S O C I E D A D E DA INFORMAÇÃO
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- Amália Castro Brandt
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1 Capa_Sociedade da Informacao.ai Y CM MY CY CMY K No Brasil ainda se usa a expressão Sociedade da Informação de uma maneira genérica, até mesmo imprecisa. Sociedade da Informação: os desafios da era da colaboração e da gestão do conhecimento propõe um enfoque mais elaborado: compreender essa expressão como um produto de diversas ações articuladas por políticas e agências específicas em cada país ou regiões econômicas. Os projetos de Sociedade da Informação já imprimem o perfil do século XXI aos países desenvolvidos e aos emergentes. Uma rápida passagem pela Coréia, Japão e Europa e encontraremos suas iniciativas de Sociedade da Informação integrando simultaneamente inovações tecnológicas, novos desenhos de colaboração e competição entre empresas (redes de negócios e desenvolvimento), programas de inclusão digital para setores de risco, políticas de colaboração internacional e, principalmente, experiências de desenvolvimento de capital humano. Nesse ambiente, o conhecimento se torna a principal ferramenta e deve ser gerenciado como o principal ativo da empresa. Isso implica repensar os paradigmas de gestão e introduzir modelos de compartilhamento de informações e projetos com base em competências bem definidas de fornecedores e parceiros. A gestão estratégica do conhecimento obtido nestes termos constitui a base das empresas na Sociedade da Informação. Este livro tem início pela síntese das principais experiências de implementação de Sociedade da Informação, a saber: americana, européia e asiática. Discute as diferenças de concepção de agenda e de integração dos principais atores (universidades, empresas e governo) inclui as possibilidades do conhecimento na Era Digital nas empresas, revê a revolução digital e seus impactos a importância da Internet e dos negócios eletrônicos relacionados às redes de colaboração (fornecedores, parceiros e ferramentas de relacionamento com o cliente) e define a importância do processo de digitalização do conhecimento e da convergência tecnológica. APLICABILIDADE: Este livro pode ser utilizado nas disciplinas: Sociologia (para os cursos de Administração, Tecnologia e Engenharia), Organizações do Conhecimento, Gestão do Conhecimento, Gestão da Tecnologia e Informação, Relações Internacionais e Gestão Estratégica da Informação. Conheça o site do livro e as demais novidades do nosso catálogo no endereço: S O C I E D A D E DA INFORMAÇÃO M 11:12:52 Demerval L. Polizelli Adalton M. Ozaki (Organizadores) C 26/7/2007 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OS DESAFIOS DA ERA DA COLABORAÇÃO E DA GESTÃO DO CONHECIMENTO Demerval L. Polizelli Adalton M. Ozaki (Organizadores) Antônio Geraldo da Rocha Vidal César Alexandre de Souza Eduardo P. G. de Vasconcellos Isabel de Meiroz Dias Ludovino Lopes Marcus Paredes Nicolau Reinhard Ronaldo Zwicker Thais Amadei Pegoraro (Autores)
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OS DESAFIOS DA ERA DA COLABORAÇÃO E DA GESTÃO DO CONHECIMENTO
3 Demerval L. Polizelli Adalton M. Ozaki (Organizadores) Antônio Geraldo da Rocha Vidal Eduardo P. G. de Vasconcellos Ludovino Lopes César Alexandre de Souza Isabel de Meiroz Dias Marcus Paredes Nicolau Reinhard Ronaldo Zwicker Thais Amadei Pegoraro (Autores) SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OS DESAFIOS DA ERA DA COLABORAÇÃO E DA GESTÃO DO CONHECIMENTO
4 Av. Marquês de São Vicente, 1697 CEP: Barra Funda Tel.: PABX (0XX11) Fax: (11) Televendas: (0XX11) Fax Vendas: (0XX11) São Paulo SP Endereço Internet: Filiais: AMAZONAS/RONDÔNIA/RORAIMA/ACRE Rua Costa Azevedo, 56 Centro Fone/Fax: (0XX92) / Manaus BAHIA/SERGIPE Rua Agripino Dórea, 23 Brotas Fone: (0XX71) / / Salvador BAURU/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 Centro Fone: (0XX14) Bauru CAMPINAS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Camargo Pimentel, 660 Jd. Guanabara Fone: (0XX19) / Campinas CEARÁ/PIAUÍ/MARANHÃO Av. Filomeno Gomes, 670 Jacarecanga Fone: (0XX85) / Fortaleza DISTRITO FEDERAL SIG Sul Qd. 3 Bl. B Loja 97 Setor Industrial Gráfico Fone: (0XX61) / / Brasília GOIÁS/TOCANTINS Av. Independência, 5330 Setor Aeroporto Fone: (0XX62) / / Goiânia MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO Rua 14 de Julho, 3148 Centro Fone: (0XX67) / Campo Grande MINAS GERAIS Rua Além Paraíba, 449 Lagoinha Fone: (0XX31) Belo Horizonte PARÁ/AMAPÁ Travessa Apinagés, 186 Batista Campos Fone: (0XX91) / / Belém PARANÁ/SANTA CATARINA Rua Conselheiro Laurindo, 2895 Prado Velho Fone: (0XX41) Curitiba PERNAMBUCO/ ALAGOAS/ PARAÍBA/ R. G. DO NORTE Rua Corredor do Bispo, 185 Boa Vista Fone: (0XX81) / Recife RIBEIRÃO PRETO/SÃO PAULO Av. Francisco Junqueira, 1255 Centro Fone: (0XX16) / Ribeirão Preto RIO DE JANEIRO/ESPÍRITO SANTO Rua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 Vila Isabel Fone: (0XX21) / / Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Av. Ceará, 1360 São Geraldo Fone: (0XX51) / / / Porto Alegre SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SÃO PAULO (sala dos professores) Av. Brig. Faria Lima, 6363 Rio Preto Shopping Center V. São José Fone: (0XX17) / / São José do Rio Preto SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Santa Luzia, 106 Jd. Santa Madalena Fone: (0XX12) São José dos Campos SÃO PAULO Av. Marquês de São Vicente, 1697 Barra Funda Fone: PABX (0XX11) / São Paulo ISBN S662 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. Sociedade da informação : os desafios da era da colaboração e da gestão do conhecimento / Demerval L. Polizelli [e] Adalton M. Ozaki, organizadores ; Adalton M. Ozaki... [et al.]. - São Paulo : Saraiva, Inclui bibliografia ISBN Sociedade da informação. 2. Gestão do conhecimento. 3. Tecnologia da informação - Administração. 4. Redes de informação. I. Polizelli, Demerval L. (Demerval Luiz). II. Ozaki, Adalton Masalu CDD: CDU : Copyright Adalton M. Ozaki, Antônio Geraldo da Rocha Vidal, César Alexandre de Souza, Demerval L. Polizelli, Eduardo P. G. de Vasconcellos, Isabel de Meiroz Dias, Ludovino Lopes, Marcus Paredes, Nicolau Reinhard, Ronaldo Zwicker, Thais Amadei Pegoraro Editora Saraiva Todos os direitos reservados. Diretora editorial: Flávia Helena Dante Alves Bravin Editores: Marcio Coelho Rita de Cássia da Silva Frederico Marchiori Produção editorial: Viviane Rodrigues Nepomuceno Juliana Nogueira Luiz Aquisições: Eduardo Viegas Meirelles Villela Arte e Produção: Know-how Editorial Capa: Know-how/Juliana Midori Horie Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n /98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
5 SOBRE OS AUTORES Adalton M. Ozaki Mestre e Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), é professor e coordenador do curso de Administração da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). Tem publicado pesquisas em congressos nacionais e internacionais nos temas de inovação, gestão da tecnologia e negócios eletrônicos e atua há mais de 15 anos no setor de tecnologia da informação e atualmente é sócio-diretor da ADF Consulting. Antônio Geraldo da Rocha Vidal Mestre e Doutor em Administração de Empresas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), é professor da FEA-USP e coordenador de projetos da Fundação Instituto de Administração (FIA). Ministra cursos de MBA na área de Tecnologia da Informação e Internet. É autor de livros sobre a linguagem Clipper e FoxPro para desenvolvimento de sistemas aplicativos e consultor de empresas nas áreas de informática e internet. Cesar Alexandre de Souza Doutor e Mestre em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e Graduado em Engenharia de Produção pela Poli-USP. Tem experiência na área de Administração de Sistemas de Informação, trabalhando principalmente com os seguintes temas: Gestão da Tecnologia de Informação, Sistemas ERP, Informatização de Pequenas e Médias Empresas e Governo Eletrônico. Publicou artigos em periódicos especializados, diversos trabalhos em anais de eventos, possui seis capítulos e um livro organizado (Sistemas ERP no Brasil). Apresentou trabalhos em congressos internacionais nos Estados Unidos, Peru, Canadá, Espanha, Porto Rico, Portugal, Venezuela e México. Foi coordenador da área de Administração da Tecnologia de Informação nas Empresas (ADI-A) do Enanpad durante a gestão de 2005 a 2006 e é professor da FEA-USP. Demerval Luiz Polizelli Pós-Doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). É coordenador de iniciação científica da Fiap-SP,
6 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO economista (PUC-SP), sociólogo (FFLCH-USP), especialista em Comunicação Social pela ECA-USP, Mestre em Ciências Ambientais pela USP e Doutor em Sistemas de Aprendizagem pela Unicamp. Participou de congressos nacionais e internacionais (Altec) e é profissional da área de treinamento. Eduardo P. G. de Vasconcellos Professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) na área de gestão da Inovação Tecnológica. MBA (Estados Unidos) e Doutor em Administração pela USP. Possui mais de cem publicações nessa área no Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Japão, México, França, Canadá, Dinamarca e Chile. Pesquisador visitante junto ao Technology Institute da Northwestern University (Estados Unidos) e consultor em gestão da inovação tecnológica junto à ONU (Viena), HPO (Estados Unidos), Mercedes Benz, Corn Products, Rhodia, Banco Itaú, Wahler, Cosipa, Cia. Vale do Rio Doce, Aracruz e outras. Isabel de Meiroz Dias Cursa doutorado em Administração na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). É Mestra e Graduada em Administração pela FEA-USP e atua na área de tecnologia de informação aplicada às organizações desde 1995, tendo trabalhado na Reuters e AgênciaClick e atendido clientes como Multibrás, C&A, Correios, Caixa Econômica e Comgás. Como consultora, atua na Fundação para o Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e Fundação Instituto de Administração (FIA). Lecionou no Ibmec, Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). Desde Março de 2006 é diretora de Planejamento na OgilvyOne. Ludovino Lopes Advogado graduado em Direito Civil pela Universidade Clássica de Lisboa, atuante com especialização nas áreas de Direito Comunitário Europeu, Direito Internacional Privado e Tecnologia da Informação. Foi membro docente da Escola Maria Lamas em Portugal na cadeira de informática, atualmente é vice-presidente da Câmara-e.net e coordenador do Comitê de Documentação Eletrônica dessa câmara, coordenador do Grupo de Cultura Digital do Conselho Regional de Administração de São Paulo e sócio da Menezes e Lopes Advogados, sociedade de advogados com sede em São Paulo e escritórios em Lisboa e Milão. Marcus Paredes Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP, Bacharel em Direito pela Universidade da Amazônia, Bacharel em Processamento de Dados pela Universidade Federal do Pará. Pós-graduação lato sensu em Engenharia de Software pela UFPA, em Direito Processual
7 Sobre os Autores Civil e em Direito dos Contratos pelo Centro de Extensão Universitária de São Paulo. Advogado em São Paulo atuante na área de Direito Empresarial e Direito Digital. Nicolau Reinhard É professor associado e coordenador da Área de Informática e Métodos Quantitativos no Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), além de coordenador do MBA em Gestão de Tecnologia de Informação da Fundação Instituto de Administração (FIA). Seus interesses profissionais e de pesquisa estão relacionados com a Gestão de Tecnologia da Informação na Administração Pública, Informática e Sociedade e Implementação de Sistemas. Ronaldo Zwicker Professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Doutor em Administração de Empresas pela FEA-USP e Mestre em Matemática Aplicada pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. Engenheiro Químico pela Escola Politécnica da USP e pesquisador da área de informática e administração com inúmeros trabalhos científicos publicados em periódicos e anais de congressos nacionais e internacionais. Thais Amadei Pegoraro Pós-graduação lato sensu em Direito de Propriedade Intelectual pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e em Direito Processual Civil pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo (Fadisp-SP). Advogada em São Paulo, atuante na área de Propriedade Intelectual e Direito Digital, formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Contato com os autores: sociedadeinfo@editorasaraiva.com.br
8 PREFÁCIO A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NA ERA DIGITAL A informação é hoje, como sempre foi desde os mais primórdios tempos imemoriais, o maior bem que o homem usufrui, antecedido apenas pela a própria vida. Para o ser humano, na verdade, a informação define-o, pois está em sua essência por meio da consciência de si próprio e de sua existência, o que lhe confere propósito e, como conseqüência, a habilidade de manipular e gerir informação a ser usada no processo de sobrevivência, preservação e evolução. Contar a história é o exercício de descrever e analisar o que nos foi deixado de informação sobre cada período, mas, principalmente, o seu uso, suas formas de distribuição e o poder dela advindo, já que a medida da evolução humana é dada pelos diferentes estágios de domínio da informação como conhecimento. É nesse sentido que conseguimos diferenciar nossa atual Sociedade da Informação das anteriores, marcada não apenas pelo volume virtualmente infinito de informação a que temos acesso, mas, sobretudo, pela democratização das mídias, o que permite sua geração e ampla difusão de forma descentralizada, revolucionando a história da informação e, por conseguinte, de toda a humanidade. Devemos ao desenvolvimento das chamadas Tecnologias da Comunicação e Informação (TCIs) o principal motor dessas profundas e emblemáticas transformações ocorridas nas últimas décadas, sendo a internet a mídia de convergência que, de fato, possibilita essa revolução sem precedentes. Na verdade, a internet, ainda em seus primórdios, começa agora a mostrar a verdadeira dimensão de sua importância e a colocar em prática o seu verdadeiro potencial, por meio do crescimento acelerado da base de usuários de banda larga em praticamente todo o mundo. Com acesso mais rápido e mais barato, indivíduos e organizações vêem multiplicarem-se os recursos disponíveis na internet para inúmeras atividades, do mero envio de s a uma lista crescente de ferramentas voltadas para os mais diversos fins, inserindo-se na vida das pessoas de tal forma que se torna essencial para a compreensão do mundo de hoje. Nesse sentido, acreditamos, estamos nos primórdios do que devemos chamar de era digital como evolução da era industrial marcada pelas tecnologias digitais,
9 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO que revolucionam a percepção e a atuação humanas sobre o mundo, criando uma nova e impressionante dimensão virtual a partir da qual o real passa a ser revisto ( visto de outra ótica ), repensado e reformulado. Ou seja, conforme propomos nossa eterna Sociedade da Informação e do Conhecimento é, hoje, determinada pela crescente onipresença e influência das novas tecnologias e da internet, que devemos contemplar para entender o presente e o futuro da humanidade. No plano prático, os negócios eletrônicos lideram as transformações culturais e operacionais impostas pela emergência das tecnologias digitais e da internet em todos os setores da economia, obrigam-nos a uma revisão radical das regras e práticas desenvolvidas ao longo do século passado, sob pena de nos defasarmos e perecermos como empresários e profissionais, por um lado, e mesmo como usuários e consumidores, por outro. Nesse contexto, o conceito de inclusão digital deve assumir o seu sentido mais amplo, não representando apenas a possibilidade de acesso ao computador e à internet, mas a capacidade de compreendermos, absorvermos e vivermos sob a influência de uma nova cultura a cultura digital, com seus paradigmas, idiossincrasias e implicações em nossas vidas reais e virtuais. Diante disso, é muito importante buscarmos contemplar a floresta e não apenas as árvores, enxergando a digitalização da sociedade de forma estratégica e abrangente, como cultura e sistemática de modernização de processos de gestão, em busca de mais eficiência, transparência, inovação, produtividade e competitividade em todos os níveis. Na era digital, quanto mais incluídas digitalmente em suas culturas e práticas, mais capacitadas serão as organizações para enfrentar os desafios da atualidade e do futuro. Passa pela compreensão proativa dessas questões o ritmo de desenvolvimento que diferenciará empresas, organizações e países nos próximos anos. Quanto mais entendermos o impacto do digital, melhores serão nossas estratégias de sinergia entre o on e o off-line de nossos empreendimentos. Feita essa digressão inicial, podemos, novamente, destacar o acelerado crescimento dos negócios eletrônicos e sua importância para empresas, governos e mercado como um todo. Pautada cada vez mais pelas novas tecnologias e pela economia digital, a economia convencional está cada vez mais complexa e dinâmica, em que os desejados ganhos de produtividade e a otimização de recursos, bem como inovadoras plataformas de comunicação, se tornam diferenciais competitivos fundamentais. Nos dias de hoje, não basta apenas comprar e vender; o ideal é articular diferentes formas de relacionamento, ampliando o nível de interação com funcionários, parceiros, representantes, consumidores, clientes, mercado, instituições e sociedade em geral.
10 Prefácio A percepção quanto à imagem e à reputação de uma empresa dependem, de forma crescente, de sua habilidade e domínio sobre essa cultura digital, suas oportunidades e riscos. Hoje, por exemplo, a internet é muito mais importante como veículo de formação de opinião e de decisão de compra do que apenas como canal de compra e venda. Embora à primeira vista pareça paradoxal, a internet continuará impactando, ainda por um bom tempo, muito mais os negócios off-line do que os negócios on-line. Ou seja, mesmo que o comércio eletrônico tenha crescido anualmente, em média, no Brasil, mais de 50% nos últimos cinco anos, a internet influencia o fechamento de mais negócios em outros canais, principalmente o presencial, em escritórios, lojas e estabelecimentos comerciais, nas ruas, edifícios e shoppings do País. Para cada operação comercial efetivamente realizada em uma loja virtual, a internet é diretamente responsável por pelo menos cinco outros negócios decididos on-line, mas fechados de outra forma. Nos Estados Unidos, o índice é ainda mais alto, chegando a nove para um. Isso quer dizer que, em 2006, no mercado brasileiro, enquanto as vendas eletrônicas de bens e serviços (incluindo bens de consumo, passagens aéreas, automóveis, produtos financeiros e outros) ao consumidor final movimentaram mais de R$ 15 bilhões, a internet foi diretamente responsável por negócios off-line, no varejo, de pelo menos R$ 75 bilhões, aqui sem incluirmos os chamados B2B, e-gov, e-banking e outras áreas de grande desenvolvimento nos últimos tempos. Dessa forma, cabe-nos destacar, ainda, uma nova transformação que está em curso e cuja dimensão apenas começamos a vislumbrar. Trata-se do que se convencionou chamar de Web 2.0. Embora o conceito ter sido criado em 2004, pelo consultor e agitador tecnológico Tim O Reilly, para designar uma série de conferências realizadas em São Francisco, Califórnia, sobre o crescimento de uma então nova geração de serviços e plataformas on-line, na verdade, o evento que, para mim, marca o começo emblemático dessa nova era, sem dúvida, é a compra do YouTube pelo Google por US$ 1,6 bilhão, no dia nove de outubro de Além de um dos maiores negócios já realizados por empresas de internet, a aquisição aponta, de forma inquestionável, que o seu futuro passa, necessariamente, pelo aumento da disponibilização e do consumo de recursos de áudio e vídeo, de forma generalizada, transformando sua cara e a maneira como dela fazemos uso. A Web 2.0, com certeza, também compreende outras características inovadoras, como aquelas oferecidas pelas redes e comunidades sociais e empresarias (como MySpace, Orkut, LinkedIn, OpenBC e o portal brasileiro Peabirus), pelos sistemas colaborativos wiki e por
11 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO meio da crescente geração e difusão de conteúdo pelos próprios usuários (Wikipedia, o próprio YouTube, blogs, podcasts e o jornal coreano OhMyNews), pelos sites de compartilhamento de arquivos peer-to-peer (marcados pelo pioneirismo do Napster, acusado, como os demais, de facilitar o desrespeito à propriedade intelectual), pelos pacotes de serviços web-based, dispensando os programas computer-based (ThinkFree, CentralDesktop, HipCal, Goffice, Google Calendar, EyeOS e Goowy Media, entre tantos outros exemplos nas mais diferentes áreas) e pelos sites de folksonomy, bookmarking e mashups, que permitem o armazenamento, publicação e edição de arquivos em vários formatos, bem como a criação de páginas iniciais personalizadas (como Flickr e Zoomr, para fotos; Pandora e Yahoo!Music, para áudio; JumpCut, para vídeo; Deli.icio. us, Blinklist, Digg, SuprGlu e o brasileiro Wasabi). Como se comunicar com esse consumidor que passeia on-line e compra off-line? Como fazer com que comprem mais digitalmente? Como promover as vendas eletrônicas sem canibalizar as lojas físicas e se indispor com seus funcionários? Pelo contrário, como usar a internet para também potencializar a visitação e os negócios nas lojas físicas e também nos call-centers? Como se diferenciar da concorrência, se comunicar e se relacionar com o mercado, fidelizar os clientes, entender os seus hábitos e preferências para poder lhes oferecer mais e melhores produtos e serviços, cada vez mais pertinentes e em sintonia com suas demandas e interesses? Como ter sucesso on-line? Como continuar em atualização constante, não perder espaço e se manter competitivo nesse mercado cada vez mais complexo? Algumas dessas respostas podem ser encontradas neste compêndio com outras questões importantíssimas que pautam e pautarão as discussões sobre gestão empresarial nos próximos anos. Na verdade, para muitas dessas perguntas e para tantas outras que podemos fazer sobre o futuro da internet e dos nossos empreendimentos não há respostas prontas ou pré-formatadas. Mas este livro cumpre o seu objetivo, trazendo-nos conhecimento, informações e referências que, com certeza, servirão como base para o endereçamento de questões presentes e futuras para uma melhor compreensão do que vem acontecendo nos últimos tempos. Vamos ter que continuar desbravando esse ciberespaço meio que na raça, tateando, acertando e errando, em um empirismo digital e neural, potencializado pelas leis de Metcalf e Moore, bem como, na prática, pelas centenas de milhões de internautas que se conectam à internet a cada novo dia. A única grande certeza que temos é de que, nos próximos anos, a importância e a influência da internet aumentarão exponencialmente, atingindo cada vez mais pessoas, direta e indiretamente, on e off-line.
12 Prefácio Nesse contexto, o não haverá vida fora da internet, como vaticinou Bill Gates de forma profética, ainda que exagerada, vale mais do que pura retórica marqueteira. Mais: não haverá negócios que não passem pela internet; não sobreviveremos como empreendedores e profissionais se não compreendermos como usá-la a nosso favor, se não instalarmos essa nova cultura em nossa visão e práticas e se não entendermos que a nossa Sociedade da Informação é, hoje, profundamente marcada pela era digital. Fazendo um upgrade na profecia de Bill, não haverá vida fora da Web 2.0! Cid Torquato Advogado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), com especialização em Direito Empresarial. Fundou e dirigiu a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico por cinco anos. Atualmente, trabalha como consultor, especializado em Economia Digital, e dirige a SAdigital.TV, referência no mercado de WebTV corporativa.
13 Sobre os Autores xv APRESENTAÇÃO Pensar o século XXI a partir dos novos desafios da era digital foi o ponto de partida para este livro. Retomando o prefácio de Cid Torquato, é necessário rever as práticas e o conhecimento do século passado que ainda permeiam a visão de negócios no Brasil. Dois passos fundamentais nessa direção: compreender a Sociedade da Informação e a sua integração com a gestão do conhecimento. A Sociedade da Informação (SI) é um dos processos mais importantes em andamento no mundo. Apesar de sua importância crescente, ela tem sido pouco discutida no Brasil. Em primeiro lugar, a SI não é um produto espontâneo; foi discutida desde os anos 1960 nos Estados Unidos e, posteriormente, nos anos 1990 articulada por diversas iniciativas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) workshops sobre Sociedade da Informação, da União Européia (e-europe), da Coréia (e-korea 2006), do Japão (Livros Brancos Informação e Comunicação). Por esse motivo, os projetos desenvolvidos estimulam a formação de redes de negócio e pesquisa com ações de compartilhamento de conhecimento (ativos intangíveis). Em função disso, a Sociedade da Informação não pode ser pensada apenas no plano quantitativo (aumento do número de computadores), mas no plano qualitativo como a inter-relação de universidades, agências governamentais e empresas privadas para obter campos de sinergia de resultados sociais e econômicos na sociedade como um todo. Ainda a respeito dessa visão qualitativa, as experiências de Sociedade da Informação aqui relatadas avançam na direção de diferentes concepções de agenda e papéis dos principais atores. Na formulação das agendas destacam-se os esforços para formação e desenvolvimento de competências em diversas áreas. Essas passam a ser consideradas as bases sustentáveis da competitividade dos países e/ou regiões. Os projetos de Sociedade da Informação interagem com os sistemas de inovação como no caso da Comunity Research Development Information Services (Cordis) e de outras agências de fomento vistas neste trabalho. A introdução ao tema foi divida em três capítulos, cada um para as principais experiências: a proposta européia é mais institucional, a americana privilegia as empresas privadas, e as asiáticas reforçam o papel do Estado na formação de cadeias de negócio. O quarto capítulo dá continuidade às diversas formas de repensar o conhecimento na era digital nas empresas. Discute a revolução digital e seus impactos, a importância
14 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO da internet (inclusive da Web 2.0), dos negócios eletrônicos relacionados à tendência de colaboração entre os diversos participantes (rede que envolve desde fornecedores e parceiros até visões de gestão com a resposta eficiente ao consumidor e ferramentas de relacionamento com o cliente), da importância do processo de digitalização do conhecimento e da convergência tecnológica. O quinto capítulo volta-se para o governo eletrônico e contribui para uma visão de como constituir o ambiente de integração ao conceituar o governo eletrônico com a aplicação de tecnologia da informação para o desenvolvimento nacional. Essa visão contribui para o ambiente de intercâmbio de conhecimento, identificado desde o início do texto, e para uma governança socialmente inclusiva. Aborda também o uso de tecnologias digitais para as funções típicas de governo como o controle do orçamento, governo em rede com aplicação de governo para governo (G2G), um breve histórico da informática pública brasileira, apoio aos programas sociais de inclusão digital, experiências nacionais e internacionais. O sexto capítulo aborda os desafios legais para as mudanças de paradigmas requeridas pela era digital. As mudanças na Sociedade da Informação envolvem direitos sobre a produção e uso do conhecimento com uma velocidade inédita, novas demandas são colocadas na elaboração de contratos, no reconhecimento das obrigações de patentes e nas questões de governança. A constante inovação de produtos e serviços gera novos temas para o debate jurídico como os impactos dos processos de contratação on-line, a confiança para a realização de negócios na web, a responsabilidade civil no ambiente digital, o respeito ao consumidor no comércio eletrônico, as novas tendências na área de direito autoral e propriedade intelectual na Sociedade da Informação. O sétimo capítulo incorpora ao livro a preocupação com indicadores relacionados ao uso de tecnologia nas empresas. Destaque-se a metodologia proposta pelos autores que já é empregada na pesquisa i-digital que envolve a Faculdade de Economia e Administração da USP e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. A organização dos conteúdos deste livro, escrito por especialistas em suas respectivas áreas, introduz o debate em cinco pontos fundamentais para a compreensão da era digital: entendimento sobre Sociedade da Informação articulada com as formas de produção do conhecimento, papéis das empresas privadas, contribuições do governo eletrônico, revisão do ordenamento legal e construção de indicadores para avaliação do emprego de tecnologias da informação. Demerval Luiz Polizelli / Adalton M. Ozaki Organizadores
15 Sobre os Autores xvii SUMÁRIO Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Sociedade da Informação: iniciando o debate Demerval Luiz Polizelli Sociedade da Informação e o Papel das Agendas na Europa Demerval Luiz Polizelli Experiências Asiáticas de Sociedade da Informação Demerval Luiz Polizelli A Revolução Digital Adalton Ozaki e Eduardo Vasconcellos Capítulo 5 Sociedade da Informação e o Ordenamento Jurídico Ludovino Lopes, Thais Pegoraro e Marcus Paredes Capítulo 6 Governo Eletrônico e a Sociedade da Informação Isabel de Meiroz Dias e Nicolau Reinhard Capítulo 7 Grau de Informatização de Empresas Cesar Alexandre de Souza, Antonio Geraldo da Rocha Vidal e Ronaldo Zwicker
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