio constitucional da isonomia, não havendo razoabilidade no tratamento desigual, eis que, inobstante o grau de visão, estaria evidenciada a deficiência visual. Não merece prosperar a argumentação do recorrente. Inicialmente, entendo relevante explicitar a legitimidade do poder regulamentar exercido pela Agência Nacional de Saúde, já que o exercício legítimo de tal Poder está intrinsecamente ligado à legalidade dos atos normativos por ela editados, em especial, a resolução n 67/200. A lei 9.656/98, ao disciplinar os planos e seguros privados de ±):

3 - assistência à saúde, estabelece que os procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos estão excluídos da cobertura. É o que preceitua o seu art.0, inciso II, que passo a transcrever: "Art. 0. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 2 desta Lei. exceto: (Redação dada pela Medida Provisória n de 200) (--) II - procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses para o mesmo fim;" A supracitada lei de regência dos planos privados de assistência à saúde atribui à Agência Nacional de Saúde a REGULAMENTAÇÃO das exceções (situações não cobertas pelos planos privados) contempladas em seu texto. Vejamos: 2 As exceções constantes dos incisos deste artigo serão objeto de regulamentação pela ANS. (Redação dada pela Medida Provisória n , de 200) 40 Por sua vez, a lei 9.96/2000 criou a ANS Agência Nacional de Saúde -, autarquia federal à qual compete, dentre outras atribuições, regulamentar os procedimentos e eventos cobertos pelos planos de saúde privados, bem como as suas exceções. Neste sentido preceitua os artigos.3 e 4 da mencionada lei: Art. 32 A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. Art. 42 Compete à ANS: I - propor políticas e diretrizes gerais ao Conselho Nacional de Saúde Suplementar - Consu para a regulação do setor de saúde suplementar; II - estabelecer as características gerais dos instrumentos contratuais utilizados na atividade das operadoras; III - elaborar o roi de procedimentos e eventos em saúde, que constituirão referência básica para os fins do disposto na Lei n 9.656, de 3 de junho de 998, e suas excepcionalidades; Pois bem, A agência Nacional de Saúde, no exercício e nos limites do Poder Regulamentar conferido pelos diplomas legais acima referenciados, editou a resolução n 67, de 07 de maio de 200, atualizando o rol de procedimentos médicos a serem contemplados nos planos de saúde, excepcionando a cirurgia refrativa para grau inferior a 07 (sete). (fls.23/25). Portanto, dúvidas não há quanto à legitimidade do exercício do Poder Regulamentar pela ANS, diante dos permissivos legais. Anote-se que a análise da legalidade da mencionada resolução, realizada de forma incidental nos presentes autos, é de suma importância ao deslinde do presente feito, haja vista a sua observância obrigatória pelas empresas privadas gerenciadoras dos planos de saúde. Por outro lado, não há de se questionar acerca da

4 , 0. I. existência ou não de interesse da autarquia federal em figurar no presente processo, o que fatalmente conduziria à competência da Justiça Federal, eis que o que é discutido, em primeiro plano, é a relação contratual entre o recorrente e a UNIMED. melhor especificando, a legalidade da recusa em autorizar procedimento cirúrgico pretendido pelo apelante. Pois bem. Verifico que o contrato firmado entre as partes litigantes, com a restrição imposta por resolução da ANS, não constitui afronta ao princípio da isonomia, vista em sua acepção material, eis que o tratamento diferenciado se justifica pelas distinções fáticas existentes. Conforme a análise conjunta dos diplomas legais acima explicitados, observa-se que o objetivo da resolução da Agência Nacional de Saúde, autarquia instituída para a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, foi afastar da cobertura àqueles cuja perda visual pudesse ser compensada pela utilização de óculos ou lentes de contatos, situação reveladora da necessidade de uma cirurgia para fins meramente estéticos. Situação totalmente diversa seria a daqueles cuja utilização dos mencionados aparelhos não se mostrasse satisfatória à compensação da perda visual. Daí o tratamento diferenciado, objetivando a concretização do princípio da isonomia, em sua acepção material. Por todo o exposto, em harmonia com o parecer ministerial, NÃO CONHEÇO DO AGRAVO RETIDO E NEGO PROVIMENTO ao recurso apelatório, mantendo a sentença em sua integralidade. 00 É o voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Participaram do julgamento, além do relator, o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro, o Exmo. Dr. João Batista Barbosa, Juiz convocado com jurisdição limitada, revisor, e o exmo. Juiz Miguel de Britto Lyra Filho, convocado em razão da aposentadoria do Exmo. Des. Marcos Antônio Souto Maior. Sala de Sessões da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 08 de mar jo de 200. mátnii j.. Des.. oel Soares Monteiro Relator, I, I

5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadori uctioltria Registrado TRIBLINM. Coordenadoria adloiária mimara& _