APLICAÇÃO DE UM CONTROLE PROPORCIONAL EM UM CILINDRO PNEUMÁTICO
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- Yan Branco Jardim
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1 ISSN APLICAÇÃO DE UM CONTROLE PROPORCIONAL EM UM CILINDRO PNEUMÁTICO Andrei Fiegenbaum - andrei.fig@hotmail.com Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Câmpus Panambi, Rua Prefeito Rudi Franke, 540 Arco Íris, Panambi, RS, Brasil Ismael Barbieri Garlet - ismael.garlet@hotmail.com Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Câmpus Panambi, Rua Prefeito Rudi Franke, 540 Arco Íris, Panambi, RS, Brasil Odmartan Ribas Maciel - odeijui@hotmail.com Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Câmpus Panambi, Rua Prefeito Rudi Franke, 540 Arco Íris, Panambi, RS, Brasil Angelo Fernando Fiori an@unochapeco.edu.br Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Câmpus Panambi, Rua Prefeito Rudi Franke, 540 Arco Íris, Panambi, RS, Brasil Antonio Carlos Valdiero valdiero@unijui.edu.br Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Câmpus Panambi, Rua Prefeito Rudi Franke, 540 Arco Íris, Panambi, RS, Brasil Resumo. Este trabalho trata de analisar o controle proporcional de um atuador pneumático de dupla ação sem haste, visando apresentar o comportamento deste cilindro a partir de um degrau de tensão. Os cilindros pneumáticos possuem acionamento através de ar e são amplamente utilizados em indústrias pela boa relação potência/tamanho além da vantagem ambiental (haja vista que se utiliza do ar como fluído de potência). No entanto, há grande dificuldade no estudo e implementação de estratégias de controle destes acionamentos especialmente relacionadas às não linearidades presentes (como o atrito e a zona-morta) que interferem decisivamente na formulação dos modelos. O controle de sistemas dinâmicos pode ser feito por diversas técnicas que envolvem desde modelos matemáticos mais elaborados e robustos à técnicas simples mas eficazes, dependendo da aplicação definida a se utilizar. Para isso, fora estudado o modelo matemático que descreve o movimento do cilindro, implementando um controle clássico proporcional para a realização de experimentos na bancada de testes. Para isso o cilindro foi posicionado em meio de curso sendo-lhe enviadas degraus de tensão para análise de sua resposta dinâmica. Os dados são capturados por 70
2 sensores que realimentam uma placa de aquisição e controle DSPACE ligada ao cilindro pneumático estudado. Com a coleta e tratamento dos dados pode-se perceber que o controle é eficaz, mas necessita de compensações (especialmente relacionadas às não linearidades presentes). Palavras Chave: Controle clássico, Acionamento pneumático, Função de transferência, Modelagem matemática. 1. INTRODUÇÃO Com o aumento do desenvolvimento tecnológico que caracteriza o mundo moderno, as aplicações que requerem precisão vêm conquistando um crescente espaço no ambiente industrial. Sobczyk (2009) destaca que nos campos da automação e robótica que utilizam a pneumática, os quais estão nas mais diversas áreas de produção, possuem vantagens que a destacam em relação os demais acionamentos. De uma forma geral, a pneumática pode ser definida como sendo um conjunto das aplicações que utilizam a energia armazenada e transmitida pelo ar comprimido, podendo realizar acionamentos lineares ou rotativos através da utilização de atuadores (cilindros, especialmente). Nos últimos anos a pneumática tornou-se uma das tendências tecnológicas mais utilizadas, por se ter um baixo custo, manutenção fácil, boa relação peso/potência, rapidez de resposta e, principalmente, uma tecnologia limpa, que não polui o meio ambiente (VALDIERO et al., 2011). No entanto, para Viecelli (2014), a modelagem matemática para atuadores pneumáticos é complexa quando comparada a de outros tipos de acionamentos, pois apresenta grandes limitações no controle devido as não linearidades, como a compressibilidade do ar, a vazão mássica nos orifícios da válvula e a zona morta, além do atrito entre as partes móveis e as vedações do atuador que também exibe características não lineares, tornando difícil o controle do sistema. Conforme Bassanezi (2006, p. 16), a modelagem matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real, deste modo, a modelagem matemática parte de situações-problemas práticas e concretas, trabalha-as através de seus conteúdos matemáticos e através dos resultados e análises busca modelar a realidade. Este trabalho tem, portanto, o objetivo de analisar o ganho do controlador proporcional de um atuador pneumático linear de dupla ação sem haste, de modo a compreender o modelo matemático do atuador, simular e comparar com a prática. Para atender esse objetivo, o trabalho foi dividido em quatro seções. Na segunda seção trata-se das características do atuador pneumático utilizado, bem como as vantagens e desvantagens da pneumática. Na terceira seção trata da modelagem matemática e do controle clássico aplicado, e ao final são apresentados os resultados, conclusões, agradecimentos e referências bibliográficas. 2. PNEUMÁTICA E ATUADORES Um atuador pneumático é o componente responsável pela transformação da energia pneumática em energia mecânica, produzindo movimentos retilíneos. 71
3 Para Bollmann (1997), os cilindros de ação dupla ou duplo efeito, são os atuadores lineares em que a pressão do ar atua nos dois sentidos do movimento do êmbolo podendo produzir trabalho útil em seu avanço e/ou no seu recuo. Os cilindros de ação dupla podem ser divididos em dois grupos: com haste e sem haste, sendo este último um atuador que possui um carro que realiza o movimento no lugar da haste convencional (Fig.1). A camisa ou tubo deste atuador é cortado em todo o seu comprimento permitindo a comunicação do êmbolo com o carro externo em uma única peça. A vedação é realizada por cintas de aço inox ou em polímero, conforme o fabricante. Figura 1- Cilindro pneumático sem haste Estes cilindros são controlados por servoválvulas (Fig.2) que recebem sinais de tensão para liberar ou não a passagem de ar, de modo a movimentar o cilindro. Figura 2- Desenho esquemático do atuador pneumático. Bollmann (1997) indica ainda que para compreender as aplicações da pneumática, consideram-se as vantagens e limitações do fluido de trabalho (o ar), como transmissão e armazenamento de energia, bem como as forças, velocidades e potências obtidas com seus sistemas de atuação. Considera-se também parâmetros e características técnicas acerca dos 72
4 componentes de transmissão e processamento dos sinais pneumáticos, como sensores, transdutores de deslocamento associados a atuadores para constituírem os sistemas de comandos e automação. As vantagens encontradas nos sistemas pneumáticos provêm basicamente das propriedades do ar, como baixa viscosidade e compressibilidade, dependendo da aplicação requerida. Como vantagens podem-se citar: energia facilmente armazenável e transportável, o fluido de transporte é constantemente renovado pela sucção do compressor, e principalmente pelo ar ser considerado uma forma de energia limpa, não causando problemas ao meio ambiente. Entre as desvantagens, resultantes das limitações do uso do ar destacam-se a não uniformidade do deslocamento do atuador devido a compressibilidade do ar, causando variação na captação de dados, a limitação das forças pneumáticas além das dificuldades de modelar e controlar tais atuadores. Para Perondi (2002), os sistemas pneumáticos são aplicados praticamente em todas as atividades industriais, desde simples mecanismos criados com o intuito de substituir uma operação manual até sistemas de manipulação de robôs. 3. METODOLOGIA A metodologia adotada é composta de três etapas. Primeiramente realizou-se a revisão bibliográfica acerca de componentes pneumáticos e sistemas de controle para engenharia afim de melhor compreende-los para obtenção dos dados experimentais. A segunda etapa consiste da implementação do modelo em diagrama de blocos através da plataforma Simulink/MatLab, ligada a uma placa de aquisição e controle DSPACE 1104, a qual emite uma tensão que varia de -10V a 10V para um cilindro pneumático sem haste de dupla ação da marca Rexroth (diâmetro de 25mm, curso de 1000mm). Para a modelagem fora utilizado os parâmetros descritos por Bavaresco (2007) e indicados na Tabela 1. Parâmetro Descrição Obtenção γ = 1,4 J/(kgK) Relação entre os calores específicos do ar Literatura A = 4, m 2 Área do êmbolo do atuador Catálogo M = 0,5 kg Massa inercial do cilindro Medido p s = 6 10 Pa Pressão de suprimento Medido p atm = 1 10 Pa Pressão atmosférica Literatura V A0 = 1, m 3 Volume morto na câmara 1 do cilindro Medido V B0 = 1, m 3 Volume morto na câmara 2 do cilindro Medido L = 0,5m Comprimento do curso do atuador Catálogo 0,4 Taxa de amortecimento Literatura Q n = 0,012 m 3 /s Vazão volumétrica normal da válvula Catálogo U T max = 10V Tensão máxima de entrada na válvula Catálogo y 1 = 0m Posição inicial do cilindro Literatura k q = 0,0004 m/s Ganho de velocidade em malha aberta Calculado ω n = período/s Frequência natural Calculado Tabela 1 - Parâmetros do atuador pneumático Fonte: Bavaresco,
5 Para a obtenção dos dados experimentais, que corresponde a terceira etapa, o cilindro foi colocado em meio de curso (pois nas extremidades do cilindro há frequência natural elevada), foram enviados sinais de comando a partir da DSPACE, a qual também recebeu sinais para realimentação do controle. Os dados foram salvos, interpretados e simulados. 4. MODELAGEM MATEMÁTICA E IMPLEMENTAÇÃO DO CONTROLE Em Bavaresco (2007, p.16) encontra-se o modelo que descreve a dinâmica do atuador pneumático na forma de variáveis de estado, a qual pode ser definida como uma equação diferencial de ordem n pode ser escrita em n equações de primeira ordem. O modelo está representado abaixo Eq. (1). y 1 = y 2 y 2 = y 3 y 3 = ω 2 n y 2 2ξω n y 3 + k q ω 2 n U T (1) Voltando para a equação diferencial de 3ª ordem: y = y 1 y = y 1 = y 2 y = y 1 = y 2 = y 3 y = y 1 = y 2 = y 3 = y 4 (2.1) (2.2) (2.3) (2.4) Logo, k q ω n 2 U T = y + 2ξω n y + ω n 2 y (3) O modelo pode ser analisado a partir da relação dada entre a entrada e a saída. Com o intuito de eliminar as derivadas e estabelecer tal relação, aplica-se a Transformada de Laplace, que conforme Franklin et al (2013), a Transformada de Laplace é uma transformada linear que leva do espaço vetorial temporal para o espaço vetorial imaginário que pode ser usada para estudar as características da resposta completa de sistemas em malha fechada (realimentados). Para condições iniciais nulas, tem-se, s 3 Y(s) + 2ξω n s 2 Y(s) + ω n 2 sy(s) = k q ω n 2 U T (s) (4) Reescrevendo a Eq. (4), tem-se: Y(s)(s 3 + 2ξω n s 2 + ω n 2 s) = k q ω n 2 U T (s) (5) A Fig. 3 pode ser reinterpretada como: Figura 3- Modelagem de um sistema dinâmico 74
6 Assim, obtém-se a função de transferência dada na Eq. (6), e reescrita com os valores da Tabela 1 na Eq. (6.1). 2 Y(s) U T (s) = k q ω n s 3 + 2ξω n s 2 + ω 2 n s Y(s) U T (s) = s s s (6) (6.1) Para analisar a estabilidade do sistema, verificam-se os zeros e polos da função. As raízes do numerador são chamadas de zeros finitos do sistema enquanto as raízes do denominador são chamadas de polos do sistema. Um sistema é dito estável se todas as raízes do polinômio no denominador de sua função de transferência têm parte real negativa (isto é, todas as raízes estão no lado esquerdo do plano-s) e é instável em caso contrário (FRANKLIN et al, 2013, p.112). Logo, a função transferência escrita em Eq. (6.1) não possui zeros e possui três polos, que estão no conjunto solução de Eq. (7) e representados no gráfico da Figura 4 a seguir. p = {0; i; i} (7) Figura 4 - Gráfico dos polos A parte real dos polos complexos controla o decaimento da amplitude da senóide enquanto a parte complexa determina a frequência da oscilação da senóide. Já o polo nulo gera o estado estacionário (regime permanente) do sistema dinâmico. Esse comportamento está descrito no gráfico da Fig
7 0.05 Dinâmica do cilindro Figura 5 - Resposta dinâmica do sistema Com o intuito de definir as respostas do sistema a uma entrada, aplicou-se, dentre diversos tipos de controle, um controlador proporcional (P), também chamado realimentação proporcional, que se dá quando o sinal do controle realimentado é linearmente proporcional ao erro do sistema. Para isso é necessário realimentar o sistema, ou seja, um controle em malha fechada, a qual baseia-se no uso de um sensor para medir a saída e, por meio da realimentação, modifica indiretamente a dinâmica do sistema. O controle está explicito nos diagramas da Fig. 6, as quais foram reescritas utilizando a álgebra de diagrama de blocos. A fim de desenvolver uma descrição em espaço de estado deste sistema, construímos um diagrama de blocos que corresponde à função de transferência. Figura 6 Diagrama de blocos da nova função transferência O controle descrito no diagrama da Fig. 6 será excitado por um degrau dado na Eq. (8). 0,1 se t > 0 U t = { 0 se t = 0 0,1 se t < 0 (8) 76
8 5. RESULTADOS Para determinar os valores dos ganhos do controlador, fora utilizada a técnica do lugar das raízes (rlocus), a qual é usada, segundo Franklin (2013), para o estudo do efeito da variação de um ganho de malha. 0.8 Root Locus Imaginary Axis Real Axis Figura 7 Técnica para determinação do ganho do controlador (kp) Na Fig. 7, a reta em azul indica os possíveis ganhos do controlador, enquanto a reta vermelha indica a voltagem que pode ser enviada pela placa de aquisição e controle (DSPACE). Desta forma, os ganhos (kp), escolhidos baseados na técnica do rlocus, foram: 20, 25, 30, 35 e 40. Na Fig.8 a seguir estão representadas a resposta do cilindro conforme o valor do kp. A resposta dinâmica não atende em totalidade à tensão aplicada (U T ) em decorrência de não linearidades, como por exemplo, a folga e a zona morta, e de fatores físicos e mecânicos como a compressibilidade do ar e a fabricação do cilindro. Analisando o comportamento dos gráficos, tem-se que a variação do ganho do controlador é diretamente proporcional a resposta dinâmica do sistema. Conforme variou o ganho do controlador, variou também o erro, pois são diretamente proporcionais: o erro transiente é maior que o erro estacionário. 77
9 Figura 8 - Simulação computacional dos ganhos kp escolhidos em comparação com as tensões enviadas 6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS Este trabalho analisou o ganho do controle proporcional de um atuador pneumático sem haste. Com isso, verificou-se que com a alteração do ganho proporcional, o sistema apresenta um deslocamento real diferente do desejado; dependendo da aplicação requerida isto terá grande influência, como é o exemplo de robôs de solda, que não podem ter dispersão de movimento e o erro deve ser significativamente pequeno. 78
10 O sistema pode ser melhorado através da escolha de um controlador que leve em consideração mais variáveis presentes em um cilindro pneumático, que influenciam no comportamento do mesmo, tornando o controle mais preciso e robusto. 7. RESPONSABILIDADE AUTORAL Os autores são responsáveis pelo conteúdo deste trabalho. 8. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq e a FAPERGS pelo incentivo na forma de bolsas e à UNIJUÍ pela estrutura laboratorial. REFERÊNCIAS BASSANEZI, R. C. Ensino-Aprendizagem Com Modelagem Matemática: uma nova estratégia. 3. ed. São Paulo: Contexto, BAVARESCO, D., Modelagem Matemática e controle de um Atuador Pneumático Dissertação (Mestrado em Modelagem Matemática)- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Panambi, BOLLMANN, A. Fundamentos da automação industrial pneutrônica. Projetos de comandos binários eletropneumáticos. ABHP, São Paulo, FRANKLIN, G. F. Sistemas De Controle Para Engenharia. 6 ed. São Paulo: Bookman, PERONDI, E. A., Controle Não-Linear em Cascata de um Servoposicionador Pneumático com Compensação de Atrito. 2002, 182f Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. SOBCZYK, M. R., Controle em Cascata e a Estrutura Variável com Adaptação de Parâmetros e Compensação de Atrito de um Servoposicionador Pneumático. 2009, 222f Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, VALDIERO, A. C.; RITTER, C. S.; RIOS, C. F.; RAFIKOV, M.: Non Linear Mathematical Modeling in Pneumatic Servo Position Applications. Mathematical Problems in Engineering (Online), vol 2011, pp.1 16 (2011). VIECELLI, S. E. B., Modelagem Matemática do Atuador Pneumático de Uma Bancada para Ensaio de Estruturas f. Dissertação (Mestrado em modelagem Matemática)- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Panambi,
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