5 Setor externo. 5.1 Comércio de bens
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- Ivan de Carvalho Aleixo
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1 5 Setor externo O balanço de pagamentos registrou evolução favorável das condições de financiamento das contas externas. O desempenho da balança comercial, refletindo a depreciação da taxa de câmbio, e a estabilização dos fluxos de serviços e rendas vem resultando em progressiva contração do déficit em transações correntes. Ao mesmo tempo, a continuidade dos ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos, ainda que em volume menor que em 2002, tem financiado, com folga crescente, o déficit em conta corrente. A captação de demais recursos externos registrou melhora em relação ao fim de 2002, com incremento nas taxas de rolagem de títulos e retomada de ingressos líquidos de capitais de curto prazo. Balança comercial - FOB US$ milhões Período Exportação Importação Saldo Corrente de comércio Jan-fev Jan-fev Var. % 28,5 4,5 16,9 Nota: Em 2002, 40 dias úteis; em 2003, Comércio de bens As exportações mantiveram-se em trajetória ascendente no primeiro bimestre de 2003, somando US$9,8 bilhões, com crescimento de 28,5% ante o resultado de igual período de A expansão das importações mostrou-se menos acentuada. Assim, o total das compras externas no bimestre atingiu US$7,5 bilhões, superando em 4,5% o registrado no primeiro bimestre de O superávit da balança comercial totalizou US$2,3 bilhões nos dois primeiros meses do ano, sensivelmente superior ao assinalado no período correspondente do ano anterior, de US$432 milhões. 85
2 Exportações - índices de preços e quantum Janeiro 2003/2002 % Fonte: Funcex Importações - índices de preço e quantum Janeiro 2003/2002 % Fonte: Funcex Total Básicos Semimanufatur. Manufaturados Total B.capital B.intermed. Duráveis Nãoduráveis Preços Preços Quantum Quantum Comb.e lubrif. Estatísticas da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) revelaram que, em janeiro de 2003, os preços de exportação cresceram 3,3% e o quantum, 17,2%, comparativamente ao patamar registrado no mês correspondente do ano anterior. O crescimento no quantum foi significativo para as três categorias de fator agregado, principalmente para produtos básicos, enquanto a evolução dos preços esteve associada, fundamentalmente, ao crescimento de 10,4% nos preços de produtos semimanufaturados, sobretudo em função da alta em produtos de ferro ou aços e em óleo de soja em bruto. No que se refere às importações, apresentaram elevação de 6,5% nos preços, evidenciando o aumento na cotação internacional do petróleo, expressa na expansão de 46,6% nos preços dos combustíveis e lubrificantes importados. A quantidade total importada reduziu-se 9,9%, em relação ao patamar de janeiro de 2002, movimento associado, principalmente, à redução no quantum de bens de capital, mais dependentes de linhas de financiamento externo, cujos estoques estão inferiores aos verificados no ano anterior, e do ritmo de expansão da economia. Exportação por fator agregado - FOB Média diária - janeiro-fevereiro US$ milhões Discriminação Acumulado Var. % Total 190,8 233,5 22,4 Básicos 42,1 59,1 40,2 Industrializados 136,7 169,7 24,1 Semimanufaturados 30,3 41,7 37,9 Manufaturados 106,5 128,0 20,2 Operações especiais 11,9 4,7-60,5 A média diária das exportações atingiu US$233,5 milhões no primeiro bimestre de 2003, expansão de 22,4% ante a registrada no período correspondente do ano anterior. Assinale-se que, nos dois meses, os resultados foram os mais expressivos já registrados desde As vendas externas de produtos básicos elevaram-se 40,2%, as de produtos semimanufaturados, 37,9%, e as de produtos manufaturados, 20,2%. Nota: Em 2002, 40 dias úteis; em 2003,
3 O crescimento das exportações de produtos básicos foi impulsionado, principalmente, pelas exportações de petróleo em bruto, influenciadas pela evolução de preço, de soja em grão, de farelo de soja, de café em grão, cujos preços também apresentaram recuperação, e de carnes de frango, bovina e suína, que continuaram ampliando a penetração em diversos mercados. Entre as exportações de semimanufaturados, assinale-se a evolução registrada nas de celulose, açúcar em bruto, e matérias-primas minerais, como alumínio em bruto, ferro fundido e produtos semimanufaturados de ferro ou aços, também beneficiados pela evolução de suas cotações. Exportação para a Argentina e demais países - FOB Janeiro-fevereiro 2003 Var.% 1/ Discriminação Argentina Demais Total Total 78,8 26,7 28,5 Manufaturados 2/ 81,4 23,1 26,2 1/ Sobre igual período do ano anterior. 2/ Inclui reexportações de manufaturados. Exportações por setores - FOB - janeirofevereiro/2003 Variação percentual sobre igual período do ano anterior Mat. de Transporte Metalúrgicos Petróleo e Derivados Químicos Minérios Carnes Soja Equip. Mecânicos Calçados e Couro Papel e Celulose Eletroeletrônicos Açúcar Madeiras Café Têxteis Suco de Laranja Fumo e Sucedâneos 187, O desempenho das exportações de manufaturados incorporou a recuperação das exportações para a Argentina, mais intensa nessa categoria. Nesse sentido, enquanto o total das exportações brasileiras expandiu 28,5% e as destinadas ao país vizinho, 78,8%, quando consideradas isoladamente as vendas de manufaturados os percentuais alteram-se para 26,2% e 81,4%, respectivamente. O aumento nas exportações para a Argentina ocorreu mais intensamente nos produtos relacionados à indústria automobilística, como automóveis, autopeças e motores para veículos. Adicionalmente, apresentaram alta representativa as exportações de óleos combustíveis, decorrente, em parte, da elevação de preços induzida pelo aumento da cotação do petróleo. O aumento nas vendas de laminados planos e de matérias-primas semimanufaturadas, resultantes de crescimento nos preços e na quantidade exportada, sugere a elevação no nível de atividade econômica de alguns parceiros comerciais, principalmente na Ásia. Setorialmente, apenas as exportações de eletroeletrônicos e de suco de laranja declinaram no primeiro bimestre de 2003, comparativamente 87
4 ao patamar do mesmo período no ano anterior. Em sentido inverso, assinale-se o forte desempenho das exportações do setor de petróleo e derivados, do complexo soja, de café e de papel e celulose. Importação por categoria de uso final - FOB Média diária - Janeiro-fevereiro US$ milhões Discriminação Var. % Total 180,0 179,1-0,5 Bens de capital 48,0 41,2-14,0 Matérias-primas 91,7 92,4 0,8 Naftas 2,0 3,5 71,8 Bens de consumo 21,9 20,4-6,9 Duráveis 8,8 9,8 10,7 Automóveis de passageiros 2,6 3,3 24,3 Não-duráveis 13,1 10,6-18,9 Combustíveis e lubrificantes 18,4 25,1 36,4 Petróleo 8,6 14,8 73,5 Nota: Em 2002, 40 dias úteis; em 2003, 42. A média diária das importações totalizou US$179,1 milhões no bimestre, contraindo 0,5% no período comparativo. A estabilidade refletiu, de um lado, os crescimentos de 36,4% nas importações de combustíveis e lubrificantes, influenciado pela elevação de 73,5% nas despesas com a importação de petróleo bruto; de 10,7% nas relativas a bens de consumo duráveis; e de 0,8% nas referentes a matérias-primas e produtos intermediários, entre as quais as de nafta cresceram 71,8%. Em sentido inverso, recuaram as importações de bens de consumo não-duráveis, 18,9%, e de bens de capital, 14%. Importação de matérias-primas x produção industrial Índices dessazonalizados - média móvel de 3 meses 1999 = 100 Importação Jan 1999 Mai Set Jan 2000 Mai Set Jan 2001 Importação de matérias-primas Fonte: IBGE e Funcex Mai Set Jan 2002 Produção Industrial Mai Set Jan 2003 Prod. industrial O quantum de importação de matérias-primas e produtos intermediários manteve-se relativamente estável em janeiro, a exemplo da trajetória assinalada em Esse desempenho, aliado à recuperação apresentada pela produção industrial sugere a continuidade do processo de substituição de importações, nesse segmento. A avaliação das importações por setores, no bimestre, em relação às de igual período do ano anterior, revelou expansão das compras de eletroeletrônicos, combustíveis e lubrificantes e adubos e fertilizantes, os dois últimos influenciados, em parte, pela elevação dos preços do petróleo. Adicionalmente, mas em menor intensidade, expandiram as importações relativas ao setor de veículos automóveis e suas partes, com crescimento da quantidade importada, sobretudo da Alemanha e Japão. O intercâmbio comercial brasileiro apresentou melhora generalizada nos resultados bilaterais, no bimestre. A maior variação absoluta ocorreu no comércio com os Estados Unidos da América (EUA), 88
5 Importações por setores - janeiro-fevereiro/2003 Variação percentual sobre igual período do ano anterior Equip. Mecânicos Eletroeletrônicos Combust.e lubrific. Químicos orgân./inorgânicos Veíc. automóveis e partes Instr. ótica/precisão/médico Plásticos e obras Farmacêuticos Cereais e prods. moagem Adubos e fertilizantes Siderúrgicos Borracha e obras Prods. div. ind. químicas Aeronaves e peças Filamen. e fibras Extratos tanantes/corantes Papel e obras Alumínio e suas obras Cobre e suas obras Leite e derivados Peixes e crustáceos Bebidas e álcool Algodão Exportação e importação por área geográfica - FOB Janeiro-fevereiro US$ milhões Discri- Exportação Importação Saldo minação Var Var % % Total , , Aladi , , Mercosul , , Argentina , , Demais , , México , , Demais , , EUA 1/ , , UE , , Europa Or. 2/ , , Ásia , , Japão , , Coréia (Sul) , , China , , Outros , , Demais , , Nota: Quarenta dias úteis nos dois períodos. 1/ Inclui Porto Rico. 2/ Albânia, Bulgária, Hungria, Polônia, República Eslovaca, República Tcheca, Romênia e países da ex-união Soviética. 95 traduzindo expansão de US$594 milhões no superávit comercial, para US$1,1 bilhão. Esse resultado decorreu de aumento de 18,4% nas exportações, registrando-se o crescimento relativo às vendas de aviões, calçados, celulose e óleos combustíveis, e recuo de 10,4% nas importações, em especial de motores e turbinas para aviação, instrumentos e aparelhos de medida, de verificação, e de circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos. O comércio com os países da União Européia proporcionou superávit de US$351 milhões, no bimestre, comparativamente a déficit de US$170 milhões no período correspondente de As exportações elevaram-se 30,2%, percentual que supera 40% quando consideradas as direcionadas à Alemanha e aos Países Baixos, principais países de destino no bloco. Os países do bloco constituíram-se no principal destino dos produtos básicos, em especial os do complexo soja, carnes, café e minério de ferro. As importações elevaramse 1,7%, principalmente de autopeças, motores para veículos automóveis, instrumentos e aparelhos de medida, de verificação e medicamentos. O superávit comercial com os países asiáticos totalizou US$49 milhões, ante déficit de US$292 milhões, no primeiro bimestre de 2002, reflexo da expansão de 46,5% nas exportações e de 6,7% nas importações. A maior variação registrou-se no intercâmbio com a China, desempenho associado à sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) e aos desdobramentos da missão comercial brasileira àquele país, em Nesse contexto, as exportações brasileiras destinadas à China elevaram-se 114,8%, destacando-se as vendas de matérias-primas, 89
6 como minério de ferro, celulose, laminados planos, semimanufaturas de ferro ou aços, e de produtos ligados à indústria automobilística. As importações originárias da China aumentaram 38,3%, especialmente partes para aparelhos transmissores e receptores, motores, geradores e transformadores elétricos e tecidos, e matérias-primas, como coques e semicoques, compostos heterocíclicos e hulhas. No que se refere ao intercâmbio com o Japão, registrou-se contração de US$121 milhões no déficit relativo ao primeiro bimestre de 2002, para US$58 milhões. Essa melhora traduziu redução de 18,1% nas importações, paralelamente ao crescimento de 13,7% assinalado nas exportações. As vendas brasileiras constituíram-se, principalmente, de matérias-primas, como minério de ferro, alumínio em bruto, celulose e ferro ligas, além carne de frango, suco de laranja e café cru em grão. A análise das relações comerciais envolvendo os países membros da Associação Latino Americana de Integração (Aladi) indica reversão do déficit assinalado no primeiro bimestre de 2002 para superávit de US$216 milhões, evidenciando, fundamentalmente, os resultados bilaterais relativos à Argentina e ao México. No primeiro caso, registrou-se redução da ordem de US$155 milhões do déficit brasileiro, resultado que ganha relevância se considerado o aumento de aproximadamente 30% na corrente de comércio, entre os bimestres. Dentre as exportações destinadas à Argentina, assinalem-se as de minérios de ferro, de polímeros de etileno, de propileno e estireno, de compostos orgânicosinorgânicos e de produtos ligados à indústria automobilística. Esse mesmo item, ao lado de trigo e petróleo, constituíram-se nos principais produtos adquiridos ao país vizinho. No que se refere ao México, registrou-se aumento de US$100 milhões no superávit comercial, decorrente de elevação de 35,5% nas exportações e de recuo de 12,3% nas importações. O desempenho das exportações esteve associado, em grande parte, às vendas de produtos da indústria automobilística, reflexo do acordo bilateral firmado entre os países, e de laminados planos. 90
7 Ressalte-se, adicionalmente, o crescimento de 65% no fluxo comercial com os países da Europa Oriental, sendo de 69,7% nas exportações e de 54,3% nas importações. Esse resultado deriva, principalmente, do intercâmbio com a Rússia, sugerindo a eficácia da missão comercial brasileira em 2002, dentro da política de promoção comercial do governo. Os principais produtos brasileiros adquiridos pela Rússia foram carnes e açúcar em bruto. Transações correntes US$ bilhões Discriminação Jan- IV Tri Ano Jan- Ano 1/ 5.2 Serviços e renda Transações correntes -2,2-0,3-7,8 0,0-4,2 Balança comercial 0,4 5,3 13,1 2,3 16,0 Exportações 7,6 16,8 60,4 9,8 64,0 Importações 7,2 11,6 47,2 7,5 48,0 Serviços -0,6-1,2-5,1-0,5-4,9 Transportes -0,3-0,5-2,1-0,3-2,3 Viagens internacionais -0,1 0,2-0,4 0,1-0,3 Computação e informação -0,2-0,3-1,1-0,2-1,2 Aluguel de equipamentos -0,3-0,5-1,7-0,2-1,6 Demais 0,3-0,1 0,2 0,1 0,4 Rendas -2,3-5,2-18,2-2,3-17,8 Juros -2,1-3,8-13,1-1,9-13,3 Lucros e divididendos -0,2-1,4-5,2-0,4-4,5 Salários e ordenados 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 Transferências correntes 0,2 0,8 2,4 0,4 2,5 1/ Projeção. O saldo em transações correntes registrou expressiva melhora no primeiro bimestre de 2003, em comparação ao assinalado no mesmo período do ano anterior, desempenho associado, fundamentalmente, à elevação do superávit da balança comercial, na medida em que as saídas relativas a serviços e rendas mantiveram-se relativamente estáveis. Os gastos líquidos com serviços recuaram 20,4%, no período, reflexo, em parte, da contração de 19,2% nas despesas líquidas com transportes. Viagens internacionais acumularam receita líquida de US$101 milhões, comparativamente a gastos líquidos de US$126 milhões nos dois primeiros meses de 2002, reiterando a tendência superavitária desse item, iniciada no segundo semestre de Os gastos líquidos com computação e informação somaram US$174 milhões, declínio de 16,8%, e os relativos a aluguel de equipamentos, US$225 milhões, redução de 16,6%. As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$2,3 bilhões nos dois primeiros meses de 2003, contração de 1,4% em relação ao registrado no período correspondente do ano anterior. As remessas de juros reduziram 8,3%, somando US$1,9 bilhão, movimento contrabalançado pelo aumento de 71,7% nas remessas de lucros e dividendos, que somaram US$382 milhões, no período. 91
8 Conta financeira Para 2003 projeta-se expansão no superávit comercial, para US$16 bilhões, resultado de exportações de US$64 bilhões e importações de US$48 bilhões. As despesas líquidas com serviços e as remessas líquidas de renda deverão manter-se em patamares próximos aos de Nesse contexto, é prevista retração de US$3,6 bilhões no déficit em transações correntes, para US$4,2 bilhões, em US$ bilhões Discriminação Jan- IV Tri Ano Jan- Ano 1/ Fontes de financiamento de médio e longo prazos do BP Itens selecionados US$ bilhões Discriminação Jan- IV Tri Ano Jan- Ano 1/ Conta financeira 2,9 0,6 11,6-0,1-4,4 Investimentos diretos 2,0 3,7 14,1 1,2 11,5 Brasileiros no exterior -0,4-0,2-2,5-0,5-1,5 Estrangeiros no país 2,3 3,9 16,6 1,7 13,0 Participação 2,1 3,3 17,1 1,1 12,4 Intercompanhias 0,2 0,6-0,5 0,6 0,6 Investimentos em carteira 0,8-2,2-5,1 1,0-1,6 Ativos -0,1 0,1-0,3-0,1 0,0 Passivos 0,8-2,3-4,8 1,1-1,6 Derivativos -0,2 0,0-0,4 0,0 0,0 Outros investimentos 0,3-0,8 3,0-2,3-14,3 Ativos 1,2 0,2-2,0-1,6-5,2 Passivos -0,9-1,0 5,0-0,7-9,2 1/ Projeção. Capitais de médio e longo prazos 2,1 0,9 8,5 0,4 9,3 Bônus 1,3 0,0 4,1 0,0 3,0 Notes e commercial papers 0,7 0,2 2,1 0,2 2,6 Empréstimos diretos 0,1 0,7 2,3 0,2 3,7 Emp. de curto prazo 2/ 0,9-2,9-5,6 0,4 1,0 Títulos de curto prazo -0,2-0,2-0,8 1,2 0,5 Taxas de rolagem 3/ Bônus n.a. n.a. n.a. 0% 84% Notes e commercial papers 55% 11% 31% 46% 56% Empréstimos diretos 16% 69% 64% 33% 89% 1/ Projeção. 2/ Inclui empréstimos diretos e linhas de comércio repassadas por bancos. 3/ A taxa de rolagem equivale à razão entre desembolsos e amortizações, exclusive as amortizações de papéis e empréstimos decorrentes de conversão de dívida em investimentos direto. 5.3 Conta financeira A conta financeira somou saída líquida de US$59 milhões em janeiro e fevereiro. As taxas de rolagem de notes e commercial papers de longo prazo situaram-se em 46%, bastante acima do patamar observado no último trimestre de Como fator de saída de recursos, registrou-se o aumento de ativos de residentes no exterior na forma de depósitos, principalmente do sistema bancário. Os investimentos estrangeiros diretos líquidos, que somaram US$1,7 bilhão, e as captações de recursos de curto prazo, tanto na forma de empréstimos como na forma de títulos, compensaram, em parte, as saídas de recursos. Os investimentos estrangeiros em carteira somaram captações líquidas de US$1,1 bilhão no bimestre, registrando-se reversão no fluxo líquido de recursos para o país, se consideradas as amortizações líquidas de US$2,3 bilhões assinaladas no último trimestre de As captações líquidas concentraram-se em títulos de curto prazo, US$1,2 bilhão. Adicionalmente, os investimentos em ações somaram ingressos líquidos, US$215 milhões, e os investimentos de longo prazo em renda fixa sinalizaram a retomada do crédito externo de longo prazo. Os fluxos de notes e commercial papers registraram recuperação na taxa de rolagem, que alcançou 46%, ante 11% no quarto trimestre de Em 92
9 Usos e fontes de recursos US$ bilhões Discriminação Jan- IV Tri Ano Jan- Ano 1/ Usos -6,2-9,1-38,2-3,1-31,0 Transações correntes -2,2-0,3-7,8 0,0-4,2 Amortizações de MLP 2/ -3,9-8,7-30,4-3,1-26,8 Papéis -1,3-3,1-11,9-0,5-9,5 Pagas -1,3-2,5-9,2-0,5-9,5 Dívida nacionalizada 0,0 0,0-0,3 0,0 0,0 Refinanciamentos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Conversões em IED 0,0-0,6-2,8 0,0 0,0 Crédito de fornecedores -0,4-0,7-2,3-0,3-2,5 Empréstimos diretos 3/ -2,3-5,0-16,2-2,3-14,7 Fontes 6,2 9,1 38,2 3,1 31,0 Conta capital 0,1 0,1 0,4 0,1 0,0 Inv. estrangeiros diretos 2,3 3,9 16,6 1,7 13,0 Papéis domésticos 4/ 0,4 0,8 1,8 0,2 1,8 Desembolsos de MLP 5/ 3,3 3,5 18,7 1,8 20,8 Papéis 1,9 0,2 6,2 0,2 5,6 Crédito de fornecedores 0,2 0,2 1,3 0,2 2,3 Empréstimos diretos 1,1 3,1 11,2 1,4 12,9 Ativ. brasileiros no exterior 1,0 0,3-3,9-2,1-6,1 Empréstimo ao Bacen 0,0 3,0 11,5 0,0-8,1 Demais 6/ -0,7-4,3-6,6 1,7 1,3 Ativos de reservas -0,1 1,8-0,3-0,3 8,3 1/ Projeção. 2/ Registra amortizações de crédito de fornecedores de médio e longo prazos, empréstimos de médio e longo prazos e papéis de médio e longo prazos colocados no exterior deduzidos de refinanciamentos e descontos. Exclui amortizações de empréstimos ao Banco Central e intercompanhias. 3/ Registra amortizações de empréstimos concedidos por bancos estrangeiros, compradores, agências e organismos. 4/ Inclui investimentos estrangeiros em ações e em títulos de dívida negociados no mercado doméstico. 5/ Exclui desembolsos de empréstimos intercompanhias. 6/ Registra valores líquidos de refinanciamentos de bônus, papéis de curto prazo, crédito comercial de curto prazo, derivativos financeiros, depósitos de não-residentes, outros passivos e erros e omissões. sentido inverso, a taxa relativa aos empréstimos diretos declinou 36 p.p., para 33%. Para o restante de 2003 projeta-se a consolidação desse patamar de rolagem de notes e commercial papers e a melhora progressiva na rolagem de empréstimos diretos. Além disso, são consideradas novas colocações de bônus soberanos no mercado externo, suficientes para a rolagem de 84% dos vencimentos. A progressiva redução do déficit em transações correntes e a manutenção de ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos, ainda que em patamar inferior ao de períodos recentes, têm sido os principais fatores responsáveis pela contração na necessidade de recursos para o financiamento do balanço de pagamentos. Adicionalmente, ressalte-se a contribuição da melhora na taxa de rolagem da dívida de longo prazo e do ingresso líquido de recursos de curto prazo. No primeiro bimestre de 2003, as reservas brutas totalizaram US$38,5 bilhões, ante US$37,8 bilhões, em dezembro do ano anterior, enquanto as reservas líquidas passaram de US$14,2 bilhões para US$14,3 bilhões. Sobressaíram as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, associadas, principalmente, ao vencimento de linhas com recompra, contratadas no ano anterior, no total de US$901 milhões, enquanto as intervenções no mercado à vista somaram despesas de US$185 milhões. Ao final de 2003, estima-se que as reservas brutas declinem para US$30 bilhões, principalmente em virtude de amortizações de US$12,2 bilhões e desembolsos de US$4,1 bilhões referentes ao Programa de Assistência Financeira (PAF) junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Contrapondo-se a pagamentos de US$7,5 bilhões relativos ao serviço da dívida externa, estão previstos 93
10 Demonstrativo de reservas US$ bilhões Discriminação Jan- IV Tri Ano Jan- Ano 1/ Posição de reservas no periodo anterior 35,9 38,4 35,9 37,8 37,8 Intervenções líquidas do Bacen - -3,3-9,1 0,7 1,6 Spot e Linhas para exportação - -2,6-7,3-0,2-0,2 Linhas com recompra - -0,6-1,8 0,9 1,8 Serviço da dívida (líquido) -1,0-1,8-7,1-0,5-7,5 Juros -0,7-0,9-3,5-0,4-2,6 Receita 0,3 0,4 1,6 0,4 1,4 Despesa -1,0-1,3-5,1-0,8-4,0 Amortização -0,3-0,9-3,6-0,1-4,9 Desembolsos 1,3 0,2 5,3-5,8 Organismos multilaterais - 0,2 1,3-2,8 Bônus da República 1,3-3,9-3,0 Operações de regularização (FMI) - 3,0 11,5 - -8,0 Desembolso - 3,1 16,0-4,1 Amortização - -0,1-4, ,2 Demais 2/ -0,2 1,3 1,4 0,5 0,4 Variação de haveres 0,0-0,6 2,0 0,7-7,8 Posição de reservas brutas 35,9 37,8 37,8 38,5 30,0 Posição de reservas líquidas - acordo com o FMI 3/ 28,0 14,2 14,2 14,3 14,5 1/ Projeção. 2/ Inclui pré-pagamento da Polônia em novembro de Compreende pagamentos/recebimentos do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR), flutuação nos preços dos papéis, variação na paridade das moedas e preço do ouro, de ágio/deságio, pagamento de comissões, liberação de garantias colaterais. 3/ Para efeito de cumprimento do critério de desempenho, no âmbito do acordo com o Fundo Monetário Internacional, devem ser observados os parâmetros de cálculo das reservas líquidas ajustadas estabelecidos pelo Memorando Técnico de Entendimentos (MTE) da 3ª revisão do acordo Stand-by. Nesse caso, as reservas líquidas ajustadas denominadas em dólares consideram as paridades definidas em datas estabelecidas pelo MTE para mensurar os ativos denominados em outras moedas que não o dólar norte-americano, inclusive em Direitos Especiais de Saque (DES). O mesmo vale para o preço do ouro. Ainda conforme o MTE, do total das reservas no conceito de liquidez internacional devem ser excluídos as obrigações com o FMI e os depósitos em bancos domiciliados no exterior, mas com sede no País, e os títulos de emissão de residentes que excederem, juntos, US$1.023 milhões. O valor excedente até fevereiro foi US$3.261 milhões. desembolsos de organismos de US$2,8 bilhões e lançamentos de bônus de US$3 bilhões, além de receitas de US$1,6 bilhão referentes às recompras de linhas no mercado de câmbio. Como as operações envolvendo o PAF não sensibilizam as reservas líquidas, essas devem manter-se relativamente estáveis em 2003, totalizando US$14,5 bilhões, ante US$14,2 bilhões em Conclusão O balanço de pagamentos do primeiro bimestre de 2003 registrou condições de financiamento das contas externas melhores do que no último trimestre de O déficit em transações correntes permaneceu em trajetória declinante, sendo financiado integralmente, assim como em meses recentes, pelos investimentos estrangeiros diretos. A efetivação do desempenho esperado para a balança comercial e a manutenção dos investimentos estrangeiros diretos líquidos, ainda que em patamar inferior ao de 2002, resultará em folga no financiamento do saldo em transações correntes, haja vista que não se projetam alterações significativas nos fluxos de serviços e rendas. Adicionalmente, verifica-se o restabelecimento de captações de empréstimos e títulos de médio e longo prazos, e a progressiva melhora nas suas taxas de rolagem, associado à recuperação do crédito de curto prazo. 94
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