MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Transcrição

1 Origem: Suscitante: Suscitada: Assunto(s): PRT 17ª Região Antônio Marcos Fonseca de Souza (PRT 17ª Região) Keley Kristiane Vago Cristo (PRT 17ª Região) Conflito negativo de atribuição entre membros da PRT 17ª Região EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÃO ENTRE MEMBROS DA PRT 17ª REGIÃO. ACIDENTE DE TRABALHO. MEIO AMBIENTE. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA FIRMADO PELA EMPRESA DE ENGENHARIA RESPONSÁVEL PELA OBRA. ATRIBUIÇÃO DO PROCURADOR DO TRABALHO QUE ACOMPANHA O CUMPRIMENTO DO AJUSTE. I - RELATÓRIO Cuida-se de conflito negativo de atribuição entre os membros da PRT - 17ª Região, Procurador do Trabalho Antônio Marcos Fonseca de Souza (suscitante) e Procuradora do Trabalho Keley Kristiane Vago Cristo (suscitada). Instaurou-se o conflito com a remessa da Notícia de Fato nº /4 ao Procurador do Trabalho Antônio Marcos Fonseca de Souza, por compreender a Procuradora do Trabalho Keley Kristiane Vago Cristo que os fatos ali noticiados deveriam ser apurados em procedimento novo, já que não havia identidade de partes entre a citada NF 635/2013 e o PP 465/2010 sob sua condução. 1

2 Versa a NF 635/2013 sobre acidente de trabalho que vitimou o trabalhador Madach Mariano da Silva, em sala de treinamento da empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda. O procedimento foi instaurado em razão de expediente encaminhado pela Delegacia Especializada em Acidentes de Trabalho de Vitória/ES. O feito foi distribuído inicialmente por prevenção por aproximação temática com o procedimento PP 465/2010, conduzido pela Procuradora do Trabalho Keley Kristiane Vago Cristo. Juntou-se, posteriormente, aos autos da notícia de fato cópia do relatório de análise do referido acidente elaborado pela SRTE/ES. Consta do citado relatório, que embora o acidente de trabalho tenha ocorrido nas dependências da pessoa jurídica Rio de Janeiro Refrescos Ltda., o acidentado era empregado da JC Distribuidora de Divisórias Ltda., empresa subcontratada para instalação de forro no teto da sala de treinamento pela IPÊ Engenharia Ltda., a qual foi contratada para reforma do local em que se deu o infortúnio. Diante dessas informações, a Procuradora do Trabalho Keley Kristiane Vago Cristo entendeu pela impossibilidade de vinculação da notícia de fato ao PP 465/2010 por não haver identidade de partes. Esclareceu a colega, que o PP 465/2010 tem como parte apenas a empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda, no qual foi celebrado o TAC nº 521/2011. Assim, remeteu os autos à Procuradora-Chefe que, em despacho de fls. 103, determinou a inclusão das demais empresas como investigadas, bem como a redistribuição. O Procurador do Trabalho Antônio Marcos Fonseca de Souza, de posse então da NF 635/2013, manifestou-se contrariamente à distribuição do procedimento a sua banca, sob os argumentos de coincidência da área temática 2

3 dos feitos e da identidade subjetiva parcial entre eles, além de abordar sobre a indivisibilidade do meio ambiente de trabalho. Registrou ainda a existência de outro procedimento investigatório anterior a NF 635/2013 e em face da empresa IPÊ Engenharia Ltda, o IC nº /5, com TAC firmado, e autuado com a mesma área temática. Eis os termos em que o Procurador do Trabalho Antônio Marcos Fonseca de Souza suscitou o conflito: (...) O conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, por meio da Resolução nº 86, de 27/08/09, disciplinou os critérios de distribuição de procedimentos e processos no âmbito do Ministério Público do Trabalho. A Resolução nº 86/2009 divide, os temas no formato ÁREA TEMÁTICA/GRUPO TEMÁTICO/TEMA/SUBTEMA, esquadrinhados conforme semelhança e conveniência dos critérios adotados pela Comissão Permanente de Revisão do Temário Unificado do Ministério Público do Trabalho, instituída pelos ATOS PGT nº 163/2010 e 323/2010. O inciso I, do 1º do artigo 3º da citada Resolução, estabelece os critérios para identificação de conexão, definindo, na letra b, que isso ocorrerá quando houver procedimento de investigação, com assinatura de TCAC, em face do mesmo investigado, envolvendo o(s) mesmo(s) tema(s) da nova representação, tudo com respaldo no Temário Unificado do Ministério Público do Trabalho, criado pela Resolução CSMPT nº 76/2008. Como dito, a presente NF /4 foi autuada com a área temática Meio Ambiente de Trabalho (01), grupo temático Condições de Trabalho, Órgãos e Medidas de Proteção (01.01) e tema Acidente de Trabalho Típico ou por Equiparação 3

4 ( ). O referido PP nº /1 00, com TAC firmado, por sua vez, encontra-se autuado em face da empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda com a área temática Meio Ambiente de Trabalho (01), grupo temático Condições de Trabalho, Órgãos e Medidas de Proteção (01.01) e tema Acidente e Trabalho Típico ou por Equiparação ( ). Ou seja, a hipótese de conexão encontra-se plenamente configurada, nos termos do inciso I, do 1º do artigo 3º da citada Resolução 86/2009, devendo ser reconsiderado, pois, o despacho de fls. 103, tudo com o intuito de favorecer a racionalidade, a unidade e a eficácia na atuação ministerial. Cumpre registrar que identidade de partes, data vênia, único fundamento utilizado no despacho de fls. 103, há, ainda que parcialmente, entre a presente NF e o PP nº /1, eis que a empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda consta como investigada nos referidos procedimentos investigatórios. Outrossim, analisando os documentos que compõem esta NF, não me parece razoável deixar de vincular a presente NF ao PP supracitado apenas pelo fato de que o trabalhador vitimado, formalmente, não era empregado da empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda, eis que, em última análise, o de cujus laborava em favor da empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda, tomadora final dos serviços contratados das empresas JC Distribuidoras de Divisórias Ltda e Ipê Engenharia Ltda, sendo certo que o referido acidente de trabalho ocorreu dentro das dependências da supracitada tomadora dos serviços. Ao meu juízo, revela-se irrelevante, na presente hipótese, para a não distribuição vinculada ao PP nº /1 nos termos dos despacho de fls. 103, a existência de duas outras empresas investigada s (JC Distribuidora de Divisórias Ltda e Ipê Engenharia Ltda.) e a constatação de que trabalhador falecido era formalmente empregado da empresa JC Distribuidora de Divisórias Ltda e não da Rio de Janeiro Refrescos Ltda, se considerarmos que o de cujus em última análise trabalhava em favor da tomadora e o meio ambiente de trabalho, como sabemos, é algo indivisível, ou seja, um espaço onde atuam lado a lado tanto os empregados da empresa contratante como os trabalhadores 4

5 terceirizados, sendo que todos tem direito ao meio ambiente de trabalho sadio e seguro, pois os riscos ambientais são os mesmos, para uns e para outros, e considerando ainda, na hipótese de ser devidamente comprovada, a responsabilidade dos tomadores de fiscalizar a manutenção por parte da contratada (prestadora de serviços de um meio ambiente de trabalho em conformidade com as normas de saúde, higiene e segurança. Por fim, ainda que assim não fosse, ao analisar o sistema de registro da CODIN, constata-se a existência de um outro procedimento investigatório anterior a esta NF e face da empresa Ipê Engenharia Ltda, qual seja, IC nº /5, com TCAC firmado, sob a condução do Exmo. Procurador do Trabalho, Dr. Valério Soares Heringer, versando sobre os mesmos itens de autuação desta NF, qual seja, área temática Meio Ambiente de Trabalho (01), grupo temático Condições de Trabalho, Órgãos e Medidas de Proteção (01.01) e tem Acidente de Trabalho Típico ou por Equiparação ( ), circunstância que também faria incidir a hipótese de conexão,, nos termos do inciso I, do 1º do artigo 3º da citada Resolução 86/2009. (...) Por sua vez, a nobre colega suscitada consignou suas razões às fls. 304/307. Consignou a Procuradora do Trabalho Keley Kristiane Vago Cristo os seguintes argumentos: (...) 2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS. 2.1 AUSÊNCIA DE REQUISITO FORMAL IDENTIDADE DE PARTES A resolução n. 86 do CSMPT de 27 de agosto de 2009 estabelece critérios sobre distribuição de procedimentos e processos 5

6 no âmbito do Ministério Público do Trabalho e as designações especiais para atuação. Por seu turno o 1º do art. 3º reza que O critério de distribuição por prevenção será observado nas hipóteses seguintes de conexão e de pertinência ou aproximação temática, de maneira a se garantir a unidade e eficácia na atuação do Ministério Público do Trabalho. Pautados na referida resolução, entendemos, data vênia, não haver no presente caso, qualquer tipo de vinculação entre a NF e o procedimento PP n /1. E a razão é simples falta requisito formal para a vinculação. Como visto inexiste a identidade de partes, haja vista que para haver a identidade de partes é imprescindível que todas as partes estejam presentes no polo passivo de ambas investigações. Tal conclusão, além de pautada na norma processual civilista, s.m.j., se mostra em consonância com a dogmática cotidiano das atribuições dos Procuradores do Trabalho. Pensar de modo diverso nos levaria consequente de atribuição exclusiva a determinação procurador em todos os casos em que conste como investigada uma grande tomador de serviços, por ter sido distribuído a ele o primeiro procedimento. Acrescenta-se, ainda, que, conforme consta no relatório de acidente de trabalho (fls. 15/35), a sociedade empresária Rio de Janeiro Refrescos Ltda. fora incluída na investigação por ser a tomadora dos serviços. Lembremos que o trabalhador vitimado era empregado da sociedade empresária JC DISTRIBUIDORA DE DIVISÓRIAS LTDA, que por sua vez foi subcontratada pela IPÊ ENGENHARIA LTDA, contratada pelo RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA para realização de uma obra de reforma nas dependências desta última. 6

7 Neste quadro, o serviço desempenhado pelo trabalhador vitimado, era a colocação de forro PVC na sala de treinamento da tomadora de serviços. Não há qualquer relação com a atividade fim da Rio de Janeiro Refrescos LTDA, ou seja, era atividade meio da tomadora. A teor do inciso III da Súmula 331 do TST, não há como se presumir a culpa da RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA pelo acidente, sendo necessária a investigação acurada para tal afirmação. Significa dizer que a inclusão do tomador de serviços no polo passivo da investigação, nestes casos, se dá ad cautelam, para posterior investigação de suas responsabilidades. Assim, não há identidade de partes entre as investigações, não havendo que se falar na alegada conexão. 2.2 DA ALEGADA INDIVISIBILIDADE DO MEIO AMBIENTE Embora concordemos com a tese da indivisibilidade do meio ambiente, não há como concordar com os fundamentos do i colega. O conceito de meio ambiente do trabalho não deve ser confundido ou limitado apenas ao de ambiente do trabalho, ou seja, local onde se realizou a atividade. O primeiro é muito mais amplo e como tal deve ser analisado. A expressão meio ambiente do trabalho foi utilizada na Constituição Federal, em seu art. 200, VIII. Pode-se definir esta como o local em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima dependência da qualidade daquele ambiente (SILVA, José Afonso, 1995) ou, ainda, como o conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão presentes 7

8 e envolvem o local de trabalho da pessoa (SANTOS, Antônio Silveira R., 2002). Por seu turno, Amauri Mascaro NASCIMENTO (1999) assevera que o meio ambiente do trabalho é, exatamente, o complexo máquina-trabalhador: as edificações do estabelecimento, equipamentos de proteção individual, iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, condições de salubridade ou insalubridade, de periculosidade ou não, meios de prevenção à fadiga, outras medidas, intervalos, descanso, férias, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais que forma o conjunto de condições de trabalho etc. Pela análise da conceituação do que é considerado meio ambiente do trabalho, não merece prosperar a tese de que há pertinência desta NF ao IC sob minha presidência, pelo motivo de o acidente ter ocorrido nas dependências da RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. Isto porque a empresa empregadora é de instalação de forros de PVC, e como tal desenvolve suas atividades em locais diversos em ambientes pertencentes a terceiros. Logo, o meio ambiente que deve ser analisado é aquele no qual estava inserido o trabalhador, ou seja, na visão do doutrinador Amauri Mascaro Nascimento, não apenas o ambiente no qual se desenvolveu o trabalho, mas o complexo máquina-trabalhador delineado acima. 2.3 DA EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO MAIS ANTIGO Somado a toda argumentação exposta acima, há que se destacar a existência procedimento mais antigo que o PP sob minha presidência. Há inquérito civil instaurado em face da sociedade empresária IPÊ ENGENHARIA LTDA, qual seja o IC n /5. 8

9 Assim, em prosperando a tese de identidade parcial de partes, o que não se espera, a NF epigrafada deve ser distribuída ao i colega que preside o IC n /5. Isto porque não merece prosperar a tese de que não cabe vinculação desta NF ao IC mais antigo, pelo motivo de o acidente ter ocorrido nas dependências da RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. Como visto no tópico 2.2 suso, o meio ambiente do trabalho é algo mais abrangente do que o ambiente no qual se desenvolveu a atividade. Assim, o meio ambiente do trabalho deve ser analisado com um todo e não apenas um parte deste. Não se perca de vista que a empresa é de engenharia, que dentre outras atividades, faz reformas em prédios de terceiros. Ou seja, raramente haverá um acidente de trabalho nas suas dependências, haja vista que suas atividades são de obras externas. Assim, se prosperarem os fundamentos utilizados pelo i. colega, para o qual foi distribuído este procedimento, livre de vinculação, a pertinência e aproximação temática deve se dar em relação ao IC n /5. (...) Distribuído o feito a minha relatoria, foi solicitado à Procuradora- Chefe da PRT 17ª Região cópia do TAC firmado nos autos do Inquérito Civil nº /5, indicado pelo Procurador do Trabalho Antônio Marcos Fonseca de Souza nas razões do conflito. Às fls. 318/321, foi coligido a cópia do TAC firmado no IC nº /5 pela empresa IPÊ Engenharia Ltda.. É o relatório. 9

10 II - ADMISSIBILIDADE Presentes os requisitos do art. 3º, 1º, 2º e 3º da Resolução n. 69/2007, conheço do presente conflito de atribuição. III VOTO O presente conflito de atribuição entre membros da PRT 17ª Região gira em torno do acidente de trabalho que vitimou um operário que laborava em favor da empresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda, durante uma reforma em seu estabelecimento, sendo o de cujus empregado da empresa JC Distribuidoras de Divisórias Ltda., a qual foi subcontratada pela IPÊ Engenharia Ltda., empresa que de fato foi contratada pela primeira para a prestação do serviço de reforma. O suscitante e a suscitada argumentam em suas exposições sobre a identidade subjetiva parcial existente entre o presente procedimento e o PP 465/2010, a indivisibilidade do meio ambiente do trabalho, e a existência de procedimento mais antigo, o IC 76/2007, em que fora firmado TAC pela empresa IPÊ Engenharia Ltda.. Do exame dos autos, verifica-se tanto do relatório da Fiscalização do Trabalho quanto do inquérito policial que o acidente que vitimou o Sr. Madach Mariano da Silva ocorreu nas dependências da empresa Rio de Janeiro Refrescos e teria decorrido de possível choque elétrico durante a instalação de forros de PVC em obra de responsabilidade da empresa IPÊ Engenharia Ltda, a qual estava inclusive encarregada da reforma da parte elétrica. 10

11 Pois bem. Nesses termos, tem-se que, embora o acidente tenha ocorrido no estabelecimento da tomadora final Rio de Janeiro Refrescos sua atividade fim não se relaciona com construção e reforma, e que, a primeira vista, caberia a empresa de engenharia IPÊ Engenharia certificar-se sobre os riscos do ambiente em que se dava a reforma, bem como ser diligente quando da subcontratação de serviços, observando se há o cumprimento das normas de segurança por parte das empresas subcontratadas, haja vista a possibilidade de ser corresponsável por eventuais danos. Diante dessa conclusão, há que se examinar com atenção a referência feita pelo douto Procurador suscitante ao TAC firmado pela empresa IPÊ Engenharia nos autos do IC 76/2007. Eis a seguir trecho do termo de ajuste de conduta: [...] DAS OBRIGAÇÕES CLÁUSULA PRIMEIRA A compromissada se obriga a implementar e fazer cumprir procedimento de análise prévia dos riscos e das medidas de prevenção de acidentes inerentes a todos os serviços que desenvolver, qualquer que seja a empresa tomadora ou cliente, com ciência prévia e por escrito dos trabalhadores integrantes da equipe executante. Prazo imediato. CLÁUSULA SEGUNDA A compromissada se obriga a fornecer gratuitamente equipamentos de proteção individual a seus empregados, adequados ao risco e em perfeito estado de conservação, nos termos da NR-6, providenciando a substituição sempre que necessário e fiscalizando a respectiva utilização. Prazo imediato. 11

12 CLÁUSULA TERCEIRA A compromissada se obriga a cumprir as regras estabelecidas pela NR-18 (condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção), mantendo todos os seus empregados treinados e qualificados na Norma mencionada nesta cláusula. Prazo imediato. CLÁUSULA QUARTA A compromissada se obriga a cumprir as regras estabelecidas pela NR-10 (Segurança em instalações e serviços em eletricidade), mantendo todos os seus empregados treinados e qualificados na Norma mencionada nesta cláusula. Prazo imediato. [...] Conforme se verifica da cláusula primeira, a IPÊ Engenharia Ltda. comprometeu-se a uma análise prévia dos riscos e das medidas de prevenção de acidentes inerentes a todos os serviços que desenvolver qualquer que seja a empresa tomadora ou cliente, bem como a manter treinados os seus empregados quanto à norma de segurança em instalações e serviços em eletricidade. Assim visto, não é possível solucionar o conflito tão somente com base na identidade das partes ou da área temática, tendo que se considerar também a extensão do meio ambiente comprometido e o contexto das relações estabelecidas entre as empresas envolvidas no episódio do acidente. Com efeito, nas circunstâncias do caso em concreto, há que se considerar que o meio ambiente não se restringe ao espaço físico, mas a todo um arranjo compreendido também pelos meios de prevenção de riscos, condições de trabalho, horário de descanso, fornecimento e fiscalização do uso 12

13 de equipamentos de proteção individual, etc. Ademais, a obra era de responsabilidade da empresa IPÊ Engenharia Ltda., inclusive a reforma da parte elétrica, tendo ainda sido dela a escolha da empresa JC Distribuidora de Divisórias Ltda. Diante disso, tenho que a condução da investigação do presente procedimento deve ser atribuída ao Procurador do Trabalho responsável pelo acompanhamento do IC 76/2007, já que pode ter havido o descumprimento do compromisso firmado pela empresa IPÊ Engenharia Ltda.. Portanto, voto pela atribuição do Procurador do Trabalho responsável pelo acompanhamento do Inquérito Civil nº /5. IV CONCLUSÃO Ante o exposto, recebo o presente conflito negativo de atribuição e voto pela atribuição do Procurador do Trabalho responsável pelo acompanhamento do Inquérito Civil nº /5, nos termos da fundamentação supra. Brasília, 17 de março de IVANA AUXILIADORA MENDONÇA SANTOS Membro da CCR - Relatora 13