TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº Apelante: Osais Gonçalves Lobato Apelado: Eletrolux do Brasil Ltda Relator: Des. Elton M. C. Leme R E L A T Ó R I O na sentença a fls Adoto, na forma do permissivo regimental o relatório lançado Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c indenizatória, sob o rito sumário, proposta por Osais Gonçalves Lobato em face de Eletrolux do Brasil Ltda, alegando o autor, em síntese, que em 19/11/2009 adquiriu um refrigerador no valor de R$ 2.699,90, produto este que apresentou defeito alguns meses após a compra, tendo solicitado à autorizada a visita de um técnico. Na visita técnica foi constatado que uma peça apresentava defeito, sendo necessário a sua troca, que ficou marcada para o dia 15/01/2010. Entretanto, decorridos 70 dias, o aparelho não havia sido ainda reparado, não obtendo nenhuma resposta da empresa ré. Postula a antecipação da tutela para devolução do valor pago ou a substituição do refrigerador. Requer a condenação da ré ao pagamento de indenização por dano moral.

2 Contestação da ré a fls arguindo preliminarmente ilegitimidade passiva. No mérito, argumenta que inexiste a prova de defeito de fabricação, bem como não há dano moral. Pugna pela improcedência dos pedidos. A sentença de fls julgou procedente em parte o pedido para condenar a ré ao pagamento de R$ R$ 2.699,90, acrescido de juros de 12% e correção monetária a contar da data em que foi constatado o defeito (15/01/2010), facultada à ré a retirada do produto, após o pagamento da indenização. Condenou a ré ao pagamento de custas e honorários fixados em 10% sobre o valor da condenação. Apelou o autor a fls , reafirmando os fatos narrados na inicial. Requer o provimento do recurso para julgar procedente o pedido referente à condenação por dano moral. apresentou contrarrazões. Certidão cartorária a fls. 131-v atestando que a ré não É o relatório. Peço dia. Rio de Janeiro, 22 de agosto de Des. Elton M. C. Leme Relator

3 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº Apelante: Osais Gonçalves Lobato Apelado: Eletrolux do Brasil Ltda Relator: Des. Elton M. C. Leme APELAÇÃO. INDENIZATÓRIA. CONSUMIDOR. DEFEITO EM REFRIGERADOR. GARANTIA CONTRATUAL. REPARO INADEQUADO. RECLAMAÇÕES SEM SOLUÇÃO. RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE. VÍCIO DO PRODUTO. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR O VALOR PAGO. ART. 18, II, DO CDC. DANO MORAL. CABIMENTO. PROVIMENTO DO RECURSO. 1. Responde o fabricante do produto objetivamente pelos danos que causar ao consumidor em decorrência da imperfeição de seus produtos e serviços, nos termos do art. 18 do CDC. 2. Responsabilidade da assistência técnica pela falha na prestação de seus serviços, uma vez que não foi capaz de, em prazo razoável e dentro da garantia, efetuar o reparo do bem durável adquirido pela autora. 3. É inconcebível que um refrigerador, bem durável que é, apresente defeito constatado pela assistência técnica, poucos meses após o recebimento do produto, sem que o fornecedor solucione adequadamente o problema, apesar das reiteradas reclamações do consumidor. 4. A resistência injustificada e descabida da empresa obrigada a solucionar o problema, bem como o longo tempo em que o consumidor permaneceu sem atendimento de suas justas postulações justificam a restituição, pelo fornecedor, do valor

4 pago pelo produto (art. 18, II do CDC). 5. Hipótese que evidencia mais do que mero aborrecimento, impondo-se a condenação da ré a indenizar os danos morais suportados pelo consumidor em razão da falha da prestação do serviço. 6. Provimento do recurso. ACÓRDÃO VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , originária da 2ª Vara Cível Regional de Duque de Caxias, julgada na sessão de 04/09/2013, figurando como apelante Osais Gonçalves Lobato e apelado Eletrolux do Brasil Ltda. ACORDAM, por unanimidade de votos, os Desembargadores que compõem a Décima Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. ACÓRDÃO apresentado na data da sessão. VOTO Verifica-se que o refrigerador descrito na inicial, adquirido em 19/11/2009 pelo valor de R$ 2.699,99, apresentou defeito poucos meses após a compra, o que restou constatado através de visita técnica no dia 15/01/2010.

5 Ocorre que quase três meses após a constatação do defeito, a troca da peça não foi providenciada, impedindo a utilização do produto pelo consumidor. Saliente-se que tal defeito poderia ocorrer somente após alguns anos de uso, ou seja, após o transcurso do prazo médio de vida útil do eletrodoméstico, dentro de um período razoável de durabilidade. É evidentemente inaceitável tamanho descaso com o consumidor, devendo ser destacado o longo período entre a visita do técnico da autorizada e a reparação do defeito, o que não ocorreu até a data do ajuizamento da demanda. Foge completamente à razoabilidade que o reparo de produto novo demore tanto, com tantas idas e vindas, devendo ser observado o caráter essencial do refrigerador na vida cotidiana. Assim, tendo o consumidor adquirido produto defeituoso, solicitado a reparação do defeito, e negando-se o fornecedor e a assistência técnica a saná-lo, outra solução não há senão a condenação da ré à restituição do valor pago, nos termos do art. 18, 1º, II, do CDC, como estabelecido na sentença de primeiro grau. Assiste razão ao autor, ora apelante, quanto aos danos morais. O Código de Defesa do Consumidor ampara o consumidor vitimado em sua relação de consumo, com a justa reparação dos danos causados pela

6 má prestação do serviço, como se observa no artigo 6º, inciso VI, ao assegurar como direito básico do consumidor: VI a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. O descumprimento contratual verificado na hipótese extrapola o mero aborrecimento, uma vez que privou o consumidor por longo período de utilizar bem extremamente necessário na vida cotidiana. Nesse sentido já se posicionou o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme os seguintes julgados: Ação de Obrigação de Fazer e Indenizatória. Compra de geladeira "side by side" que apresentou defeito com um mês e pouco de uso. Mau atendimento pela empresa vendedora que se negou a restituir o valor pago pelo produto. Inconformismo da empresa ré com a sentença que acolheu o pedido autoral, condenando-a ao pagamento de R$ ,00, a título de danos morais. Reconhecimento induvidoso do dever indenizatório por nítida frustração imposta ao consumidor, uma vez que foi colocado à venda eletrodoméstico que não funcionava. Vício do produto. Responsabilidade solidária do fornecedor e fabricante. Exegese do art. 18 do CDCON. Verba indenizatória, no entanto, que foi fixada em valor além do razoável, devendo ser reduzida. Extensão do dano, dissabores e constrangimento, impossibilidade do uso de eletrodoméstico

7 que pode ser considerado como de primeira necessidade, tudo isso sopesado a autorizar a redução do quantum indenizatória para R$ 5.000,00. Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, reduzindo o valor da indenização por danos morais esclarecendo que a sucumbência permanece de acordo com o determinado na douta sentença guerreada. Inteligência do verbete sumular n. 105 desta Corte ( APELAÇÃO - DES. SIRLEY ABREU BIONDI - Julgamento: 28/01/ DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DIREITO DO CONSUMIDOR. DEFEITO NO PRODUTO. CONSERTO NÃO EFETIVADO. LEGITIMIDADE PASSIVA DO FORNECEDOR. DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO. Tratam-se de recursos de apelação interpostos em face da sentença que julgou procedente em parte o pedido deduzido em ação indenizatória, por meio da qual o autor alega inúmeros defeitos em máquinas de lavar roupa, adquiridas na loja da primeira apelante, e que não logrou consertar as mesmas, apesar das constantes idas às assistências técnicas, pugnando assim, pela reparação de ordem moral. Em suas razões recursais, requer o autor a majoração da verba indenizatória por danos morais. O réu, por sua vez, reitera no apelo os seus argumentos defensivos, aduzindo sua ilegitimidade passiva e a inexistência de responsabilidade em indenizar, requerendo assim, a

8 improcedência do pedido ou a diminuição da indenização por danos morais arbitrada na sentença. Ilegitimidade passiva que se nega. Fornecedor que responde solidariamente pelos danos ocasionados. Teoria do risco do empreendimento. Defeito nos produtos caracterizados. Danos morais configurados, em virtude da magnitude dos danos experimentados pelo autor. Valor arbitrado no decisum ora alvejado que se mostra adequado. Manutenção da verba indenizatória a título de danos morais. Manutenção da sentença. NEGA-SE PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS, REJEITADA A PRELIMINAR. ( ( ) - APELAÇÃO - DES. ISMENIO PEREIRA DE CASTRO - Julgamento: 26/08/ DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL). RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. Ação de obrigação de fazer c.c. indenização por dano moral ajuizada em face do fabricante e do vendedor de produto de consumo durável (geladeira) dado em presente de casamento e que apresentou defeitos desde o primeiro mês de uso. Sentença de parcial procedência que acolheu apenas o pedido de indenização por dano moral. Apelações de ambas as Rés. Pretensão de ver a improcedência do pedido ou a redução do valor da condenação. Impertinência da argumentação. Dano moral que decorre in re ipsa, nos termos da

9 jurisprudência pátria. Presença dos pressupostos legais necessários para que haja a obrigação de indenizar, quais sejam, o dano e o nexo de causalidade entre este e a conduta do ofensor. Solidariedade entre as Rés que decorre de disposição legal expressa, contida no art. 18, do C.D.C. Decadência não observada na hipótese. Aplicação do art. 26, inciso II, e 2º, inciso I, do C.D.C. Indenização fixada em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), equivalente a pouco mais de seis salários mínimos, que se mostra condizente com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Recursos aos quais se nega provimento. ( APELAÇÃO - DES. ORLANDO SECCO - Julgamento: 24/06/ OITAVA CÂMARA CÍVEL). Uma vez reconhecidos os fatos geradores do dano, que aqui restaram patenteados, passa-se à questão do seu arbitramento. O princípio da razoabilidade determina que o valor arbitrado deve guardar proporcionalidade ao fato, redundando logicamente deste, e não deve, em contrapartida, apresentar caráter insignificante em face das características econômicas do causador dos danos e nem constituir fonte de lucro. Assim sendo, os danos morais assumem a importante função preventiva de, como verdadeira sanção civil, evitar que episódios semelhantes se repitam. Tendo em conta o evento e as circunstâncias fáticas,

10 bem como a capacidade financeira das partes envolvidas, em especial, a essencialidade do produto viciado e a gravidade da conduta das rés, considero moderado o valor de R$ 5.000,00, que ora fixo em atenção ao princípio da lógica razoável e da proporcionalidade. Por tais fundamentos, voto no sentido de dar provimento ao recurso, para julgar procedente o pedido, condenando a ré a compensar os danos morais sofridos, arbitrando-se o valor da indenização em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigido monetariamente a contar do presente acórdão e acrescido de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação. Rio de Janeiro, 4 de setembro de Des. Elton M. C. Leme Relator