PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Transcrição

1 Acórdão 8a Turma RECURSO ORDINÁRIO. VIGILANTE. JUSTA CAUSA. FALTAS SUCESSIVAS. NÃO JUSTIFICADAS. A desídia, em regra, não se caracteriza por um único ato e sim por um conjunto de atos faltosos de menor gravidade, como no caso. Na condição de vigilante, a atividade desenvolvida pelo reclamante pressupunha a necessidade de certeza na ativação programada (acima do que ordinariamente se espera), porque cobria escalas e/ou plantões de outros colegas. As faltas sucessivas e injustificadas, por certo, prejudicaram a organização das atividades da empresa de vigilância, na segurança patrimonial de seus clientes. Patente a quebra doa fidúcia indispensável à mantença do liame empregatício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, oriundos da MM. 50ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, em que são partes: ROBERTO DE OLVIEIRA JUNIOR, como recorrente, e PROTEGE S.A. PROTEÇÃO E TRANSPORTE DE VALORES, como recorrida. Inconformado com a r. sentença de fls. 136/138, proferida pela Juíza Maria Helena Motta, que julgou improcedente a postulação autoral, dela recorre o reclamante, consoante razões de fls. 139/143. Em seu apelo, renova argumentos pelo afastamento da justa causa aplicada no encerramento do contrato. Pede, ainda, indenização por

2 dano moral e condenação em honorários advocatícios. justiça). Autor dispensado do recolhimento de custas (gratuidade de Contra-razões às fls. 145/147. O Ministério Público do Trabalho deixou de ser oficiado em razão do disposto no art. 85 do Regimento Interno desta Corte. É o relatório V O T O ADMISSIBILIDADE admissibilidade. Conheço do recurso por preenchidos os pressupostos legais de MERITO DA JUSTA CAUSA REITERADAS FALTAS NÃO JUSTIFICADAS O autor era vigilante. Foi admitido em 05/12/2006 e dispensado, por justa causa, em 23/06/2009. Como recorrente, pretende a reforma da r. sentença a quo para afastar a justa causa aplicada no encerramento do contrato de trabalho

3 Nos termos da contestação apresentada, o motivo para a cominação foram as reiteradas faltas injustificadas do trabalhador (seis faltas no curso do último ano trabalhado). No período, o trabalhador recebeu advertências (4) e foi punido com suspensão do contrato (uma vez). Assim o demonstram os documentos juntados às fls. 38/42. A reclamada trouxe, ainda, os controles de freqüência, que registram as faltas do trabalhador (fls. 44/45 e 54/82). Foram provadas as faltas nos dias 25/03/2008, 28/08/2008, 20/09/2008, 24/09/2008, 07/06/2009 e 21/06/2009 (antevéspera da dispensa). Na hipótese dos autos, a análise do conjunto probatório aponta para o acolhimento da tese esposada na defesa. Atendido o disposto no art. 818, da CLT, c/c art. 333, do CPC. Registre-se que o autor não articulou qualquer argumento, nem trouxe documento capaz de justificar as ausências. Importa ressaltar que a desídia, em regra, não se caracteriza por um único ato e sim por um conjunto de atos faltosos de menor gravidade, como no caso

4 Na condição de vigilante, a atividade desenvolvida pelo reclamante pressupunha a necessidade de certeza na ativação programada (acima do que ordinariamente se espera), porque cobria escalas e/ou plantões de outros colegas. Grave, portanto, a conduta faltosa. As faltas sucessivas e injustificadas, por certo, prejudicaram a organização das atividades da empresa de vigilância, na segurança patrimonial de seus clientes. Patente a quebra da fidúcia indispensável à mantença do liame empregatício. Diante das circunstâncias fáticas narradas, é de se manter a justa causa aplicada ao reclamante, sendo indevidas as parcelas rescisórias típicas da dispensa imotivada. Por corolário, não há falar em indenização por dano moral e condenação em honorários advocatícios. Sentença primeira que se mantém. Nego provimento. CONCLUSÃO Do exposto, decide este Relator conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento

5 A C O R D A M os Desembargadores da Oitava Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, por unanimidade, negar-lhe provimento. Rio de Janeiro, 24 de janeiro de Desembargador Federal do Trabalho Alberto Fortes Gil Relator