Embargos de declaração opostos por BIZARELLO DE MARECHAL HERMES CONFECÇÃO E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA. (folhas 46/48), rejeitados (folhas 49).

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1 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Gloria Regina Ferreira Mello Av. Presidente Antonio Carlos, º andar - Gab. 5 Castelo Rio de Janeiro RJ PROCESSO: RTOrd Acórdão 3a Turma Dano moral. Critérios para fixação. - Para a reparação do dano moral, devem ser considerados, como orienta Enoque Ribeiro dos Santos, in artigo publicado - Revista de Direito do Trabalho - RT - abril - junho Contribuições à fixação da indenização do dano moral trabalhista; a tese da aplicação dos exemplary ou punitive damages, as condições econômicas, sociais e culturais de quem cometeu o dano e principalmente de quem o sofreu; a intensidade do sofrimento do ofendido; a gravidade da repercussão da ofensa; a posição do ofendido na sociedade; a intensidade do dolo ou a gradação da culpa do responsável; um possível arrependimento evidenciado por fatos concretos; uma possível retratação espontânea e cabal; a eqüidade; as máximas da experiência e do bom senso; a situação econômica do país e dos litigantes e o discernimento de quem sofreu e de quem provocou o dano. Vistos os presentes autos de RECURSO ORDINÁRIO em que recorrente GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA e recorrido BIZARELLO DE MARECHAL HERMES CONFECÇÃO E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA.. RELATÓRIO Inconformada ante a sentença (folhas 42/45), proferida pelo juízo da 28ª VT/RJ (juíza Claudia Maia Teixeira), que acolheu parcialmente os pedidos (horas extraordinárias, multa do artigo 477 da CLT e reparação por dano moral), interpõe recurso ordinário GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA, nos termos das razões a folhas 50/58. Embargos de declaração opostos por BIZARELLO DE MARECHAL HERMES CONFECÇÃO E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA. (folhas 46/48), rejeitados (folhas 49). Contrarrazões a folhas 61/66, argumentando a ré no sentido

2 da confirmação do julgado. Autos não remetidos ao Ministério Público, conforme artigo 85 do RI - TRT - 1ª Região. É o relatório. V O T O CONHECIMENTO O apelo vem tempestivamente. Custas pela ré (folhas 45). Litigantes bem representados (folhas 10, 33). Sentença recorrível. Atendidos os pressupostos de admissibilidade, merece conhecimento o recurso. MÉRITO RECURSAL Dano moral majoração do valor da reparação: 43/44): O juízo de origem assim se pronunciou quanto ao tema (folhas Alega a autora que constantemente era desrespeitada pelo Sócio Jorge, que em tom jocoso na presença de clientes e demais empregados, determinava que a mesma carregasse sacos de roupas, sob a justificativa de que se a autora aguentava um homem de mais de 200kg nas costas, não teria dificuldades em transportar sacos de roupas, além de chamá-la de burra e incompetente. Nega a Rda a ocorrência deste fato. A testemunha arrolada corroborou os fatos indicados pela Autora, demonstrando assim, o menosprezo do tratamento do sócio presente para com a autora na frente dos demais funcionários e clientes, acarretando lesão de ordem moral, o que atrai o dever de indenizá-la. Entendo razoável a fixação do valor de R$3.000,00 a título de indenização por dano moral. Recorre a autora, aduzindo: que o valor arbitrado a título de indenização pelo dano moral sofrido se encontra abaixo dos valores aplicados pelo TST; que a ré, na pessoa do seu sócio, se aproveitava da sua

3 hipossuficiência para impor humilhações e ofensa à sua dignidade e à condição de mulher; que o testemunho a folhas 40 ratificou os termos da petição inicial, comprovando o ilícito patronal. Decide-se: A matéria devolvida ao tribunal diz respeito, tão somente, a majoração do quantum arbitrado a título de reparação por dano moral. A prova testemunhal deveras revelou a conduta ilícita narrada na petição inicial (folhas 40): (...) que trabalhou na ré de setembro de 2010 a fevereiro de 2011, sendo que sua CTPS somente foi assinada em novembro de 2010; que não possui reclamação trabalhista; que trabalhou na ré como vendedora; que o Sr. Jorge era ignorante com os funcionários, precisamente os vendedores e a gerente, a Gabriela e outra funcionária; que isto ocorria inclusive na frente de clientes; que os vendedores não davam motivo para tais agressões; que no seu caso, um dia antes de ser demitida, por ter se recusado a carregar saco de lixo de 100 com roupas dentro, foi chamada de preguiçosa na frente de funcionários; com a depoente não houve qualquer outro tipo de agressão; que a autora já carregou este tipo de saco com roupas; que era dito para as funcionárias que como elas aguentavam homem nas costas porque não aguentariam um saco de roupas; que realizou uma denúncia na delegacia regional do trabalho mas não levou o caso adiante; que acha que a empresa não tem outros processos na justiça do trabalho. (grifos meus) Para o arbitramento devem ser considerados, como orienta Enoque Ribeiro dos Santos, in artigo publicado - Revista de Direito do Trabalho - RT - abril - junho Contribuições à fixação da indenização do dano moral trabalhista; a tese da aplicação dos exemplary ou punitive damages, as condições econômicas, sociais e culturais de quem cometeu o dano e principalmente de quem o sofreu; a intensidade do sofrimento do ofendido; a gravidade da repercussão da ofensa; a posição do ofendido na sociedade; a intensidade do dolo ou a gradação da culpa do responsável; um possível arrependimento evidenciado por fatos concretos; uma possível retratação espontânea e cabal; a equidade; as máximas da experiência e do bom senso; a situação econômica do país e dos litigantes e o discernimento de quem sofreu e de quem provocou o dano

4 No caso, a autora laborou na empresa por aproximadamente um ano e três meses, aos vinte e três anos de idade; é solteira. A CTPS indica que na Bizarello obteve o seu segundo emprego, para exercer o cargo de Vendedora. Por outro lado, a conduta do próprio sócio da empresa é gravíssima, porquanto, embora dirigida a agressão a todas as empregadas, objetivava distingui-las e constrangê-las com relação à vida privada e sexual e ao gênero feminino, extrapolando meras ignorância e rudeza. Sopesadas as condições da obreira, a conduta patronal, a necessidade de neutralizar, na justa medida, satisfação psicológica da ofendida, sem enriquecimento sem causa, e de dissuadir de igual atentado a empregadora, tem-se por adequado o arbitramento no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). Dá-se provimento. Relatados e discutidos, A C O R D A M os Desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, em conhecer do recurso ordinário interposto por GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA e dar-lhe provimento, para arbitrar a reparação por dano moral no valor de R$10.000,00. Custas de R$600,00 sobre o novo valor arbitrado à condenação R$30.000,00. Rio de Janeiro, 2 de setembro de Gloria Regina Ferreira Mello relatora

5 Processo: RO A C Ó R D Ã O 3ª T U R M A GDGRFM/cbcdc/kn Protocolizado em Recebidos, autuado e distribuído em Visto em Dano moral. Critérios para fixação. - Para a reparação do dano moral, devem ser considerados, como orienta Enoque Ribeiro dos Santos, in artigo publicado - Revista de Direito do Trabalho - RT - abril - junho Contribuições à fixação da indenização do dano moral trabalhista; a tese da aplicação dos exemplary ou punitive damages, as condições econômicas, sociais e culturais de quem cometeu o dano e principalmente de quem o sofreu; a intensidade do sofrimento do ofendido; a gravidade da repercussão da ofensa; a posição do ofendido na sociedade; a intensidade do dolo ou a gradação da culpa do responsável; um possível arrependimento evidenciado por fatos concretos; uma possível retratação espontânea e cabal; a eqüidade; as máximas da experiência e do bom senso; a situação econômica do país e dos litigantes e o discernimento de quem sofreu e de quem provocou o dano

6 Vistos os presentes autos de RECURSO ORDINÁRIO em que recorrente GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA e recorrido BIZARELLO DE MARECHAL HERMES CONFECÇÃO E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA.. RELATÓRIO Inconformada ante a sentença (folhas 42/45), proferida pelo juízo da 28ª VT/RJ (juiz Claudia Maia Teixeira), que acolheu parcialmente os pedidos (horas extraordinárias, multa do artigo 477 da CLT e reparação por dano moral), interpõe recurso ordinário GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA, nos termos das razões a folhas 50/58. Embargos de declaração opostos por BIZARELLO DE MARECHAL HERMES CONFECÇÃO E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA. (folhas 46/48), rejeitados (folhas 49). Contrarrazões a folhas 61/66, argumentando a ré no sentido da confirmação do julgado. Autos não remetidos ao Ministério Público, conforme artigo 85 do RI - TRT - 1ª Região. É o relatório

7 V O T O CONHECIMENTO O apelo vem tempestivamente. Custas pela ré (folhas 45). Litigantes bem representados (folhas 10, 33). Sentença recorrível. Atendidos os pressupostos de admissibilidade, merece conhecimento o recurso. MÉRITO RECURSAL Dano moral majoração do valor da reparação: 43/44): O juízo de origem assim se pronunciou quanto ao tema (folhas Nega a Rda a ocorrência deste fato. Alega a autora que constantemente era desrespeitada pelo Sócio Jorge, que em tom jocoso na presença de clientes e demais empregados, determinava que a mesma carregasse sacos de roupas, sob a justificativa de que se a autora aguentava um homem de mais de 200kg nas costas, não teria dificuldades em transportar sacos de roupas, além de chama-la de burra e incompetente. A testemunha arrolada corroborou os fatos indicados pela Autora, demonstrando assim, o menosprezo do tratamento do sócio presente para com a autora na frente dos demais funcionários e clientes, acarretando lesão de ordem moral, o que atrai o dever de indenizá-la. Entendo razoável a fixação do valor de R$3.000,00 a título de indenização por dano moral. Recorre a autora, aduzindo: que o valor arbitrado a título de indenização pelo dano moral sofrido se encontra abaixo dos valores aplicados pelo TST; que a ré, na pessoa do seu sócio, se aproveitava da sua hipossuficiência para impor humilhações e ofensa à sua dignidade e à condição de mulher; que o testemunho a folhas 40 ratificou os termos da petição inicial, comprovando o ilícito patronal. Decide-se: A matéria devolvida ao tribunal diz respeito, tão somente, a majoração do quantum arbitrado a título de reparação por dano moral. A prova testemunhal deveras revelou a conduta ilícita narrada na petição inicial (folhas 40): (...) que trabalhou na ré de setembro de 2010 a fevereiro de 2011, sendo que sua CTPS somente foi assinada em novembro de 2010; que não possui reclamação trabalhista; que trabalhou na ré como vendedora; que o Sr. Jorge era ignorante com os funcionários, precisamente os vendedores e a gerente, a Gabriela e outra funcionária; que isto ocorria inclusive na frente de clientes; que os vendedores não davam motivo para tais agressões; que no seu caso, um dia antes

8 de ser demitida, por ter se recusado a carregar saco de lixo de 100 com roupas dentro, foi chamada de preguiçosa na frente de funcionários; com a depoente não houve qualquer outro tipo de agressão; que a autora já carregou este tipo de saco com roupas; que era dito para as funcionárias que como elas aguentavam homem nas costas porque não aguentariam um saco de roupas; que realizou uma denúncia na delegacia regional do trabalho mas não levou o caso adiante; que acha que a empresa não tem outros processos na justiça do trabalho. (grifos meus) Para o arbitramento devem ser considerados, como orienta Enoque Ribeiro dos Santos, in artigo publicado - Revista de Direito do Trabalho - RT - abril - junho Contribuições à fixação da indenização do dano moral trabalhista; a tese da aplicação dos exemplary ou punitive damages, as condições econômicas, sociais e culturais de quem cometeu o dano e principalmente de quem o sofreu; a intensidade do sofrimento do ofendido; a gravidade da repercussão da ofensa; a posição do ofendido na sociedade; a intensidade do dolo ou a gradação da culpa do responsável; um possível arrependimento evidenciado por fatos concretos; uma possível retratação espontânea e cabal; a equidade; as máximas da experiência e do bom senso; a situação econômica do país e dos litigantes e o discernimento de quem sofreu e de quem provocou o dano. No caso, a autora laborou na empresa por aproximadamente um ano e três meses, aos vinte e três anos de idade; é solteira. A CTPS indica que na Bizarello obteve o seu segundo emprego, para exercer o cargo de Vendedora. Por outro lado, a conduta do próprio sócio da empresa é gravíssima, porquanto, embora dirigida a agressão a todas as empregadas, objetivava distingui-las e constrangê-las com relação à vida privada e sexual e ao gênero feminino, extrapolando meras ignorância e rudeza. Sopesadas as condições da obreira, a conduta patronal, a necessidade de neutralizar, na justa medida, satisfação psicológica da ofendida, sem enriquecimento sem causa, e de dissuadir de igual atentado a empregadora, tem-se por adequado o arbitramento no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). Dá-se provimento. Relatados e discutidos, A C O R D A M os Desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região,

9 por unanimidade, em conhecer do recurso ordinário interposto por GABRIELE MONIQUE COSTA DA SILVA e dar-lhe provimento, para arbitrar a reparação por dano moral no valor de R$10.000,00. Custas de R$600,00 sobre o novo valor arbitrado à condenação - R$30.000,

10 Rio de Janeiro, 2 de Setembro de Desembargador Federal do Trabalho Gloria Regina Ferreira Mello Relator